sábado, 30 de julho de 2011

31/07/1944 - "PRONTO! ACABOU-SE!"

"Havia ao lado do poço a ruína de um velho muro de pedra. Voltando do trabalho no dia seguinte, vi o PEQUENO PRÍNCIPE sentado no alto dele, balançando as pernas. Me disse:
"Estou contente de teres descoberto o defeito do maquinismo. Vais poder voltar para casa! Eu também volto hoje para casa... É bem longe, bem mais difícil!...Terei mais medo ainda esta noite! O QUE É IMPORTANTE A GENTE NÃO VÊ! Será como a flor. Se tu amas uma flor que se acha numa estrela, é doce de noite olhar o céu. Todas as estrelas estão floridas! Onde eu moro é muito pequeno. Minha estrela será então qualquer das estrelas. Gostarás de olhar todas, pois todas serão tuas amigas. Vou fazer-te um presente..."
"Ah! meu pedacinho de gente, como gosto de ouvir esse riso!"
"Pois é ele o meu presente!"
"Que queres dizer?"
"As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Tu, porém, terás estrelas como ninguém! Quando olhares o céu de noite, porque habitarei uma delas, numa delas estarei rindo, então será como se todas te rissem! E quando te houveres consolado (a gente sempre se consola), tu te sentirás contente por me teres conhecido. TU SERÁS SEMPRE MEU AMIGO. Terás vontade de rir comigo. E abrirás às vezes a janela à toa, por gosto, aos amigos; vendo-te rir, explicarás: "Sim, as estrelas sempre me fazem rir". E eles te julgarão maluco!. Será como se eu tivesse dado, em vez de estrelas, uns montões de guizos que riem... Esta noite não venhas...eu parecerei sofrer, parecerei morrer. Não vale a pena!"
Esta noite não o vi pôr-se a caminho. Evadiu-se sem rumor. Caminhava decidido, a passo rápido. Conseguindo apanhá-lo, me disse:
"Fizeste mal. Tu sofrerás. Parecerei morto e não será verdade. Compreendes! É longe demais... eu não posso carregar este corpo, é muito pesado! Mas será como uma velha casca abandonada. Uma casca de árvore não é triste! É aqui, deixa-me dar um passo sozinho... tu sabes, eu sou responsável por minha rosa...Pronto!!! acabou-se!".
Ele não gritou. Tombou devagarinho como uma árvore tomba, nem fez sequer barulho, por causa da areia.
"Se acontecer passares por ali, suplico-te que não tenhas pressa, espera um pouco, bem debaixo da estrela. Se então um menino te vem ao encontro, se ele ri, se tem cabelos de ouro, se não responde quando o interrogares, adivinharás quem é. Então, por favor, não me deixes tão triste: escreve-me depressa que ele voltou!"

sexta-feira, 29 de julho de 2011

ROTEIRO DE EXUPÉRY NO DIA 31/07/1944

8,45 = decolagem do avião do solo de Borgo-Poretta, com 6 horas de autonomia para uma missão de reconhecimento fotográfico a uma altitude de 10.000 m sobre o setor da Savoia e do alto vale do Rhône, Lyon/Chalon-sur-Saône.

9,05 = 25 minutos após a decolagem a estação radar americana Colgate anuncia sua passagem pela costa em direção a Hyeres.

= a estação radar alemã de Cannes anuncia que um avião vindo da Córsega sobrevoa a costa.

10,00 = a estação radar alemã de Chazelles-sur-Lyon põe a "caça" de Lyon-Bron junto de Marseiile em alerta: um aparelho isolado realiza em elevada altitude vai-vens entre Annecy e Grenoble, dirigindo-se para o Sul e desaparecendo dos : écrans".

= o "obergefreiter"alemão HORS RIPPERT decola. Missão: reconhecer e, se possível, atacar uma atividade aérea inimiga sobre o litoral Toulon-Marseille.

= um suboficial alemão numa peça de 88 mm da Flak a leste de Toulon relata a passagem de um bimotor em voo pendular.

= RIPPERT visualisa em Toulon um LITHTNING que voa em direção de Marseille. Marseille, alvo da missão de Santex no dia 06/06/1944, abortada por causa de problemas maiores no motor esquerdo. Valendo-se da vantagem da altitude, RIPPERT o localiza facilmente e o abate com um tiro nas asas entre Toulon e Marseille.

11,00 = o LYGHTINING a 3.000 m, desce verticalmente e mergulha no mar.

RIPPERT anuncia sua vitória pelo rádio. Os americanos teriam captado essa comunicação-rádio. O sargento-chefe Jacquemont, mecânico-fotográfico do II/33, recebe a comunicaçào de 2 oficiais americanos e registra que a perda do F-5B 223 teria sido devida a "caças" alemães e que teria desaparecido no mar.

PELA MEIA-NOITE o oficial de estado-maior HERMANN KORTH é informado da destruição em combate de um avião de observação aliado caído no mar.

PRECE DA MÃE DE EXUPÉRY ATENDIDA

A mãe de ANTÔNIO DE SAINT-EXUPÉRY desejava, sim, e muito, conhecer a verdade, toda a verdade, a respeito dos últimos momentos da vida de seu filho. Uma das provas vem no fianl do livro ecrito por Jacques Pradel e Luc Vanrell, "ST-EXUPËRY - L ULTIME SECRET", assim apresentada: "Modéstia à parte, descobrimos a última verdade de SAINT-EXUPÉRY, sacrificado por amor à França. Entre o céu e a terra nós a dedicamos a MARIA, SUA MÃE". E os autores reproduzem um poema, ou melhor, a oração que ela dirigiu a SANTA MARIA MADALENA, irmã de Marta e de Lázaro, por ocasião da Páscoa de 1945, onde ela manifesta o desejo de conhecer a verdade, toda a verdade sobre seu filho, contrariamente ao que se difundia: que ela preferia que se deixasse o filho repousar em paz. Como se lê abaixo, a prece de MARIA a SANTA MARIA MADALENA traduz muito bem seu mais íntimo voto, evocando o desaparecimento de EXUPÉRY.

"Nesta PÁSCOA da RESSURREIÇÃO
AJOELHADA EM ORAÇÃO,
Repetirei a tua prece,
MADALENA, junto da pedra,
No JARDIM DE GETHSÊMANI:
"SENHOR, onde o colocaste?"

Por toda parte busco meu filho;
No dia de seu nascimento
Eu gritei para trazê-lo ao mundo.
E ainda hoje eu grito
Quando nada sei dele ainda,
Mais nada, nem mesmo o túmulo!

Sua fome de luz, porém, era tamanha
Que ele ascendeu, peregrino das estrelas!
Peregrino do céu, ele atingiu
As próprias balisas de DEUS? Ah! se eu soubesse,
Menos lágrimas correriam debaixo de meu véu!"

HOJE É O DIA DE SANTA MARTA

Exatamente 8 dias depois de a Igreja celebrar a festa de SANTA MARIA MADALENA, ela comemora hoje, 29/07/, a figura muito simpática também de sua irmã, SANTA MARTA, as duas irmãs de LÁZARO, que JESUS a pedido delas ressuscitou, ordenando-o que saísse do túmulo. Sabemos que Cristo, quando as visitava em sua casa de BETÂNIA, era por eles três recebido com muita solicitude. Além do que sobre essa família relata o Evangelho, corre uma tradição, segundo a qual MARTA teria chegado à Provence, NA FRANÇA, em companhia de Maria e Lázaro. Conta-se que ela teria libertado o país de um monstro que ali semeava o terror. Seu túmulo estaria em Tarrascon. Se lenda ou não, pouco importa. Nada disto, se irrealidade, abalaria nossa Fé CRISTÃ. MARTA era uma excelente dona de casa por certo, sempre atenta às palavras de Deus que tão bem nos lembra nosso fim supremo: "MARTA, MARTA, tu te inquietas, tu te preocupas com tantas coisas, esquecida de que uma só coisa é necessária!" Meditando sobre a existência dessas duas irmãs, nossa religião é por elas apresentada sob dois aspectos: a vida contemplativa e a vida ativa, objeto bastante frequente nas conferências de SÃO VICENTE DE PAULO às suas FILHAS DA CARIDADE . Ele exigia ação, mas firmemente baseada na oração. Quanto mais levares uma vida de oração, mais frutuoso será teu trabalho. Oração e ação assemelham-se a um "iceberg": um nono da massa gelada acima da água seria a ação e os restantes nonos ocultos sob a água seriam a oração (" Assim, pois, haveis de orar" Mt. 6,9).

quinta-feira, 28 de julho de 2011

31 de JULHO de 1944

Sobre HORS RIPPERT pesou por alguns meses, antes de ter derrubado o avião de Exupéry, o peso de ter sido acusado de mentir, afirmando que, tendo atirado num avião, este se afundara no mar incendiando-se, salvando-se a tripulação de para-quedas. Declarou-se então que RIPPERT mentira, pois não ocorre incêndio na água! Por esta mentira ficara privado de voar por vários meses, até que, provada a falsidade científica, teve o direito de voar de novo e conquistar mais certo número de vitórias. RIPPERT contou mesmo que, quando foi contemplado com a "RITTERKREUZ', recebendo-a das mãos do "pai" Goering em pessoa, ESTE lhe dissera: "É INCRÍVEL, NÃO POSSO SENÃO EXCUSAR-ME!" FORA PROMOVIDO; se a título pessoal, isto, afirmou ele, não lhe importava muito, A NÃO SER PARA SUA FAMÍLIA. UM FILHO SOLDADO.PROIBIDO DE VOAR! Depois SER CHAMADO E RECOMEÇAR A VOAR! Que alívio para mim! Inquirido sobre sua reação quando, 60 anos mais tarde se descobriram os destroços do avião de Exupéry, declarou: "EMOÇÃO! NEM MAIS NEM MENOS! Com o resultado acabou todo trá-lá-lá. Se hoje me apresento dizendo que fui eu que o abati, um fato extraordinário por certo. Mas não tive essa intenção. Apague! não falemos mais sobre isso!" Na página 168 do livro acima citado, onde colhemos os dados sobre o dia 31/07/1944, os autores por certo bastante gratificados e credores da alegria dos milhares de admiradores, mundo afora, de SAINT-EXUPÉRY, assim escreveram: "Eis-nos chegados ao término de nossa pesquisa. Tudo agora está muito claro. Conhece-se o lugar onde se abismou o comandante ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY, sabe-se quem o abateu!" Foi bom? Verdade que muitos desejavam prolongar indefinidamente o mistério. Queriam deixar Exupéry repousar em paz! Dizia-se até que este era o íntimo desejo de MARIA, mãe do piloto desaparecido. Não era isto bem verdade assim, como veremos.

DIA 31 de JULHO de 1944

"Nossas missões eram essencialmente de escolta. Eu tinha 20 anos. No verão de 1944 devíamos impedir os bombardeiros americanos de penetrar em nosso espaço aéreo. O desembarque na Normandia já tinha começado (junho de 1944). Havia o temor de um avanço das tropas aliadas em direção à Alemanha. Era preciso limpar o espaço aéreo, em outros termos: voar, voar bem, ferir justo! Eu o fiz com sucesso. Nem todos voltavam! O tempo na base era o bastante para um repouso e voltar sem tardar para nosso campo de caça. Não era uma tática de combate, mas antes uma necessidade de ter sucesso. Eu queria sobreviver primeiro, depois afastar o inimigo, abatendo-o, evitando que desabasse sobre populações. Não se tratava de matar o adversário, mas de impedi-lo de voar. Era o que procurava incutir no meu grupo. Daí dizerem eles: o jovem HORST atira bem, ele derruba, mas sem fazer vítimas! Quantos fiz descer! Uns 30, segundo as estatísticas. O importante, porém, para mim era voar\defendendo-me. Como me lembro do dia 31/07/1944! Saí para uma missão de reconhecimento e de interceptação em direção de Toulouse e Marseille, onde havia aviões americanos. De repente vejo um LIGHTINING de dupla fuselagem dirigindo-se a Marseille. Voava de maneira bizarra, olhando sempre para baixo, em ziguezague. Um voo de amador, a 2.000 m de altitude. Devia ser missão de observação para tirar fotos. Ele não desconfiava de minha presença. Vou fazê-lo correr. Voei na direção dele e atirei sobre as asas do avião. O "zinco" se abismou direto na água. Ninguém se ejetou. Nada mais eu saberia dizer". Não vi o piloto, era impossível saber que se tratava de Exupéry. Em nossa juventude, na escola, lemos todos seus livros, adorávamos seus desenhos, suas aventuras. Ele sabia descrever o céu, os pensamentos, os sentimentos dos pilotos. Sua obra despertou vocações em muitos de nós. Nunca o vira, apenas algumas fotos, o que não me permitia reconhecê-lo no espaço. Se o tivesse sabido, eu não teria atirado. Seu avião transformou-se num bólido. Mais tarde soube que era Exupéry. Que catástrofe! Atirei sobre um avião inimigo que se abateu. Foi o que ocorreu".

JACQUES MARITAIN ET JULIEN GREEN

Costumo responder aos que, vez ou outra, me perguntam se já li todos os livros que figuram nas minhas estantes: Amigo, livro para mim é como um remédio que compro e ponho de reserva. Quando sinto necessidade de algum remédio - tendo-o - vou logo atrás dele. E quanto me vale então! O mesmo ocorre, "mutatis mutandis", quando preciso resolver alguma dificuldade cuja solução sei que encontraria num dos livros que tenho. Porque costumo adquirir um livro, quando sei que poderei um dia socorrer-me dele. Por isto um livro procuro tratá-lo como a um remédio. Tenho, contudo, alguns autores que me ficam sempre à mão: vira mexe, mexe vira, eis-me debruçado num deles. Sobretudo para preencher certos tempos vagos mas curtos. Há pouco estive folheando "La Lumiere du monde", de Julien Green (Journal 1978-1981). Em 21/09/1979, eis o que leio nele: "A propósito de Tisserand, nomeado cardeal camerlengo quando do falecimento de Pio XII, em 1958, lembra-me um sobrinho, o substituto do papa Pacelli tomou a peito governar a Igreja com toda a autoridade papal. Ele não dormia, ele trabalhava, ele tomava decisão sobre decisão, agitava-se, agia, infatigavelmente. Era como se diz na América, o "big moment" que só se apresenta uma vez!' E em outra página: "Minha correspondência com Jacques Maritain veio à luz estes dias. Foi Érico que lançou a ideia, convencendo os herdeiros de Jacques. Sem isso as cartas permaneceriam enfiadas nos livros de Jacques, porque as metia dentro das obras que lhe caíam nas mãos para ler em Kolbsheim, e quanto a mim no fundo de uma estante na rua Vaneau, anos e anos, senão para sempre". Se você quiser conhecer a fraternal e inteligente e proveitosa correspondência e amizade entre esses dois intelectuais católicos do século passado, leia "JULIEN GREEN ET JACQUES MARITAIS por Ives Floucate e "CORRESPONDANCE UNE GRANDE AMITIÉ".

quarta-feira, 27 de julho de 2011

31 de JULHO de 1944

LINO VON GARTZEN celebrizou-se como um dos nomes que muito contribuíram para desvendar o que aconteceu com Saint-Exupéry e com seu aparelho no dia 31/07/1944. Deixando de lado as consultas a arquivos, sem resultados positivos, LINO, um dos muitos que se integraram ao grupo dos desvendadores do mistério, passou a procurar pilotos alemães sobreviventes da guerra de 39/45. Deparou-se com um dos veteranos que o aconselhou a falar com HORS RIPPERT que, no seu entender, sabia de "coisas" sobre Exupéry. Telefonando-lhe, obteve dele a seguinte frase, sem mais preâmbulos: "Você pode parar de pesquisar, fui eu que abati Exupéry". Dois dias depois, encontrou-se com ele em sua residência a noroeste da Alemanha. Apesar de seus 88 anos, Rippert foi diretamente ao assunto. LINO sabia que RIPPERT estava baseado no grupo Sud JGr 200 com numeroosos voos entre Toulouse e Marseille. Rippert contou-lhe que fora possuído de fortes reações, quando da identificação definitiva dos destroços do avião de Exupery em 2004 (pp.135). RIPPERT recusava-se afazer declarações, receando fossem publicadas. Insistindo, LINO conseguiu convencê-lo a registrar tudo em cartório com a autorização de serem levadas a público depois de sua morte. Curioso: por pudor ou por um incômodo pessoal, interiorizado, Rippert raramente pronunciava o nome do escritor e, qunado não conseguia omiti-lo, dizia simplesmente "Exupéry". Dotado de complexa psicologia, Rippert demonstrava necessidade de se libertar de um peso. Daí ter LINO conseguido que o antigo piloto RIPPERT narrasse sua história diante da câmera de uma equipe de televisào alemã. No próximo blogue as declarações de HORS RIPPERT (ST-EXUPÉRY L ULTIME SECRET, POR JACQUES PRADEL ET LUC VANRELL. ÉDITIONS DU ROCHER).

segunda-feira, 25 de julho de 2011

CAFONICE OU ESTOU SONHANDO?

Os apresentadores do noticiário da TV-GLOBO, das 20.30, desde anos trabalham em uma dupla. Não sou capaz de afirmar a data em que assim iniciaram esse costume, nem tão pouco se foram sempre do mesmo sexo ou de sexo diferente. Mas não são estas circunstâncias que vêm ao caso. 0 que passou a chamar minha atenção de uns tempos para cá foi, além da novidade da duplicidade de protagonistas, a outra: de se apresentarem quase sempre ao mesmo tempo. Salvo engano, e só atentei para este pormenor depois que os dois introduziram o hábito de tornarem a transmissão como se estivessem dialogando, num papo normal, um contando ao outro um fato que este ignorasse! Só o que faltava! Posso estar completamente equivocado, desmemoriado, e, se de fato assim for, esqueçam o mais que segue adiante. Não percam seu tempo com sandices de um octogenário que ainda não resolveu usar a fatiota de um paletó de madeira, que já deveria ter-se resignado ao conforto de uma cadeira de balanço. Sinceramente, parece-me a coisa mais ingênua, para não dizer imbecil, fingir estar um relatando ao outro um fato pseudo novo, devendo o colega demonstrar, pelas contrações fisionômicas até, sua admiração pelo ineditismo da notícia, quando tudo não passa de ridícula encenação! E o mais rídiculo pode ainda acontecer, e de fato tem ocorrido. Um fala e vira o rosto para o interlocutor que não dá a mínima, pois se atrasou em virar o rosto para o colega. Ou se esqueceu de que devia aparentar até uma modificação fisionômica, como às vezes ocorre conforme o tipo da novidade. Ridículo! Terei sido eu o único animal humano a estranhar isto que ocorreu há pouco na transmissào do jornal nacional da TV-GLOBO? E pior: os substitutos do casal de cadeira cativa na apresentação devem ter sido advertidos de que se esqueceram de seguir o figurino adotado recentemente; e de repente tiveram que adaptar-se ao modelo imposto. Pois foi esta a ideia que me veio!. E por último: aquele globo terrestre entrando no início do programa... há uns três dias, precisamente no dia 25 de julho, que estranho ruído do motor, parecia até que ia despencar no estúdio! São fatos que me lembram, nada mais nada menos, que cenas de teatro na roça de antigamente, hoje bastante cafonas! No mais... nota 9! P.S. Se todo poeta, para o nosso português PESSOINHA, é um "fingidor", a fortiori o deve ser o apresentador do noticiário da TV-GLOBO.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

A PULSEIRA DE EXUPÉRY ENCONTRADA

No fim deste mês saberemos que a solução do mistério envolvendo o desaparecimento de ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY em águas marítimas começou a ser desvendada com o encontro no Mediterrâneo da PULSEIRA usada pelo piloto, presente da esposa Consuelo. Eis como se deu o fato: "Na França era uma segunda-feira, 07/09/1998. Do oeste do porto de Marselha, o "L`Horizon"parte em direção do arquipélago de Riou. Após hora e meia de mar, o barco de pesca é colocado em ponto morto. Na cozinha de bordo, enquanto se pragueja contra o mau tempo, sorve-se um café quente, dirigindo-se o "L`HORIZON" para Considaigne onde a rede será levantada. Ativa-se o sarrilho. Esvazia-se a carga dos peixes e dos detritos: pneus, garrafas, pedaços de metais, sobre o convés. Regressando ao porto, rejeitam-se as pequenas presas, armazenando-se os peixes em tinas. Habib, um dos pescadores, apanha uma concreção enegrecida. Ao tentar devolvê-la ao mar, um ponto brilhante lhe chama a atenção. Coloca o objeto no torno, quebra a ganga, exala-se um odor nauseabundo. Surge um BRACELETE quebrado, com uma placa de identificacão enegrecida, de prata, parece. O outro pescador, Jean-Claude, pergunta: "Tudo bem aí atrás?""Olhe o que achei", responde Habib. Minutos depois, na cozinha de bordo, raspada e lavada, a placa revela um prenome: ANTOINE. Jean-Claude dá uma gargalhada: "Sem dúvida algum pescdor do lugar. Os Antoine sempre perdem tudo. É seu segundo prenome como o do seu falecido avô. Mas Santo Antônio de Pádua é também quem tudo encontra, por menos rezas que se lhe dirigem". Súbito aparece o nome por inteiro: ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY. Lê-se a seguir: CONSUELO, o prenome da esposa do escritor, seguido da menção: C/O REYNAL AND HITCHCOCK INS. 386 4TH AVE.N.Y.C.U.S.A. Primeiro desejo de Jean-Claude: oferecer essa joia a seu neto para ele guardar uma particular recordação de seu avô. A avó, porém, aconselha entrar primeiro em contato com alguém que conheça a história de SAINT-EXUPÉRY.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

"O POETA DAS CIGARRAS"

"Se bem que conhecido como "O POETA DAS CIGARRAS", tem sido OLEGARIO MARIANO (Recife: 1889/Rio:1958), mais que qualquer outro, O POETA DA SAUDADE. Esse sentimento da saudade se torna mais agudo e mais notálgico, quando o poeta evoca a sua terra natal e a infância do menino de casa-grande, no solar mariano do Poço da Panela, aquela paisagem serena e bucólica da várzea do Capibaribe" ("Tempo de Pernambuco", de Oscar Mendes, pp.232):

A casa-grande é um espelho do passado
Corroeu-lhe o tempo a pedra do batente
E do que foi solar da minha gente
Resta apenas um escudo brasonado.

Mas, através do paredão gretado
Ouvem-se ainda, na aflição do poente,
Ressonâncias de vozes e o frequente
Bater das velhas portas do sobrado.

Em cada telha há um gesto de abandono
A voz que vem de longe das herdades
É a mesma voz que me embalava o sono.

E agora, em plena noite que se expande,
Piam as andorinhas...São saudades
Que dormem no beiral da casa-grande".

DE GAULLE versus SAINT-EXUPÉRY

No dia 22/06/1940 foi assinado em Rethondes, na "carruagem do armistício", assim chamada por nela se ter assinado em 11/11/1918, a rendição da Alemanha, pondo fim à primeira guerra mundial, um novo ARMISTÍCIO, rendendo-se a França à Alemanha. Estabeleceram-se por ele as condições oficiais da ocupação alemã da Franca. Reminiscências: eu vendia nas ruas de minha terra em Minas o jornal católico "O Diario"; com a rendição da França, um freguês meu, Sr. Adelino, telegrafista, julgando Hitler já vencedor no conflito, caiu de cama, quase enfartou, tal seu amor à França. Pelo Armistício a França ficou dividida em 2 grandes zonas, a ocupada, sob controle alemão, e a chamada "zona livre" sob a direção da França de Vichy. O General Charles de Gaulle, não aderindo à atitude do general Pétain, heroi da guerra de 14, que ele respeitava, e do general Weygand que ele detestava, reuniu o que pôde da frota francesa e se afastou do país, constituindo a defesa da França Livre. ANTOINE DA SAINTÉXUPÉRY, comungando embora, na prática, com o pensamento de De Gaulle para quem a guerra de Hitler não se limitaria à França, seria uma guerra contra o mundo, apoderou-se, um dia, de um avião em Vichy e voou para a Argélia, reduto das tropas francesas livres. Parece que o fato recrudesceu a séria desavença entre ele e De Gaulle que não perdia ocasião de colocá-lo à margem dos acontecimentos. Santex passou a viver um ostracismo que chegou ao ponto de seus livros terem sido proibidos de figurar nas livrarias de Argel. Partindo para os Estados Unidos, aí escreveu "O Pequeno Príncipe" e mais 2 livros, conquistando os intelectuais e leitores americanos. Obtendo do exército americano, já na África em 1943, autorização para se integrar na respectiva força aérea apesar da idade acima da permitida, voltou à tona o seu entusiasmo pelo amor à França, pela paixão pelo voo. Data de então o que escreveu a seu amigo Dalloz, falando da pane de um de seus motores a 10.000 metros acima, em Annecy: "Enquanto eu remava sobre os Alpes numa velocidade de tartaruga, à mercê de toda a caça alemã, eu me divertia docemente pensando nos superpatriotas que proibiam meus livros na África do Norte. Que prejuízo! "Noutra carta assim se exprimia: "Não suporto a difamação, a injúria. Não sei viver sem o amor, jamais agi ou escrevi a não ser por amor. Amo mais meu país que todos esses reunidos! Eles só amam a si mesmos!" Ele sentia vontade de trabalhar. Tinha ao lado no quarto o manuscrito de CIDADELA. "Mas o trabalho é difícil, escreveu ainda. Esta África do Norte apodrece o coração. Não aguento mais. É um túmulo. Como seria bom voar em missão de guerra no Lightning!".

segunda-feira, 18 de julho de 2011

ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY = 31/07/1944

Dia 31/07 próximo: 67 ANOS do desaparecimento de SAINT- EXUPÉRY (1900/1944). PROPONHO-ME nesse dia, com base no livro "ST-EXUPÉRY LÚLTIME SECRET", de JACQUES PRADEL E LUC VANRELL, éditions du ROCHER, 2008, fazer um resumo da maneira como "o mistério do desaparecimento de SAINT-EXUPÉRY está agora definitivamente resolvido". Como o heroico piloto e invejável escritor merece ser sempre lembrado - "a fortiori" hoje com o que se sabe a respeito de seu último voo - recordemos algumas lembranças daquele que, em CIDADELA, assim se definiu: "Sou apenas aquele que transporta". Em carta, de 1922, assim escreveu à sua Mamãe: "Acabo de reler a carta de outro dia, tão cheia de carinho. Como gostaria de estar junto de você! Que está fazendo? Pintando? Nada me disse a respeito de sua exposição. Escreva-me, suas cartas me fazem bem, são um refrigério para mim. De onde você tira coisas tão deliciosas para dizer? Me deixa emocionado o resto do dia! Preciso tanto de você como quando eu era pequenino. Os instrutores, a disciplina militar, as aulas de tática, que coisas áridas e irritantes Penso em você ajeitando as flores no salão e me tomo de ódio contra os instrutores. Como pude fazer você chorar algum dia? Quando penso nisso, fico tão infeliz! Fiz com que duvidasse da minha afeição. E, entretanto, se você a conhecesse! A verdade é que estou triste de chorar esta noite. A verdade é que você é o único consolo para toda essa tristeza. Quando eu era um menino, voltava com minha pesada pasta nas costas, em prantos por ter sido punido, deve se lembrar, e com um beijo apenas você me fazia eaquecer tudo. Era meu apoio todo poderoso cntra os vigilantes e padres coordenadores (estudou com os Padres jesuítas em Mans). Todos se sentiam seguros em sua casa, era só você que existia (o pai morrera quando Santex tinha 4 anos). Pois é, agora é a mesma coisa, é você o refúgio, é você que tudo sabe, que faz esquecer tudo e, querendo ou não, a gente se sente um menininho. Fico por aqui. Estou sobrecarregado de trabalho. Vou respirar uma derradeira brisa na janela. Há sapos cantando como em Saint-Maurice, mas não cantam como os de lá. Um beijo carinhoso. O filho marmanjo, ANTOINE.

sábado, 16 de julho de 2011

INTERNET "VERSUS" RATOS DE BIBLIOTECA

JEAN GUITTON, filósofo e escritor francês (1901/1999), membro da Academia Francesa de Letras, em seu livro "MON TESTAMENT PHILOSOPHIQUE", imagina ter tido um diálogo com SÓCRATES, quando de sua agonia. O filósofo grego, apresentando-se a ele, lhe perguntou por que aceitara dialogar com ele, seu pior inimigo! Resposta de Guitton: "Meu pior inimigo é meu melhor amigo. Nada me é mais útil do que um inimigo! Afirmando-lhe um dia Sócrates que os filósofos não podem viver sem uma reflexão sobre as grandes obras de sua tradição, Guitton, respondeu que não se tratava de saber se a filosofia seria a exegese de sua própria tradição, acrescentando-lhe que a filosofia lhe parece morrer, quando procede desta maneira. O que Guitton lhe havia afirmado é que a filosofia é uma REFLEXÃO VIVA a respeito de assuntos exteriores a ela própria: a política, a religião, as ciências, a moral, a economia, a existência, etc. Os homens fazem perguntas desse tipo e têm necessidade de uma resposta. Ciência alguma especificamente lhes é capaz de fornecer uma resposta. Daí nascem uma reflexão e uma disciplina ao encontro dessas interrogações: eis a FILOSOFIA VIVA". "E os velhos filósofos?", pergunta Sócrates. Guitton lhe pondera que eles são lidos a fim de que nos levem a ter ideias, homenageando-os pelas ideias que eles, os velhos filósofos, nunca tiveram, mas que os novos filósofos não teriam, sem eles! E completando, Guitton disse: "Um grande filósofo é isto: um tipo surpreendente que tem o gênio de vos fazer a vós mesmos ter gênio, bem como a todas as gerações sucessivas! A tradição, por si mesma, não passa de um animal como um trator sem energia. Não produz sen(JEAN GUITTONão comentaristas e ratos de biblioteca! Sócrates lhe perguntando o que é um rato de biblioteca, Guitton lhe diz que é alguém que leu 20.000 volumes, folheou 100.000 e que sabe indicar onde se achar a mais pequena bagatela sobre determinado assunto. Inquirido sobre o valor da INTERNET, Guitton afirmou que é a salvação da filosofia, porque é a morte dos ratos! Seja qual for o espírito reflexivo, pesquisador, este terá logo a seu dispor e serviço um escravo eletrônico, prestando os mesmos ofícios que um exercito de eruditos. De nada mais servirão os ratos de biblioteca. Serão dispensados, encostados como os bois de arados, com o advento dos tratores! A técnica também pode ter uma virtude libertadora!." (JEAN GUITTON, Mon Testament Philosophique, Presses de la Renaissance, 1997).

sexta-feira, 15 de julho de 2011

MARINA SE CONSAGRA NA FOLHA/A2

Mal vinha de terminar a leitura do que ontem aqui escrevi, quando, na coluna da Folha, A2, de 15/07/11, achei, no final da coluna da Marina Silva um pensamento que , esposando-o, acoplo ao aqui estampado na véspera. "O mundo de múltiplas crises em que vivemos é o mesmo que nos possibilita múltiplas respostas. A questão é como ajudar a constituir e a viabilizar um NOVO IDIOMA político que nos auxiliará a resolver a estagnação civilizatória a que estamos submetidos". Não é precisamente esta a conclusão a se tirar, "mutatis mutandis", DO que ontem retratei, sob molambentas vestes, sobre a situação do catolicismo no Brasil? E mais: "Sem interação com a sociedade (sem se meter a mão na massa, sem a apatia, a Indiferença, o quietismo, o comodismo, o zelo -"zelus Domini comedit me" - um mal forjado estresse a exigir descansos semanais e outros confortos mais), as instituições ditas cristãs se tornam, ou continuam, arcaicas, diminuídas, falsificadas, moedas falsas. E nem se procure justificar-se infantilmente com a afirmação de que "o homem da atualidade é incapaz de sentir a necessidade de Deus ou de reagir à sua presença". Já não era tempo de a consciência cristã sobre Deus se expressar em linguagem contemporânea? As ideias medievais sobre Deus estavam de acordo com o pensamento medieval em relação ao cosmo, à terra, à física e à estrutura biológica e psicológica do Homem. Tudo radicalmente mudado, reconheça-se com humildade. E medite-se: quando o PENSAMENTO ABSTRATO e a EXISTÊNCIA CONCRTEA entram em conflito, a marca, o sinal do verdadeiro contemplativo, do CATÓLICO, está em que ELE se situa do lado da EXISTÊNCIA CONCRETA. Nosso Deus é um DEUS VIVO que se manifestou de MODO CONCRETO ao HOMEM em PALAVRAS E AÇÕES (NÃO É O QUE SE CONTÉM NOS EVANGELHOS?) para nossa REDENÇÃO, através de seu FILHO que os APÓSTOLOS viram, ouviram, tocaram e reconheceram como sendo o VERBO DA VIDA?"

quinta-feira, 14 de julho de 2011

CATÓLICO = QUEM CRÊ E PROFESSA A FÉ

Não experimenta certo frisson o CATÓLICO que chega à conclusão de que longe estamos de ser na realidade um dos maiores países católicos do mundo, como se propaga? E que vantagem causaria isto? Dorme por acaso tranquilo, numa plácida paz de consciência, o católico, isto é, o membro autêntico da Igreja fundada por Jesus Cristo,quando, pondo-se diante de Deus em que crê, cuja doutrina professa, constatar que há uma longa distância entre o dizer-se católico e o viver católico? Claro que nos reconhecemos distanciados, quilômetros, de atingir as variadas metas apontadas por Cristo. Sabemos que, ao tergiversarmos, ao desviarmo-nos das vias tão bem ilustradas, iluminadas por uma consciência ancorada na fé, nascida com o batismo e fortalecida e ativada à medida que vai se instruindo, se alimentando dos dons ou graças veiculadas através dos sacramentos e inspirações divinas, a Fé nos lembra que, se a Igreja é santa, ela é, contudo constituída de seres humanos decaídos, imperfeitos, sujeitos sempre ao erro. Recordemos um pensamento consolador de Tomas Merton: "Deus nunca faz as coisas pela metade; toma nossa vida inteira e nosso ser inteiro e os eleva a um nível sobrenatural, transformando-os completamente por dentro, mas os deixando, exteriormente, como são: ORDINÁRIOS". Se pela Redenção realizada por Jesus Cristo fomos elevados novamente a um nível sobrenatural, sendo transformados internamente por completo, somos todos conscientes, e chegamos à conclusão, de que EXTERIORMENTE, na prática, costumamos fazer tantas vezes "o mal que não queremos, deixando o bem que queremos", como diz São Paulo. Sabemos, porém, que Deus é Pai. Nossas infidelidades a Cristo fazem que nos joguemos ainda mais cegamente nos braços de sua misericórdia, ao invés de nos deixarmos doentes de desespero. O católico só o é, se todo o seu ser, espírito e corpo, for possuído, guiado pelos ensinamentos de Jesus Cristo, livremente aceitos, pois Deus nos deu o livre arbítrio e o respeita. Deve, pois, existir uma correspondência entre o que se crê e o que se faz, se pratica. Em época, especialmente de eleições mas não só, os veículos de comunicação no Brasil se esmeram em publicar fotos de homens públicos, por exemplo, recebendo a Sagrada Eucaristia. Nossos templos costumam encher-se de fieis nos domingos. Os protagonistas de tais atos ou ações são todos católicos? Tanto me parece que não, que se criou o tipo: "católico praticante", por certo porque existe o não praticante ou pseudo-católico. Daí a gente sentir-se que há algo errado na vivência de nosso catolicismo. Muita superstição, fruto da ignorãncia. Muito formalismo. Não foi isto que Cristo pregou e nos deixou nos seus ensinamentos. O assunto bem que merece uma busca sincera e humilde das causas! A fé é transmitida no batismo, mas tem que ser alimentada, "fides ex auditu".

POR QUE O PADRE CLAVELIN AGIU ASSIM?

Num dos blogs anteriores vimos a atitude do Padre Clavelin, extinguindo o noviciado e escolasticado lazarista no Brasil, em 1898. Foi ele o construtor da igreja de estilo neo-clássico, erguida no Caraça, em 1883, em substituição à levantada pelo Irmão Lourenço, no século XVIII. Eis o que a respeito escreveu o então noviço JOAQUIM DE SALLES ( pp.479 do livro "SE NÀO ME FALHA A MEMÓRIA", ED. DE 1993): "O Padre Isidoro não podia esconder a sua emoção vendo ir por água a baixo a obra lazarista que fundara em Petrópolis, por ordem e sob a direção do Padre Sípolis, visitador provincial dos da sua ordem no Brasil. O seu sonho era formar um exército de missionários brasileiros natos, pois era ilimitada sua confiança na capacidade monástica de nossos patrícios. Mas seu sucessor na visitadoria, PADRE JÚLIO CLAVELIN, reputava os rigores da disciplina religiosa incompatíveis com o nosso temperamento rebelde e dissipado. Fiado nas informações de seu representante entre nós, o Padre Fiat, superior-geral, resolveu extinguir a esperançosa sementeira de Petrópolis, o que foi o maior erro do Padre Clavelin, aliás sacerdote modelar e homem de excepcional valor, como padre e como homem de ciência. Posteriormente foi reaberto o seminário interno de Petrópolis, e a prova do equívoco do Padre Júlio é que no momento atual os lazaristas da Província Brasileira são todos brasileiros natos, menos três ou quatro estrangeiros que ainda restam de outros tempos. O próprio visitador é um brasileiro ilustre, mineiro como o seu antecessor, mais tarde um dos vice-superiores gerais da ordem no mundo inteiro. É o mais eloquente desmentido às apreensões assaz nacionalistas do venerando Padre Clavelin, francês cem por cento". A reabertura do noviciado e escolasticado lazarista no Brasil se deu em 1900. Joaquim de Salles, mineiro do Serro, estudou no Caraça. Foi deputado estadual nas Alterosas. Escreveu outro livro com o mesmo título "Se não me falha a memória" (Políticos e jornalistas do meu tempo), como oficial de secretaria da Câmara Federal que foi, durante vários anos. Esta obra foi editada pela Livraria São José, Rio de Janeiro, em 1960.

terça-feira, 12 de julho de 2011

DAS MEMÓRIAS DE JULIEN GREEN

Escritor da Academia Francesa de Letras, deixou em seu "LA LUMIERE DU MONDE" (Journal 1978/1981) certas observações que divido fraternalmente com você neste fim de terça-feira: "vi outro dia o ROLF, o cão de Jean de Gastines. Sua mãe estava passeando com o labrador de seu filho. Conversei com o cachorro que me olhou com olhos onde o amor e a confiança se liam com uma força assombrosa, porque poucas pessoas têm esta expressão tão acentuadamente humana e cristã. Rolf está ficando velho. Se todos os homens tivessem tanta alma nos olhos, repito: tanta alma, a terra seria um paraíso. Aquilo que nos olha pelos olhos de muitos homens é o demônio, a maldade que se põe na janela!" "Na mesa vizinha um casal encantador com quem trocamos algumas palavras; ele deplorava a destruição de documentos por herdeiros ignorantes. "Até pessoas de outra idade negligencia-se interrogar, dizia-lhe eu. São uma fonte de informações que se perde para sempre. Quanto arrependimento tenho por não ter questionado mais meu pai falecido com 73 anos, quando eu tinha 27! Ele viveu a guerra da Secessão, conheceu a Europa do fim do século XIX! UM VELHO É UM LIVRO QUE POR NEGLIGÊNCIA SE DEIXA DE LER!



uma fonte de informações preciosas que se perde para sempre

segunda-feira, 11 de julho de 2011

"NÃO SOU CONDUZIDO, CONDUZO"

É a traduçào do "DUCOR, NÃO DUCO", estampado na bandeira da capital do Estado de São Paulo. Com o brasão esta bandeira constitui os símbolos do município da capital do Estado de São Paulo. Foi instituída, em 05/03/1987, pelo prefeito JANIO QUADROS através da Lei 10.260, regulamentada pelo Decreto 23.668/1987 e alterada pelas Leis 13.331/2002 e 14.472/2007. O Estado de São Paulo também tem a sua bandeira que com o brasão e o hino constitue os símbolos do Estado. Esta bandeira foi idealizada pelo jornalista e filólogo mineiro Júlio Ribeiro, em 1888, com o objetivo de servir de bandeira ao regime republicano, proclamado em 15/11/1889. Passou a ser considerada símbolo paulista na Revolução de 1932. Com sua supressão pelo Estado Novo, em 1937, veio a oficializar-se em 27/11/1946, através do Decreto-lei 16,349 da Constituição Federal. A inscrição da bandeira paulistana, como se sabe, foi logo recebida pela sabedoria popular como a indicar que São Paulo - e já agora a referir-se ao Estado como um todo - seria uma locomotiva a arrastar todos os Estados e Territórios do País. JANIO QUADROS , filólogo, latinista com certeza, professor de português (quem não conhece o FI-LO, PORQUE QUI-LO?), quando dirigiu os destinos paulistanos apreendeu bem a filosofia do povo e determinou se introduzisse na bandeira, na lingua que para o autor dos Lusíadas a deusa Vênus, quando imaginava, com pouca corrupção acreditava que era a Latina, se introduzisse, repito, aquele pensamento que traduz o nosso honesto reconhecimento sobre a colaboração "non despicienda" do ESTADO COIRMÃO para o engrandecimento do Brasil. MUITO BEM, mas, a partir de hoje, 11/07/11, fico sabendo que o brioso Estado de São Paulo, além de ser a locomotiva do Brasil, é também o escudo e a segurança nacional! é o que se contém no PAINEL DO LEITOR, da "Folha", de 11/07/11, sob o título "1932". Será que um dia será considerado também como o Pai Adotivo de todos os Estados do País?

TERRA DOS HOMENS OMBREIA COM PETIT-PRINCE

Se você ama o BELO também na LITERATURA, leia ou releia o trecho abaixo, para relembrar ou degustar o que nos deixou SAINT-EXUPÉRY, em "TERRA DOS HOMENS", nestas proximidades do aniversário de seu desaparecimento físico nas profundezas do mar no dia 31/07/1944. O que transcrevo é o que sentiu no dia de sua apresentação como jovem piloto de linha, ligando Toulouse a Dakar, em 1926. " QUANDO ME DESPERTARAM, ERAM 3H DA MANHÃ. Empurrei a janela: chovia sobre a cidade. Vesti-me gravemente. Meia hora mais tarde, sentado em minha maleta, esperava na calçada molhada que o ônibus passasse para me levar. Tantos companheiros, no dia da consagração, haviam suportado, antes de mim, aquela mesma espera, com o coração meio apertado. Surgiu afinal na esquina o ônibus antiquado, espalhando um barulho de ferragens. E, como companheiros, tive o direito de, por minha vez, apertar-me num banco entre o funcionário da alfândega mal desperto e alguns burocratas. Aquele ônibus cheirava a coisas fechadas, a administração poeirenta, a velhos escritórios onde a vida humana enlanguesce. Parava de 500 em 500 metros para apanhar mais um secretário, mais um funcionário da alfândega, mais um inspetor. Os que já cochilavam dentro do carro respondiam com um vago resmungo ao cumprimento do recém-chegado que se alojava ali como podia, para logo começar a cochilar também. A velha carruagem triste sacolejava sobre o calçamento desigual de Toulouse; e o piloto de linha, misturado aos funcionários, a princípio mal se distinguia deles. Mas os postes desfilavam, o campo se aproximava, e o velho ônibus trêmulo era uma crisálida cinzenta de onde sairia o homem transfigurado. Todo companheiro num dia assim, confundido no grupo anônimo, sob o escuro céu de inverno de Toulouse, sentira crescer dentro de si o soberano que, dali a 5 horas, deixaria para trás as chuvas e as neves do Norte, repudiando o inverno, reduziria a marcha do motor e começaria a descer em pleno verão, sob o sol ardente de Alicante". Dia 31, "volente Deo", algo sobre os destroços do avião de Santex!

domingo, 10 de julho de 2011

NIHIL MONTIS CARACENSIS A ME ALIENUM PUTO

Por ser brasileiro, por ser Mineiro e. especialmente, por ser CARACENSE, isto é, ex-aluno do Colégio do Caraça, por justiça do coração -"a gratidão é a justiça do coração" (São Vicente de Paulo) - o passamento de ITAMAR FRANCO me lembra - e com que duplicado prazer! - por se tratar de um POLÍTICO com P máximo, quase uma espécie em extinção em nossos arraiais e, "in casu", por ter sido ele o personagem central, como o foi do Plano Real, de inesquecível benefício prestado ao País, impedindo que o CARAÇA se tornasse objeto da ganância de pseudos-patriotas. Alertado pela Província Brasileira da Congregação da Missão, por membros da AEALAC (Associação dos Ex-Alunos Lazaristas e Amigos do Caraça), e por prefeitos de municípios a que o Caraça juridicamente pertence ou pertenceu, o nosso extinto mineiro, nascido no Atlântico e registrado na Bahia, durante o curto período à frente dos destinos da nação ( 1992/1994), patrioticamente fez a máquina oficial federal funcionar, preservando de destruição probabilíssima um precioso patrimônio de valor cultural, religioso e natural, haja vista sua fauna, sua flora, seus recursos hídricos, suas paisagens notáveis, encerrado no complexo da SERRA DO CARAÇA! Graças a ITAMAR FRANCO "a reserva PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL (SANTUÁRIO DO CARAÇA, unidade de conservação de ÂMBITO FEDERAL (PARQUE NACIONAL DO CARAÇA, LOCALIZADO NA SERRA DO ESPINHAÇO, NO MUNICÍPIO DE CATAS ALTAS, que já foi COLÉGIO e SEMINÁRIO DOS PADRES LAZARISTAS, que hoje abriga a hospedaria do Caraça) que já fora transformado em RESERVA PARTICULAR DE PATRIMÔNIO NATURAL, através do Decreto 98.924, de 31/01/1990, garantindo que o santuário ecológico não viesse a sofrer futuros danos, FOI GRAVADA com PERPETUIDADE através da PORTARIA do IBAMA, NÚMERO 32, DE 20/03/1994. Apenas atividades de PESQUISA CIENTÍFICA e de VISITAÇÃO COM OBJETIVOS TURÍSTICOS, RECREATIVOS E EDUCACIONAIS são permitidas numa RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL, conforme Lei 9.985/2000, art. 21, par.2. O CARAÇA integra a área destinada às Reservas da Biosfera da Serra do Espinhaço e da Mata Atlântica, reconhecida pela UNESCO em 2005. Inscrita outrossim na Área Ambiental ao Sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte, como um dos divisores de duas grandes bacias hidrográficas, a do Rio São Francisco e a do Rio Doce, a 130 kl. da Capital Mineira.

sábado, 9 de julho de 2011

COM JANIO A "FOLHA" FALOU!

Em "ITAMAR REVISTO", na FOLHA de 06/07/11, JANIO DE FREITAS deixou seu recado à mídia e aos políticos do país, escrevendo, entre outras tantas verdades, que "o teor do tratamento dado a ITAMAR FRANCO em sua morte pelos meios de comunicação contrastou com o dado ao PRESIDENTE, ao HOMEM PÚBLICO e à PESSOA ITAMAR FRANCO"... "por ITAMAR FRANCO ter sido um dos homens públicos mais injustiçados, SENÃO O MAIS, pelos meios de comunicação em nosso tempo pós-regime militar. COM TARDIA E PARCIAL REPARAçÃO". E mais: "ITAMAR FRANCO foi tão nítido, desde sua emergência nacional ao assumir a Presidência, que é impossível atribuir à falta de informação, ou percepção insuficiente, o tratamento sempre pejorativo que lhe foi dado, com frequente recurso a distorções sem limites"..."O rigor ético cobrado aos presidentes, com tantas frustrações, foi praticado por ITAMAR sem reconhecimento maior, quando houve algum, do que o dado às atitudes comuns"..."Foi tratado como piada, como idiota - assim chamado, mesmo quando presidente, em uma (ex)coluna da Folha. E como pouco ilustrado, que estava longe de ser, e como incapaz, o que suas administrações e a atividade de engenheiro deixaram desmentido"...E mais: "Não bastou serem desprezadas as qualidades da pessoa e do HOMEM PÚBLICO. Os FATOS sofreram a mesma ação. ... O combate demolidor à inflação foi ideia fixa de ITAMAR FRANCO desde assumir a Presidência. Itamar sofreu, resistiu, Itamar cedeu, foi convencido - é o que está em quase 20 anos de afirmações ao público"..."Mas nem a determinação decisiva foi atribuída a ITAMAR, até o dia da morte". E JANIO DE FREITAS termina a queixa que é de todos nós brasileiros que aspiramos por uma autêntica democracia: "Será bom se as pequenas e pontuais publicações de justiça, na hora final de ITAMAR, servirem para alguma coisa no futuro".

quinta-feira, 7 de julho de 2011

OURO PRETO FAZ HOJE 300 anos

Hoje, 07/07/11, tem festa em OURO PRETO! Se em 1911 a cidade se arregimentou para comemorar os seus 200 anos de nascimento, e para tal a sua intelectualidade tanto se movimentou para dar ao público o BICENTENÁRIO DE OURO PRETO-MEMÓRIA HISTÓRICA (1711/1911), de novo, e "graças ao esforço da pesquisadora FRANCELINA DRUMOND, hoje, 07/07/11, está sendo relançado o precioso volume , apresentando o texto integral do "BICENTENÁRIO DE OURO PRETO". O nosso velho mas jamais envelhecido e caduco "ESTADO DE MINAS" escreve hoje que mais do que republicá-lo revisado, o volume investe na contextualização" . O artigo de Francelina Drumond que o apresenta "permite fruir os textos do passado, perceber o que escondia, como o trauma da mudança da capital do Estado para BH, ocorrida mais de 10 anos antes da publicação, indicando os acertos e erros, no confronto com as informações sobre fatos posteriores à publicação". Gostaria de estar hoje em Vila Rica, na "cidade em três séculos", para dar-me aos olhos e através deles ao espírito e ao coração o regalo das análises e considerações de alta intelectualidade, expostas no bojo do volume, da lavra de importantes historiadores mineiros, como Diogo de Vasconcellos e Lúcio José dos Santos, ou de natureza poética, abrangendo obras de CLAUDIO MANOEL DA COSTA, TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA E MARIO DE LIMA. O lançamento de "OURO PRETO-CIDADE EM TRÊS SÉCULOS se dá hoje no auditório do Grêmio Literário Tristão de Athayde, Rua Paraná, 26. Teria eu assim também a oportunidade de conhecer o GRÊMIO TRISTÃO DE ATHAYDE, sociedade literária objeto de muito apreço e de muito carinho por parte de nosso mestre ALCEU AMOROSO LIMA e tão entusiasticamente conduzida pelo PADRE MENDES, ambos hoje partícipes de eternas tertúlias.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

13,3 TRILHÕES% de INFLAÇÃO EM 15 ANOS, ONDE?

NO BRASIL, sim, em nosso País! "Acumulada nos 15 anos que antecederam o PLANO REAL. O pais teve 5 moedas entre 1986 e 1994. Para os BRASILEIROS isso significou instabilidade de preços, indexações, congelamentos, tabelamentos, confisco de poupança, privações, insegurança!" Isto na orelha do livro "SAGA BRASILEIRA" a longa luta de um povo por sua moeda (Editora Record, Rio/São Paulo). E na contracapa: "O Brasil viveu uma história forte, dolorosa e decisiva na luta contra o tormento inflacionário". O livro citado "SAGA BRASILEIRA, a longa luta de um povo por sua moeda", recentemente lançado ao público, foi escrito pela jornalista mineira, de Caratinga, MIRIAM LEITÃO, colunista do jornal O GLOBO desde 1991 e comentarista de economia da TV Globo. A autora, detentora de uma maneira de escrever simples, leve, despretensiosa, munida, parece-me, do desejo apenas de ensinar aos brasileiros nascidos depois do plano real, e de relembrar aos nascidos antes do plano real, as peripécias, solavancos, avanços e recuos por que passou a nossa MOEDA desde a chegada ao Brasil, em 1808, de DOM JOÃO VI até ao momento atual. Não se trata de manual ministrando noções de economia. É uma professora contando às crianças grandes (e por que não também às pequenas, que hoje não precisam subir os degraus da idade para entenderem e aprenderem) "os dilemas enfrentados pelos nossos governos e as estratégias criadas pelas nossas famílias para sobreviverem ao tumulto da disparada de preços e das trocas de moedas". O livro "lembra o confisco e os dramas familiares que ele criou. Quem viveu, vai se identificar; quem não viveu, se espantará com o que se passou". Mas, depois de dizer a autora que a moeda estável modernizou o país, não se esquece do lembrar que "nessa saga o inimigo foi vencido, mas não morreu. Ele continua à espreita, atento a qualquer descuido do país". Por experiência própria confesso que o livro é antes um romance histórico da inflação no Brasil. Digo "romance" no sentido de que como nos romances a leitura cativa, encanta, não cansa, desperta o interesse sempre pelo que vem depois, além de nos levar a conhecer as várias pessoas, respeitáveis a diversos títulos, que colaboraram no afã de retirarem o país do poço. Nota dez à autora que muito honra nossa terra mineira. Muito grato a meu filho que neste começo de mês, em São Paulo, me pôs nas mãos a prazerosa leitura do livro de MIRIAM LEITÃO, ao mesmo tempo em que me transmitia todo o encantamento enriquecedor de sua cultura nele auferido, como tão bem o percebi.