domingo, 7 de novembro de 2010

GUSTAVO CORÇÃO TAMBÉM CAIU DO CAVALO

O tombo, porém, foi menos trágico que o de São Paulo. Segundo Antônio Carlos Villaça, Gustavo Corção (1896/1978), por influência de Maritain e de Chesterton, desde 1936 perdera a simpatia pelas teses marxistas. Em 1939, viajando com Carlos Chagas Filho, de repente , ao solavanco do carro, o porta-luvas se abriu, dele escorregando um missal, pois Carlos Chagas era católico. O incidente soltou a língua de Corção que confessou sentir profunda sedução ao catolicismo. Ao pedido de Carlos Chagas, Tristão de Athayde se encontra com Corção e lhe recomenda procurar no mosteiro de São Bento determinado monge que de imediato o encaminha a Dom Martinho Michler. O desconhecimento da localização do mosteiro no Rio não impediu Corção de encontrá-lo. Trocando a entrada da portaria pela da livraria, Dom Marcos Barbosa lhe indica a porta certa. Suavemente a graca de Deus vai trabalhando a alma do autor da "Descoberta do Outro". Um dia no trabalho, ouviu de um operário uma blasfêmia. Concluindo que amava esse Deus tão tristemente ofendido, foi ao mosteiro e se confessou. Fez a primeira comunhão no Colégio Sion. Observa Villaça que "a conversão ao catolicismo em 1939 despertou nele o escritor", sendo seu primeiro artigo uma crítica a Monteiro Lobato, transformado atualmente num saco de pancadas. A "Descoberta do Outro", 1944, conta sua conversão. "Lições de Abismo", 1951, sua obra-prima para alguns. "Três Alqueires e Uma Vaca",1946, uma homenagem de gratidão a Chesterton. E outras obras mais, além de conferências e artigos em jornais. "O Desconcerto do Mundo" encerrou-lhe a vida de escritor, livro de incontestável beleza para Villaça que, terminando seu artigo no JB de 07/071978, escreveu que a "pessoa" foi sempre o centro de sua preocupação: "Porque prezava o homem, se exasperava com o homem. Porque amava, detestava. E sofria".

Um comentário:

  1. Jair, a editora Quadrante lançou esse mês "Lições de Gustavo Corção", de Marta Braga. Do Corção até então eu só tinha lido os artigos no Globo; depois do livro da Marta Braga vou começar "A Descoberta do Outro".

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