sexta-feira, 28 de maio de 2010

LOURDES E O SINAL DA CRUZ

Vinte dias atrás voltou da França uma amiga que participou  de uma romaria à Gruta de Lourdes. De lá trouxe um folheto distribuído na celebração eucarística,  do qual aproveito para este papo. Na primeira aparição de N. Senhora a Bernadete, dia 11/o2/1858, diz a Santa: "Eu queria fazer o sinal da cruz, mas pelo medo não consegui. A visão então se benzeu. Procurei refazê-lo, o que consegui". Bernadete explicou: "Foi pelo medo que não consegui benzer-me! Então a Virgem  se benzeu para me ensinar que ela, a Imaculada, é o fruto da cruz de Cristo". Daí em diante, Bernadete passou a fazer o sinal da cruz com mais vagar, com um gesto mais amplo e com mais recolhimento, dando a impressão de se envolver no sinal da cruz como se envolve num chale. Um dia uma freira lhe perguntou  o que devia praticar para ir para o céu.  Ela lhe disse: "Bien faire le signe da la croix c`est déjà beaucoup" (Bem fazer o sinal da cruz é já bastante). Alguns instantes antes de morrer, dia 16/o4/1879, as irmãs que a assistiam testemunharam que, reunindo todas as suas forças, Bernadete fez o sinal da cruz e expirou. Deste modo foi com o Sinal da Cruz que Bernadete, depois de entrar nas Aparições, penetrou  na Vida Eterna. COM O SINAL DA CRUZ. Ao sermos batizados recebemos a chave de nossa existência na terra e de nossa vida eterna. Daí o pensamento do Papa Bento XVI,  visitando em 2008 o santuário de Lourdes: "No sinal da cruz feito por Maria e Bernadete se encontra toda a mensagem de Lourdes!", 

quarta-feira, 26 de maio de 2010

DIÁRIO DE THOMAS MERTON

22/09/1959: "DE QUE PRECISO? A única coisa necessária é uma verdadeira vida interior e espiritual, um crescimento verdadeiro, por minha conta, em profundidade, numa nova direção. Seja qual for a direção que Deus me indique. Minha obrigação é não parar de avançar, crescer interiormente, rezar, livrar-me de apegos e desafiar os medos, aumentar minha fé, que tem sua própria solidão, procurar uma perspectiva inteiramente nova e uma nova dimensão em minha vida. Abrir novos horizontes a qualquer custo, desejar isso e deixar que o ESPÍRITO SANTO SE ENCARREGUE DO RESTO.  MAS REALMENTE DESEJAR ISSO E TRABALHAR PARA ISSO. 18/08/1959: O que eu preciso é fazer uma viagem para um lugar primitivo, entre pessoas primitivas, e LÁ MORRER. É ao mesmo tempo uma PARTIDA e um RETORNO. Uma ida a algum lugar onde nunca estive nem pensei em ir - uma ida na qual sou conduzido por Deus, uma vida espiritual na qual eu saio de tudo que tenho agora. Sinto que minha vida espiritual está acabada, a men0s que eu faça isso. 29/07/1968: Dentro de 8 semanas devo partir daqui. Pode ser que eu não volte. Não que espere que alguma coisa dê errado - embora seja possível. Seja como for, não espero estar aqui de volta antes de alguns meses. Deste ou daquele  jeito, não me importo se eu não voltar. O que me intriga é a ideia de partir para algo desconhecido, não pedindo nem esperando nada de muito especial, mas desejando tão somente fazer o que Deus exige de mim, seja lá o que for. 08/12/1968 - BANGCOC: Hoje é a festa da Imaculada Conceição. Daqui a pouco sairei  do hotel. Vou celebrar missa na igreja de São Luiz". E NO DIA 10/12/1968 morria acidentalmente eletrocutado em BANGCOC depois de fazer uma conferência sobre Marxismo e perspectivas monásticas a líderes monásticos da Ásia.

domingo, 23 de maio de 2010

PARABÉNS, CORDISBURGO!

Neste dia, 23/05/2010, o ESTADO DE MINAS de Belo Horizonte, anuncia que "em 27 de junho  Cordisburgo, MG,  vai ganhar um monumento à altura do seu filho mais ilustre, JOÃO GUIMARÃES ROSA (19O8-1967), que completaria, na data, 102 anos. Na Praça Miguilim, a 300 metros do "Museu  Casa Guimarães Rosa" será inaugurado o "Portal Grande Sertão", com 7 figuras em bronze, tamanho natural, que retratam o autor de SAGARANA e seis vaqueiros a cavalo, acompanhados de um cachorro. Feitas pelo artista plástico Leo Santana, na Fundição Artística Ana Vládia,  em Contagem, MG, as peças recebem os últimos retoques. Ronaldo Alves de Oliveira, diretor do Museu Casa Guimarães Rosa, ao ver o conjunto se emocionou. "É um trabalho que tem alma e vai trazer JGR para mais perto de todos". A iniciativa do cenário, completado por um pórtico de chapa de ferro de 10,5m de largura x 5,20m de altura, é do governo de MG, que bancou a obra, em convênio com  a Associação dos Amigos do MCGR. O grupo de sertanejos, saudados por Guimarães Rosa, chama a atenção de quem entra na "Fundição". Foram 8 meses de serviço, diz a proprietária   ao lado do marido dando acabamento na escultura de 130kg do escritor. Mostrando leve sorriso, Rosa está de terno, com a famosa gravata-borboleta, uma carteira de anotações na mão esquerda e a caneta-tinteiro na direita. As demais peças pesam  em média 400kg, os sertanejos de olhares decididos e fisionomia forte, sobre os cavalos. Um encara o guieiro ao lado de"Diadorim", personagem de "Grande Sertão: Veredas". "Minha ideia, diz Santana, é mostrar a entrada do cenário de Guimarães Rosa. Estou muito feliz pois se trata do meu trabalho de maior proporção". Parabéns, Cordisburgo! O "cara" bem que merece! No dia de hoje, 23/05, comemora-se o aniversario natalício d0 também ilustre escritor mineiro, tio de Guimarães Rosa, Vicente de Paulo Guimarães (1901-1983), conhecido pelo pseudônimo de  VOVÔ FELÍCIO, bastante lembrado sobretudo pelas crianças mineiras, das décadas de 30, 40 e 50 do século passado, por ter sido autor de uma literatura e de revistas infantis. Seus leitores mirins eram por ele denominados "MEUS NETINHOS'. Ah! quem não se lembra!


sexta-feira, 21 de maio de 2010

SIGNAL DO CHRISTÃO

Diante de mim um livrinho mal tratado: "DOUTRINA CHRISTÃ - Para uso das crianças das Províncias Ecclesiasticas do Brasil". Abro e leio: "Pertence ao menino  Jair Barros-1938".  Com minha letra de 9 anos! "Lição Preliminar-DO SIGNAL DA CRUZ.  Sob a forma de perguntas e respostas: P. És Christão? R. Sim; sou christão pela graça de Deus. P. Qual é o verdadeiro christão? R. Verdadeiro Christão é aquele que é baptizado, crê e professa a doutrina e a lei de Jesus Christo. P. Como é que o homem se faz christão? R. O homem faz-se christão pelo BAPTISMO. P. Qual é o signal do christão? R. O signal do christão é a cruz. P. De quantos modos se faz o signal da cruz? R. De dois modos: PERSIGNANDO-SE  e BENZENDO-SE. P. Que é Persignar-se? R. É  FAZER 3 CRUZES COM O DEDO POLLEGAR DA MÃO DIREITA  ABERTA: A PRIMEIRA NA TESTA;  A SEGUNDA NA BOCCA;  A TERCEIRA NO PEITO, DIZENDO:  PELO SIGNAL (cruz na testa) DA SANTA CRUZ,  LIVRE-NOS DEUS  (cruz na bocca)  NOSSO SENHOR, DOS NOSSOS (cruz no peito) INIMIGOS.  P. Para que se fazem  estas 3 cruzes? R. Na TESTA para que Deus nos livre dos maus pensamentos; na BOCCA para que Deus nos livre das más palavras; no PEITO para que Deus nos livre das más obras  que nascem do coração.  P. QUE É BENZER-SE?  É fazer uma cruz com a mão direita aberta, da testa ao peito e do hombro esquerdo ao direito. dizendo: "EM NOME DO PAI E DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO". P. POR QUE O SIGNAL DA CRUZ É O SIGNAL DO CHRISTÃO?  R. Primeiro, porque indica, revela, que somos CHRISTÃOS e, segundo, porque nos lembra os principais mistérios da nossa FÉ.  P. QUAIS SÃO  OS PRINCIPAIS MISTERIOS DE NOSSA FÉ? R. Primeiro: UNIDADE E TRINDADE DE DEUS; Segundo: ENCARNAÇÃO, PAIXÃO e MORTE DE NOSSO SENHOR JESUS CHRISTO. Observação: quando se entra num templo sagrado, costuma-se saudar Jesus Cristo  e os Santos pelo menos BENZENDO-SE. DEMONSTRAMOS ASSIM QUE SOMOS CRISTÃOS.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

PENIDO: UM TEÓLOGO "PRATA DA CASA"

Padre MAURÍLIO TEIXEIRA LEITE PENIDO nasceu em Petrópolis, em 1895. Ainda criança foi para a Bélgica onde se educou. Bacharelou-se  em Letras pela Sorbone, em 1913. Após um período de estudos  na Universidade Gregoriana, em Roma, frequentou em Friburgo (Suiça) os cursos de Filosofia e de Teologia, matérias em que se doutorou respectivamente em 1918 e 1928. Quando lecionava em Friburgo, foi convidado em 1938 por Alceu Amoroso Lima, quando reitor da Universidade do Distrito Federal, para lecionar aí e no Instituto Católico de Estudos Superiores, funções que desempenhou durante 10 anos. Nomeado catedrático  de filosofia  da PUC, esquivou-se por escrúpulos doutrinários. Em carta escrita pelo cardeal Charles Journet a Jacques Maritain, em 13/o6/1940, onde previa a queda da França diante do nazismo, dizia o missivista que "peut-être faut-il déjà prévoir la maniere de garder le flambeau (a "esperança teologal", parece-me) allumé de lautre cotê de lOcéan pour le ramener un jour ici. Je lai écrit à labbé  PENIDO. Il habite 7 rue Fernando Mendes ( ou Cândido?), Rio de Janeiro. Il se sent bien seul". É que Penido fora professor em Friburgo e conceituado teólogo. Em 1954, com a saúde abalada, fixou residência  no seminário São José do Rio de Janeiro onde lecionou e exerceu a Direção Espiritual dos seminaristas. Faleceu no dia 23 de junho de 1970. Quando na Europa, escreveu: "La méthode intuitive de M. Bergson", Le rôle de lanalogie en théologie dogmatique", "Dieu dans le bergsonisme", "La conscience religieuse". No Brasil deixou-nos: Ö Corpo Místico", "O Cardeal Newman", "O Itinerário Místico de S. João da Cruz", "O Mistério de Cristo", "notável pela profundidez, nitidez e concisão dos conceitos", segundo D.Odilão Mourão-O.S.B. No "O Cardeal Newman"  declara Penido qual a atitude de um católico diante do mundo moderno: nem de REPULSA, porque muita verdade vem à tona e não é lícito repelir qualquer verdade, porque toda verdade vem de Deus; nem de CAPITULAÇÃO, porque aparece muito erro venenoso e aceitá-lo seria  fazer perecer as grandes verdades dogmáticas e morais; mas de CONQUISTA, sendo ele mesmo um exemplo  da aliança entre a ortodoxia inflexível e a atitude acolhedora e progressista".

terça-feira, 18 de maio de 2010

NÃO SE OUVIU PIO XII

Há pouco o Vaticano publicou recomendações sobre a formação dos atuais sacerdotes. Soou-me isto tão estranho, lembrando-me do que, faz 60 anos, o Papa Pio XII, na encíclica "Menti Nostrae" (23/09/1950) já escrevera, quando começavam a exteriorizar-se nos seminários as causas de bastantes  inquietações no tocante à situação existencial dos sacerdotes a serem ordenados,  sobretudo a partir de então:  "Se os jovens - especialmente os que entraram no seminário em tenra idade - são formados num ambiente  demasiado afastado do mundo,  ao saírem do seminário poderão encontrar sérias dificuldades nas relacões tanto com o mundo miúdo quanto com o laicato culto... Por esse motivo é preciso diminuir gradativamente e com a devida prudência a separação entre o povo e o  futuro sacerdote, a fim de que este, recebida a sagrada ordenação, quando inicia seu ministério não venha a sentir-se desorientado, o que não somente seria danoso para o seu espírito, como anularia até a eficácia de seu trabalho". A propósito transcrevo trecho do livro "Padre Penido, Vida e Pensamento", de autoria do beneditino Dom Odilão Moura, em que transparece o interesse do culto teólogo brasileiro, petropolitano,  pelo bom funcionamento dos seminários: "Queixa-se Penido (Padre Maurílio Teixeira Leite Penido), a uma carmelita, de um seminarista que por ele fora mantido no seminário, mas que o decepcionara, pois, ordenado,  pedira laicização. A carmelita lhe havia contado que estava tranquilizada, por que despedira do Carmelo uma noviça SEM VOCAÇÃO. "Compreendo bem o seu alívio ao ser liberada de tal noviça. Tive aqui no seminário caso análogo. É um martírio. Tudo passado, devo ter feito mal aos pobrezinhos, pois já estão a pedir laicização. SE TIVESSE QUE RECOMEÇAR, SERIA IMPLACÁVEL: QUALQUER DÚVIDA SERIA MOTIVO PARA AFASTÁ- LOS DO SACERDÓCIO.  COMPLACÊNCIA SERIA, NÃO JÁ CARIDADE, SENÃO FRAQUEZA"(pp. 180). 

quarta-feira, 12 de maio de 2010

CADÊ OS PIANOS?

Ao lado o artigo do Ruy de Castro: "País sem pianos", na "Folha de São Paulo" do dia 12/05/2010.  Na década de 30 do século passado, Bonfim, MG, cabeça do município, teria uns 1.000 habitantes, se tantos, mas havia um piano na casa de Mariano, pai da Santinha (o pai de Oto Lara Resende que foi estudar naquela cidade, em 1906, no Colégio Trigueiro,  conta em suas "Memórias" que por vezes executou canções acompanhadas por ela ao piano) e outro na casa do Agente Administrativo (Prefeito), um dos introdutores das Conferências Vicentinas no Brasil, Francisco Alves Moreira da Rocha, ex-caracense. Está certo, portanto, Ruy de Castro ao escrever que "o  Brasil e o piano têm uma bela história juntos. Os dois conquistaram seu espaço quase ao mesmo tempo no século 19: o piano sobre o cravo, o Brasil sobre sua condição de colônia". Lamentavelmente, porém, Bonfim, hoje com 5.000 habitantes,  só conta com dois primos pobres do instrumento característico da nobreza do século passado: um harmônio caduco  e um teclado "mudo" na igreja matriz. Mas para conhecimento de seus conterrâneos, vive no Rio um "bonfinense", viúvo de uma carioca exímia pianista e não apenas tocadora de piano, cujo lar dispunha de 4 pianos, um para a esposa, dois para cada um dos dois  filhos, e um adquirido numa tentativa - QUEM SABE - de que o "chefe de família"(!) se candidatasse senão à arte, pelo menos ao espírito de solidariedade. Em resumo: cada filho, casando-se, carregou o seu; a esposa no céu  irmanou-se à orquestra dos anjos. E eu me consolo no religioso e amoroso ofício de tirar a poeira dos dois outros, até que o casal recente de netos venha tomar posse deles.

terça-feira, 11 de maio de 2010

PALAVRAS DE BENTO XVI

Acabo neste instante de tomar conhecimento do pronunciamento do Papa, de caminho a Lisboa. Em sua entrevista afirmou que "a onda de denúncias sobre abusos sexuais contra crianças cometidos por padres é a "maior perseguição à Igreja", mas é o resultado de pecados em seu interior e não de "inimigos externos"( "O Globo", de 11/05/10). São Vicente de Paulo, fundador dos Padres Lazaristas e das Irmãs Vicentinas, morto há mais de 300 anos, já havia chegado a essa constatação quando, numa de suas memoráveis e muito práticas e humanas conferências a seus missionários, afirmara que, se a Igreja não fosse divina, os seus próprios padres já teriam acabado com ela! Por outro lado, leitor e admirador do cardeal Charles Journet, sempre me soa bem o título que deu a sua obra "L`eglise Sainte MAIS NON SANS PÉCHEURS". Peço apenas ao Divino Espírito Santo, embora Ele não careça de tal, pois é Ele que a dirige e que portanto sabe de que barro são formados os seus membros, que faça que os seus legítimos representantes na terra  sempre  se deixem conduzir    na resolução de questões atinentes à Santa Igreja com um espírito iluminado apenas por considerações em consonância com o seu Divino Criador. Digo isto, p orque o homem é muito matreiro, apresenta por vezes justificativas para não dar o braço a torcer, o que pode ocorrer até mesmo dentro da Igreja, que, como sabemos, é SEM PECADO mas constituída de PECADORES!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

CONHEÇA SIMONE WEIL!

"Sempre ansiosa por encontrar um sacerdote capaz de lhe tirar as dúvidas relativas às condições para uma eventual adesão à sua entrada na Igreja e receber o batismo, SIMONE WEIL consultou Jacques Maritain que lhe indiEm cou o nome do Padre Couturier, dominicano, considerado um espírito bastante aberto. Assim começou a carta que SIMONE lhe endereçou no dia 15/09/1942: "Quando leio o catecismo do concílio de Trento, parece-me nada existir aí de comum com a religião que nele se expõe. Quando leio o Novo Testamento, os místicos, a liturgia, quando vejo celebrar a missa, sinto com uma espécie de certeza que esta fé é a minha, ou mais exatamente seria a minha sem a distância estabelecida entre mim e ela por causa de minha imperfeição. Isto me causa uma penosa situação. Gostaria de torná-la não menos penosa, porém mais clara!"(Simone Weil, "OEUVRES", pp. 985). SIMONE  foi uma escritora, mística e filósofa francesa; nasceu no dia 03/02/1909 e faleceu no dia 29/o8/1943. Assim escreveu em 1938 a Bernanos: "Não sou católica, embora  -  o que vou dizer deve parecer presunção a todo católico vindo da parte de um não-católico, mas não sei exprimir-me de outro modo  -  embora nada católico nada cristão jamais me tenha parecido estranho. Costumo dizer-me  às vezes que, se se fixasse nas portas das igrejas que a entrada nelas fosse impedida a todos aqueles que tivessem uma renda superior a tal ou tal quantia, pouco elevada,  eu depressa me converteria!"

quarta-feira, 5 de maio de 2010

AJUDE-ME!

Preciso de sua ajuda para me revelar a que questão teológica se refere Thomas Merton nos pensamentos abaixo deixados em seu diário no dia 27/12/1961: "Hoje cedo rezei muito  por um mais sábio coração. Acho que  o presente deste Natal foi a verdadeira descoberta de JULIAN OF NORWICH... Vejo-a como uma autêntica teóloga, com maior clareza e organização e profundidade até do que Santa Teresa de Ávila. Quero dizer que ela realmente elabora o conteúdo da revelação como experienciado a fundo. Experienciado primeiro, ele depois é pensado e o pensamento novamente se aprofunda na vida, de modo que em toda a sua existência o conteúdo de sua própria visão   foi penetrando cada vez mais nela. Uma das principais  convicções é sua orientação ESCATOLÓGICA para o ato central, dinâmico e secreto "pelo qual todos ficarão bem"no último dia, nossa "grande façanha", ordenado por Nosso Senhor desde nenhum começo. "Especialmente o primeiro paradoxo"-  ela tem de crer e aceitar a doutrina de que existem malditos, porém também a "palavra"de Cristo será salva em todas as coisas e "coisas de todas as espécies ficarão bem. O cerne de sua teologia é essa aparente contradição na qual ela se manterá com firmeza.  Creio que o sábio coração pelo qual rezei reside precisamente nisto - manter-se nessa esperança e nessa contradição, fixado na certeza da "grande façanha", que é a única a dar ao cristianismo e à vida espiritual sua verdadeira e completa  dimensão".

terça-feira, 4 de maio de 2010

MEDITANDO BRASÍLIA 50 ANOS DEPOIS

As "CARTAS DO PAI" de Alceu Amoroso Lima  constituem para mim, neste final de linha da vida, o moderno livro de modernas meditações. Carta de 27/03/960: "Orós e Brasília são perfeitamente simbólicas do Brasil real, tudo feito às pressas, sem fundamento, sem ordem, à moda de aventura, confiando na sorte e no futuro "Deus é brasileiro". É impressionante a falta absoluta  de condições para sua habitabilidade normal, a partir de 21 de abril,  data fixada pelo JK à brasileira, isto é, idealmente, sem nenhuma base senão emocional, simbólica e... demagógica. E o único argumento dos mais ponderados é que de outro modo não se faria". Argumento tipicamente brasileiro, como se a construção de Brasília fosse mais importante do que o bom senso, a experiência, a natureza das coisas e a mínima consideração pelo próximo e pelo momento presente. Enquanto isso, o nosso Rio é entregue cada vez mais ao acaso e à prefeitura... Carta de 04/04/960: "... comentando  um texto de Hipólito da Costa, de 1813,  (no "Correio Brasiliense" - 1808/1822 - criado por ele em Londres, primeiro jornal em língua portuguesa a circular no Brasil) sobre a mudança da capital para o sertão de que era entusiasta e que para mim é uma loucura, mas não um erro. E com os séculos, ou mesmo os decênios, trará suas vantagens. Os empedernidos antimudancistas,  como o Corção,  erram tanto por fanatismo sectário como os mudancistas, como o Sobral,  que acham que da mudança da capital vai começar uma era nova. Será apenas a continuação da era velha, com um quisto a mais no sertão, que pouco a pouco se tornará um polo magnético, mas sem prejuízo algum nem do Rio nem de São Paulo" ( "Cartas do Pai" de A.A. Lima para sua filha madre Maria Teresa-I.M.S.).

segunda-feira, 3 de maio de 2010

MAIO MÊS DE MARIA E DAS MÃES

 Foi em 1849 que pisaram em solo brasileiro as 12 primeiras IRMÃS DE CARIDADE em consequência  de um pedido do bispo lazarista de Mariana, Dom Antonio Fereira Viçoso. Vieram em companhia de 5 padres lazaristas, solicitados pelo mesmo bispo para as obras que projetara na sua diocese. As Irmãs Vicentinas logo fundaram um colégio que, juntamente com o Recolhimento de Macaúbas, fundado em 1716, muito contribuiu para a formação cultural e religiosa da juventude feminina das Minas Gerais. Com as Irmãs de Caridade (ou Vicentinas) chegava ao Brasil a devoção a Nossa Senhora das Graças ou da Medalha Milagrosa. Foi então que, por intermédio dos padres lazaristas (formadores do clero mineiro nos seminários de Mariana e Diamantina) e das Irmãs Vicentinas, se propagou, Minas a fora,  o piedoso costume de se dedicar todo o mês de maio a Nossa Senhora. Maio ficou sendo o "MÊS DE MARIA", o mês das coroações de Nossa Senhora. Oportunamente surgindo a " Associação dos Santos Anjos", especificamente para a infância feminina, aí se recrutavam as crianças que eram preparadas para coroarem   nas rezas da noite a imagem de Nossa Senhora colocada num trono num dos altares da igreja matriz.  Nos idos de 30, 40, do século passado, como me lembro! era ansiosamente aguardado o cair da tarde das noites frias de maio, quando no templo ricamente iluminado por candelabros acesos, depois de subirem duas escadas em V que terminavam nos pés de Maria, vozes angélicas de anjinhos humanos, colocada a palma nas mãos da Virgem, coroada a maternal cabeça sob  uma chuva colorida de pétalas de rosas,  espirais de incenso ascendiam aos céus, os sinos na torre repicavam a todo vapor, os "adrianinos" e foguetes de rabo pipocavam no espaço! E a multidão entoava, feliz: "No céu, no céu, com minha mãe estarei!" Esvaziado o templo, era a nossa vez: paquerar as garotinhas ao som da banda de música, no vai-e-vem das caminhadas na praça. Naquele tempo, as nossas genitoras não careciam de um dia especial para serem lembradas. Todos os dias do ano eram delas e dos pais também! Não se vislumbrava sequer ainda a idéia de se explorar comercialmente o nobre e humaníssimo sentimento de nosso amor ao nosso pai e a nossa mãe! "O tempora! O mores!"

domingo, 2 de maio de 2010

CONFESSIONÁRIO

Dia 29/04/2010, sob o título CURIOSIDADES, abordei o assunto CONFESSIONÁRIO , objeto, também, faz três dias, de um jornal ou revista  do país. O administrador de uma paróquia solicitou de uma empresa a construção dos confessionários de sua igreja, sob reforma. Com a condição de que à porta de cada um se fixasse uma plaqueta identificando a firma construtora,  os confessionários foram devidamente localizados na igreja. Diferentemente, porém, dos que existem em igrejas do Brasil, cada um tinha o formato de  um cubículo quadrado, lateralmente todo fechado, com uma portinhola na frente e, do lado oposto, com  grades fixas  numa abertura,   separando o penitente do confessor (que só podia ficar, portanto, do lado de fora do confessionário).   No interior, apenas um genuflexório colocado debaixo das  grades fixas por onde, ajoelhado, o penitente confessa suas faltas. Pela foto apresentada ao lado da notícia, ao contrário do que normalmente ocorre entre nós, o confessor fica do lado de fora do confessionário e o penitente é que entra  nele. O fato narrado na imprensa escrita nos faz crer que os confessionários não são apenas peças decorativas ou de museus, mas abrigos onde se busca a paz, a reconciliação com o Pai da Misericórdia.

sábado, 1 de maio de 2010

DOM VIÇOSO - MARIANA

Com a data de 23 de abril de 1745, há exatos 265 anos,  expediu-se a carta régia  em que Dom João V, de Portugal, elevou  à categoria  de cidade  a VILLA DO CARMO, criada  a 8 de abril de 1711 sob o nome de MARIANNA, a mais antiga das cidades mineiras,  em homenagem a D. Marianna de Áustria, augusta  esposa daquele soberano.  Com ufania e orgulho não se pode esquecer ter sido Mariana o "santuário onde mais intensamente refulgiram as virtudes, o zelo apostólico, a operosidade, a bondade  e angélica candidez de DOM ANTONIO FERREIRA VIÇOSO, companheiro do Padre Leandro de Castro, dois filhos de São Vicente de Paulo (que o "Jardim d`Europa à beira-mar plantado" em hora tão propícia enviou ao Brasil)   cujo  período de episcopado se dilatou de 16 de junho de 1844 até 7 de julho de 1875, quando faleceu aos 89 anos de idade, 31 dos quais transcorridos no exercício do múnus episcopal. Encareça- se a magnitude e o esplendor da ação social por ele desenvolvida como missionário lazarista, como professor no Caraça e em Campo Belo, como reformador do tradicional seminário de Mariana e como criador de institutos de caridade para órfãs, muitas das quais vieram a ser virtuosas mães da família" (Antônio Affonso de Moraes, in "Album Catholico de Minas Gerais - 1918/1923").  A primeira vez  que se ouviu falar em Minas o nome de Dom Viçoso  foi na Serra do Caraça, no morro chamado Cruz das Almas. Foi então recebido, na pascuela de 1820,  por dois velhos escravos caracenses do já então falecido Irmão Lourenço.  A causa de beatificação e canonização do "nosso  santo" foi introduzida em Roma em 1986. Quando se reconhecer um primeiro milagre obtido por sua intercessão, Dom Viçoso será declarado Beato ou Bem-Aventurado.  Com um segundo milagre virá a canonização, isto é, será declarado Santo!