sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

C I D A D A N I A - 2

"Se nosso projeto aplicasse o MITO de uma cidade terrestre ideal, se ele transformasse a mensagem bíblica na expectativa de um reino terrestre, seria isto a pior traição da Bíblia. Não estamos aqui para nos entretermos com tais devaneios. Poderíamos durante esses poucos dias construir nas nuvens uma sociedade ideal em que todos os problemas estariam resolvidos. Mas quando nos reencontrássemos em seguida em contato com as duras realidades da vida política, tal sonho se dissiparia como uma bola de sabão. E teríamos perdido um precioso tempo. É tal como acontece com as almas muito ambiciosas que se programam no curso de um retiro uma existência ideal de vida espiritual e que finalmente nada cumprem. Preferível é ser modesto, se se quer atingir resultados. A PROFECIA é a DENUNCIA das IDOLATRIAS. Entende-se por IDOLATRIA a atitude de se erigir num ABSOLUTO as realidades políticas ou os sistemas econômicos. Essa idolatria pode ser a pretensão de um povo, ou de uma raça ou de uma classe ou mesmo de uma personalidade em se acreditar superior aos outros e a justificar assim seu direito de oprimir os demais. Não existe um povo eleito. A cor da pele ou o nível de civilização não constituem uma eleição. Só houve um povo eleito, mas sua eleição não era o reconhecimento de sua excelência, mas um dom gratuito. E foi por isso que esse dom pôde, não lhe ser retirado, mas ser comunicados a todos os povos, de tal sorte que mesmo nesse sentido não existe mais um povo escolhido. Cada povo tem sua vocação própria entre os outros e para os outros povos. Essas IDOLATRIAS são a expressão dos orgulhos coletivos. Daí serem fatores das guerras. Só há paz quando se aceitam os outros e portanto as próprias limitacões. É sobre as ruínas de IDOLOS que se constrói a verdadeira paz. E seremos fiéis à verdadeira PROFECIA começando por denunciá-las. Porque o profeta é aquele que fala em nome de Deus e que julga em nome do Deus de todas as coisas terrestres. Seu dever é DENUNCIAR a pretensão de toda realidade criada em se erigir em um ABSOLUTO - e a começar pelo próprio homem em se fazer Deus. Os IDÓLATRAS são em seguida os MITOS que erigem em valor absoluto os sistemas organizacionais da sociedade temporal e transferem para elas as forças do miticismo religioso. O sistema torna-se objeto de fé. Quantos desses mitos temos visto de dois séculos até hoje! Foram característica dos tempos que acabamos de viver. E de que, quem sabe, nos tenhamos libertado. Houve o MITO do LIBERALISMO que se tornava um novo Evangelho e gerava uma confiança absoluta na bondade da natureza humana. Houve o MITO do SOCIALISMO que via na supressão da propriedade privada a entrada nos tempos de salvação e do alijamento do pecado original. Houve o MITO do SOCIALISMO que transformou a realidade humana e santa da pátria em um imperialismo agressivo. Houve o MITO do INTERNACIONALISMO que pretendia realizar pelas forças únicas do homem a unidade da sociedade humana. Claro que há ponderáveis valores nessas diversas correntes. Mas em princípio, enquanto simples abstrações, eles impedem a visão dos problemas na sua realidade concreta e o encontro de uma solução verdadeira. Em segundo lugar eles se apresentam como verdades absolutas num domínio em que nunca se trata senão de disposições relativas e complementares. E na sua tentativa de tudo absorver, eles proliferam como cânceres monstruosos que devoram a humanidade em vez de a libertar" (R.P.Daniélou,S.J. - La Documentation Catholique, - 14/10/1956 - pg. 1317-1318). FIM.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

CIDADANIA - 1

" O assunto, iniciado agora em nosso encontro, é por demais importante. Situa-se, com efeito, no difícil domínio que é o do E N C O N T R O da HISTÓRIA, isto é, do domínio do que há de mais contingente e de mais empírico, com o ABSOLUTO, que é o da realidade soberana de DEUS e DAQUILO QUE ESTÁ ANCORADO NELE. Dá-se o nome de PROFECIA a essa junção ou encontro do TEMPORAL com o ETERNO. É ela a afirmação da presença do ABSOLUTO NO TEMPO, dando-lhe um sentido e o subtraindo de sua dispersão. Onde, porém, se encontra esse ABSOLUTO? Será que a pretensão de querer encontrá-lo nas coisas terrestres não constitui o perigo de o identificar com alguma dessas realidades? A PROFECIA é a DENÚNCIAÇÃO de todo tipo de IDOLATRIA. Entende-se por IDOLATRIA, por exemplo, aquela atitude que erige em ABSOLUTO as realidades políticas ou os sistemas econômicos. Ou a pretensão de um povo, ou de uma classe, ou de uma personalidade de se julgarem superiores aos demais humanos para, assim, justificarem o direito de oprimirem os outros. Essas IDOLATRIAS são de modo geral a expressão de orgulhos coletivos. A PROFECIA poderá ser também a AFIRMAÇÃO de que só há um ABSOLUTO que é DEUS e de que tudo o mais é CONTINGENCIAL. Ela é isso e também outra coisa. Duas observações nos assaltam, quando tratamos do presente assunto. De uma parte, nada é mais perigoso que os FALSOS MESSIANISMOS e os PSEUDO-PROFETISMOS. Se nosso projeto fosse importar o mito de um Estado ou Cidade terrestre ideal, se ele transformasse a mensagem bíblica na expectativa de um REINO-TERRESTRE, seria isto a pior traição da Bíblia. Não estamos aqui para nos divertirmos com tais sonhos. Sabemos que a realidade histórica é resistente, dura, que ela é um campo fechado em que o unido querer das nações e das classes se afrontam. Não acreditamos que se possa abordá-lo numa atmosfera de idílio. Há uma MATÉRIA HISTÓRICA que não se deixa dobrar à exigências das ideologias. Ela desmente as melhores e as piores. Ela é nossa esperança e nossa desesperança. Não pensamos, por outro lado, contudo, que a HISTÓRIA deva ser abandonada à FORÇA, ao DINHEIRO ou à ESPERTEZA. Se sua natureza é resistente, se ela não se deixa modelar ao nosso gosto, ainda assim não temos o direito de a abandonar à sua lei imanente. Nossa decisão então se impõe. Ela não pode, de outra parte, violentar impunemente certas leis fundamentais que não são os imperativos da consciência senão porque são fundamentalmente as leis do ser. A ÉTICA é uma componente da POLÍTICA. Esta não é uma pura técnica! Ela é desde Platão a CIÊNCIA DAS LEIS que devem reger a CIDADE DOS HOMENS. E porque essa cidade é constituída de seres humanos, ela deve levar em consideração a NATUREZA HUMANA e o DESTINO do ser humano. Os problemas da humanidade presente não podem reduzir-se a problemas de pura técnica. Eles implicam em opções para o homem. E assim somos obrigados desde então a introduzir a PROFECIA no seio do MUNDO DA TÉCNICA na medida em que só ela dê sentido a essa técnica" (Jean Daniélou, filósofo francês, 1905-1974). O assunto continuará.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

CARNAVAL EM PETRÓPOLIS - 2010

Neste ano de 2010 celebrei o sexagésimo terceiro aniversário de meu abraço conquistador e apaixonado à cidade de Petrópolis. Era o dia 21 de janeiro do ano de 1947. Em agosto o presidente americano Harry Salomon Truman presidiu no Hotel Quitandinha a "Conferência de Petrópolis" ou "Conferência para a Manutenção da Paz e da Segurança no Continente", destinada a conter a revolução comunista. Vivia-se uma época de transição da ditadura Vargas (1937-1945). Embora cassado, o Partido Comunista fumegava ainda em Petrópolis, cidade que fornecera, pelo desempenho que aí tivera, como seu prefeito, um dos candidatos derrotados nas eleições para presidente da república: o engenheiro Yedo Fiuza. Mas o candidato de Petrópolis para a nobre missão era rebento de seu berço, o Tenente Brigadeiro Eduardo Gomes. Como se sabe, venceu o pleito o General Eurico Gaspar Dutra. Foi nesse ano também que tive a primeira visão da Cidade Maravilhosa. Recolhi-a do alto de uma das dezenas de montanhas que compõem o cenário da cidade. Lendo bem mais tarde o saboroso livro do caracense Joaquim de Salles, mineiro da cidade do Serro, eis o que ele escreveu em seu "Se não me falha a memória", recordando o que vivenciou em idênticas circunstâncias: " O mar exerce sobre os mineiros verdadeira fascinação. Um dos espetáculos que mais me empolgavam em Petrópolis era ver do Alto da Serra, muito ao longe, um trecho da baía carioca. Ficava a mirá-lo longo tempo. Inteiramente alheio ao que se passava em torno...O Padre Calleri, lazarista, gostava de me chamar à realidade, batendo-me ao ombro para despertar-me daquela ausência de tudo, absorto como ficara diante das águas do oceano". Nesses dias de carnaval passados em Petrópolis, caiu-me nas mãos um precioso álbum elaborado por ocasião do centenário de fundação do jornal "Tribuna de Petrópolis" (100 anos em revista = 1902-2002). Por simples mas pitoresca curiosidade, eis o que publicou em 06/03/1908: "Pilotando seu Brasier de 16 cavalos, o conde Lesdain fez a primeira viagem de carro entre São Paulo e Rio. Os 700 quilômetros de distância foram percorridos em apenas 26 dias!" E esta: "Pela primeira vez um automóvel fez o percurso Capital Federal-Petrópolis. A façanha foi de Gastão de Almeida que partiu na tarde de ante-ontem da avenida Central no Rio e deverá chegar hoje em Petrópolis. O esportista vem em um Dietrich-course acompanhado de mais dois viajantes". E por último: " Os Estados Unidos invadiram o Haiti. A decisão americana foi uma reação imediata ao assassinato do Presidente Vibrum Guillaume Sam, morto no dia anterior".

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

PENITÊNCIA SEM FORMALISMO

"A história da Igreja ensina que, se a disciplina penitenciária variou através dos tempos, foi para melhor exprimir a intocável lei da penitência. Vivemos num desses momentos de mutação em matéria de leis eclesiásticas. Elas exprimem o cuidado da Igreja de obedecer mais intensamente à vontade de seu Senhor. Cristo jamais proibiu comer carne na sexta-feira. Apenas disse: "Arrependei-vos porque o reino de Deus está próximo!" Modernamente a Igreja tornou mais preciso o conteúdo desta lei e a impôs aos fiéis. Veio uma época em que ela constata que 2/3 da humanidade passa fome e que para ela essas restrições alimentares não têm sentido. Que nos países bem alimentados a abstinência de carne corre o risco de tornar-se um puro hábito sem valor penitencial. Enfim, que, para ser real, a penitência exige uma escolha pessoal mais mortificante que a obediência fácil a um preceito muito preciso. Ela interveio então e disse: deveis mortificar vosso corpo e vosso espírito. Vós o fareis uma vez por semana pelo menos, no dia aniversário da crucifixão de vosso Mestre. Escolhereis vós mesmos o objeto de vossa penitência. Unireis vossa ascese à caridade fraterna e à oração para que seja a expressão de vossa caridade para com Deus e o próximo. Desta forma, a mensagem apresenta a penitência numa pureza maior e com uma força mais mortificante, porque solicita de nossa parte uma resposta ativa e mais livre na escolha dos meios. Amanhã, estejamos certos, a Igreja modificará seus preceitos sem que se pretenda que a lei divina mudou. Assim agindo, a Igreja nos ajuda a uma submissão proveniente de uma consciência mais racional e de uma liberdade mais engajada". ("La Documentation Catholique", 01/01/1967, pg. 91, autor Mons. Coelini, bispo de Ajacio).

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

NADA DE NOVO DEBAIXO DO SOL

Há meio século impressionou-me um livro de Gustavo Corção: "DEZ ANOS". Abri-o agora e lhe confio o que aí vai: "... fiquei acabrunhado outro dia, quando um chofer, a propósito de um desses " aproveitadores", respondeu-me com desânimo: "Ora, são todos iguais... " Não, Senhor! O país anda mal justamente porque há uns que são diferentes, e que são muito piores. E é por isso também que fiquei triste ao ler numa carta de d. Hélder Câmara a Carlos Lacerda aquela passagem onde diz que fraude e corrupção existem em todos os partidos. Mas não no mesmo grau nem com as mesmas características! Esse modo de dizer, que tende a generalizar e a igualar, me parece inadequado e injusto! É possível que um inquérito rigoroso realizado no interior do Brasil viesse a revelar muitas fraudes eleitorais praticadas por membros da UDN, do PL, ou do PDC. Mas o que se tornou público e notório, sem necessidade de inquéritos e estatísticas, é que foram os homens daqueles partidos que pleitearam medidas de purificação do pleito e que foram homens do PSD que resistiram obstinadamente, tenazmente, a essas medidas. Foram também os homens daqueles partidos que se bateram pela declaração de bens dos candidatos, e foram os do PSD que resistiram e que transformaram as declarações em documentos indecifráveis. Diga-se que todos são pecadores, que temos muitas razões de queixas dos udenistas e dos libertadores, mas daí a dizer uma coisa que insinua que são todos iguais vai um abismo: o abismo que separa um mísero homem honesto de um desses "aristocratas" do momento. Não, amigo chofer. Não, d. Hélder. O Brasil está dessorando misérias não porque sejam todos iguais, mas porque alguns pretendem ser diferentes e conseguem!" (Abril, 1956).

domingo, 7 de fevereiro de 2010

QUARTA-FEIRA DE CINZAS

Na BÍBLIA encontram-se várias passagens apontando as CINZAS como sinal de PENITÊNCIA. Em Mateus 11.21 lê-se:"Se em Tiro e Sidônia se tivessem realizado os milagres em vós realizados, há muito se teriam arrependido, cobrindo-se de CINZAS". "Com CINZAS sobre seus turbantes clamavam ao Senhor que visitasse toda a casa de ISRAEL" (Jud. 4, 16). A CINZA pelos seus elementos caústicos, por isto é que, quando criança, observei minha mãe usá-las para a fabricação de "sabão preto", simboliza o efeito purificador da penitência e da dor. E mais: todo vegetal ou animal, perdendo suas forças vitais, mais cedo ou mais tarde se reduz a pó ou a cinza. Daí lembrar-nos o Padre Antônio Vieira que não passamos de um "pó levantado"! Símbolo, pois, é a CINZA ou o pó daquilo que um dia seremos: "LEMBRA-TE, HOMEM, QUE ÉS PÓ E AO PÓ VOLTARÁS!" A cinza que se impõe em nossa testa na quarta-feira de cinzas tem por fim, além de convencer-nos de nossa origem no tempo, somos pó e a ele regressaremos, despertar em nós o sentimento de humildade com que praticarmos a penitência de nossas ingratidões para com o nosso Criador. "Quando jejuardes, não tomeis um ar sombrio como fazem os hipócritas, pois eles desfiguram seus rostos para que seu jejum seja percebido pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam sua recompensa"(Mateus, 6, 16). O nome "quarta-feira de cinzas" nos recorda que essas cinzas são originadas da queima dos ramos ou palmas que no ano passado foram usadas na procissão do Dia de Ramos, quando Jesus triunfalmente foi recebido em Jerusalém. Nessa quarta-feira que inaugura a Quaresma nos primeiros tempos do Cristianismo as cinzas eram impostas aos penitentes públicos. Posteriormente, a partir do século XI, tornou-se geral. Que QUARTA-FEIRA de CINZAS nos recorde que somos pó - MEMENTO HOMO QUIA PULVIS ES - e que ao pó voltaremos - ET IN PULVEREM REVERTERIS! (Gen. 3,19). Costumava-se cantar a seguinte antífona (versículo que se diz ou se entoa antes de um salmo ) durante a imposição das cinzas: "IMMUTEMUR HABITU IN CINERE ET CILICIO: JEJUNEMUS ET PLOREMUS ANTE DOMINUM QUIA MULTUM MISERICORS EST DIMITTERE PECCATA NOSTRA DEUS NOSTER". Por meio da cinza e do cilício renovemos nossa vida. Jejuemos e invoquemos o Senhor porque nosso Deus é muito misericordioso para perdoar nossas faltas".

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

CARNAVAL - QUARESMA - PÁSCOA

A fixação anualmente da data da celebração do CARNAVAL só pode ser determinada depois da apuração, no respectivo ano, do dia em que se comemorar o DOMINGO DA PÁSCOA. Para se obter este dia, tem que se conhecer e se trabalhar com duas ferramentas: o ANO SOLAR e o ANO LUNAR. Recorde-se que o ANO SOLAR tem um pouco mais de 365 dias e meio. E o ANO LUNAR tem 11 dias a menos que o SOLAR. É por conta desta desigualdade quantitativa de tempo existente entre esses dois tipos de ano (Solar e Lunar) que a data do CARNAVAL não tem mês fixo todo ano para realizar-se. Isto porque a data da sua celebração depende da apuração do dia no ano em que os Cristãos comemorarão a PÁSCOA ou RESSURREIÇÃO de CRISTO. Historicamente em cada ano o DIA DA PÁSCOA se fixa, atendendo-se ao que se contém na BÍBLIA, no LIVRO DO ÊXODO, cap.12, 1-14, quando o Senhor Deus, por intermédio de Moisés, mandou que, na noite da Primeira Lua Cheia após o equinócio da Primavera no hemisfério Norte, fosse imolado e consumado o Cordeiro Pascoal. IMPORTANTE: como esta ordem divina tivesse sido exarada na vigência do uso do ANO LUNAR, e como somente bem mais tarde tivesse sido adotado o calendário baseado no ANO SOLAR, necessário se fez (e se faz ainda, pois na BÍblia se conta o tempo na base do ANO LUNAR) um ajuste anualmente da data da Páscoa, já que o tempo é medido atualmente à luz do ANO SOLAR. Feito esse reajuste sob os cuidados de pessoal capacitado, sabe-se que NESTE ANO DE 2010 o DIA DA PÁSCOA (comemoração do Cordeiro Pascoal e da Ressurreição de Cristo Jesus) cairá no dia 4 DE ABRIL. Sendo o DIA DA PÁSCOA o mais importante para os Cristãos, a "Igreja, para imitar o exemplo do Divino Redentor que jejuou 40 dias no deserto, instituiu a QUARESMA ( de QUADRAGÉSIMO, QUARESMA), período de 40 dias em que os Cristãos se preparam condignamente para a celebração da PÁSCOA. ESTES 4O DIAS começam a contar-se, de diante para trás, do sábado anterior ao DIA DA PÁSCOA (4 de abril deste ano de 2010). Contem-se então 6 semanas anteriores ou seja, 42 dias. Desses 42 excluam-se os 6 domingos, pois não se jejua em domingos. Sobram 36 dias. Para se completar o número de 40 dias, no século VIII acrescentaram-se 4 dias: o sábado, a sexta-feira, a quinta-feira e a quarta-feira (QUARTA-FEIRA DE CINZAS) imediatamente anteriores ao primeiro domingo da Quaresma (neste ano este domingo cai no dia 21 de fevereiro). A QUARESMA começa na QUARTA-FEIRA DE CINZAS e termina AO MEIO DIA DO SÁBADO ANTERIOR AO DIA DA PÁSCOA. E o CARNAVAL que teve originalmente um sentido genuinamente cristão ocupa os três dias que precedem a Quarta-feira de Cinzas.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

JOÃO-DE-BARRO

Costumo, lá se vão quarenta anos, passar os fins de semana na bela Petrópolis, no bairro Bingen, num aprazível recanto, com vistas para a BR-040, plantada bem no alto da serra, sempre a me trazer o cheiro bom do café-com-leite mineiro e me levando em espírito e saudades para as bandas das terras por Gorceix definidas como "um coração de ouro num peito de ferro". Divertindo-me sempre no trato do trecho de terra que Deus me proporcionou, cuidando de plantas e flores, desfrutando à noite da visão de um dos mais belos céus estrelados do Brasil, como me confidenciou um dia meu falecido irmão Getúlio, e apreciando por demais a variedade de pássaros que nos visitam, nunca ali me aparecera sequer um JOÃO DE BARRO, bem como jamais árvore alguma me satisfizera o desejo de pelas redondezas vislumbrar pelo menos uma CASA, ainda que abandonada, do "dito cujo" filho alado do criador da natureza. Uma das riquezas de minha terra natal , Bonfim, Minas Gerais,era a profusão de casas de joões-de-barro a se equilibrarem nos galhos das árvores ou nos postes de eletricidade. Por vezes até numa superposição, dupla ou tríplice! De uns cinco anos para cá, porém, eis que dou com um casal deles caçando alimento em nosso terreno. A admiração que nutria pela espécie talvez decorresse da originalidade arquitetural de sua residência. Não sem razão ganhou o nome de "FURNARIUS RUFUS", do latim "furnaria"= "forneiro" (numa referência ao seu modo de construir seu ninho, com aspecto e configuração de um FORNO, "RUFUS", do latim "rufus" = "vermelho", "rubro"). Minha alegria, contudo, chegou ao apogeu, quando, cerca de uns três meses, o canto cascateado e gárrula e saltitante de um casal no galho muito alto de uma árvore do vizinho me encantou o olhar. Bem que vez ou outra dera com um dos dois pisando, andando, na terra barrenta de nosso terreno. Pois foi dali, por certo, que eles carrearam a argamassa com que levantaram o berço dos filhos que já tinham encomendado. Confesso: realizei-me! Faltava-me casa de joão-de-barro em Petrópolis e quem sabe terá sido aquela a única ou pelo menos a derradeira pérola a se engastar na densa e rica mata imperial da "Cidade das Hortênsias". BEM-VINDO A PETRÓPOLIS, MEU CASAL DE JOÃO-DE-BARRO!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

SIGNIFICADO DA PALAVRA CANDIDATO

Em época bastante remota, surgiu entre os eleitores uma dúvida interessante com relação às pessoas que poderiam ser sufragadas, e portantp eleitas para o exercício da função ou de PARLAMENTAR ou de MAGISTRADO. Tratando-se de candidatos ao PARLAMENTO, perguntava-se: poderia ser validada a eleição de uma pessoa fosse qual fosse a sua côr? Ou amarela, ou negra, ou vermelha, visto que a palavra CANDIDATO vem do latim CANDIDATUS que quer dizer "de côr branca"? Este vocábulo deriva do verbo latino "canére"= estar branco. O poeta Virgílio escreveu: Dum gramina canent"= "Enquanto as ervas estão brancas da geada". A dúvida procedia. Por que se chamavam "CANDIDATOS" os pretendentes ao cargo ou dignidade de Parlamentar nas "priscas eras" de Roma? Mas não foi difícil solucionar-se a dúvida. É que os que se apresentavam como possíveis escolhidos para o cargo, pertencendo às classes ricas, usavam a toga (espécie de capa ou manto de lã) cândida, isto é, BRANCA, por sobre a túnica. Quando se expunham ao sufrágio, com a ajuda de um giz branco especial procuravam realçar mais ainda a brancura de suas togas que, assim, se distinguiam bem mais das togas comuns, ordinárias. Eles se tornavam MAIS BRANCOS, embranquecidos, isto é, "CANDIDATI". Convém saber que tal costume foi oportunamente proibido, como se pode ler em Tito Lívio IV, 15: PLACET TOLLENDAE AMBITIONIS CAUSA NE CUI ALBUM IN VESTIMENTUM ADDERE PETITIONIS LICERET CAUSA". "Tratando-se da eleição de pessoas para exercerem a MAGISTRATURA, costumavam os pretendentes à magistratura trajarem somente a TOGA (CAPA OU MANTO) sem a túnica que se vestia sob a toga. Isto por duas razões: ou para comoverem os eleitores com a humildade do traje ou então para exibirem as cicatrizes por ventura adquiridas nas guerras. Ou não seria para que não se pudesse levantar a suspeita de que carregassem dinheiro para corromper o eleitor? O dinheiro! a alma dos "mensalões"e dos "mensalinhos"! E diz Giovanni Papini na "História de Cristo": "O pão transforma-se na mesa da igreja no Corpo Imortal de Cristo. A moeda é também o sinal visível de uma transubstanciação. É a hóstia infame do Demônio!"