quinta-feira, 31 de julho de 2014

COMENTANDO   A   GUERRA   DE    1914

   Escrevendo sobre a A  GUERRA  DE  14,  TRISTÃO  DE  ATHAYDE  recorda que ela ocorre no período de sua adolescência e início de sua juventude, entre os anos de 1914 e 1918, na  fase portanto de sua formação, de seus estudos, de suas indagações, contribuindo poderosamente na busca daquele momento  da definição que o conduziu à Igreja Católica. Lembra que com a abertura do século XX surgiu no mundo a vontade de renovação. As palavras euforia, alegria, satisfação, otimismo dominaram aquele período. No Brasil essa euforia era traduzida pela consolidação da República, das finanças públicas, do progresso material. Politicamente nas consciências mais esclarecidas dominava o ideal do militarismo que surgiria em 1910. Surgia uma nova sociedade sob o signo do bem-estar, da futilidade, do amor de viver. Culturalmente a passagem do século  caraterizou-se por três livros: os SERTÕES de Euclides da Cunha, CANAÃ de Graça Aranha, e a RÉPLICA de Rui Barbosa, pela consagração oficial da POESIA com Olavo Bilac, tendo-se com a morte consagrado Machado de Assis como um escritor universal. Atmosfera em que se formou a adolescência e a juventude de TRISTÃO  na convicção geral de que a vida era SERENA e estável. Num ambiente de uma vida nova, de mediocridade, de filosofia burguesa ia-se formando a sua geração, bem como a de um Sobral Pinto, de Leonel Franca, de Jorge de Lima. Os nascido em 1893 eram nostálgicos do passado, à procura de grandes acontecimentos como os do passado, visto que o presente era indistinto,  medíocre, incolor. O clima de facilidades em que os adolescentes de então viveram culminaram com um grande divisor de águas, definido pela palavra INQUIETAÇÃO OU ANGÚSTIA. FOI UMA ÉPOCA DE INDIVIDUALISMO, sem o predomínio de uma causa comum. Foi contra isto que dasabou a guerra de 1914. Que não foi uma guerra europeia, foi uma guerra universal. Desde o primeiro momento da guerra de 14 era o jovem simpático aos aliados por aquilo  que encarnavam como expressão dos mais autênticos princípios de liberdade e de justiça contra o militarismo e o reacionarismo alemão, a favor do civilismo, da  democracia, da república em oposição ao imperialismo bismarquiano. Forçoso dizer que a burguesia usava a LIBERDADE e a  JUSTIÇA como palavras de  CAIXA ALTA e não como uma filosofia. A PRÓPRIA CAUSA ALIADA, no que ela tinha de mais grandioso, de mais límpido, revelou quanto a burguesia traíra aqueles princípios que havíam os humanos recebido com ceticismo, descrentes que eram  sob muitos aspectos da democracia. Com a guerra o ceticismo da geração contemporânea sofreria terrível impacto reacendendo-se, em todos, aqueles sentimentos de liberdade e de justiça que estavam adormecidos e que até certo ponto careciam de conteúdo exato, claro, definido. Assim a guerra de 14  representou um divisor de águas. Ela veio revelar à humanidade que muitas daquelas ideias eram ideias  pelas quais valia a pena lutar e que se achavam realmente ameaçadas ("Memórias Improvisadas", Alceu Amoroso Lima, diálogos com Medeiros Lima).

terça-feira, 29 de julho de 2014

GUERRA  DE  14  AOS  OLHOS  DE  TRISTÃO

A  GRANDE  GUERRA, 01/O8/1914 a 01/11/1918, estourou como um trovão, uma tempestade, num fim de tarde luminosa, daquele sábado trágico 02/08/1914. Durante mais de uma hora fiquei parado diante da igreja da Madalena, quando os jornais anunciavam a decretação da mobilização geral. Era a despedida de um mundo fácil e divertido, dos balés e dos cabarés. Esse foi um dos grandes momentos de minha vida. Esse dia 02/08, á medida que os anos passam, só têm feito crescer dentro de mim pela sua significação. Eu via em Paris, centro da Europa, que acabava um mundo. Era o fim da euforia. Era a minha mocidade, como a de tantos outros, que se extinguia. Terminava o diletantismo, a disponibilidade. Começava a vida dura, a opção, a obrigação de escolher entre os extremos, entre o pecado e o dogma. Era a angústia e a inquietação que chegavam, que se apoderava de todos nós. Era uma linda tarde como o último momento da doçura de viver. No dia seguinte, Paris abatia-se na tristeza. "Finie la douceur de vivre. Les temps de la passion sont arrivés". Difícil dizer se foi nesse instante mesmo que me ocorreu essa sensação de fim, de desaparecimento de um mundo que cedia lugar a um outro. Evidentemente naquele momento os fatos não se apresentaram com a clareza com que os procurei  manifestar com a lucidez de minha consciência de hoje. Mas já então eu pressentia que alguma coisa terminava. No subconsciente ficou gravada essa transição insquecível, quando um mundo de facilidades, de "alienações", de abandono e de indisponibilidade cessava para sempre. Só aos poucos me foi revelada a sua importância, a sua tremenda significação. Era convicção em Paris de que a guerra era uma questão de três meses. Norman Angel cujo livro lera por essa ocasião sustentava que  era impossível em face dos armamentos modernos e particularmente do
"canhão 75". Não é de hoje que se pensa ser a paz fruto do medo.  Em 1914 o medo não foi suficiente para impedir a catástrofe. Se-lo-á no fim do spéculo XX?  Ou será necessário "algo mais" para se evitar a nova catástrofe já com os monstruosos exemplos de Hiroxima e do Vietnã? E a despeito da verificação trágica  de que a maior potência econômica e militar dos tempos modernos não consegue, com bombas e minas,  abalar a moral de um povo. Naquele tempo eu era  pacifista, porque não acreditava na possibilidade da guerra.  Hoje sou pacifista, porque já vivi duas vezes a realidade da guerra. O choque produzido pelo prolongamento do conflito me iria revelar um fato: o de que a história do mundo é tecida de imprevistos. Era exatamente o avesso de minhas ideias no tempo, quando a vida para mim era constituída de previstos lógicos e predeterminadamente encadeados, sem grandes surpresas e na cereteza de que o dia seguinte era parecido com a véspera.  Assim como a natureza não fazia saltos a história não fazia saltos também" ("Memórias Improvisadas", Alceu Amoroso Lima, diálogos com Medeiros Lima).

     

quinta-feira, 17 de julho de 2014

16/07  =  FESTA  DE  NOSSA   SENHORA   DO   CARMO

No "Monte Carmelo", às margens do atual Estado de Israel, com vistas para o Mar Mediterrâneo,  vivia uma comunidade de ermitões que em 1150 se transformou  numa Ordem Religiosa, adaptada aos costumes do Ocidente. Fugindo da perseguição dos Sarracenos (tribo do norte da Arábia, inimiga dos imperadores gregos, mais tarde convertida ao islamismo), os monges emigraram mais tarde para a Europa. Na noite de 15 ou 16/07/1225,  NOSSA SENHORA ordenou ao Papa Honório III que aprovasse a Ordem.  Não cessando as perseguições dos Sarracenos,  os monges fugiram para a Espanha, tendo então São Simão Stock (carmelita inglês falecido em 1265), superior  geral da Ordem dos Carmelitas,  pedido a Nossa Senhora  um sinal particular de sua proteção. Nossa Senhora apresentou-lhe o ESCAPULÁRIO, de seu nome, NOSSA SENHORA DO CARMO, como insígnia especial de seu amor maternal.  Donde o nome de "Festa do Escapulário" dado à festa desse dia, 16/07. Escapulário (em latim "escápula"= ombro) é uma faixa de tecido pendente sobre os ombros dos padres carmelitas; para os leigos é representado por dois pedaços de pano bento, ligados por duas fitas sobre os quais está escrito o nome de N. Sra. do Carmo. O escapulário nos recorda a vestimenta de Nossa Senhora, sendo para os cristãos um símbolo, insinuando-nos o dever de nos trajarmos simples e decentemente. O PAPA JOÃO XXII escreveu que quem usasse esse ESCAPULÁRIO ficaria livre das penas do purgatório no sábado seguinte ao dia de sua morte.

terça-feira, 8 de julho de 2014

ALEA   JACTA   EST

Na arena do mineirão paira  esta tarde sobre o gramado da arena do Mineirão o semblante gaiato de Neymar. Tranquilo, repousando junto aos seus em São Paulo, acompanhando os vôos no solo e as acrobacias nos ares mineiros da irmã gêmea rotunda, NEYMAR, sorrindo como sempre nas asas ligeiras de sua juventude,  inoculando em cada um de seus dez  companheiros e parceiros solidários a força contagiante de um espírito  otimista e guerreiro , insuflando nos espíritos de cada um parcelas  de seu vigor físico e de um entusiasmo sadio, na certeza de que a corrida atrás da bola só descansará na vitória final, eis como vejo hoje,  comandando da praia santista, César dos tempos modernos atravessando o Rubicão, o rosto radiante na Copa das Copas de nosso heroi NEYMAR.  Thiago Silva  num pensamento que retrata o grito de guerra dos dez companheiros, atirou do alto das alterosas montanhas de Minas à invisível presença real do amigo  NEYMAR o resumo histórico do evento prestes a começar:  "Esse momento pode marcar uma REVOLUÇÃO nossa. SERÁ "O Batismo de fogo em busca de vaga na final, o BRASIL enfrentando a Alemanha com um time que nunca jogou junto e com David Luiz estreando como capitão" (Folha de São Paulo, 08/07/14). PRA  FRENTE,  BRASIL!!!

domingo, 6 de julho de 2014

FEIRA   DE   VAIDADES

As muitas flores conversam
no silêncio do jardim.
"Todas que passam me aspiram!" 
diz a primeira. O jasmim. 

"Eu reino como rainha
e sou por isso orgulhosa.
Qual outra a mim se compara?" 
pergunta, insolente, a rosa.

Da orquídea sofisticada
à repetitiva ortênsia,
gabam todas seus encantos
numa fútil concorrência.

Porém, oculta entre as folhas,
uma flor nos desconcerta:
a violeta quer dar-nos
o prazer da descoberta.

DOM MARCOS BARBOSA



sábado, 5 de julho de 2014

"VÃO-SE    OS   ANEIS...

"FICAM  OS  DEDOS!" Isto mesmo! Não entendo, nunca entendi, mas, quando garoto e escoteiro, num encontro num campo cercado de arame farpado, assistentes de pé, uma meia dúzia de parentes e amigos, feriado nacional, fui um dos onze escoteiros a enfrentar os "meninos da rua" (sem pejorativo! os não filiados aos adeptos de Baden Powell (1857/1941) numa pelada "memorável": lembra-me que o resultado, 1x0,  (por vezes me surpreendo em dúvida...pvc!) que o 1x0 se deveu a meu passe da pelota ao Lulu da Cotinha. De outra feita, como me assaltou a memória, vendo o jogo ontem,  aquele match de Brasil e Argentina na década de 40 do século passado, quando, adolescentes, no Colégio do Caraça, Minas, pedíamos, entusiasmados,  a Getúlio Vargas declarasse guerra à Argentina que massacrava nossos jogadores, LEÔNIDAS inclusive, durante um jogo da "COPA  ROCA", transmitido pela Rádio Nacional, na voz de...seria de César Ladeira?! Mas... ontem foi demais! Logo nos 5 primeiros minutos do jogo com a Croácia, o primeiro golpe de caça (parecia-me)  a Neimar! Recordam-se? E que triste presságio apresentava o trio de juízes em quase todas as partidas da Copa em andamento! Quem sou eu (me lembra o Papa Francisco solicitado a dar um palpite sobre casamento de gays!) para julgar suas excelências os senhores árbitros internacionais da Copa! E ontem à noite deu no que deu! Sem mais comentários, sem lágrimas à vista, restou-nos a solidão no silêncio que baixou de repente sobre milhões de corações brasileiros empanando-lhes o entusiasmo patriótico e desportivo,  chamando-os à realidade dos 2x1 sobre a Colômbia! VEZ OU OUTRA  constatamos com melancolia correr-nos nas veias o DNA de dois anjos: um bom e outro mau! E como, vez ou outra,  se é levado a julgar a presença predominante de um deles sobretudo em disputas esportivas! Repilo a tentação de tal pensamento, (Vade retro!) apelando por aquilo do poeta latino TERÊNCIO: "Nihil humani a me  alienum puto!" Nunca me seria possível deixar de chorar, de sofrer diante da dor de meu próximo! Graças a Deus confortam-nos notícias de que a pancada recebida pelo jovem  Neimar não foi tão preocupante como pareceu à primeira vista.


quarta-feira, 2 de julho de 2014

LEITE   ITAMBÉ  ==   CRIATURA   RUSSA

ENCANTADA com o que um gaúcho lhe contava sobre nosso país, NOS PRIMÓRDIOS DO SÉCULO VINTE a família russa  ZABOLOTSKI desembarcou no Brasil onde se instalou em 1911 em  CAMPINA DAS MISSÕES (Rio Grande do Sul), onde permaneceu e prosperou. Um dos filhos, IGOR CHANEE,  nascido em Korczew, na Bielrrússia em 1934,  só aos 15 anos veio para o Brasil. Imitando o pai,  famoso industrial, coube-lhe  a missão de nos dar a notícia de que,  instalando-se em Taubaté (Estado de São Paulo),  tornou-se  o sucessor do pai na direção de uma fábrica ali criada e que produziu "O  PRIMEIRO  LEITE  CONDENSADO  DO  BRASIL", chamado ITAMBÉ, que existe até hoje, como sabemos. Outro filho, Jacinto Anatólio, nascido em 1956, encarregou-se de perpetuar a cultura russa na nova terra de seus pais, tendo criado em 1992 a Associação Cultural Russa Volga do Brasil que deu origem ao Grupo Folclorico Russo  Troyka. Em reconhecimento a seu trabalho, Jacinto recebeu em maio de 2010 em Moscou a Medalha e Ordem  de São Sérgio de Radonej do Santíssimo Patriarca de Moscou e Toda a Rússia. Advogado e escritor, é autor de um livro sobre a imigração russa no Brasil que foi traduzido para o russo. Dizem ser um dos imigrantes russos que "saíram da Rússia dos quais, porém,  a Rússia não saiu". Nascida na Bielorrússia, Galina Chevtchuk, outra filha,  é engenheira tecnóloga formada em Odessa, onde se casou com o brasileiro e tradutor juramentado Miguel Szewezuk. Chegou ao Brasil em 1964 com o marido. É presidente do Coral  Russo Melodia. Este Coral foi fundado em 1989 por profissionais de canto lírico, alguns formados na União Soviética (Folha de São Paulo).

terça-feira, 1 de julho de 2014

ÀS   PORTAS   AS   ELEIÇÕES!

Para ALCEU AMOROSO LIMA, para se evitar a influência perversa do poder econômico no resultado das eleições a mais urgente das reformas reclamadas pelo nosso povo é a reforma eleitoral. Enquanto não se combater a influência de grupos em favor de interesses menos legítimos o processo de libertação  da grande massa de nossos eleitores continuará entravada, o sentido da democracia representativa estará impedido de produzir seus frutos essenciais. Além do progresso obtido no século passado com o direito do voto feminino, com a extensão desse direito aos maiores de 16 anos e aos analfabetos,  a maioria de nosso povo já se sente no direito e no poder-dever de tornar-se participante e responsável pelo nosso destino político. Nem se objetará que parte de nossa população ainda carece de suficiente discernimento para escolher com o voto aquelas pessoas que vão representá-lo na prudente função de conduzir os destinos do país. Meios de comunicação em pleno século 21 estão aí à mão, no ar, nas telas, nos jornais, nos rádios, na internet, nas escolas, nos livros, ninguém tendo o direito de ignorar  o mínimo pelo  menos do que se exige de um leitor no exercício de seu direito=dever de escolher seus candidatos. A reforma do ensino tem que correr paralelamente à  reforma eleitoral, fornecendo-lhe condições para o conhecimento dos grandes problemas nacionais e o estudo das necessárias soluções. Isto porque  esse trabalho não deverá ser feito por uma elite, cujo papel, e nobilíssimo, será do povo  todo, em conjunto, em assembleia presidida pelos nossos eleitos. O papel de nossos representantes consiste em encaminhar nossos problemas, em contribuir para suas resoluções e consequente decisão por maioria de votos. Mas...o que se sente neste ano de eleições gerais no país é uma profunda e perigosa apatia e descrença com relação às próximas eleições. A solução parece não ser outra senão uma reforma para valer das leis que regem o nosso código eleitoral. O fato é que nossos atuais representantes na sua maioria não têm a coragem, a sensibilidade, o patriotismo, a compreensão de seus deveres, o amor à pátria que os desperte e os leve a enxergar, a abdicar de seus interesses pessoais  e... elaborar com alma grande a tão sonhada e suspirada e necessária REFORMA ELEITORAL.