quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

"COMUNHÃO DOS SANTOS" - 1

Pensamento de LÉON BLOY, meditando sobre o dogma de sua preferência, A COMUNHÃO DOS SANTOS: "A FÉ nos ensina que nossos defuntos são mais PRÓXIMOS de nós do que todos os que chamamos de VIVOS. E é um consolo certo saber que os SERES QUERIDOS, QUE DESAPARECERAM por algum tempo, não nos deixaram realmente, mas nos ACOMPANHAM a cada um de nossos passos". Comentário nosso: "SANTOS", na expressão COMUNHÃO DOS SANTOS, são todos os seres humanos passados, presentes e futuros, uma vez que todos foram resgatados pelo sangue redentor de Jesus Cristo, Deus feito homem através de sua encarnação no seio da Virgem Maria. Por que houve essa redenção, esse resgate? Porque nossos primeiros pais desobedeceram a Deus, através de uma falta original, que destruiu a justiça original, isto é, a SANTIDADE, plenamente, e, em parte, a INTEGRIDADE, dons gratuitamente concedidos por Deus a eles, quando de sua criação, como preparação para a glorificação divina do homem na sua alma e no seu corpo. Infundindo Deus no homem a graça da santidade e da divinização, o homem se tornou filho de Deus, ele foi chamado a uma união inefável com Deus. Pela infusão da integridade, a sagrada escritura dá a entender que, juntamente com a graça santificante ou SANTIDADE Deus concedeu ao homem a isenção da concupiscência, da morte e de todas as outras imperfeições e sofrimentos que se relacionam com tais realidades. Nisto consiste o dom da INTEGRIDADE que, com a desobediência de Adào e Eva, ficou diminuído e ferido, ficando os homens sujeitos à ignorância, inclinados ao mal, fracos para resistirem às tentações. Sabemos que, depois da desobediencia, Deus prometeu a Adão e Eva a REDENÇÃO que devia consistir na supressão da ofensa comum, coletiva, ou original, e, portanto, no restabelecimento da santificaçào e da glorificacão sobrenaturais do gênero humano. Ao Messias, novo Adão, que desde esse momento fora constituído cabeça da raça humana, estava reservado expiar as nossas culpas e instituir o sacramento da regeneração, para transmitir a cada batizando a graça perdida pelo primeiro homem. A palavra "SANTOS", na expressào "Comunhão dos Santos" designa, assim, todos os que foram resgatados por Jesus Cristo e que se encontram em três lugares ou estados diferentes: na TERRA, constituindo a IGREJA MILITANTE; compõe-se de todos os viventes, que militam no mundo, os viajores. No CËU ou PARAÍSO, onde estão os que gozam de Deus, formando a IGREJA TRIUNFANTE. No PURGATÓRIO acham-se aqueles que são aí retidos temporariamente para se purificarem de suas pequenas faltas, constituindo a IGREJA PADECENTE. Embora esses membros estejam em lugares diferentes, eles formam uma sociedade única, que tem um chefe único, Jesus Cristo, um só vínculo, a caridade, e um só termo final, o céu: um esclarecimento: A desobediência de Adão e Eva e as outras que lhe vieram depois constituíam uma ofensa infinita, pois avalia-se a extensão da ofensa pela condição da pessoa ofendida e pela inferioridade da pessoa que ofende. A ofensa feita a Deus pelos primeiros pais era, portanto, como que infinita. Ora o homem, criatura limitada, finita, não podia oferecer a Deus reparação infinita, igual à ofensa, à desobediência. Pelo Mistério da Redenção Jesus Cristo, Deus e homem ao mesmo tempo, santo e infinito como é, tomou nossa natureza e responsabilizou-se pela raça humana, ficou em nosso lugar. Igual em tudo ao Pai, satisfez por nós, apresentou suas obras, de valor infinito, sua oração, seus sofrimentos e sua morte, sendo assim a reparação igual à ofensa e inifnita como ela é, ele nos remiu, nos resgatou: é o que chamamos MISTÉRIO DA REDENÇÃO. A Redenção oferecida a Deus por Jesus Cridto foi real : "Fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho e por Ele havemos de ser salvos"(Rom.V,9-11). Foi livre, a caridade e bondade de Cristo é que O levaram a se oferecer por nós. Foi superabundante. Com efeito seus atos têm valor infinito, pois ele é Deus e Homem. Foi universal: sua morte foi oferecida para TODOS OS HOMENS EM GERAL e para cada um de nós em particular, para os que precederam a reparação, como para os que a seguiram. Para se ter parte na Redenção basta querer e recorrer aos mananciais da graça, isto é, aos sacramentos. Entendida a palavra SANTOS na expressão "COMUNHÃO DOS SANTOS", analisaremos a palavra COMUNHÃO em ocasião oportuna.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

LÉON BLOY

LÉON BLOY NASCEU em Périgueux no dia 11/07/1846. No dia 29/08/79 conhece La Salette onde Nossa Senhora aparece a duas crianças, Mélanie e Maximin, no dia 19/09/1846. Sobre este evento escreve "Celle qui pleure". Em 1890 casa-se com Jeanne Molbech. Depois de conhecer em 1905 os Maritain ( Jacques, Raissa e sua irmã Vera), torna-se padrinho de batismo dos mesmos no dia 11/06/1906. E no dia 24/02/1911 cerimônia semelhante se renova no batizado de Pieterque e de seus pais, Pierre Van Der Meer De Waalcheren e Cristina que se casam nessa ocasião. Faleceu no dia 03/11/1917, aos 71 anos e 4 meses, em Bourg La-Reine na casa onde morava Péguy antes da guerra de 14. Achando-se um dia em sua residência os amigos Maritain, Termier e P.Van Der Meer de Walcheren, Bloy lhes apresentou o próprio retrato moral: "Comparem-me com um cão de pastor, cão inteligente que reúne as ovelhas, impede que se dispersem, mantém-nas despertas, morde-lhes as patas e, de vez em quando, ladra também energicamente contra os pastores!" Léon Bloy, que entre tantos pensamentos dignos de meditação dizia que "o acaso é o nome moderno do Espírito Santo", era um apaixonado cultor do dogma da "comunhão dos santos": a solidariedade de todas as criaturas. A Igreja, corpo místico, espiritual, de Cristo, abrange, por assim dizer, três províncias, apelidadas de Igreja Militante, Igreja Padecente e Igreja Triunfante. Quer isto dizer que aqueles que se acham unidos a Cristo e a seu Espírito, unidos assim estão não apenas enquanto vivos na terra, mas para sempre e por toda parte em que se encontrar nosso destino. Quem morre no Senhor continua a exercer sua solidariedade, sua comunicação fraternal com aqueles que são seus irmãos militantes na terra, ou padecentes no purgatório. Entre as três províncias nunca cessa essa solidariedade ao mesmo tempo interior e exterior, aparente e oculta, aparente na Igreja visível, estendendo-se da Igreja visível até aos confins da invisível, céu e purgatório. Costumava dizer Bloy que as orações pelos mortos são, de todas as obras de misericórdia, a mais perfeitamente meritória, por ir mais diretamente ao coração do Pai de todas as misericórdias, pois se faz um favor ao próprio Deus, libertando-O de sua justiça! Daí ter escrito que "o silêncio dos lábios é extremamente mais terrificante do que o silêncio dos astros!". Proveitosa leitura: "LÉON BLOY", por Octavio de Faria, Gráfica Record Editora.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

RAISSA MARITAIN

Passou-me em brancas nuvens, no dia 24/11/10, o quinquagésimo aniversário do "dies natalis", ou do falecimento, de RAISSA MARITAIN. Raissa, descendente judia da família Oumançoff, nunca recebera instrução religiosa. Aos 17 anos ingressou na Universidade de Paris, onde seus pais emigrados revolucionários da Rússia se tinham estabelecido. Foi aí que conheceu Jacques Maritain, providencial encontro sobre o qual assim escreveu em seus cadernos: "Outro ALGUÉM havia preestabelecido entre nós uma soberana harmonia, apesar das grandes diferenças de temperamento e de origem". Frequentam as aulas de Henri Bergson que "liberou seus espíritos do desespero, do grosseiro materialismo sem horizontes". Casam-se no dia 26/11/1904. Pouco depois, através de artigos de Maurice Maeterlinck, tomam contato com obras de Léon Bloy para quem enviam pequena quantia, pois vivia em sérias dificuldades financeiras. E, num belo dia, "os dois jovens, cheios de esperança, sobem as escadas da Butte Montmartre, a fim de pedirem àquele escritor católico, àquele peregrino, a esmola, o pão da amizade". Foi no dia 11/06/05. Estabelece-se, então, proveitoso intercâmbio cultural e religioso entre os três espíritos. No verão de 1906 Raissa cai doente. Visitando-a, a esposa de Bloy fala-lhe de Nossa Senhora o que irrita Raissa, a esposa de Jacques. Enquanto isto, Jeanne passa-lhe ao pescoço a corrente com a Medalha Milagrosa. Sem saber bem o que fazia, Raissa entrega-se a Nossa Senhora e dorme um sono tranquilo e reparador. Depois de anos de luta interior, tormentoe e aridez, Raissa e Jacques entregam-se a Deus: no dia 11/06/1906 recebem o sacramento do batismo, juntamente com Vera, irmã de Jacques. São Madrinhas Jeanne e Véronique, e Padrinho Léon Bloy. Visitam, então, La-Salette. onde , no dia 19/09/1846, Nossa Sehora apareceu a chorar numa montanha, num dos grandes cimos dos Alpes."Uma das maiores alegrias daqueles anos que precederam a primeira guerra mundial (1914-1918) foi o batismo do pai de Raissa, no leito de morte. E o autor dos dados biográficos que aqui reproduzo em síntese ( P. Wan Der Meer de Walcheren) logo recebeu de Raissa o seguinte telegrama: "Papai foi batizado por Jacques". Janeiro de 1961: "Nossa querida Raissa partiu deste mundo no dia 04/11/1960. Tive a graça de vê-la em outubro, no seu leito de dor. Olhou-me profundamente...murmurou alguma coisa, chegou a sorrir-me, sorriso marcado pelo sofrimento humano, esse sofrimento só compreendido pelo Filho do Homem. Raissa e Jacques, irmãos queridos, penso em vocês na alegria dolorosa da Luz!"

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

24/12/10 = AMANHÃ É NATAL

ONTEM, a voz do cantor VICENTE CELESTINO. HOJE, o poema do escritor JORGE DE LIMA. O primeiro, construtor com a voz. O segundo, construtor com a palavra. Na produção de obras artísticas, de monumentos arquiteturais. O hino A PATATIVA consagrou Celestino. O poema "O ACENDEDOR DE LAMPIÕES" imortalizou Jorge de Lima: "Lá vem o acendedor de lampiões... não, porém, apenas da rua, senão do mundo universo. Cristo Senhor, Filho do Deus vivo e esplendor da luz eterna, Luz sem ocaso, virá como SOL NASCENTE iluminar nossas TREVAS. "A LUA brilhará como a luz do SOL e o SOL brilhará sete vezes mais como a LUZ de sete dias, no dia em que o Senhor curar a ferida de seu povo e fizer sarar a lesão de sua chaga". "No princípio era a PALAVRA e a PALAVRA estava com Deus e a PALAVRA era DEUS. E a PALAVRA se fez carne, nascendo em BELÉM, "quando todas as coisas estavam envolvidas no silêncio, e HABITOU entre nós. NELA ESTAVA A VIDA, E A VIDA ERA A LUZ DOS HOMENS. E A LUZ BRILHOU NAS TREVAS E AS TREVAS NÃO CONSEGUIRAM DOMINÁ-LA. Surgiu um homem, JOÃO BATISTA, enviado por Deus como testemunha, para dar testemunho da LUZ, para que todos chegassem à FÉ por meio dele. Ele, JOÃO, não era a LUZ, mas veio para dar testemunho da LUZ, daquele que era a LUZ de verdade, que, vindo ao mundo, ilumina todo ser humano". JOÃO BATISTA foi o batedor da LUZ, o precursor de JESUS CRISTO. Dele deu testemunho JOÃO BATISTA, dizendo: "O que vem depois de mim passou à minha frente, porque ELE existia antes de mim", pois era a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade que se encarnara no seio da VIRGEM MARIA. Com o nascimento do Deus Menino no Natal, acendeu-se no mundo e para o mundo uma grande luz. Para os que habitávamos nas sombras da morte, uma gigantesca LUZ resplandeceu: JESUS CRISTO! Ouçamos, antes da prece ao divino acendedor de lampiões do mundo em favor de nossos abnegados seguidores, a primeira estrofe do poema de Jorge de Lima, "mutatis mutandis": "Lá vem o acendedor de lampiões da rua! Este mesmo que vem infatigavelmente, parodiar o SOL e associar-se à LUA, quando a sombra da noite enegrece o poente! Um, dois, três lampiões acende, e continua outros mais a acender imperturbavelmente, à medida que a noite aos poucos se acentua, e a palidez da lua apenas se pressente. Triste ironia atroz que o senso humano irrita: ele que doira a noite e ilumina a cidade talvez não tenha luz na choupana em que habita! Tanta gente também nos outros insinua crenças, religiões, amor, felicidade, como este acendedor de lampiões da rua!"

23/12/10 - DOIS DIAS ANTES DO NATAL

Esta manhã carioca, de sol muito quente, promissora de toró à tarde, a cidade já na modorra ante-vésperal de um Natal prolongado a atropelar as festas de Ano Novo, que nos presenteará com a bela e esperançosa Primeira Presidenta do Brasil, me veio a nostalgia de meus natais, 80 anos corridos. E me vejo a cantarolar " Acorda, patativa, vem cantar!" de Vicente Celestino (1894-1968). "Relembra as madrugadas que lá vão" e são para mim umas 80!. "E faz de tua janela o meu altar!" Quem sabe de teu presépio? "Escuta a minha eterna oração!" Já montei o meu presépio sob a árvore do pinheirinho. As mesmas figuras de seres humanos e animais: Jesus-Menino na manjedoura, Nossa Senhora e São José à direita e à esquerda, os pastores, quatro, com seus cães de guarda, o galo empertigado sempre acabando de abrir o bico, o boizinho...ou vaquinha? os cordeirinhos pastando ou descansando na relva, o burrinho orelhudo, os anjos equilibrando-se nos galhos da árvore em meio a um coral convidando os ausentes a se aproximarem: "Adeste, fideles, laeti truphantes!" Patinhos feitos de celuloide nadando num espelho de parede do quarto das irmãzinhas. Maçãs de argila pintadas de vermelho, trabalhos de escola de fim de ano. Tudo esparramado num solo acidentado feito de papel pardo salpicado de mica assentada com grude de polvilho. E partes do solo, para alimento dos carneirinhos famintos, aqui e ali plantações de arroz já nascidinhas, homenagem ao sol oriente, como é conhecido na liturgia cristã o Menino Jesus: "O ORIENS!" "Ó sol nascente justiceiro, resplendor da luz eterna. Oh! vinde e iluminai os que jazem nas trevas, e na sombra do pecado e da morte estão sentados!" Perdido nessa visão de saudades de madrugadas e tardes, transformando tua manjedoura num altar, ó Deus humanado, escuta as orações, nesta época, de toda a humanidade que resgataste, que os céus lá do alto derramem o orvalho, que chova das nuvens o Justo esperado, que a terra se abra e germine o Senhor!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

22/12/10 = TRÊS DIAS ANTES DO NATAL

Narra o evangelista São Lucas que Izabel, esposa de Zacarias, recebendo Maria em sua casa nas montanhas, entoou bem fortemente um cântico nos seguintes termos: "Bendita és tu, Maria, entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre! E donde me vem o fato de a Mãe do Senhor me visitar?" Nossa Senhora não deu uma resposta à interrogação da prima, mas, movida pelo Espírito Santo, cantou o "Magnificat", hino admirável que é ao mesmo tempo um hino de agradecimento (ou ação de graças) e uma portentosa profecia. "Glorifica minhalma o Senhor e exulta meu espírito em Deus, meu salvador". Maria, que chegou à casa de Izabel quando esta estava em seu sexto mês de gravidez, somente dela se afastou três meses depois, não antes, porém, do nascimento de João Batista. Ontem, dia 21, a Igreja comemorava o dia da morte do apóstolo São Tomé. Raramente o Evangelho nos fala dele. Bem que por ocasião da ressurreição de Lázaro nós o ouvíamos dizer: "Vamos! E morramos com ele!" Em outra passagem está dito que ele só acreditaria em Cristo ressuscitado, se lhe tocasse nas chagas. Ele tocou e exclamou: "Meu Senhor e meu Deus!" Então Jesus lhe disse: "Porque me viste, Tomé, tu creste. Bem-aventurado aquele que não vê e contudo crê!" Em face do mistério anunciado do Natal temos necessidade precisamente de uma fé firme e amorosa. Durante os dias precedentes ouvimos uma mensagem a qual devemos crer sem ver! Daqui a 3 dias na noite santa nós nos ajoelharemos diante do divino Menino no seu presépio e a Igreja nos dirá: "Eis o grande Rei, o Deus eterno!" Será o momento de nos aplicarmos a palavra dita a São Tomé: "Bem-aventurados aqueles que não vêem e contudo crêem!"

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

21/12/10 = QUATRO DIAS ANTES DO NATAL

JOÃO BATISTA, figura precursora do DEUS MENINO, tem um papel memorável e original no nascimento de Cristo. É que o anjo Gabriel aparecera um dia ao sacerdote Zacarias e lhe dissera: "Não temas, Zacarias, porque a tua súplica foi ouvida, e Izabel tua mulher vai te dar um filho". Zacarias perguntou: "De que modo saberei disto? Pois eu sou velho e minha esposa é de idade avançada". O anjo lhe disse: "Eu sou Gabriel e fui enviado para te anunciar essa boa nova. Eis que ficarás mudo e sem poder falar até o dia em que isso acontecer, porquanto não creste em minhas palavras". Seis meses depois, o mesmo anjo Gabriel anunciara a Maria que ela seria a mãe de Jesus. E para fortalecer a fé da Virgem Maria no anúncio de que ela seria Mãe Virgem de Jesus, revelou a ela a maternidade de uma mulher idosa e estéril, sua prima Isabel, já no sexto mês de gravidez, como prova de que é possível a Deus tudo que Ele quer. Mal ouviu isto, Maria dirigiu-se às montanhas, mas não por falta de fé na profecia ou por falta de confiança na mensagem, nem tão pouco por duvidar do exemplo dado. Maria partiu logo para as montanhas, afim de ver sua prima. E tinha pressa, levada que era pelo desejo de chegar que a oprimia, o que é natural,quando vamos ver pessoas amadas. Muito rapidamente se manifestaram os efeitos da chegada de Maria e da presença de seu filho, recém-concebido, na casa da prima querida Isabel. Com relação a Isabel, no momento em que ela escutou a saudação de Maria, a criança de 6 meses e que sabemos ser JOÀO BATISTA, exultou no ventre dela, isto é, foi liberado da culpa original e santificado. Note-se o seguinte: Isabel foi a primeira a ouvir a voz de Maria, mas João foi o primeiro a pressentir a presença de Jesus no ventre de Maria. Izabel ouviu segundo a ordem natural das coisas, mas João exultou em virtude do mistério! Izabel percebeu a chegada de Maria, João percebeu a chegada do Senhor. A mulher, Izabel, ouviu a voz da mulher, o menino, João, sentiu a presença do Filho de Deus. Izabel recebeu o Espírito Santo, isto é, recebeu uma luz celestial para conhecer os divinos mistérios que anteriormente tinham sido realizados em Maria, mas DEPOIS DE CONCEBER, ao passo que Maria recebeu o Espírito Santo ANTES DE CONCEBER. Muito proveitosa será a leitura do capítulo segundo do Evangelho segundo São Lucas. Os comentários aqui expendidos são de autoria do arcebispo de Milão, Santo Ambrósio (340-397). "CONFIAI E NÃO TEMAIS, POIS DAQUI A CINCO DIAS O SENHOR VIRÁ A VÓS! VINDE, SENHOR JESUS!"

domingo, 19 de dezembro de 2010

20/12/10 = CINCO DIAS ANTES DO NATAL

A IGREJA focaliza hoje a figura de SÃO JOSÉ. Anunciando o anjo Gabriel que Maria seria mãe de Deus, ela perguntou: "Como se realizará isto, se não conheço nenhum homem?" (Conhecer=conhecimento marital). O anjo lhe respondeu: "O Espírito Santo virá do alto sobre ti e a onipotência divina te cobrirá para que possas conceber sem a intervenção do homem". Esta metáfora, "te cobrirá", é transposta da "nuvem", indicadora da presença divina, nuvem esta que por ocasião da festa dos Tabernáculos, recordando a jornada dos judeus pelo deserto, "descansava" ( isto é, banhava com chuva) sobre a Arca da Aliança. Como se o anjo dissesse: "Assim como a chuva costuma fecundar a terra assim a onipotência ou força do Altíssimo exercerá um papel parecido com o da chuva sobre a Arca, isto é, te fará conceber e ficar grávida, sem a mediação de homem algum. São José, como era um homem virtuoso, santo, sabendo, antes da celebração pública das núpcias, que Maria estava já grávida, pensava em abandoná-la ocultamente. Por isto o Anjo do Senhor apareceu-lhe em sonhos, dizendo: "José, filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como esposa, porque o filho que ela traz é obra do Espírito Santo". E José, levantando-se, fez o que o anjo Gabriel lhe dissera. A partir de então, muito pouco se fala do pai putativo de Jesus. Nem por ocasião das núpcias de Caná da Galileia está presente, sendo geral opinião que já tivesse falecido. Creio que o rosto de São José é reproduzido universalmente com as mesmas características. Lembra-me um senhor de meia idade, aparentando, pela presença rara no Novo Testamento, "um profundo sentimento do mistério", pois nele "nunca fica perfeitamente claro onde termina a realidade e onde começa o reino das sombras", como escreve dos mineiros Tristão de Athayde ("Voz de Minas"). De Tristão ainda furto no citado livro umas linhas aplicáveis ao caráter dos mineiros, as quais muito sinto serem a descrição de São José: "Por ser fechado e metido consigo...vive para dentro e não para fora. Não proclama suas emoções. Não se precipita. Só põe o pé onde sente o terreno firme. Desconfiado como é, sua naturalidade é sóbria, discreta e reservada. Não faz questão de aparecer! Apaga-se naturalmente!" De tanto julgo São José assemelhado aos mineiros que lamento não terem os dois portugueses, Irmão Lourenço e Bracarena, fundadores respectivamente dos santuários do Caraça e da Serra da Piedade, erguido um trono ao lado da Mãe de Deus e dos Homens para São José, esposo de Maria e pai putativo de Jesus.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

19/12/10 = SEXTO DIA ANTES DO NATAL

Jesus, meditando um dia em sua casa de Nazaré, reconheceu o seu destino no dos PROFETAS! Quando, aos 30 anos, se apresentar aos homens como FILHO DE DEUS, COMO FILHO DO HOMEM, sabe o que O espera! Sabe que Deus prometeu a Moisés um novo profeta, igual a ele e na sua boca porá as suas palavras e ele lhes dirá tudo quanto eu pedir, o PRECURSOR, ISAÍAS, que O anunciará: "NASCEU-NOS UM MENINO que se chamará o " PRÍNCIPE DA PAZ". MAS AS GENTES SERÃO CEGAS DIANTE DELE E NÃO O ESCUTARÃO! E pior ainda: crucificá-LO-ão e LHE disputarão as vestes entre si! "Uma corja de cães, prosseguirá Isaías, me rodeou, uma turba de mãos me assediou. Furaram as minhas mãos e os meus pés! Dividiram as minhas vestes e tiraram à sorte a minha túnica!" Mas, dirigindo em seguida os pensamentos para o futuro, sabe JESUS que "todos os reis hão de adorá-LO, todas as gentes LHE serão servas, porque livrará o pobre do poderoso e salvará as almas dos pobres! Porque a ELE virão, inclinados, os FILHOS dos que O humilharam e as plantas dos SEUS pés adorarão os que O insultaram! E sabe JESUS , sobretudo,que a semente de sua palavra, caindo na terra entre cardos e espinhos, calcada pelos pés dos assassinos, despontará na primeira primavera, brotará pouco a pouco, e há de crescer, a princípio como um arbusto batido pelo vento, e será por fim uma árvore que há de cobrir com seus ramos a terra" ( Papini, "História de Cristo"), a IGREJA CATÓLICA, o "Pequeno Rebanho" ("Pusillus grex"), e ao seu redor poderão sentar-se os homens, lembrando a morte daquele que a semeou, JESUS MENINO cujo aniversário de nascimento em Belém daqui a seis dias a humanidade toda, consciente ou inconscientemente, querendo ou não, terá que RECORDAR, pois os CALENDÁRIOS no seu místico mutismo são implacáveis! "Céus, bradava o profeta ISAÍAS, deixai cair orvalho das alturas, e que as nuvens façam chover justiça. Abra-se a terra e germine a salvação! Brote igualmente a justiça. Eu, o Senhor, A criei!"

18/12/10 = SETE DIAS ANTES DO NATAL

Depois dos carneirinhos, do burro, do boi, e por que não dos cães, os PASTORES! Independentemente do anúncio do NATAL pelos anjos, os pastores acorreram à estrebaria. Solitários, o menor fato ocorrido perto deles os comove. Velavam o rebanho, quando a luz e as palavras do anjo os despertaram. À fraca luz da estrebaria, uma mulher jovem e bela. Um menino de olhos recém-abertos, carnes róseas e delicadas, os enterneceu. O nascimento de um homem que vem sofrer com os outros homens é um milagre tão doloroso que causa piedade até aos simples que o não compreendem. E ali estava um recém-nascido não desconhecido, mas um menino que um povo aflito esperava há mil anos! Trouxeram-lhe o pouco que tinham, o pouco que é muito quando dado com amor! Donativos brancos: leite, queijo, lã, cordeiro. Ovos ainda tépidos do calor do ninho. Uma galinha para o caldo da parturiente! Além de possuidores dos vestígios ainda existentes do espírito de solidariedade, as circunstâncias lhes faziam crer que aquele MENINO pobre era o resgatador da HUMANIDADE. Recordaram-se do profeta Isaías que anunciou a chegada do EMANUEL, o "DEUS CONOSCO, e que lhes soprava nos corações acolhedores: "Não existe salvação em nenhum outro, não foi dado outro nome sob o céu pelo qual o mundo possa salvar-se. Será seu nome " admirável Conselheiro", "Deus forte", "Pai do século futuro", e " Príncipe da Paz!" Ideias tiradas da "História de Cristo", de GIOVANNI PAPINI. UM LIVRO RECOMENDÁVEL ÀQUELES PARTICULARMENTE QUE ABANDONARAM AO DEUS MENINO, porque nunca o conheceram! A estes, escreveu Papini, este livro quisera fazer bem!

17/12/10 = OITO DIAS ANTES DO NATAL

NO DIA 26/03 de cada ano a Igreja recorda aquela tarde entre todas, quem sabe, a mais importante para a humanidade, tarde em que o anjo São Gabriel, surpreendendo MARIA em suas orações assim lhe disse: "MARIA, ALEGRA-TE, Ó CHEIA DE GRAÇA, O SENHOR É CONTIGO; ÉS BENDITA ENTRE TODAS AS MULHERES DA TERRA!" Passado o inesperado susto, MARIA disse ao anjo: "O QUE VEM SIGNIFICAR ESSA TUA SAUDAÇÃO? A MINHALMA PERTURBOU-SE; SEREI MÀE DO GRANDE REI, CONSERVANDO A VIRGINDADE!" Algumas centenas de anos atrás, o papa São Leão Magno escreveu: "De nada adianta afirmar que Jesus, filho da virgem Maria, é VERDADEIRO E PERFEITO HOMEM, se não se ACREDITA QUE ELE TAMBÉM PERTENCE A ESSA DESCENDÊNCIA PROCLAMADA NO EVANGELHO, POR EXEMPLO, EM SÃO MATEUS 1,1. AÍ É APRESENTADA A SÉRIE DE GERAÇÕES DESDE OS PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE ATÉ JOSÉ, com quem estava desposada a Mãe de Jesus. Impossível não era ao Filho de Deus manifestar-se, para ensinar e justificar os homens, do mesmo modo como aparecera aos patriarcas e profetas do Antigo Testamento. Tais aparições eram apenas sinais misteriosos que anunciavam a realidade humana do Cristo. Nenhuma daquelas figuras poderia realizar o mistério da nossa reconciliação, preparado desde a eternidade e prometido por ocasião da desobediência de Adão e Eva, porque o Espírito Santo ainda não tinha descido sobre a Virgem Maria, nem o poder do Altíssimo A tinha envolvido com a sua sombra. A Sabedoria eterna não havia ainda edificado a sua casa no seio puríssimo de MARIA, para que o VERBO se fizesse HOMEM. O CRIADOR dos tempos ainda não tinha nascido no tempo, UNINDO A NATUREZA DIVINA E A NATUREZA HUMANA NUMA SÓ PESSOA, de modo que AQUELE POR QUEM TUDO FOI CRIADO FOSSE CONTADO ENTRE AS SUAS CRIATURAS! Se o homem novo, revestido de uma carne semelhante à do pecado (Rm 8,3) NÃO TIVESSE ASSUMIDO A NOSSA CONDIÇÃO, envelhecida pela desobediência de nossos primeiros pais, SE ELE, CONSUBSTANCIAL AO PAI, NÃO SE TIVESSE DIGNADO SER TAMBÉM CONSUSBTANCIAL À MÃE E UNIR A SI NOSSA NATUREZA, com exceção do pecado, a HUMANIDADE teria permanecido cativa sob o jugo do demônio, e não poderíamos nos beneficiar do triunfo do VENCEDOR, se esta vitória fosse obtida numa natureza diferente da nossa! Dessa admirável união brilhou para nós o SACRAMENTO DA REGENERAÇÃO, para que renascêssemos espiritualmente pelo mesmo Espírito por quem o Cristo foi concebido e nasceu! Por isso diz o evangelista, referindo-se aos que crêem: "ESTES NÃO NASCERAM DO SANGUE NEM DA VONTADE DA CARNE NEM DA VONTADE DO HOMEM, MAS DE DEUS MESMO!!! (JO.1,13).NOTA: O evangelho por meio da GENEALOGIA APRESENTA AS PRINCIPAIS PERSONAGENS DA história da SALVAÇÃO.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

16/12/10 = NOVE DIAS ANTES DO NATAL

Na noite de Natal recorda-se o nascimento em Belém da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade que se encarnara milagrosamente, nove meses antes, no seio de uma jovem chamada Maria, que por obra do Espírito Santo permaneceu virgem antes do parto, durante o parto e depois do parto. Lembrando-se desses "fatos históricos e milagrosos, há dois mil anos rezam os cristãos ao cair das tardes, balbuciando no silêncio de seus corações: "O anjo do Senhor anunciou a Maria e ela concebeu do Espírito Santo. Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa palavra. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós!" Não é justamente isto que rezamos nas missas dos domingos, quando dizemos depois da leitura do evangelho: "Creio em Jesus Cristo, um só seu filho, Nosso Senhor, que nasceu da Virgem Maria, padeceu e morreu sob o poder de Pôncio Pilatos"? Mistérios que constituem objeto de nossa fé. Que é a FÉ? São Paulo nos responde (Hb 11,1): "A FÉ é um modo de já possuir aquilo que se espera, é um meio de conhecer realidades que não se vêem". A realidade maior que queremos "conhecer" e "possuir" neste Natal é JESUS. Esperamos sua chegada com FÉ acreditando na promessa de Deus que O envia para nos trazer a salvação e instaurar o seu Reino de Justiça. Ó Pai, que chamastes Abraão e sua família para iniciar uma vida nova na "terra prometida" e os sustentastes em sua caminhada com o vosso amor e a vossa misericórdia, dai-nos a graça de caminharmos rumo ao NATAL, superando o nosso egoísmo e tudo o que nos impede de criar uma sociedade justa e fraterna". "Que os céus, lá do alto, derramem o orvalho, que chova das nuvens o Justo esperado, que a terra se abra e germine o Senhor!"

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

ASPECTOS PRÁTICOS DAS HOMILIAS

Um mêa atrás o Papa Bento XVI fez publicar um decreto do sínodo de 2008 sobre a palavra de Deus. Finalidade: encorajar os católicos para nela se debruçarem e poderem proclamar a palavra de Deus contida na Bíblia. Nisto estaria a maior prioridade para a abertura do homem de hoje ao acesso a Deus e melhor se armar contra a proliferação das seitas pela propagação de uma leitura deformada da Bíblia. Aproveitando a ocasião, o Papa fala da arte da homilia: comentário do sacerdote após as leituras na missa. Censura as homilias vagas, abstratas, as divagações inúteis que correm o risco de chamar a atenção mais sobre o pregador que sobre a substância da mensagem evangélica. Não se requer uma pesquisa profunda para se chegar à conclusão de que em nosso meio brasileiro católico a bíblia não passa de um enfeite nos lares. O contrário se dá no âmbito de seitas aqui existentes: muito se vê pessoas lendo o novo testamento até nas ruas, quando, v.g., aguardam uma condução, etc. Parece-me que o fato de a leitura da bíblia ter sido por tão largo tempo quase que proibida aos católicos, e,depois da insistência da Igreja em favor de seu manuseio mas com a recomendação de que cabe à Igreja interpretá-la devidamente, o que não se requer da leitura da mesma entre os membros de seitas não católicas, parece-me, repito, que comentários, explicações, exegeses sobre textos sobretudo textos do antigo testamento só dão sono a quem vai às nossas igrejas aos domingos. Aos nossos católicos, na verdade de tão pouca instrução religiosa, mais prendem a atenção assuntos embasados em textos aplicáveis ao viver cotidiano, os evangelhos são tão ricos em conselhos e referências, sempre descobrindo-se brechas para uma curta catequese sobre algum ponto doutrinal. A ignorância religiosa entre nós é muito mais vasta do que se pensa. Que adiantam incursões a textos do antigo testamento, se nosso povo está incapacitado de acompanhar o que o celebrante comenta. O papa, aliás, recomenda "evitar as homilias vagas e abstratas". Sei que é fácil criticar, lamentar, sem que se possa apontar meios de se reencontrarem caminhos que ajudem nossos irmãos na fé a crerem e professarem a fé que, em semente a ser cultivada, receberam no batismo. "Veni, Sancte Spiritus, reple tuorum corda fidelium et tui amoris in eis ignem accende!" Vinde, Espírito Santo, ocupai os corações dos fieis e acendei neles a chama do vosso amor!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

POR QUE "DEUS E OS HOMENS"?

Um dos "nossos"sugerira-me escrever sobre os convertidos do século passado. Por isto é que me aventurei a resumir o livro "Deus e os Homens" de Pierre Van Deer de Walcheren. Confesso-lhes: "Fabiola"e esse foram dois livros que muito contribuíram para enraizar em mim os valores religiosos católicos. Além, é claro, das aulas de catecismo e de religião ministradas por dois sacerdotes no Caraça: Padre MontÀlvão, no primeiro ano, e Padre Cruz no quarto e quinto anos. A esta altura da vida, cheguei à seguinte conclusão: fui objeto ou alvo de dois tipos de formação religiosa. Nas aulas de religião, conheci a história da religião cristã e católica. E graças aos dois mestres que tive, constituiu esse aprendizado o substrato, o alicerce de minhas crenças, para não dizer, de minha fé. Mas ao lado disto ou complementando ou tornando eficiente esses conhecimentos teóricos, valeu-me por demais, e vale-me até hoje, o conhecimento, pela leitura sobretudo, da prática, da vivência daqueles valores religiosos, cristãos e católicos, pelos mortais como eu. Na minha adolescência Fabíola, História de Uma Alma, de Santa Terezinha, Jesus Rei de Amor e O Nazismo Sem Máscara, O BRIGADEIRO DA LIBERTAÇÃO foram sementes que caíram, mercê de Deus, em terreno propício. À medida que fui crescendo a leitura das biografias de homens e mulheres, católicos ou não mas vivendo de Deus, foi de mãos dadas com aquele aprendizado, mais teórico que prático, da religião constituindo, levantando, formando duas margens por onde serpenteia minha existência, aos trancos e barrancos, até ao presente dia. Graças a Deus! Conversando hoje com meu médico urologista, católico, aluno dos jesuítas, dizia-me ele que mais do que o relato seco dos fatos bíblicos influencia as mentes infantis, infantis diria eu pela idade e pela ignorância religiosa cristã e católica, o conhecimento vivenciado por homens, atuais ou não, que vivendo, praticando os princípios evangélicos num mundo contemporâneo, bombardeados por princípios e valores contraditórios até, mexem com o nosso ego, com a nossa consciência, com aquela dignidade em semente de criaturas divinas QUE SOMOS, mesmo que nisto não creiam. Lembro-me do que repetia sempre meu professor de religião: o homem ( HOMO = o ser humano) traz em si as sementes do bem e do mal, do anjo e do demônio. Pense-se num Vicente de Paulo, num Gandi, num Hélder Câmara, num Padre Damião o Leproso, da ilha de Molocai, NUM THOMAS MERTON e em tantos que, como lembra o apóstolo São Paulo, cultuam "o deus desconhecido deles", os milhares de exemplos de cristãos, católicos, cristãos ou não, que cultuam na vida prática o deus desconhecido, "ignoto deo", cujo gene assinala todo ser humano. Escrevi demais e me ia esquecendo de dizer que "Deus e os Homens" vale a pena ser lido. Há algo nele que nos perturba. Como também nas cartas que Tristão e Jakson de Figueiredo se trocavam.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

"DEUS E OS HOMENS" - 6

No dia 27/12/32, Matias deixou a Itália, dirigindo-se a Paris. Matias, Ana Maria, Irmã Cristina e Padre Pieterke se reuniram no mosteiro das beneditinas, em Oosterhout. Depois que Matias narrou toda a viagem a Roma, o Padre Pieterke lhe disse o seguinte: "Se tudo é na realidade como você diz, Irmã Cristina e eu agimos maravilhosamente ao entrarmos na ordem de São Bento. Este era de fato um verdadeiro romano". No dia 02/01/33, o casal separou-se dos filhos, longe de supor que pela derradeira vez via o filho padre. Dia primeiro de fevereiro Matias recebe um telegrama de Dom Abade comunicando que Pieterke estava mal. E mais tarde outro: "Dom Pieterke recebeu os últimos sacramentos". Imediatamente partiram para a Abadia de Saint- Paul, sendo recebidos pelo abade que lhes narrou as circunstâncias da morte; PNEUMONIA. Era o dia primeiro de fevereiro de 1933. Enquanto se celebravam as exéquias, Matias dizia ao Senhor: "Que tenho ainda para vos dar? Cedi-vos os três filhos! Que eu ocupe o lugar de Pieterke? E Ana Maria?" No dia 20 de fevereiro, Ana Maria diz a Matias: "Sei em que você anda pensando! Devemos fazer mutuamente o sacrifício um do outro. Deus nos pergunta se estamos prontos a dar-lhe nossa vida, a nossa comum felicidade". Dia 31/03 tudo se resolveu: Ana Maria entraria em Solesmes, na Abadia de Santa Cecília, e Matias em Oosterhout. No dia 18 de junho o casal celebrou juntos pela última vez o trigésimo primeiro aniversário de casamento. Com a autorização do Vaticano, no dia 02/09 Ana Maria, com o nome agora de Irmã Rosalina, foi recebida pela abadessa. E no dia 12/10 Matias dava entrada na abadia de Saint-Paul, recebendo o hábito no dia 24/10. Irmã Rosalina tomou o hábito no dia primeiro de julho de 1934. Tudo ia bem, quando em mar;o de 1935 se constatou que a saúde de Irmã Rosalina não mais lhe permitia a presença no convento. Em abril reinauguraram a vida matrimonial. Ana Cristina faleceu em Breda, Holanda, no dia 26/12/1953. No dia 07/05/1954, aos 73 anos, Matias subiu os degraus do mosteiro de Saint-Paul, onde por especial licença do Abade, foi realizar o sonho de passar o resto da vida a escrever e a orar (do livro "DEUS E OS HOMENS", escrito por P.Van Der Meer de Walcheren).

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

" DEUS E OS HOMENS" - 5

A cerimônia da vestição (tomada de hábito) de Ana Marieke se deu no dia 05/08/1932 na Abadia de Notre-Dame. Dom Abade, acompanhado das duas madrinhas da postulante, aos sons dos sinos e do coro das monjas, acolitado por Dom Pieterke, saiu do interior da clausura, paramentado, precedido de Ana Marieke, vestida de noiva. Era ladeada pelas duas madrinhas vestidas de preto. A cauda da veste era carregada por um casalzinho de crianças. Dom Abade perguntou-lhe: "Que pedes? Em pé, ela respondeu: " A misericórdia de Deus e a graça do santo hábito". No devido momento sua mãe desprendeu-lhe o véu de noiva, ergueu nas mãos a cabeleira da filha, então cortada pelo oficiante, oferecendo-a a Deus. como uma oferenda. Ana Maria colocou um leve véu sobre a cabeça da filha. No parlatório, Ana Marieke, dora em diante Irmã Cristina, recebeu o hábito religioso, o cinto de couro, o véu branco na cabeça, o escapulário da ordem e uma vela acesa. Cantou-se então o Te Deum, em ação de graças, ao fim do qual seu pai viu a filha bater na porta da clausura e "com sua vozinha de sempre, a mesma voz com a qual ela cantava ou chorava" (pensou o pai) em casa, Irmã Cristina entoou: "Abri-me as portas da justiça; quando eu tiver entrada, exaltarei o Senhor!" Após pequena alocução, Dom Abade confiou-a à superiora do mosteiro e a porta se fechou. No dia 18/12/1932, a convite do padre Basílio que continuava a morar em sua casa, Matias o acompanhou a Roma. Ao pôr a esposa a par do convite, ela, depois de justificar não poder acompanhá-lo, lhe disse: "Você vai rever Roma COMO CRISTÃO. Quando lá estivemos com Pieterke, há 25 anos, ÉRAMOS PAGÃOS". Depois dessa visita a Roma,certo dia, em casa, Pieterke, criança de 5 anos apenas, se voltou para Ana Maria e lhe perguntou: "Mamãe, por que não vamos nunca à igreja aqui, como fazíamos na Itália?" Eu tive a impressão de que Pieterke, desde antes de seu batismo, pelo puro desejo de criança, inspirado por Deus, ajudou-nos a escolher o verdadeiro caminho e procurar Deus onde ele realmente está. O ponto de partida depende às vezes de tão pouca coisa, é tão imperceptível a origem dos maiores acontecimentos..." (termina no próximo blog).

"DEUS E OS HOMENS" - 4

A chegada em casa foi muito penosa. Dir-se-ia que uma morta muito amada acabava de ser levada e conduzida a uma vida muito melhor! Seus livros, desenhos, tudo ficara no mesmo lugar. O piano fechado. No quarto, seus vestidos pendurados; e, abandonados, os múltiplos objetos de uso pessoal conservavam o traço do último gesto que ela fizera para colocá-los ali, para arrumá-los. A menor coisa continha uma recordação que avivava as saudades. Esta dor manteve-se pungente durante muitos e muitos dias. Quantas vezes, bruscamente, durante seu trabalho no escritório ou em casa, junto da esposa, Matias era invadido por um desejo louco, insuportável, de rever a filha! Ao meio-dia, quando vinha para o almoço, pelo caminho dos castanheiros, não a via mais correndo ao seu encontro. Não ouvia a vozinha clara que cantava enquanto ajudava a mãe num ou noutro quarto da casa. O silêncio agora era completo. No cabide da entrada continuava pendurado o casaco verde de gola de pele. Matias sabia o quanto sua mulher sofria com a ausência da menina, mas ela levava sua dor com calma, com a generosidade da força que lhe era dada. Ambos sentiam-se felizes com a felicidade que Ana Marieke possuía! Os filhos, os três incluindo-se Jean François, entregues a Deus rezavam continuamente pelos pais e o sofrimento destes foi-se tornando mais suave, mais calmo: foi aceito como uma dádiva nova e rica. A ausência de Ana Marieke manifestou-se depressa como a aurora de uma nova luz na vida. Aos poucos começaram a experimentar esta nova e profunda realidade. Seus três filhos estavam presentes. Pai e mãe conheciam a oração dos filhos e ressentiam seus efeitos. Encontravam-se todos no amor de Deus, no abismo de seu coração, indissoluvelmente unidos. Só lhes restava esta solução: permanecer nas profundezas de Deus onde, juntos os cinco, viveriam na mais íntima união!"

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

"DEUS E OS HOMENS" - 3

Em 1929, já de novo em Paris, uma nova vida começava para Matias, Ana Maria e a filha. Parecia a Matias que a tentativa sincera de uma restauração católica da sociedade chegara tarde demais nesse pós-guerra. "A condenação da doutrina política e pagã da "Action Française", de alguns livros, de certas atitudes de Charles Maurras tinha perturbado gravemente o seu equilíbrio. Um dia exclamou bruscamente: "É Satanás que está sentado na cátedra de Pedro". No mundo da literatura, a mesma situação confusa. Certa noite, o casal pôs-se a falar de Ana Marieke. Ana Maria tocou logo no assunto: "nossa filha está convencida de que irá para o convento daqui a um ou dois anos, mas isto não se dá sem luta. Sinto nela às vezes uma espécie de melancolia. A morte de Jean François e a partida de Pieterke fizeram-na sentir-se só. Em maio de 1930, o bispo dos estrangeiros em Paris solicitara de Matias hospitalidade para o padre Basílio e sua esposa. Basílio era um russo que depois do diaconato se casara de acordo com os costumes da religião ortodoxa e depois se ordenara sacerdote. Convertido ao catolicismo, fugira de Moscou. Viajando pela Espanha e pelo México, deste regressou à Europa, quando da revolução comunista de 1926. Solicitou ao Papa sua admissão na Igreja Católica com a autorização de permanecer fiel ao rito oriental. Numa visita de Matias e Ana Marieke ao filho beneditino, a jovem conversou longamente com a abadessa de uma abadia vizinha, ficando decidido que dentro de um ano ela entraria para a Abadia com o nome de irmã Cristina. Fixou-se a data de entrada de Ana Marieke para o dia 12 de outubro. Neste dia, Dom Abade saiu do átrio de sua abadia, seguido por Pieterke, e, já todos reunidos, dirigiram-se para a Abadia de Notre-Dame. Entraram na igreja abacial e ajoelharam-se na parte reservada aos fieis. Dom Abade fez sinal a Ana Maria que o acompanhou. No final de um longo corredor, a porta da clausura. Sozinho, Dom Abade avançou e bateu na porta. A porta se abriu, deixando ver a Abadessa e a Mestra das Noviças. Sem sequer voltar a cabeça, Ana Marieke acompanhou as religiosas. E a porta fechou-se de novo. Naquela mesma noite, Matias e Ana Maria tomaram o trem de volta a Paris.

" DEUS E OS HOMENS" - 2

Antes de voltarem para a Holanda, terminada a guerra de 14, falecera em Paris, apenas com 3 anos, o caçula da família, JEAN FRANÇOIS. Em fins de outubro de 1918, passando por Londres, o casal e os dois filhos chegaram à sua pátria no dia 11 de novembro. No dia 8 de setembro de 1921, festa da Natividade de Nossa Senhora, Matias, Ana Maria Pieterke e a irmã, com 9 anos, eram recebidos pelo Abade da Abadia de Saint-Paul, em Oosterhout, na Holanda. Foi então que Pieterqke foi deixado no parlatório dessa Abadia penetrando no convento onde viveria 15 anos entre os beneditinos. Certa noite, Ana Marieke confiou aos pais o desejo de ser beneditina. Dizendo o pai que ainda havia muito tempo para se falar do assunto, Ana Maria que conhecia o marido, disse rindo: "Você sabe um mundo de coisas, mas em questão de vocações, de educação ou de doenças, você não sabe nada!" Passados alguns anos, Pieterke , no dia 22 de dezembro de 1928, foi ordenado sacerdote. Presente estava o casal e mais a filha, Ana Marieke. Padre Pieterke passou três dia com a família. Em conversa certa vez com a irmã tomou uma foto e disse à irmã: "Olhe, Marieke, nós três! Que beleza de criança era Jean François! Agora é um dos nossos maiores protetores no céu!". Tomou nas mãos outra foto, a de de Léon Bloy, e disse: "Meu padrinho! Posso levar este retrato? Já tenho um mas está tão apagado e gasto que quase não se distinguem mais os traços. É admirável como vocês puderam encontrar este cristão no mundo. Muito devo ao meu padrinho!". Um dia o monge Pieterke escreveu o seguinte numa carta aos pais: "Você e mamãe são 2 seres que não formam senão um. Quando eu era criança e você me dizia alguma coisa, papai, eu já sabia que mamãe me teria dito o mesmo". Outra vez, Matias disse à sua mulher: "Deus fez em nós uma troca de corações: sofro , sinto, penso e amo aquilo que você deseja e pensa, o que você ama e ressente e sofre. Assim é porque somos unidos num amor que é Deus. É bem isto o amor do casamento!" Em 1929, depois de ter passado por Oosterhout onde celebraram a Páscoa com Pieterke, Matias, Ana Maria e a filha partiram para a França. Continua no próximo blog.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

" DEUS E OS HOMENS "

Eis como é simples, bela e em geral silenciosa a história da Igreja Católica! No próximo dia 24 de fevereiro de 2011, dia festivo de São Matias, na igreja de Saint-Médard, em Paris, na presença de Jacques Maritain e Raíssa Maritain, comemorar-se-á o centenário do batizado do jovem casal holandês MATIAS, autor do livro "DEUS E OS HOMENS", e de sua esposa ANA MARIA. A realização da mudança de rumo na vida do jovem casal deveu-se providencialmente à amizade que o prendeu ao escritor católico Léon Bloy (1846-1917) cujas ideias eram por ele compartilhadas. Daí, ter sido esse intelectual, autor de "Celle qui pleure" (aparição de Nossa Senhora da Sallete") escolhido como padrinho na sua admissão na Comunidade da Igreja Católica. A presença nessa cerimônia do jovem casal Jacques e Raissa deveu-se ao fato de também os dois terem sido leitores de Léon Bloy de tal maneira que quiseram, um ano antes, tê-lo também como padrinho ao abraçarem o catolicismo. Jacques e Raissa conheceram-se frequentando um curso de filosofia ministrado na Sorbonne por Bergson. Eram três famílias que se reuniam, com frequência, na casa de Léon Bloy em Monmartre, "como crianças que não poderiam, por um instante sequer, duvidar da amorosa presença de Deus. Léon Bloy lia, às vezes, para eles trechos de um livro em elaboração ou evocava passagens de sua vida que vivera antes do seu casamento com Jeanne Molbech, jovem dinamarquesa que encontrara numa maneira providencial numa reunião na casa de François Coppée, (1842-1908), quando já atingia o meio do caminho de sua vida". Matias e Ana Maria tiveram três filhos. Terminada a guerra de 14, voltaram para seu país com dois filhos apenas, pois "o terceiro adormecera para sempre no solo da França: um meninozinho de 3 anos incompletos que nasceu e morreu durante os dias sombrios da guerra e foi enterrado no dia 02/01/1918 no grande cemitério parisiense de Bagneux". O filho, Pieterke, tornou-se padre beneditino. Ana Maria Marieke , a filha, também vestiu o hábito de São Bento. Quando o filho sacerdote faleceu e a filha fez a profissão religiosa, o casal se recolheu à vida monástica. Ela em Solesmes, ele em Oosterhout. O estado de saúde da esposa não lhe permitindo continuar no mosteiro, ei-los por amor à obediência a refazer a vida matrimonial. Falecendo Ana Maria, completamente só no mundo Matias regressa ao mosteiro, onde foi realizar seu sonho de passar o resto da vida a escrever e a orar." DEUS E OS HOMENS" é o título do livro escrito por Matias (P.Van Der Meer de Walcheren), Livraria Agir Editora, Rio.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

02/12 = 175 ANOS DE DOM PEDRO II

DOM PEDRO II, se vivesse, faria hoje 175 anos. Guardo-lhe a data de nascimento, 02/12/1825, porque comecei a viver no Brasil Democrático no dia 02/12/1945, quando, deposto Getúlio Vargas no dia 28/10/1945, tivemos naquela data eleições livres para escolha do Presidente da República. Embora ainda não eleitor, torci o mais que pude pela vitória do Brigadeiro Eduardo Gomes. Que perdeu, porque o "dossiê", de então,x contra ele foi lançado pouco antes da eleição: "O Brigadeiro declarou que não precisa dos votos dos MARMITEIROS!" . MARMITEIROS eram os OPERÁRIOS. Eduardo Gomes tentou uma segunda vez, competindo, então, com o próprio Getúlio Vargas. Levou meu voto! Perdemos! Nunca, porém, esqueci a lição que nos deixou e que a história esculpiu nos corações dos brasileiros livres: "O preço da Liberdade é a eterna Vigilância!'. Dom Pedro II foi o único filho homem, sobrevivente, de Dom Pedro I. Nasceu em 1825. Além de órfão de mãe, apenas com 6 anos tomou ciência da abdicação do pai "na pessoa do meu muito amado e prezado filho, o senhor Dom Pedro de Alcântara", no dia 07/04/1831. Escolhera José Bonifácio para tutor do imperador infante e ao romper do dia embarcou com a família, menos os quatro filhos"Januária, Paula, Francisca e Pedro, na nau inglesa Warspite. Em 1840, o Partido Liberal, sabendo que Dom Pedro, apenas com 15 anos, já demonstrava madureza de ânimo e qualidades excepcionais, e que queria de fato assumir as rédeas do governo, conseguiu passar nas duas câmaras reunidas a declaração da MAIORIDADE (23/07/1840). Iniciava assim o Segundo Reinado que terminou com a proclamação da República, 15/11/1889. Confessa Guilherme Ferreiro que o próprio Imperador "sentia-se homem semelhante a todos os seus concidadãos, e a seus amigos dizia ser o primeiro republicano do Brasil". De Dom Pedro II o país guardou, entre outros, o seguinte pensamento: "Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro". Digno de memória figura também no Livro de Ouro do Colégio do Caraça, Minas Gerais, a seguinte frase de Dom Pedro II: "Estou satisfeitíssimo com o Caraça. Só o Caraça paga toda a viagem a Minas!" E a de sua esposa: "Eu teria escrúpulos de vir a Minas e não chegar até ao Santuário de Nossa Senhora Mãe dos Homens".

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

" PEDI E RECEBEREIS"

Maculando o manto de celestial suavidade que cobriu nestes dois dias, 27 e 28/11/2010, os dois complexos, da Vila Cruzeiro e do Morro do Alemão, pelo retorno, ainda que tardio, da paz (opus justitiae pax) e da liberdade sob múltiplos aspectos (libertas quae sera tamen) dos 400.000 habitantes daquelas porções da cidade do Rio de Janeiro, tomo ciência neste instante das ações de inescrupulosa audácia e insensatez desumana, praticadas por alguns das valorosas e heroicas forças de nossa segurança pública por ocasião de um dos mais belos gestos praticados em favor de cidadãos e irmãos, até então reféns de uma minoria desalmada. Não é isto, porém, que ora me move a escrever. O poeta Terência dizia: "homo sum et nihil humani a me alienum puto", isto é, "Sou homem e nada que interessa ao homem me é alheio". Num momento como este , de vitória do bem sobre o mal, quando a população em peso desta cidade, a mais brasileira de todas as províncias do país, se une, se abraça, e abraçada e unida, e feliz, se volta agradecida ao Cristo Redentor, de solidarizar-me com os cariocas não posso fugir. E lembrando-me, em meio a tanta efusão de alegria, dos sentimentos de gratidão a quem tudo isso se deve, tenho diante dos olhos o bilhete enviado a uma emissora de televisão dentro de uma caixa de fósforos, chamando nossa atenção para o fato de que 27 de novembro era o dia de Nossa Senhora das Graças, de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa. Por sua vez, o administrados de nossa arquidiocese, Dom Orani, convocando os católicos e cristãos para uma noite de orações no dia 27, também ele lembrou e salientou que era o dia de Nossa Senhora das Graças. Maria é mãe de Deus e também mãe dos homens. Aparecendo, no dia 27/11/1830, a Santa Catarina Labouré, a Virgem Maria, num primeiro momento, tinha nas mãos, simbolizando a humanidade, um globo sobre o qual lançava súplice olhar que em seguida erguia ao alto, na direção de Deus seu Filho. Era o gesto da mãe pedindo a Deus graças e proteção para os humanos. E num segundo momento de sua aparição, deixando caírem os braços, de cujos dedos brotavam raios luminosos, significava que estes eram as graças e bênçãos que ela obtinha de seu filho para os que as pediam. Por isto é que Ela é tida e chamada Medianeira Universal de todas as graças. Daí "um grande movimento se tem feito sentir em favor dessa consoladora verdade: todas as as graças nos vêm de Deus pela mediação, pela intercessão de Maria, Mãe de Jesus. Nossa Senhora, portanto, ouviu as preces dos cariocas e obteve de seu Filho a liberdade dos que eram reféns de marginais. Se alguém duvidava, aí está: Maria Santíssima também é carioca como seu Filho no alto do Corcovado.

sábado, 27 de novembro de 2010

UMA OMISSÃO INEXPLICÁVEL

Sob forte tensão, na expectativa do que possa ocorrer daqui a pouco no Morro do Alemão, preciso transcrever neste curto espaço de um blog o que me deixou confuso, não há nem quinze minutos. Como a maioria dos patrícios, estou preso ao vídeo da televisão, querendo saber qual será o desfecho do cerco neste momento de nossas forças armadas aos traficantes que se retiraram ontem da favela da favela do Cruzeiro, homiziando-se na favela do Alemão. Cerca de meia hora atrás, o canal 19, da Globo, através de uma jovem apresentadora, tirou de uma caixa de fósforos uma pequena carta, escrita à mão, nela extravasando seus sentimentos de gratidão aos militares, à polícia em geral, pelos esforços nunca vistos por aqui em favor da liberdade dos moradores de nossos morros, da nossas favelas, dominadas pelo tráfico das drogas. E no finalzinho do bilhete a missivista escreveu que hoje é dia de NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS a quem pedia ajuda para um desfecho feliz do movimento que se está preparando para um enfrentamento que parece será muito sério. Ouvido isto, mudei-me para o canal 40 onde se começava a ler a mesma cartinha enviada numa caixa de fósforos. Ouvi com bastante atenção, pois o conteúdo muito me emocionara, e qual não foi minha surpresa ou decepção diante da omissão, também por uma jovem, do trecho em que a missivista lembrava que hoje é o dia de Nossa Senhora das Graças, para a sua fé certamente um motivo de ESPERANÇA do êxito das manobras que estão prestes a ocorrer. Pergunto-me: POR QUE A OMISSÃO DO TRECHO QUE APELAVA PARA NOSSA SENHORAS DAS GRAÇAS? Por esquecimento não pode ter sido, pois a frase vinha no meio da segunda parte da cartinha! Ou foi por que talvez a apresentadora não é devota de Nossa Senhora - no caso seu gesto seria uma traição ao pensamento da missivista - ou então por respeito humano! Respeito humano ocorre quando, por exemplo, um católico omitisse um ato, como o sinal da cruz, ou uma palavra que o caracterizasse como católico, movido por um sentimento de vergonha de que as pessoas em sua volta, não sendo católicas, pudessem zombar dele - fato que ocorre muito frequentemente! Confesso com sinceridade: fiquei meio decepcionado com a atitude dessa apresentadora do canal 40. Por outro lado, devoto que procuro ser de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa (ou Nossa Senhora das Graças), alegrei-me por constatar que neste momento de tanta gravidade uma alma cristã, piedosa, se lembrou de recorrer a quem muito poderá intervir para o bom resultado das atuais manobras militares.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

180 ANOS DA MEDALHA MILAGROSA

27/11/1830. Capela das Filhas da Caridade em Paris. Vigília do Primeiro Domingo do Advento. Cinco e meia da tarde. IRMÃ CATARINA LABOURÉ está diante de NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS. Sobre um globo, esmagando a cabeça de uma serpente com os pés, num vestido de seda branco-aurora, envolta num manto azul-prata, NOSSA SENHORA aparece à hoje canonizada SANTA CATARINA LABOURÉ. À altura do peito, um globo de ouro encimado de uma cruz que oferecia a Deus com um olhar suplicante. Aneis marchetados de pedrarias ornam-lhe os dedos donde jorram raios de luz. Nossa Senhora lhe diz: "Este globo representa o mundo inteiro, sobretudo a França e cada pessoa em particular. Os raios são o símbolo das graças que derramo sobre as pessoas que mas pedem. As pedras donde não saem raios são as graças que os homens se esquecem de pedir!" Era a VIRGEM PODEROSA. Então desenha-se em torno da Virgem um quadro de forma oval, nele gravando-se as palavras em ouro: "Ó MARIA, CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS! FAZEI CUNHAR UMA MEDALHA NESTE MODELO. Todas as pessoas que a trouxerem receberão grandes graças!" No reverso da Medalha, no centro, um monograma formado pela letra M encimada de uma cruz com uma barra em sua base. Na parte inferior da Medalha os Corações de Jesus e Maria, aquele coroado de espinhos e este traspassado por uma espada. Doze estrelas envolvendo a Medalha. Somente em 30/06/1832 aparecem as primeiras MEDALHAS MILAGROSSAS. Santa Catarina Labouré faleceu no dia 31/12/1876, e foi sepultada na capela da vizinha casa de Reuilly. Em 1933 seu corpo foi trasladado para a Capela da Rua DuBac, 140, onde NOSSA SENHORA lhe aparecera há exatos 180 anos. Beatificada em 1933, Pio XII canonizou-a em 27/07/1947.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

LÂMPADA DO SANTÍSSIMO

De modo geral, todas as religiões fizeram sempre uso da LUZ quando se punham a orar em seus templos. Os gregos e romanos conservavam-na em suas casas de oração. Os israelitas mantinham no átrio do templo de Jerusalém o FOGO perpétuo sobre o altar do holocausto, e no interior do santuário o castiçal de 7 braços. Os primeiros cristãos usavam a luz por necessidade, uma vez que o serviço divino se celebrava de noite ou nas catacumbas por razões de segurança; ou por razões simbólicas. Sabe-se que a LUZ simboliza DEUS na sua essência, ele que é LUZ (1. Jo,1,5), santidade, majestade e fonte de vida, a "verdadeira luz" (jo.1.9). E quem não sabe que a luz aparece sob a forma de vela na celebração do batismo, na celebração da Santa Eucaristia, na colação das ordens menores e maiores, nos funerais, nas procissões e em outras muitas funções litúrgicas? Mas é importante saber sobretudo que ela aparece sob a denominação de LÂMPADA DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO, como tal usada desde o século XIII, como símbolo da presença do verdadeiro corpo, sangue, alma e divindade de Jesus Cristo, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, sob as espécies de pão nas hóstias consagradas, no altar principal de nossos templos sagrados, dentro de um pequenos receptáculo, denominado SACRÁRIO. No seu interior, dentro da âmbula, conservam-se as hóstias consagradas para a comunhão dos fieis. A nobreza, a disposição e a segurança do Sacrário devem favorecer a adoração do Senhor realmente presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Determina o Código de Direito Canônico (c. 940) que diante doÉ aí, na solidão, quase sempre sacrário em que se conserva a Santíssima Eucaristia brilhe continuamente uma lâmpada especial com a qual se indique e se reverencie a presença de Jesus Cristo nas hóstias consagradas. Daí a razão de estar sempre brilhando em local bastante visível, ao lado do altar-mor, uma lampadazinha discreta, num receptáculo de cor vermelha, comunicando silenciosamente aos fieis que dentro do SACRÁRIO se encerra PRESENTE real e verdadeiramente como está no céu o CORPO, SANGUE, ALMA e DIVINDADE DE JESUS CRISTO, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. É aí, na solidão, quase sempre, de sua tenda que Ele, quando passamos indiferentes diante de seus templos, nos convida a entrar e ouvir dele o que terá para nos segredar.

sábado, 20 de novembro de 2010

"EVANGELHO SEGUNDO THOMAS MERTON"

"Somos obrigados a amar-nos uns aos outros:"diligite alterutrum!" ( Amai-vos uns aos outros). Não somos estritamente obrigados a "GOSTAR" uns dos outros. O "AMOR" governa a vontade, ao passo que "GOSTAR" é uma questão de sensibilidade. Se, contudo, amamos realmente a outros, não será também difícil gostar deles. Se esperamos que outras pessoas se tornem primeiro agradáveis ou atraentes, para começarmos a amá-las, jamais começaremos. Se nos contentamos em dar-lhes uma fria e impessoal "caridade" que é só uma questão de dever, não nos daremos absolutamente o incômodo de tentar compreendê-los ou de simpatizar com eles. E neste caso não os amamos realmente, porque o amor implica uma eficaz vontade não só de fazer bem a outros exteriormente, mas também de encontrar neles qualidades a que podemos corresponder. Muita gente não revela nunca a parte de bem que nela se esconde, até o dia em que lhe damos um pouco do bem, isto é, um pouco da caridade que há em nós. Somos de tal modo filhos de Deus que, amando a outros, os podemos fazer bons e amáveis a despeito deles mesmos. O nosso dever é de nos tornarmos perfeitos, como é perfeito nosso Pais celeste: "Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito" (Ma. 5.48). Isto significa que não olhamos o mal nos outros, mas lhes damos um pouco do nosso bem, a fim de pôr à mostra o bem que Ele neles escondeu". Quando amamos a Deus nos homens, procuramos descobri-LO de cada vez num indivíduo após outro. Quando amamos os homens em Deus, não os procuramos. Nós os achamos, sem procurar, naQuele que já encontramos. A primeira espécie de amor é ativa e sem repouso. Pertence mais ao tempo e ao espaço do que a outra, que já participa da imutável paz da eternidade" ("Homem algum é uma ilha", Thomas Merton; Palavras de Salvação! Graças a Deus!).

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A TÉCNICA PODE ELIMINAR A POBREZA?

"A resposta não é tão evidente como parece. Em 2004, KENTARO TOYAMA entusiasmou-se pelos TELECENTROS" indianos onde crianças aprendiam a usar um computador algumas horas por mês numa língua que não sabiam falar. Certos telecentros foram coroados de êxito. Um operador no sul da Índia explicou ter salvo a cultura do "GANBO", permitindo a um agricultor entrar em contato com um expert da universidade. Os fazendeiros quenianos aclamam a internet como a salvadora da cultura da batata. Kataro Toyama publicamente sustentou a ideia de um laptop por criança do país. Uma enquete comandada pela BBC revelou que 79% dos 25.000 adultos interrogados, provenientes sobretudo de países ricos, estavam de acordo com a afirmação "de que o acesso à internet deveria ser direito fundamental de todos os povos". Contudo, Kentaro Toyama reconhece que os sucessos são raros. Em 5 anos ele visitou 50 telecentros na Ásia e na África. Os seus operadores foram incapazes de ganhar a vida com a profissão, além se constatar que os serviços disponíveis eram irrisórios. Observadores universitários demonstraram por que a iniciativa dos telecentros não tinham dado resultado: quase sempre o conceito não estava adaptado ao contexto, não se conformava com as normas socio-culturais locais, não se levou em conta a carência local da rede elétrica, não houve bom relacionamento com as administrações locais, não se ofereceram serviços correspondentes às necessidades locais, etc. Numa palavra: a tecnologia magnifica as intenções e capacidade do homem. Ela não o substitui. Se há uma base de pessoas competentes, então uma tecnologia apropriada pode ampliar sua capacidade e produzir realizações espantosas. A chegada da internet num lugar não basta para transformá-lo. A tecnologia é uma lupa, porque seu impacto é multiplicador, mas no que concerne à mudança social nada acrescenta. No mundo desenvolvido há uma tendência em se ver a internet ou outra tecnologia como necessariamente aditiva, porque os contribuidores lhes agregam um valor positivo. A tecnologia produz frutos positivos na medida em que as pessoas estejam preparadas e capacitadas a utilizá-la de maneira positiva. Em suma: difundir uma tecnologia poderia funcionar de alguma sorte, se a tecnologia fosse mais para os pobres pouco escolarizados, se não fosse para os ricos, pois o inverso é o que ocorre: ela ajuda os ricos a se enriquecerem , pouco fazendo para os pobres, causando assim uma distância entre providos e desprovidos. Ademais, é preciso saber o que as pessoas querem fazer da tecnologia a que se dedicam. Constatou-se que os pobres não se precipitam sobre a internet para nela encontrar fontes educativas, adquirir práticas de saúde ou enriquecerem suas competências profissionais. Ao contrário, usam-na para se divertirem. Uma boa razão para se valorizar a educação consiste no fato de que ela gera o desejo e a capacidade de usar suas ferramentas modernas" ( Le Monde, 19/11/10).

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

ELEGIA PARA UMA CIDADE

Caiu-me hoje nas mãos um artigo de Tristão de Athayde, publicado no JB há mais de 30 anos. Foi o desabafo de um apaixonado que sentia o objeto de seus encantos ir-se despindo a olhos vistos das nobres características que fizeram de Petrópolis uma das mais belas cidades do Brasil. Falou primeiro do perigo de querer ser, antes do tempo, uma cidade grande. A tentação de gigantismo roubava-lhe a juventude, impedindo-a de crescer devagar e para os lados, em qualidade e não em quantidade. E saudoso, invocava seu antigo professor de latim, o Padre Calleri, com quem na tranquilidade daquelas serras aprendera que não se deve procurar muitas coisas, mas apenas as que valem a pena ser procuradas: "non multa sed multum". Escrevia que "ver envelhecer, antes do tempo, essa pequena obra-prima da natureza e do sadio progresso urbanístico em que tantos passamos da meninice à calvície é um espetáculo realmente triste e deprimente". A essa tendência ao gigantismo, por ele apelidada de "espigonismo", surgiu em consequência outro tipo de crescimento , o urbano, que, se de um lado, contribuiu para a qualidade da vida e das construções, e na sua esteira, para a promocão das massas populares, haja vista a propagação da microindústria e do microcomércio, por outro lado a cidade se viu atacada pela peste do favelismo. A transformação dos morros em favelas, o que apressa o envelhecimento de Petrópolis. "É justamente para defender a prosperidade sadia de Petrópolis que a luta contra o "favelismo" se impõe, junto à luta contra o "espigonismo". E encerrando sua "Elegia para uma cidade", Tristão enfatizava que "o defloramento da cidade imperial não foi apenas a morte das hortêensias, mas acima de tudo o duplo assalto da especulação imobiliária e da iniquidade faveliana nos morros inabitáveis e nas enchentes mortíferas". E perorando: "Ó dias de Petrópolis, mais escuros que tuas noites sombrias. Ó noites de Petrópolis, mais claras que teus dias luminosos!".

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O NATAL DE UM FESTEJADO ESCRITOR

"Naquele tempo os REIS MAGOS ainda não existiam (ou sou eu que não me lembro deles) nem havia o costume de armar presépios com a vaca, o burro e o resto da companhia. Pelo menos na nossa casa. Deixava-se à noite o sapato ("o sapatinho") na chaminé, ao lado do fogareiro de petróleo, e na manhã seguinte ia-se ver o que o Menino Jesus lá teria deixado. Sim naquele tempo era o Menino Jesus quem descia pela chaminé, não ficava deitado nas palhinhas, de umbigo ao leu, à espera de que os pastores lhe levassem o leite e o queijo, porque disto, sim, iria precisar para viver, não do ouro-incenso-e-mirra dos magos, que, como se sabe, só lhe trouxeram amargos de boca. O Menino Jesus daquela época ainda era um Menino Jesus que trabalhava, que se esforçava por ser útil à sociedade, enfim, um proletário como tantos outros. Em todo caso, os mais pequenos da casa tínhamos as nossas dúvidas: custava a acreditar que o Menino Jesus estivesse disposto a emporcalhar a brancura de sua veste, descendo e subindo toda noite por paredes cobertas daquela fuligem negra e pegajosa que revestia o interior das chaminés. Talvez porque tivéssemos deixado transparecer por alguma meia palavra este saudável cepticismo, uma noite de Natal os adultos quiseram convencer-nos de que não só existia mesmo, como o tínhamos dentro de casa. Dois deles, deviam ter sido dois, talvez o meu pai e o Antônio Barata, foram para o corredor e começaram a fazer deslizar carrinhos de brinquedo de um extremo a outro, enquanto os que haviam ficado conosco na cozinha diziam: "Estão a ouvir? Estão a ouvir? São os anjos". Eu conhecia aquele corredor como se tivesse nascido nele e nunca me tinha apercebido de qualquer sinal de uma presença angélica quando, por exemplo, firmando-me num lado e no outro com os pés e as mãos, trepava pelas paredes acima até tocar com a cabeça no teto. Lá em cima, anjos ou serafins, nem um para amostra. Passado tempo, estava eu já na adolescência, tentei repetir a habilidade, mas não fui capaz. As pernas haviam-me crescido, as articulações dos tornozelos e dos joelhos tinham-se tornado menos flexíveis, enfim, o peso da idade..." ("As Pequenas Memórias", José Saramago. pp.104, Companhia das Letras).

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

AO CAIR DA TARDE NA REPÚBLICA

15/11/10. O silêncio desta noite da República me fez encontrar-me nos pensamentos de uma carta escrita por Saint-Exupéry em maio de 1944, dois meses antes de desaparecer no mar. "Agradeço-lhe muitas coisas. Quais, não sei. Coisas que contam são invisíveis. Não se agradece a um jardim. Há os seres-jardim e há os seres-pátio. Estes passeiam seu pátio com eles mesmos, nos sufocam entre suas 4 paredes. Somos obrigados a falar com eles para fazer barulho. O silêncio num pátio é penoso! Mas em um jardim a gente passeia. Podemos calar-nos e respirar, estamos à vontade. E as surpresas felizes acontecem diante de nós. Uma borboleta, um besouro, um vaga-lume aparecem. Nada se sabe sobre a civilização do vaga-lume. O besouro parece saber aonde vai. É apressadíssimo. A borboleta, quando pousa numa flor, dizemos: é como se pousasse num terraço na Babilônia, num jardim suspenso que balançasse. Depois nos calamos por causa de 3 ou 4 estrelas. E mais. Há pessoas-estrada e pessoas-vereda. Aquelas me aborrecem. Aborreço-me no asfalto, ao longo dos marcos de quilometragem. Elas andam em direção a alguma coisa precisa: um lucro, uma ambição. Ao longo das veredas, em vez dos marcos de quilometragem há aveleiras. E vagueamos para quebrar com os dentes as avelãs. Estamos lá por estar lá, não em outro lugar. A civilização do telefone é intolerável. Uma caricatura de presença substitui a verdadeira presença. Passa-se de um a outro como se passa, num segundo, girando o botão do rádio, de um programa a outro. Não nos fechamos mais em nada, não mais estamos em parte alguma. Odeio essa humanidade solúvel. Onde estou, estou como para a eternidade. Tenho direito, no meu banco de vereda, a 5 minutos de eternidade! Mas você é insolúvel Por isso temos tempo na vereda, mesmo se apenas por um segundo, de você estar presente no bom-dia ou mesmo no adeus. Você só está apressada entre as coisas. Em seu íntimo você caminha no passo lento de um jardim. O verdadeiro passo...tão precioso isso! Mas, cuidado! mesmo achando-nos insolúveis, os imbecis são muito perigosos. Também as pessoas inteligentes, quando em grupo. Uma inteligência é um caminho. Cem caminhos ao mesmo tempo são uma praça pública. Isso desespera. Mas... estou parecendo um velho de barbas brancas que sacode a cabeça! É que estou cansado de correr. Só hoje compreendo um provérbio chinês: 3 coisas arruinam a ascensão do espírito: a viagem; 3 verdadeiros grandes homens, 3 analfabetos: um pastor, um pescador, um mendigo, é que nunca tinham saído de casa! e o que me disse o pobre Laval ao retornar dos Estados Unidos: "Estou contente por voltar, não estou no nível dos arranha-ceus, estou ao nível do asno!"

O TREM PENETRA NO TÚNEL

"...os carros penetram na quebrada de uma montanha em uma rocha cavada. No meio dessa rocha há como que uma caverna de enorme boca, fazendo um arco de pouca altura formado de pedras soldadas umas com as outras. Ouve-se então um estridor maior. Reboam as matas e o ar parece repercutir furiosos mugidos ou refranger um som semelhante ao de trovões. O Etna não roncaria tão medonhamente com o malhar de suas enormes incudes (bigornas)! Entretanto o carro voa, e voa também pelos ares negro vapor. Os vigias das portas falam por acenos e com bandeiras. Ei-lo que penetra esses antros cuja abóbada é forrada de pedras e de rocha viva. Continua a caminhar. Tudo é trevas em torno. Não se vê mais o céu. Subitamente desaparece a clara luz do dia e caminha-se só por entre escuras sombras debaixo de cerrada noite. Posto que dos tetos pendem lampeões, apenas se penetra nessas umbrosas cavernas, estranho pavor assalta imediatamente a todos, e reina o silêncio. Mas eis que o sol já se vai introduzindo, e já os objetos se vão distinguindo à luz do dia. Então o carro voando por caminhos descobertos é mais veloz que as asas do rio, e busca correndo atingir a desejada meta!"
EM LATIM: "Est specus in medio (Ovídio) vastoque immanis hiatu (Virgílio), efficiens humilem lapidum compagibus arcum (Ovídio): tum sonus auditur gravior, fragor intonat ingens (Virgílio) et silvae reboant, furit et mugitibus oeter concussus, qualemve sonum, quum Jupter atras increpuit nubes, extrema tonitrua reddunt (Virgílio). Non tam grande sonat motis incutibus Aetna (Statius)! Advolat ille, "ïterumque" volat vapor ater ad auras: portarum vigiles (Virgílio) nutu signisque loquuntur (Ovídio): antra subit, tofis laqueataque pumice vivo (Ovídio). "Progreditur"; tenebris nigrescunt omnia circum (Virgílio) delituit coelum et subito lux candida cessit (Status); Itur et obscuras sola sub nocte per umbras (Virgílio); "quamquam" et dependent lychni laquearibus altis (Virgílio), "ut primum"umbrosae penitus patuere cavernae (Virgílio), extemplo tremefacta novus per pectora cunctis (Virgílio) insinuat pavor et tum facta silentia linguis (Virgílio). Jam sole infuso, jam rebus luce retectis (Virgílio), tum per aperta volans (Ovídio) "est" fluminis ocior alis (Virgílio), et studet optatam cursu contingere metam (Horácio)" ("Phrases e Curiosodades Latinas", por Arthur Rezende, pp. 674, 1918, Rio).

domingo, 14 de novembro de 2010

DESCRIÇÃO DE UMA ESTRADA DE FERRO

Usando versos de Virgílio, Lucrécio, Horácio e outros poetas latinos que existiram há mais de 2.000 anos, ANTÔNIO DE CASTRO LOPES descreveu (e traduziu) a partida de um trem da estação e sua entrada e saída de um túnel. "VEJO também admirado a imensa concorrência de novos companheiros, mães, maridos, moços e moças, e povo baixo. Todos se aprestam. Sentam-se em seus lugares e atentos esperam o sinal. Sai da estação o carro. Ouve-se um som e sibilos, que repercutem pelos montes, colinas e vales, enchendo de terror os lugares próximos. O carro voa mais veloz que o Noto, e que a ligeira seta, mal deixando na superfície do pó leves vestígios. Cada objeto que está fixo e parado parece que corre e que vai além. O carro vomita das fauces grossa nuvem escura e caliginosa como pez. O fumo eleva-se às vazias regiões do espaço, o fogo arde violento nas fechadas fornalhas e todas as circunvizinhanças enchem-se de um espesso e negro nevoeiro. Após, correm também outros carros. Segue-os uma grande fileira, indo por um e o mesmo caminho, sem saírem da ordem em que estão dispostos e penetram na quebrada de uma montanha em uma rocha cavada.
EM LATIM:Atque hic ingentem comitum affluxisse novorum invenio admirans numerum, matresque, virosque, undique collectam pubem et miserabile vulgus. Haud mora. Prosiluere suis jam sedibus omnes. Intenti expectant signum. Exit carcere currus. Fit sonus (VIRGÍLIO). Et toti senserunt sibilla montes (Ovídio). Consonat omne nemus streptu collesque resultant (Virgílio). Inde fragore gravi streptus loco proxima terret (Ovídio). Advolat ille noto citius volucrique sagitta, tennuia vix summo vestigia pulvere signat (Virgílio). Quae manet in statione, ea praeter creditur ire (Lucrécio). Evomit ad coelum picea caligine nubem faucibus ingentem. Vacuas it fumus ad auras. Aestuat in clausis rapidus fornacibus ignis (Virgílio). Implentur "cuncta"et nebula caliginis atrae (Silius Italicus).Inde ruunt alii (Ovídio). Magna stipante caterva, una eadem via, "certo" neque ab ordine cedunt (Virgílio). Rupis in anfractu rupem subiere cavatam (Ovídio)." ( em breve a parte final). (PHRASES E CURIOSIDADES LATINAS, ARTHUR VIEIRA DE REZENDE E SILVA, 1918, RIO).

sábado, 13 de novembro de 2010

NOSSA SENHORA DE BUGLÔSE

São Vicente de Paulo (1581-1660), quando criança, tinha por missão levar diariamente o rebanho dos pais ao pasto. Como passasse muitas vezes perto das ruínas de um célebre santuário, chamado hoje NOSSA SENHORA DE BUGLÔSE, ai costumava rezar, assentado numa pedra, enquanto as ovelhas pastavam. Havia nesse santuário uma estátua milagrosa da Santíssima Virgem que, em 1570, os fieis, com medo das hordas fanáticas de Joana Dalbert, comandadas por Montgomery, enterraram num alagadiço. O tempo passou, todos os que sabiam desse segredo tinham morrido. Um dia, porém, graças a um fato providencial, descobriu-se a preciosa imagem. Em 1620, um pastor observou que um dos bois se retirava sempre para um mesmo ponto do alagadiço. Curioso, pesquisando o local, encontrou uma estátua da Santíssima Virgem, inteiramente limpa da lama pela língua do boi. Sabedores do achado, todos acorreram ao lugar e vários doentes recuperaram a saúde. O bispo de Dax determinou se procedesse a um inquérito a respeito dos milagres atribuídos à veneranda imagem, depois do que aprovou a reconstrução do antigo santuário, para onde foi transportada solenemente a imagem, em 1622. A piedade popular deu ao lugar o nome de BUGLÔSE, palavra que significa "língua de boI" ("SÃO VICENTE DE PAULO", Pe. Jerônimo de Castro, pp. 18). Mais um título em honra de Nossa Senhora, ao lado de dois outros pouco conhecidos: Nossa Senhora da Estrada e Nossa Senhora da Saudade. Este descobri no Carmelo de São José de Petrópolis. "Da Saudade, para infundir nas almas a saudade de Deus, a lembrança do céu, para fazer dos cristãos homens da eternidade". Nossa Senhora da Estrada é venerada pelos sacerdotes lazaristas (vicentinos) do Paraná que num caminhão-altar percorrem o Brasil numa missão de apostolado junto dos caminhoneiros de nosso país.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

PÓ COM VENTO, PÓ SEM VENTO

Em que nos distinguimos os VIVOS dos MORTOS? Os MORTOS são pó, e nós também somos pó. Distinguimo-nos os VIVOS dos MORTOS, assim como se distingue o PÓ do PÓ. Os VIVOS são PÓ levantado, os MORTOS são PÓ caído. Os VIVOS são PÓ que anda, os MORTOS são pó que jaz. Estão estas praças no verão cobertas de pó. Dá um pé de vento, levanta-se o pó no ar, e que faz? O que fazem os vivos e muito vivos! Não aquieta o PÓ, nem pode estar quieto: anda, corre, voa, entra por esta rua, sai por aquela, já vai adiante, já torna atrás. Tudo enche, tudo cobre, tudo envolve, tudo perturba, tudo toma, tudo cega, tudo penetra, em tudo e por tudo se mete, sem aquietar nem sossegar um momento, enquanto o vento dura. Acalmou o vento, cai o PÖ, e onde o vento parou, ali fica: ou dentro de casa, ou na rua, ou em cima de um telhado, ou no mar, ou no rio, ou no monte, ou na campanha. Não é assim? Assim é. E que PÓ, e que VENTO é este? O PÓ somos NÓS, o VENTO é a nossa VIDA. Deu o vento, levantou-se o pó. Parou o vento, caiu o pó. Deu o vento, eis o pó levantado: estes são os VIVOS. Parou o vento, eis o pó caído: estes são os MORTOS. Os VIVOS PÓ. Os MORTOS PÓ. Os Vivos PÓ levantado. Os mortos PÓ Caído. Os VIVOS pó COM VENTO e por isto VÃOS. Os MORTOS PÓ sem VENTO, e por isto SEM VAIDADE. Esta é a DISTINÇÃO, e não há outra! ( Sermão de Cinza, Padre Antônio Vieira).

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

OS LIVROS DA BÍBLIA SÃO INSPIRADOS POR DEUS

Cristãos e Judeus reconhecem que a BÍBLIA contém a palavra de Deus INSPIRADA. 1 - a INSPIRAÇÃO BÍBLICA é a iluminação da mente do autor humano (hagiógrafo), para que possa, através dos dados de sua cultura religiosa e profana, TRANSMITIR uma mensagem conforme, fiel, ao pensamento de Deus que a inspira. Por isto se diz que a BÍBLIA é um livro DIVINO-HUMANO: transmite o PENSAMENTO DE DEUS em ROUPAGEM HUMANA. Assemelha-se assim ao MISTÉRIO DA ENCARNAÇÃO pelo qual DEUS se revestiu da CARNE HUMANA no seio da Maria. Assim na BÍBLIA a PALAVRA DE DEUS se revestiu da PALAVRA DO HOMEM, do hagiógrafo (autor sagrado) sejam quais forem as particularidades de suas expressões. 2 - Note-se que a finalidade da INSPIRAÇÃO BÍBLICA é estritamente RELIGIOSA. A BÍBLIA foi escrita para nos ensinar aquilo que ultrapassa a razão humana, isto é, o conteúdo do plano de salvação estabelecido por Deus, o sentido do mundo, do homem, do trabalho, da vida, da morte, da dor, diante de Deus. Não se há de pedir à BÍBLIA teorias, noções de ordem física ou biológica. Não é função dela dizer quando o mundo foi criado. 3 - A inspiração divina da BÍBLIa se prova: a) tratando-se do ANTIGO TESTAMENTO, pelo modo de agir de Cristo e dos Apóstolos: Cristo, por exemplo, disse em Lucas, cap. 24,v, 44: "São estas as palavras que vos falei, quando ainda estava convosco: era preciso que se cumprisse tudo o que está escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Por sua vez, São Pedro falou nos Atos, cap I, 16: "Era preciso que se cumprisse a Escritura em que, por boca de Davi, o Espírito Santo havia de antemão falado a respeito de Judas que se tornou o guia daqueles que prenderam a Jesus". São Paulo na II Epístola a Timóteo, 3, 14-16 escreveu: "...Desde a tua infância conheces as sagradas letras; elas têm o poder de de comunicar-te a sabedoria...". Em II Pedro, 1,19-21: "...que nenhuma profecia da Escritura resulta de uma interpretação particular, pois que a profecia jamais veio por vontade humana, mas os homens impelidos pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus". b) Tratando-se do NOVO TESTAMENTO, A EPÍSTOLA II DE SÃO PEDRO, 3, 16: "...como fazem as demais Escrituras"; temos aqui um dos primeiros indícios de uma equivalência entre os escritos cristãos e os livros do Antigo Testamento.

LIVROS QUE COMPÕEM A BÍBLIA

BÍBLIA, em grego "bíblos"= LIVRO. O diminutivo de "biblos" é "biblion"= livrinho, no plural em grego = "biblia"= em português LIVRINHOS. Com o decurso do tempo, esse diminutivo tendo perdido seu sentido próprio, a palavra BÍBLIA, aportuguesada, passou a significar LIVROS. A BÍBLIA, portanto, etimologicamente significa LIVROS, uma COLEÇÃO de LIVROS. Já vimos que a BÍBLIA está dividida em duas partes: o ANTIGO TESTAMENTO e o NOVO TESTAMENTO. Antes observemos que os católicos distribuem os livros que compõem tanto o Antigo como o Novo Testamento em três categorias, a saber: Livros Históricos, Livros Didáticos e Livros Livros Proféticos.
Eis os livros que formam o ANTIGO TESTAMENTO:
a) LIVROS HISTÓRICOS: O PENTATEUCO que abrange 5 livros: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio; JOSUÉ; JUÍZES; RUTE; 1 e 2 SAMUEL; 1 e 2 REIS; 1 e 2 CRÔNICAS; ESDRAS; NEEMIAS; TOBIAS; JUDITE; ESTER; 1 e 2 MACABEUS.
b) LIVROS DIDÁTICOS: JÓ; SALMOS; PROVÉRBIOS; ECLESIASTES; CÂNTICO DOS CÂNTICOS; SABEDORIA; ECLESIÁSTICO.
c) LIVROS PROFÉTICOS: ISAÍAS; JEREMIAS; LAMENTAÇÕES; BARUC; EZEQUIEL; DANIEL (chamados Profetas Maiores); OSEIAS; JOEL; AMÓS; ABDIAS; JONAS; MIQUEIAS; NAUM; HABACUC; SOFONIAS; AGEU; ZACARIAS; MALAQUIAS (chamados Profetas Menores).
Eis os livros que formam o NOVO TESTAMENTO:
a) LIVROS HISTÓRICOS: OS 4 EVANGELHOS mais os ATOS DOS APÓSTOLOS.
b) LIVROS DIDÁTICOS: EPÍSTOLAS DE SÃO PAULO: Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Timóteo, Tito, Filemon, Epístola aos Hebreus. EPÍSTOLAS CATÓLICAS: Tiago, 1 e 2 Pedro, 1 e 2 e 3 João, Judas.
c) LIVRO PROFÉTICO: APOCALIPSE.
Abra agora sua BÍBLIA e veja se o que você acaba de ler confere com a BÍBLIA que você possui.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

"ESTADO NOVO"

A 16/07/1934, foi promulgada uma nova Constituição Federal do Brasil, pressionado que foi o governo provisório pela revolução de 1932, tendo sido eleito presidente da República, para governar até 03/05/38, GETÚLIO VARGAS. Aproveitando-se então do vigente clima democrático, criou-se a Aliança Nacional Libertadora, controlada por Luiz Carlos Prestes, e a Ação Integralista Brasileira, sob a liderança de Plínio Salgado. Dissolvida a Aliança Nacional Libertadpra, sobreveio a intentona comunista a 27/11/35, logo abafada. Para a sucessão de Getúlio, em 1938, dois candidatos se apresentaram: Armando Salles, de São Paulo, e José Américo, da Paraíba. Com o pretexto de impedir o domínio do Brasil por totalitários quer da direita quer da esquerda, Getúlio Vargas, com o apoio das forças armadas, deu o golpe de estado de 10/11/37, Promulgou-se então uma nova Carta Constitucional, apelidada de "polaca",por ter sido moldada na constituição totalitária da Polônia. Surgiu assim no país o "ESTADO NOVO" a 10 de novembro de 1037. Extinguiram-se todos os partidos políticos; dissolveu-se o Parlamento, as assembleias estaduais e municipais; os governos dos Estados foram confiados a interventores. A opinião pública passou a ser controlada pelo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), e para supervisionar a máquina administrativa criou-se o DASP (Departamento Administrativo do Serviço Público). Ao ministro da Justiça e Negócios Interiores, nomeado a o7/11/37, Francisco Campos (1891-1968), mineiro de Dores do Indaiá, coube o papel de principal autor da Constituição do Estado Novo. Esta regeu a vida política do país de 10/11/37 a 29/10/45, quando Getúlio Vargas foi deposto.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

PRODÍGIOS DO PÃO E DO VINHO CONSAGRADOS

Conhçamos os prodígios que se realizam, quando um padre pronuncia sobre o pão e sobre o vinho as palavras da CONSAGRAÇÃO na Celebração da Eucaristia: 1 - O pão e o vinho cujas aparências nossos olhos contemplam NÃO MAIS EXISTEM: o CORPO e o SANGUE de Jesus tomaram seu lugar. 2 - Mas quando essas espécies chegam a corromper-se, Jesus delas se retira; elas retomam então imediatamente sua substância e as leis da criação reencontram seu curso interrompido. 3 - Jesus está presente ao mesmo tempo no céu e na hóstia onde sua alma divina acompanha seu corpo. 4 - Do mesmo modo pelo qual nossa alma está presente em cada parte de nosso corpo, o Cristo se encontra todo inteiro em cada parte da Hóstia. Sob a mais pequena partícula, por mais invisível que possa ser aos nossos sentidos, Ele se encontra tão inteiramente quanto sob as espécies inteiras. 5 - ELE se encontra ao mesmo tempo e inteiramente não somente numa Hóstia, mas nas milhares e milhões de HÓSTIAS que os padres consagrarem no mundo. Lembremo-nos de que, tendo em vista a catolicidade da Igreja, em todas as partes do mundo as CELEBRAÇÕES EUCARISTICAS se sucedem sem interrupção alguma. A cada instante do dia a HÓSTIA se eleva ao céu, cristãos rezam ajoelhados ou não, adoram, comungam, numa corte fervorosa, cheia de alegria e de fé e de amor ao DEUS DA EUCARISTIA. Mistério do dom da Fé que recebemos no santo batismo e que devemos cultivar para continuarmos cristãos e católicos.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

MONTEIRO LOBATO

Pela Folha de 25/10/10 fiquei afinal, 70 anos volvidos, conhecendo na intimidade o autor do primeiro livro que li, JECA TATU! Através de 113 cartas passadas às mãos de uma professora por um neto do engenheiro suiço Frankie, descobre-se que Lobato deste se serviu para obter da Cia. Piepmeyer, sediada na Alemanha, financiamento alemão para a exploração de petróleo no Brasil. "Nossa Cia. de Petróleo Limitada, com financiamento da Piepmeyer para perfuração e refinaria ficará um negócio tremendo", escreveu Lobato. Deu, porém, com os burros nágua. Alegava que o governo brasileiro se vendia aos interesses do grupo americano da Stantard Oil, infiltrando técnicos no Dep. Nacional de Produção Mineral para brecar a descoberta do petróleo no país. Além de não ter perfurado poço algum por conta própria, o governo sabotava ademais a iniciativa privada, negando financiamento e criando obstáculos legais às suas iniciativas. Em 1940 criticou o governo numa carta a Getúlio Vargas que, segundo o missivista, permitia que o Conselho Nacional do Petróleo retardasse a criação da indústria petroleira nacional, para servir aos interesses do truste Standar-Royal Dutch. Em 1941 foi preso, depois de revistado seu escritório pela polícia, como incurso no crime de injúria aos poderes públicos, quando pretendia deixar o país. Getúlio restituíu-lhe a liberdade, três meses depois da prisão. Outros fracassos de Lobato: desfez-se de uma enorme propriedade rural objeto de herança no município de Taubaté. Montou uma editora que faliu em 1925. Jogou na bolsa de Nova York, perdendo tudo. Teve 3 companhias de petróleo, mas nunca furou um poço rentável. Soube, porém, ganhar dinheiro com seus livros infantis. Mesmo assim, morreu pobre num apartamento emprestado, em São Paulo. E atualmente, mais esta: acusado de racista! Desejo que ninguém, sem o que fazer, vá ao ponto de acusar de simpatizante do nazismo o povoador de sonhos e de ilusões de nossas mentes infantis, naqueles tempos sombrios da segunda guerra mundial, através de livros que até hoje a garotada devora com indizível prazer ("Folha", 25/10/10, Marcelo Bortoloti).

domingo, 7 de novembro de 2010

GUSTAVO CORÇÃO TAMBÉM CAIU DO CAVALO

O tombo, porém, foi menos trágico que o de São Paulo. Segundo Antônio Carlos Villaça, Gustavo Corção (1896/1978), por influência de Maritain e de Chesterton, desde 1936 perdera a simpatia pelas teses marxistas. Em 1939, viajando com Carlos Chagas Filho, de repente , ao solavanco do carro, o porta-luvas se abriu, dele escorregando um missal, pois Carlos Chagas era católico. O incidente soltou a língua de Corção que confessou sentir profunda sedução ao catolicismo. Ao pedido de Carlos Chagas, Tristão de Athayde se encontra com Corção e lhe recomenda procurar no mosteiro de São Bento determinado monge que de imediato o encaminha a Dom Martinho Michler. O desconhecimento da localização do mosteiro no Rio não impediu Corção de encontrá-lo. Trocando a entrada da portaria pela da livraria, Dom Marcos Barbosa lhe indica a porta certa. Suavemente a graca de Deus vai trabalhando a alma do autor da "Descoberta do Outro". Um dia no trabalho, ouviu de um operário uma blasfêmia. Concluindo que amava esse Deus tão tristemente ofendido, foi ao mosteiro e se confessou. Fez a primeira comunhão no Colégio Sion. Observa Villaça que "a conversão ao catolicismo em 1939 despertou nele o escritor", sendo seu primeiro artigo uma crítica a Monteiro Lobato, transformado atualmente num saco de pancadas. A "Descoberta do Outro", 1944, conta sua conversão. "Lições de Abismo", 1951, sua obra-prima para alguns. "Três Alqueires e Uma Vaca",1946, uma homenagem de gratidão a Chesterton. E outras obras mais, além de conferências e artigos em jornais. "O Desconcerto do Mundo" encerrou-lhe a vida de escritor, livro de incontestável beleza para Villaça que, terminando seu artigo no JB de 07/071978, escreveu que a "pessoa" foi sempre o centro de sua preocupação: "Porque prezava o homem, se exasperava com o homem. Porque amava, detestava. E sofria".

terça-feira, 2 de novembro de 2010

NA PRAIA DO JOÁ

04/11/1928. 82 anos atrás. Acompanhado do filho de 8 anos e de um cunhado, o domingo ideal para uma pescaria, a praia do Joá, no Rio, tinha que ser o ponto do encontro marcado por Deus. Aliás, no dia 02/11/1928, numa premonição extra-sensorial não escrevera ele a seu amigo Alceu Amoroso Lima, após confessar que TINHA FÉ em Jesus Cristo e na Igreja, como nos fundamentos da terra, e que a Cruz estava bem fundada sobre ela. E que sentia uma alegria específica, uma alegria da humanidade toda. E que "o meu pequenino cachorrismo individual não me impressiona! Vivo aqui, gano ali, coço-me acolá, mas tudo isso é passageiro. VOU PARA A FRENTE ATIRADO NO DORSO DA GRANDE ONDA DA VIDA - para onde DEUS quiser!" No dia 04 de novembro de 1928, ele, que se tornou cristão pela água, que, não conteve as lágrimas na conversão ao catolicismo, nas águas da praia do Joá realizou, embora tragicamente, seu derradeiro encontro com o Deus que amava na terra, e seu primeiro diálogo face a face com o Pai, quando foi arrastado sobre o dorso de uma onda, na Barra da Tijuca" (Nota da carta de 04/11 a Alceu). Morreu depois de quinze minutos de luta contra as águas e dando uma última bênção ao filho que, no rochedo, chorava ajoelhado e impotente ante a tragédia. No céu da passagem de JACKSON DE FIGUEIREDO "o que havia era a paz infinita de uma bela tarde de domingo luminosa e azul que transverberava esse grande coração de lutador, mas todo feito para amar e ser amado"(Tristão de Athayde). Eis o mistério! "Como mistério foi o Brasil por ele amado como se ama uma criatura humana. Como mistério foi essa Igreja que ele defendia com um revólver à cinta como certa feita respondeu a Afrânio Peixoto que se surpreendera de ver-lhe no bolso uma arma de fogo. "Para que?" Para defendê-la!"

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

ÚLTIMA CARTA DE SAIN-EXUPÉRY

Carta escrita de Bastia, Córsega, Desapareceu no mar no dia 31/o7/44 - "Caríssimo DALLOZ....Quanto a mim, combato o mais ardentemente possível. Sou certamente O MAIS VELHO DOS PILOTOS DE GUERRA DO MUNDO.O limite de idade é de 30 anos para o tipo de avião de caça que piloto. E, outro dia, tive pane em um dos motores, a 10.000m de altitude, sobre Annecy, no momento mesmo em que fazia...QUARENTA E QUATRO ANOS! Enquanto voava sobre os Alpes, lento como uma tartaruga, à mercê dos caças alemães, ria bastante, pensando nos superpatriotas que proibem meus livros na África do Norte (29/06). É engraçado! Vi de tudo desde minha volta à esquadrilha (essa volta é um milagre). Conheci a pane (29/06/44), o desmaio por acidente de oxigênio (14/07/44), a perseguição pelos caças (23/06/44), bem como o incêndio em voo (06/06/44). Não me acho avaro demais e sinto-me carpinteiro são. É minha única satisfação. Também me agrada passear, único avião e único a bordo, durante horas sobre a França, a tirar fotografias. Isso é estranho. Aqui estamos longe do banho de ódio, mas, apesar da gentileza da esquadrilha, existe um pouco de miséria humana. Nunca tenho ninguém com quem falar. Já é alguma coisa ter com quem viver. Mas, que solidão espiritual! SE FOR ABATIDO, NÃO LAMENTAREI ABSOLUTAMENTE NADA. O formigueiro futuro me amedronta. E odeio a virtude de seus robôs, FUI FEITO PARA SER JARDINEIRO! Abraço-o. Saint-Ex.

ANTIGO E NOVO TESTAMENTO = A BÍBLIA

A BÍBLIA ou ESCRITURA divide-se EM DUAS PARTES: ANTIGO TESTAMENTO e NOVO TESTAMENTO. O ANTIGO TESTAMENTO conta a história de um povo por Deus escolhido, o povo de ISRAEL, à luz de um PACTO, donde TESTAMENTO, feito com esse povo mas depois por ele violado, apesar da constante fidelidade da parte de Deus. O propósito divino, porém, em face da desobediência dos primeiros pais, ADÃO e EVA, era a REDENÇÃO da humanidade que se alcançaria pelo envio de seu FILHO ao mundo. O NOVO TESTAMENTO , segunda parte da BÍBLIA, relata o cumprimento do referido plano divino: a REDENÇÃO DA HUMANIDADE. Conclui-se, assim, que ANTIGO e NOVO TESTAMENTOS estão estreitamente interligados. O ANTIGO conduz e é a preparação para o NOVO TESTAMENTO. Neste se vê a realização da promessa divina de enviar seu FILHO para redimir os homens. Deste modo o ANTIGO TESTAMENTO só pode ser totalmente compreendido conectado ao NOVO TESTAMENTO. O até aqui exposto, dirão, quem não sabe? Muita gente, letrada até, e que se diz católica, portanto que diz crer e professar a doutrina cristã, ignora isso. E isso, isto é, o conhecimento inicial, básico, da BÍBLIA é como o BEABÁ ou as primeiras noções que precisamos ter, pois é na BÍBLIA, isto é, no ANTIGO e NOVO TESTAMENTO que se encontra a doutrina, as verdades, que o católico autêntico diz que CRÊ e PROFESSA. Quem se diz "católico praticante", terminologia despida de sentido, pois quem é católico já afirma que crê e professa a doutrina de Cristo, costumo dizer que, se for um político brasileiro, devia declarar-se também que é um político praticante ou não praticante. Apague, contudo, esta minha observação, uma vez que no Brasil raro é achar-se alguém que diz que é católico não praticante, por que não sei. Mas parece-me que também ninguém diz que é político praticante, por que também não sei. Católico e Político são termos absolutos, como o termo gravidez. Gravidez não admite meio termo. Uma mulher está ou não está gravida. Alguém é ou não é católico, político. Político, aqui, no sentido lídimo: servidor da coletividade, da pólis. Apesar de crermos e professarmos, quantas vezes somos infieis àquilo em que cremos e dizemos professar. Nem por isto, porém, deixamos de ser católicos. Entende-se daí a expressão muito cara ao teólogo cardeal Charles Journet, afirmando sempre que a IGREJA é SANTA, mas constituída, composta de PECADORES. O católico que peca, que viola a lei de Deus, a doutrina trazida por Cristo e transmitida pela Igreja Católica, tem na doutrina em que crê e professa os meios necessários para se redimir, para obter do Pai o perdão. Daí não poder ser católico quem admite o princípio: PECCA FORTITER, SED CREDE FORTIUS! Isto é, pode-se pecar à vontade, desde que se creia! Não basta crer apenas, necessário é crer e professar a fé nas verdades reveladas por Deus, verdades estas que constituem a doutrina ensinada por Jesus Cristo e transmitida pela Igreja Católica que Ele fundou.

domingo, 24 de outubro de 2010

UMA ANCIÃ CHAMADA IGREJA

De uma mensagem, escrita pelo Padre Victor Codina, professor de eclesiologia da Universidade Católica da Bolívia, transcrevo alguns pensamentos que por certo nos distrairão nesta semana dos bombardeios infernais dos meios de comunicação a serviço das eleições de domingo próximo. Assim ele fala, por exemplo: "A Igreja atravessa fases como a lua. Há momentos minguantes de escuridão, de eclipse; agora estamos num desses. Mas logo chegarão momentos de claridade e de luz crescente. Essa velha senhora é visitada pelos pobres, crianças, mulheres fieis, gente insignificante que não a temem, que gostam dela, lhe levam flores, sabem que seu coração está vivo e alegre e, embora seja anciã, é fértil. Sentem-se bem com ela, mesmo falando pouco ou ficando calada, escutam seu silêncio como uma música branca, sabem que seu coração é terno e jovem, misericordioso, que os compreende e que os ama. Ela agradece, sorri e acaricia-lhes as mãos com carinho maternal. Pessoas ilustres não a visitam, não recebe visitas de pessoas importantes e poderosas, pois já não podem tirar proveito dela, já extraíram tudo o que foi possível, abusaram dela. Ela agora já não serve, é lixo, uma velharia. São todos aqueles que com a desculpa de servi-la se serviram dela para seus interesses "em seu nome". E assim a deixaram desprestigiada, com péssima fama. Utilizaram seu nome, invocaram a civilização cristã para se enriquecerem. Esta velha anciã cheia de achaques já não lhes serve. Outros dizem que aceitam Jesus, seu Esposo, mas não a velha e caduca Igreja como se o Espírito de Jesus não animasse o corpo da Igreja. É tentação e orgulho. Mas ela se cala e espera, um dia talvez percebam e voltem para a velha Igreja. Ela tem um grande tesouro para comunicar à humanidade: Jesus de Nazaré, morto e ressuscitado para nosso bem, para termos vida em abundância. Ela O entrega generosa aos que a procuram com simplicidade de coração, mesmo sendo IDOSA, ou POR ISSO MESMO!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

POR ENQUANTO VOU BEM!

Muito se fala até hoje sobre o livro UTOPIA , romance político e social de TOMÁS MORUS (1480/1535). O qutor, hostil à propriedade individual, traça um quadro bastante detalhado de um Estado socialista e democrático. Chanceler de Henrique VIII, da Inglaterra, foi decapitado em 1535, por não ter querido reconhecer o poder espiritual do rei. O papa Pio XI canonizou-o em 1935: é o nosso São Tomás Morus. Lê-se em sua biografia que, inquirido certa vez, por que, sendo tão alto, se casara com uma mulher tão pequena, respondera jocosamente: " Ora! de dois males o menor!" Ao ser conduzido ao patíbulo, deteve-se por um momento, tirou do bolso do negro manto uma moeda de elevado valor que colocou na mão do carrasco, dizendo: "Guarde. Isto é para pagar o seu trabalho agora!" Quando governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto, um dos mentores do golpe militar de 64, ao ser perguntado, nas visitas a Brasília ou Rio, como estava seu Estado de Minas: "Continua no mesmo lugar, obrigado!" , respondia matreiramente. Na época dos bondes no Rio de Janeiro, mal nascida a manhã, era costume o lazarista Padre Aquino tomar o bonde que diariamente o levava a Botafogo onde celebrava a missa. Sem lugar para sentar, tão logo o carro dava o sinal de acomodação das carcaças humanas, Padre Aquino, citadinamente tido como o sacerdote mais sociável do Rio, pisava de propósito no pé do vizinho, para puxar o fio de uma prosa que só se interrompia a contra-gosto ao final de sua viagem. Um dia, o Padre Eugênio Pasquier, francês, que foi provincial no Rio nos primeiros anos do século XX dos Padres Vicentinos, logo que se acomodou em pé no bonde bastante lotado, ouviu um gaiato dizer bem alto: "Só faltava esta!" Com voz forte, num sotaque gaulês, frente a vizinhos mal dormidos e meio assustados, o sacerdote caprichou na resposta: "Então, motorneiro, pode tocar, não falta mais nada!" Contou-me um mineiro, com escritório na Praça Sete, a do Pirulito, em Belo Horizonte, que, estando uma tarde na janela do escritório onde trabalhava, no décimo andar do prédio, notou, de repente, passar-lhe em frente, caído ou jogado ou pulado, de um dos andares superiores, uma pessoa que ele muito bem conhecia pelo nome. Reconhecendo-o num átimo, gritou-lhe: "Fulano, como vai???" Nitidamente ouviu a resposta bastante bem articulada: "Por enquanto vou bem!"

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

"EDIFÍCIO CLAUDE LORRAIN" - RI0 - BOTAFOGO.

" CLAUDE LORRAIN" foi um pintor e paisagista francês cujas telas são de uma admirável luminosidade e de arrabatadora veracidade. Nasceu em 1600 e morreu em 1680. Seu nome individualiza o último prédio, de 15 andares, construído no final da Rua Eduardo Guinle, Botafogo, fazendo frente com uma PRACINHA, inicialmente denominada AVENIDA RADIAL SUL. Afinal, trata-se de Avenida mesmo ou de Praça? Explico: quando governador da Guanabara, Carlos Lacerda pretendeu construir uma avenida, paralela à Rua São Clemente, ao pé da montanha do Corcovado, ligando Botafogo ao Jardim Botânico. A embaixada inglesa, contudo, conhecendo que sua propriedade sofreria prejuízo, tirou o intento da cabeça do governador. Por vingança, parece, do destino, o nome AVENIDA, já escolhido para o malogrado logradouro, transferiu-se para aquela pracinha. Passou esta então a chamar-se AVENIDA RADIAL SUL. Em consequência, aquele prédio de 15 andares do final da Rua Eduardo Guinle, NÚMERO 25, inaugurado mais ou menos na mesma época desmembrou-se da Rua Eduardo Guinle, passando a fazer parte da AVENIDA RADIAL SUL. Lá pelo começo do SÉCULO 20 consta que uma vereadora se encarregou da modernização da pracinha cuja inauguração se deu no dia 22/05/2002, presente uma concorrida plateia, ERGUENDO-SE um pedestal encimado de uma placa de bronze, ainda lá existente, com os seguintes dizeres ainda legíveis: "PREFEITO...Foi vereador no Rio de Janeiro, deputado federal duas vezes, senador e jornalista (sempre). "Todo inimigo dos meus filhos é meu inimigo", dizia MARIO MARTINS na época da ditadura ao comentar o movimento estudantil". Como se vê, a pracinha sofreu então alteração no nome de sua individuação. Adquiriu o nome de PRAÇA SENADOR MARIO MARTINS. Poucos dias atrás, contudo, descobri pendurada num poste de luz defronte da pracinha, uma placa azul com os dizeres seguintes em cores brancas: PRAÇA JOÃO FORTES. E agora, JOSÉ ? Até nova mudança, fico com a TELELISTAS.net/2008/2009 que consagra a denominação: PRAÇA RADIAL SUL. E viva a cidade brasileira que mais tem a cara do Brasil!