sábado, 26 de fevereiro de 2011

ATENTADO TERRORISTA DE LOCKERBIE

No dia 21/12/1988 houve um atentado terrorista, a 10.000 m. de altitude, contra o avião boeing 747-121, da PAN AM, voo 103, que levantara voo do aeroporto de Londres com destino a Nova Iorque. O avião explodiu no ar acima da cidade escocesa de Lockerbie, matando 270 pessoas (259 do avião e 11 em terra), sendo 180 americanos. Depois de muitas investigações, dois líbios foram acusados como responsáveis pelo atentado. A Líbia recusou entregá-los, sendo submetida a sanções internacionais desde o ano de 1992. Depois de muitos entendimentos, os dois libaneses enfrentaram a corte escocesa na Holanda, tendo sido um deles condenado a prisão perpétua, enquanto o outro, inocentado, ganhou a liberdade. O condenado, bastante debilitado por doença grave, conseguiu autorização e regressou à Libia em 2009. Estou recordando esse fato, porque um pormenor, sempre focalizado pela televisão, quando dos discursos de Gaddafi diante de um prédio usado para suas apresentações me chamou a atenção: um ante-braço levantado num pedestal, creio, apertando, ou melhor espremendo com a mão a minúscula figura de um avião que, pelo aperto dos dedos, se parte em dois. Que tem o seu conjunto a ver com a vida de Gaddafi? Lembrei-me então do acidente de Lockerbie do dia 21/12/1988, vésperas do Natal, quando os habitantes dessa cidade escocesa se preparavam para as alegrias da vinda do Deus Menino.

GEORGES BERNANOS AMIGO DO BRASIL

Em artigo publicado na França em 27/12/1945, GEORGES BERNANOS escreveu o seguinte: "Há 7 meses, enquanto aguardava no RIO meu regresso à Europa, pude escutar num meio-dia de radioso inverno brasileiro a notícia da rendição da Alemanha espalhar-se em todos os quadrantes dessa incomparável cidade. Agradeço a Deus ter vivido esse dia. Agradeço a Deus tê-lo feito tão belo, tão puro! Gostaria de poder conformar sempre com ele o meu coração. Amigos distantes do Brasil, aos quais voa agora meu pensamento, é exatamente num momento como esse que eu teria querido dizer- vos adeus. Mas, enquanto eu viver, a palavra e a ideia de vitória não me ficarão inseparáveis do horizonte sublime que eu tinha então sob os olhos. Isto me satisfaz. Um homem pode viver muito bem de um pequeno número de lembranças, e um mais pequeno número ainda provavelmente lhe basta para sua agonia. Sejam quais forem as provações que me esperam, estou certo de que encontrarei na sua tristeza a lembrança dessa hora gloriosa, assim como um diamante sob as cinzas! Seis meses já se foram, o ano está se acabando já, não importa! Amanhã como ontem, aqui como no Brasil, eu falarei por aqueles que não querem ser enganados, que não confundem a ilusão com a esperança. A esperança é um ato heroico e desinteressado da alma de que os negligentes ou os imbecis de modo algum são capazes. Neles a ilusão substitui a esperança. Eles tomam um veneno por um alimento. Porque a ilusão é um veneno, repito, ao mesmo título e pelas mesmas razões que a heroina ou a morfina. Ela enfraquece o juízo, degrada as vontades. Sim, alguns entre nós existem que, mesmo em 1940, jamais duvidaram da vitória, tinham na vItória uma invencível esperança. Esses nunca saberiam suportar ser confundidos com aqueles que a propaganda jamais cessou de sustentar com mentiras, como se procura entreter a vida de um moribundo com injeções ou balões de oxigênio. Apesar disto eles foram até o fim, sim, mas eles não foram até ao fim da guerra, foi ela, a guerra, que foi até ao fim desses infelizes. Eles sofreram a guerra e se preparam para sofrer a paz. Sofrendo passivamente a guerra, facilitavam talvez o papel daqueles que a faziam. Mas a paz exige muito mais que o otimismo ou a docilidade. É muito menos fácil reconstruir um mundo que destruí-lo, ou antes, para destruí-lo basta a raiva e o medo, ao passo que a paz é uma obra de generosidade, de inteligência e de amor" ("SI VOUS SAVIEZ', pp.107).

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

MATIAS, APÓSTOLO DA ETIÓPIA

No dia de hoje, 24/02, a Igreja celebrava a festa de SÃO MATIAS APÓSTOLO, homenagem que depois do Vaticano II foi transferida para o dia 14/05. Os ATOS DOS APÓSTOLOS narram que "naqueles dias Pedro levantou-se no meio dos irmãos e disse que era preciso escolher dentre eles um substituto de Judas. Lembrou que deviam escolher um que os tivesse acompanhado durante todo o tempo em que o Senhor vivia no meio deles, a começar pelo batismo de João, até o dia em que foi elevado ao céu. Dava como razão dessa observação o fato de que o escolhido deveria ser testemunha da ressurreição de Jesus Cristo. Juntos todos rezaram dizendo: "Senhor, tu conheces o coração de todos. Mostra-nos". Como a dizer que a escolha deveria ser feita por Jesus que conhecia os corações, pois a eleição devia ser feita por ele e por mais ninguém. Então tiraram a sorte entre dois, José, chamado Barsabás, que tinha o apelido de Justo, e MATIAS, vindo a sorte a recair sobre MATIAS que aos onze apóstolos se juntou desde então. A escolha se deu quando os Apóstolos estavam reunidos no Cenáculo, preparando-se para a descida do Espírito Santo, dias antes da Ascensão de Jesus aos céus. Possivelmente Matias foi anunciar o Evangelho na ETIÓPIA, país atualmente em situação bastante calamitosa. São Clemente de Alexandria deixou-nos dele o seguinte pensamento: "Castigai o corpo pela mortificação, a fim de que o espírito esteja submisso ao crucificado". Morreu mártir por Cristo. Para alguns autores Santa Helena transportou parte de suas relíquias para Roma e a maior parte para Treves na Alemanha onde são honradas na igreja de São Matias. Sabemos, por outra parte, como Maritain, Bloy, a família Pierre Van Der Meer mantinham sempre acesa a lâmpada da devoção a esse santo mártir.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

"OS MORTOS DIRIGEM OS VIVOS'

Por umas duas vezes na vida dei de cara com o pensamento seguinte: "OS MORTOS DIRIGEM OS VIVOS!" Mas somente depois que minha esposa se foi, julgo-me ter sido conquistado por ele. E atualmente considero-o um dos ingredientes do conceito, da definição de um dos dogmas mais consoladores da religião católica: a Comunhão dos Santos. Assim como entre as 3 Pessoas da SSma. Trindade é tão profunda a união que as caracteriza que, embora numa haste apenas A TRINDADE contida, isto é, na natureza divina, ela desabrocha em três pessoas distintas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, assim me parece que, tendo sido nós criados - e redimidos depois da queda - na qualidade de Filhos Adotivos de Deus, portanto em misteriosa união com a Santíssima Trindade, assim quis Deus, numa imitação infinitamente longínqua daquela que liga o Pai com o Filho no Espírito Santo, assim quis Deus que aquele mesmo Espírito Santo que é, na expressão de Santo Agostinho, o laço de unidade entre o Pai e o Filho, repito: quis Deus que aquele mesmo Espírito nos abraçasse a todos e nos unisse entre nós, como a alma une as diferentes partes do corpo humano. O Espírito Santo nos envolve, como por uma corrente de ouro, a Deus e a Cristo, a todos os coros dos anjos, ao exército dos apóstolos, às legiões dos mártires, dos confessores e das virgens. Por meio DELE todos estamos unidos, compenetrando-nos, mutuamente nos pertencendo. "Embora sejamos numerosos, somos um só corpo no Cristo e membros uns dos outros (Gal.III,28). A Comunhão dos Santos interage em três dimensões diversas: a Igreja Triunfante socorre os vivos e os mortos; a Igreja Padecente intercede pelos vivos, e a Igreja Militante oferece fraternalmente as mãos aos que ainda mourejam na terra e aos que padecem no Purgatório. Não é precisamente assim que funciona a Comunhão dos Santos? Muita verdade portanto encerra a frase: "OS MORTOS DIRIGEM OS VIVOS. Isto é, os CELÍCOLAS intercedendo pelos irmãos que se purificam no Purgatorio e pelos irmãos que labutam, formando a igreja militante. OS QUE SE PURIFICAM NO PURGATÓRIO apelam aos habitantes do Paraíso Celeste em favor dos irmãos que mourejam na terra. Por sua vez, OS MEMBROS DA IGREJA MILITANTE devem estar perenemente intercedendo pelos padecentes do purgatorio e pelos irmãos a seu lado que constituem com eles a igreja militante, bem como pelos seres todos humanos que como filhos de Deus são chamados a fazer parte da Igreja Militante, remidos que foram todos pelo sangue redentor de Cristo. E termino com o pensamento do General George Patton que comandando tanques de guerra tanto colaborou na derrota dos nazistas na Segunda Guerra Mundial, quando da invasão da Europa: "Aqueles que rezam fazem mais pelo mundo que aqueles que lutam; e se o mundo vai de mal a pior, é porque existem mais batalhas que orações!"

sábado, 19 de fevereiro de 2011

A POUCA CONHECIDA "COMUNHÃO DOS SANTOS"

Por COMUNHÃO DOS SANTOS entende-se a COMUNICAÇÃO MÚTUA DE SOCORROS (de orações, de expiações, de benefícios espirituais) ENTRE OS CRISTÃOS QUE: 1. SE JÁ ESTIVEREM NO CÉU, formam a IGREJA TRIUNFANTE: 2. SE ESTIVEREM NO PURGATÓRIO, formam a IGREJA PADECENTE; 3. se forem ainda passageiros nesta vida, constituem a IGREJA MILITANTE. Sempre que invocarmos a intercessão dos santos ou sufragarmos as almas do purgatório, afirmamos nossa fé no DOGMA DA COMUNHÃO DOS SANTOS. Tão forte é a solidariedade ou coesão do POVO DE DEUS que "somos membros uns dos outros: (Rom.12,5). Na medida em que somos alimentados pela seiva divina, fazemo-la circular no grande organismo: o POVO DE DEUS. Assim, ninguém está sozinho! Todos se apoiam uns sobre os outros. Todos se ajudam. Damos e recebemos sem cessar. "A caridade não busca os seus próprios interesses"(Gál.6,2). Esse intercâmbio espiritual vigora plenamente apenas entre os membros "vivos"de Cristo: os que estejam na graça do Senhor, participando de todo bem sobrenatural que se faça em todo o mundo! Mas os membros enfermos, os pecadores, não se acham desamparados. São ajudados pelos bons exemplos dos virtuosos e sobretudo pelas oracões públicas da Igreja e pelas preces e penitências das almas que imploram a Deus luz e perdão para os transviados. A Igreja Padecente se vale do refrigério dos Sacrifícios Eucarísticos, das orações, boas obras, INDULGÊNCIAS e, em troca, essas almas do Purgatório intercedem por nós. Seja para nós motivo de consolo sabermos que, aparentemente isolados, sempre agimos socialmente, envolvidos numa rede de orações, de penitências, de boas obras. Embora ninguém assista à nossa derradeira agonia, não morremos sós! Pela COMUNHÃO DOS SANTOS ocorre o que se chama a "REVERSIBILIDADE DOS MÉRITOS", a saber, o fato de que uns podem merecer pelos outros! Há uma lei de equilíbrio divino chamada a COMUNHÃO DOS SANTOS EM VIRTUDE DA QUAL O MÉRITO DE UMA ALMA É REVERSÍVEL SOBRE O MUNDO INTEIRO ( LÉON BLOY).

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

INDULGÊNCIAS

Vimos que na confissão a absolvição dada pelo sacerdote apaga não só a culpa (nódoa do pecado) mas também a pena eterna (castigo) merecida. Vimos, porém, também, que, embora perdoada a culpa e o castigo ou pena eterna, o pecado, mesmo perdoado, deixa no pecador uma tendência para o mal ou alimenta uma desordem interior. Esta desordem deve ser extinta, para que o cristão possa ver Deus face-a-face na outra vida. Para extirpar essa desordem, o penitente deve excitar em si o amor a Deus, capaz de vencer todos os amores desregrados, o que se realiza pela prática da mortificação e das boas obras e, na Igreja dos primeiros tempos, pelo jejum. Como este praticamente se tornou inexequível, na Idade Média a Igreja propôs obras mais fáceis, às quais anexou os méritos de Cristo, através das INDULGÊNCIAS. INDULGÊNCIA (do vocábulo latino "indulgere" = ter compaixão) é a remissão que a Igreja Católica nos faz da pena temporal devida aos pecados já perdoados. A aplicação da INDULGÊNCIA se faz pelo emprego muito justo e legítimo das riquezas ou méritos que constituem o chamado TESOURO DA IGREJA. Este TESOURO consta dos méritos superabundantes de JESUS CRISTO, da Santíssima Virgem Maria e dos Santos, e também de todas as BOAS OBRAS DE TODOS OS FIËIS. A indulgência é PLENÁRIA quando liberta totalmente da pena temporal devida pelos pecados. Será PARCIAL, e libera só parcialmente ou EM PARTE da pena temporal. As INDULGÊNCIAS podem aplicar-se tanto às pessoas vivas como às pessoas já falecidas e que se encontram no purgatório. Para bom entendimento do assunto, é preciso saber que o pecado tem uma dupla consequência. O pecado grave nos priva da comunhão com Deus e nos torna incapazes da vida eterna no paraíso; esta privação se chama "PENA ETERNA" do pecado. Por outro lado, todo pecado, mesmo venial, acarreta um apego prejudicial às criaturas, às coisas criadas por Deus, que exige purificação, quer aqui na terra, quer depois da morte, no estado chamado "purgatório. Esta purificação liberta da chamada "PENA TEMPORAL" do pecado. Essas 2 penas não são uma espécie de vingança infligida por Deus do exterior, mas antes como uma consequência da própria natureza do pecado. Uma conversão que proceda de uma ardente caridade pode chegar à total purificação do pecador, não subsistindo mais qualquer pena.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

ICHTHUS = JESUS CHRISTUS DEI FILIUS

Falando das CATACUMBAS de Roma, julgo oportuno trazer ao conhecimento de todos um EPITÁFIO ou inscrição sobre a lápide do túmulo de um CRISTÃO de nome PECTÓRIO, descoberto em Autun em 1839, sem data precisa, mas seguramente um monumento dos primeiros séculos da era cristã. Eis alguns dos pensamentos nela esculpidos: "Raça divina do "ICHTHUS" celeste, recebe do Salvador dos Santos o alimento doce como o mel. Toma-o, come-o e bebe. Tua mão sustenta o "ICHTHUS". Divino "ICHTHUS", escuta minha prece, eu Te conjuro, Mestre e Salvador, que minha mãe repouse em paz! Aschandius, meu pai, a ti que tanto quero com amor filial, junto de minha doce mãe e de todos os meus, na paz do divino "ICHTHUS", lembra-te de PECTORIUS, teu filho" ("Histoire de l'Eglise", L.Marion, vol. 1, pp 315). Com certeza a palavra "ICHTHUS" lhes parece estranha, quando nos primeiros séculos do cristianimo era de uso bastante frequente. ÏCHTHUS", vocábulo grego, quer dizer em português "PEIXE". Claro que " as precárias condições em que se desenvolveu a arte cristã NOS 3 PRIMEIROS SÉCULOS NÃO PERMITIRAM EM ARQUITETURA PRIMORES ARTÍSTICOS OU DESENVOLVIMENTO DE ALGUM GÊNERO PRÓPRIO, apenas germes da arte que se desenvolveu em nossos templos. A Igreja, contudo, jamais foi contrária ao progresso das ciências ou das artes, uma vez que se enquadre esse progresso dentro dos limites retos da sã razão humana, inspirada e iluminada pelo espírito cristão. Assim, desde o início, não rejeitou as manifestações da arte, ao contrário amparou-as e procurou interpretá-las do espírito cristão". Muito natural, pois, que as primeiras manifestações da arte, dentro e fora das catacumbas, apresentassem peças arquitetônicas tomadas dos modelos pagãos e civis de Roma, no que patenteia a Igreja o seu espírito de largueza, sua repugnância pela intransigência, sem quebra dos ideais de sua fé. Ao lado, porém, e com grande aparato, figuravam as inscrições e imagens principalmente nas lápides que cobriam os túmulos e paredes. E uma das pinturas mais usuais era do "ICHTHUS", a do PEIXE. Porquê? Porque a expressão em latim "JESUS CRISTUS DEI FILIUS", e em grego, usando-se os caracteres de nossa língua: "ÏESÚS CRISTÓS TEOÚ UIÓS", permite-nos ver que as letras iniciais da expressão em grego formam a palavra grega "ICHTHUS"= peixe. Em resumo: I = IESUS; C = CRISTÓS; T = Teoú ( de Deus); U = Uiós (filho em grego). Está confuso, não? Conclua comigo e com o Pequeno Príncipe: "Nada é perfeito! "Ou com Camões, falando de nossa língua portuguesa nos Lusíadas: "E na língua na qual quando imagina, com pouca corrupção crê que é a latina". Finalizando: a imagem de Jesus Cristo era representada nas catacumbas pela figura do PEIXE. É o que até hoje ainda perdura em nossas igrejas.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

DAS CATACUMBAS PARA O CARAÇA

A Arquitetura latino-cristã divide-se em dois períodos: o das PERSEGUIÇÕES, época das CATACUMBAS, até o século IV, DC, e o da PAZ, época das BASÍLICAS, desde então até as INVASÕES BÁRBARAS no século V. Por CATACUMBAS entendem-se as criptas e galerias subterrâneas, de diferentes profundidades, cavadas pelos cristãos primitivos, para servirem de CEMITÉRIOS aos fiéis defuntos. Também se utilizaram nos tempos de perseguição como refúgio e esconderijo, e lugar sagrado para a celebração dos santos ofícios e da memória dos mártires. A palavra catacumba, nome dado aos cemitérios subterrâneos dos primitivos cristãos de Roma vem do grego "catá"= "junto de"+ "cubitorium" (LATIM) = "túmulo". Localizam-se nas redondezas das principais Vias Romanas, constando de diversas galerias ou corredores, em geral estreitos, com um metro de largura e dois de altura, entrecruzando-se em várias direções. Chega a 42 o número de catacumbas metodicamente exploradas pelos arqueólogos. Venera-se na igreja do Colégio do Caraça em Minas a relíquia preciosa do verdadeiro e perfeito corpo de São Pio Mártir, coberto de cera. Veio diretamente das catacumbas de Roma, extraído do cemitério de Santa Ciríaca, com a data de 09/06/1792. Atesta-o o bispo de Porfírio, Dom Frei Cristiano, Prelado do Papa PIO VI, a pedido do fundador do Caraça, Irmão Lourenço. "São Pio morreu mártir, lutando e triunfando, há séculos nas arenas de Roma, descansando hoje no silêncio do Caraça em um leito de veludo e sobre almofadas de seda. Aperta na mão esquerda a palma da vitória. Ao lado da cabeça, coroada de diamantes e rosas está o vaso que contém um pouco de seu sangue misturado com um punhado de terra da cidade dos Papas. Segura com a mão direita uma longa e larga espada. Uma couraça de prata lhe cinge o peito. Cobre-lhe os ombros e envolve-lhe todo o corpo um manto guerreiro com franjas douradas. A seus pés puseram-lhe o brilhante capacete romano" ("Guia Sentimental do Caraça", SARNELIUS, pp.110).

domingo, 13 de fevereiro de 2011

VALOR SATISFATÓRIO DAS BOAS OBRAS

Todo ato bom, feito livremente, em estado de graça, com intenção sobrenatural, tem: a) VALOR MERITÓRIO, produz aumento da graça habitual (estado de graça) e direitos à glória celeste. b) VALOR SATISFATÓRIO: o pecado fere a justiça e o amor; aquela, porque é rebeldia contra Deus; esse, porque despreza a Deus infinitamente amável. No pecado, além da ofensa a Deus, a culpa, que é remida pela contrição e absolvição, há ainda a considerar o desordenado apego à criatura, ao criado, isto é, a pena; pelo gozo ilícito que tomou na criatura, merece o pecador sofrer algo que lhe seja penoso. A pena ou castigo só a devida satisfação pode apagar, compensando a injúria feita. Sabemos que a contrição perfeita com o desejo da absolvição, e a contrição imperfeita ou atrição, unida à absolvição efetiva, nos livram da culpa e da pena eterna. Cessada a inimizade com Deus, fugimos ao inferno, só nos restará a pagar pelo demasiado apego às criaturas, às coisa criadas. Cristo, sem dúvida, expiou por nós os pecados, compensando superabundantemente toda a injúria feita a Deus pelos nossos pecados. Cumpre-nos obter pessoalmente o benefício desta satisfação oferecida por Cridto, o que fazemos pelos atos penitenciais cumpridos em virtude dos merecimentos de Cristo, sofrendo com ele para com ele sermos coroados (Rom. 8, 17). Em toda a verdade, "os penitentes redimem seus pecados por JESUS CRISTO, pois que as satisfações por nós oferecidas, em Cristo, equivalem condignamente às penas, merecidas por nossos pecados. Por isso, após a absolvição sacramental o confessor reza assim: "Que a Paixão de N.S.J.C., os merecimentos de Maria Santíssima e de todos os santos, tudo quanto de bom fizeres ou sofreres, te sirva para remissão dos pecados, aumento da graça e prêmio da vida eterna". Deste modo, todas as nossas boas obras são elevadas à dignidade de satisfação sacramental pelos nossos pecados.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

50 - " GERAÇÃO - 60"

"GERAÇÃO-60"! A POSTOS! 10/12/2010 À VISTA!...E o "velho e nobre Samuel", badalando o sino, despertou das quebradas e vales e montanhas de Minas os 135 homens e 19 mulheres, em resumo: " A GERAÇÃO 60", para a inadiável "PRESENÇA", dez lustros transcorridos, na casa fundada por quem, há 100 anos finando, tivera vocês no pensamento, ocupantes que foram do palácio jurídico das montanhas de Minas. "ADSUMUS!" E a 'PRESENÇA"se fez juvenil em plena maturidade na esfuziante fraternidade de 50 anos passados. A comprovação estampou-a o "GERAÇÃO 60 - PRESENÇA NA CASA DE AFONSO PENA". Bem se houve o homenageado escolhido, Washington Peluso, carimbando a agremiação cultivada e por isto mesmo aguerrida e irmanada de "UMA TURMA...FRATERNIDADE QUE JAMAIS SE ACABA..." Quantos "RUBICÕES" à frente, topados e atravessados! Mal engatinhando e eis que tenebroso túnel lhes dificulta os passos: o regime do apagão juridico. Externamente, um mundo em convulsão: uma guerra fria a ameaçar a paz tão frágil! Mas, de outro lado, sinais de manhãs promissoras também: a queda do muro de Berlim! O regresso no país de um Estado de Direito. A faixa presidencial que, afinal, é transmitida de um presidente a outro. E vocês, "GERAÇÃO 60", empunhando as ferramentas jurídicas, dividindo o precioso tempo entre os afazeres domésticos e familiares, e as horas profissionais da dedicação às leis e à sua aplicação nos casos que se lhes são levados, SENDO A MÃO DIREITA DE DEUS E DO ESTADO no nobilíssimo afã de cumprir o que lhes foi sugerido jurar naquele 10/12/1960. Parabéns pelo jubileu celebrado e pelo artístico álbum, coletânea de confissões sinceras e carinhosas de quem há 50 anos se conhecem e se estimam.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

FALECE O PAPA PIO XI

Dez horas da manhã, sala de aulas do terceiro ano primário, Grupo Escolar Mello Vianna, Bonfim, MG. Dia 12/02/1939. A diretora, coisa rara, interrompe a preleção da professora Dona Lourdinha e, depois de comunicar o falecimento do PAPA PIO XI, dispensa-nos das restantes obrigações escolares do dia. Com o correr do tempo, fui sabendo tratar-se de ACHILLE RATTI que dirigiu a
SANTA IGREJA DO POVO DE DEUS do dia 06/02/1922 a 10/02/1939 com o nome de PIO XI. Faleceu 8 meses antes da deflagração da Segunda Guerra Mundial, sendo substituído por PIO XII no mês de março seguinte. Em 29/06/1931 dirigiu ao mundo o documento importante, por exceção em taliano, "NON ABBIAMO BISOGNO", atacando o fascismo italiano e a estatolatria; sendp tal publicação na Itália proibida pelo governo, um célebre cardeal norteamericano se encarregou de introduzi-la na península itálica. Já em 1926 Pio XI condenara a " ACTION FRANÇAISE". Em 1937 através do documento 'MIT BRENNENDER SORGE" denunciara a perseguição nazista aos católicos da Alemanha, condenando o culto da raça e do Estado. Em 17/05/1925, canonizou Santa Terezinha do Menino Jesus, proclamando-a Padroeira Universal das Missões. Celebrara em 1929 o Tratado de Latrão, pondo um ponto final entre o Vaticano e o Governo italiano sobre estados da península. Em 12/02/1931, com a presença de Marconi, havia inaugurado a Rádio Vaticano. Como se sabe, em setembro seguinte, 1939, irrompeu a segunda guerra mundial do século XX. Recordações: um mês antes, em agosto, hospeda-se no modestíssimo projeto de hotel de minha terra sob a direção de meus pais um funcionário da BAYER. A troco de alguns tostões, quatrocentos réis com certeza, e era quantia não desprezível, fui distribuir nas residências uma "folhinha" (calendário) de propaganda dos remédios da empresa, ou laboratório. O folheto trazia em ponto colorido e saliente a figura simpática, ascética, coroada pela tiara, sentado na cadeira gestatória, levada nos ombros dos soldados da guarda suiça, o novo Papa Cardeal Eugênio Pacelli, sob o nome de PAPA PIO XII por quem nutro profunda admiração.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

11/02/1942 - GRUTA DE LOURDES - CARAÇA

Nesse dia comemorativo da aparição de Nossa Senhora a Santa Bernadete, em Lourdes, França, Monsenhor Leovigildo Franca, vigário da paróquia de Santa Terezinha, na entrada do Túnel Novo, Rio, foi oficiante da primeira missa celebrada na Gruta de Lourdes, na serra do Caraça. O Livro de Crônicas do Colégio assim imortalizou nos dizeres do ilustre visitante sua presença entre os "bons padres lazaristas, sempre tão amigos do clero secular": "No dia de Nossa Senhora de Lourdes celebrei missa na Gruta de Lourdes, extraordinariamente bela, no meio da floresta, a uns 4 quilômetros do colégio. Foi a primeira vez que se disse missa nessa gruta. Pareceu-me estar celebrando numa grande catedral, bem brasileira; a abóbada era o azul do céu; as colunas, nossas árvores gigantescas; a orquestra, o vento que zumbia na folhagem; o coro, a passarada, entoando as laudes matutinas, e a lâmpada, o sol enchendo tudo de claridade e alegria. Que bela missa aquela! No supremo culto de latria, adorávamos a Deus, autor de tantas maravilhas e lhe rendíamos graças por nos ter criado brasileiros, filhos de uma terra onde tudo é grande e belo e bom. Caraça! Que saudades!... Foram dias de céu, inesquecíveis. A impressão mais forte que senti foi a do silêncio daquelas montanhas gigantescas, longe, muitas léguas, de qualquer cidade ou aldeia, o silêncio, mormente à noite, é tão profundo e majestoso que chega a atemorizar... Sentia necessidade, às vezes, interrompendo a leitura, de bater com os pés no assoalho do velho casarão, para ouvir alguma coisa e ter a impressão de que algo vivia no quarto onde eu estava. Que distância infinita do barulho ensurdecedor da boca do Túnel Novo à quietude silenciosa e benéfica da Serra do Caraça!" No dia seguinte, 12/02/1942 "colocou-se no alto da porta da sacristia, ao fundo do corredor das aulas, uma pequena estátua de Nossa Senhora. Diante dessa imagem rezávamos diariamente o Angelus Domini, recordando a visita de São Gabriel a Nossa Senhora e a Imaculada Conceição de seu Divino Filho".

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A BÊNÇÃO DE UM ANIMAL É UM SACRAMENTAL

No dia 03/02 a Igreja nos ministrou a bênção de São Brás, então comemorado, como no dia precedente assistimos à bênção das velas, dia de Nossa Senhora das Candeias. São 2 exemplos de um rito litúrgico instituído pela Igreja e que tem o nome de SACRAMENTAIS. São sinais sagrados que produzem efeitos espirituais obtidos pela intercessão da Igreja, dispondo-nos a viver os efeitos principais dos sacramentos e santificando diversos atos e circunstâncias de nossa vida. Diferem dos SACRAMENTOS que significam e produzem a graça em nossas almas. Há SACRAMENTAIS destinados a PESSOAS: a crianças consagradas a Nossa Senhora depois do batismo; aos enfermos; a quem vai viajar; etc. E há também SACRAMENTAIS destinados a objetos, como medalhas, crucifixos, rosários, velas, animais, etc. Como a Igreja sabe que o cristão deve santificar-se em sua vida de cada dia servindo-se de todos aqueles objetos de que faz uso frequente, ela intercede junto de Deus pedindo que o ambiente em que se vive, os objetos que se manuseiam sirvam sempre a todos como meios de santificação. Entre tantos objetos, citemos as casas, os escritórios, as fábricas, os meios de locomoção, os instrumentos de trabalho como livros, máquinas, etc."A liturgia dos SACRAMENTAIS obtém, em favor dos fiéis bem dispostos espiritualmente, que quase todos os acontecimentos da vida sejam santificados pela graça divina que flui do mistério da Redenção de que todos os sacramentos e sacramentais tiram sua eficácia. Quase não há uso honesto de coisas materiais que não possa ser dirigido à finalidade de santificar o homem e louvar a Deus".

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

RESTITUIÇÃO DOS MÉRITOS

Um dos 4 efeitos produzidos pelo sacramento da reconciliação é A RESTITUIÇÃO DOS MÉRITOS DE TODAS AS BOAS OBRAS ANTERIORES PERDIDAS PELO PECADO MORTAL. Que é MÉRITO ou obra meritória? Mérito é uma obra boa, feita com o socorro da graça por amor de Deus, e digna, aos olhos dele, de recompensa sobrenatural, isto é, de uma participação à vida de Deus, à graça e à glória. Existe o MÉRITO DE JUSTIÇA que constitui verdadeiro direito à recompensa, mas neste caso exige-se da parte da pessoa a graça habitual ou ESTADO DE GRAÇA; e existe o MÉRITO DE CONVENIÊNCIA, para cuja aquisição basta A GRAÇA ATUAL. A GRANDEZA do Mérito depende: a) da santidade ou dignidade da pessoa que quer merecê-lo; o mérito de Jesus Cristo é infinito! o mérito do justo é maior que o do pecador, porque a graça o faz filho e amigo de Deus. b) da excelência ou dificuldade da obra: uma grande esmola é mais meritória que uma pequena feita pela mesma pessoa, mas o óbolo da viuva vale mais aos olhos de Deus que o ouro dado pelos ricos. c) da perfeiçào, isto é, da pureza de intenção, do fervor, da caridade de quem faz a obra. OBSERVAÇÃO: Perdida a GRAÇA SANTIFICANTE ou ESTADO DE GRAÇA pelo pecado mortal fica-se privado também de todos os MÉRITOS adquiridos anteriormente com nossas boas obras. Se, porém, a alma culpada recuperar a graça santificante ( Estado de Graça), seus méritos passados tornam a viver, mas as obras feitas no estado de pecado ficam inúteis para o céu. Veremos da próxima vez que todo ato bom, feito livremente por alguém em estado de graça com intenção sobrenatural, possui, além de um valor meritório, um valor SATISFATÓRIO.

CONFISSÃO = RECONCILIAÇÃO

O sacramento da CONFISSÃO, hoje mais conhecido como o sacramento da RECONCILIAÇÃO, abrange 3 ATOS da parte de quem se confessa: CONTRIÇÃO, CONFISSÃO e SATISFAÇÃO. 1. A CONTRIÇÃO supõe um exame de consciência sincero. É chamada PERFEITA quando se repudia o pecado, porque ofende a Deus; será IMPERFEITA ou ATRIÇÃO que é a dor de ter ofendido a Deus, causada sobretudo pela vergonha do pecado ou o temor de perder o céu e merecer o inferno. 2. A CONFISSÃO: é o reconhecimento das faltas, diante de Deus, e declaradas ao sacerdote, com humildade e arrependimento. 3. A SATISFAÇÃO também conhecida como "penitência" imposta pelo confessor, quando alguém se confessa; não é multa, mas ajuda medicinal para eliminar da alma do penitente todo resquício de pecado, pois este supõe uma desordem interior e alimenta a desordem. O SACRAMENTO DA RECONCILIAÇÃO produz os seguintes EFEITOS: 1. ABSOLVE, REMITE a CULPA e a PENA ETERNA do pecado. O PECADO produz os seguintes efeitos: a) a CULPA ou mancha da alma que, SE O PECADO FOI MORTAL, exclui a graça santificante ou o que comumente se chama o " estado de graça", de união perfeita com Deus adquirida pelo batismo pela filiação divina; e b) a PENA que consiste na obrigação de uma reparação da injúria que os pecados causam a Deus ou do dano que causam ao próximo. 2. RESTITUI A GRAÇA SANTIFICANTE ou da justificação, quando alguém se acusa de pecado mortal cometido, ocasião em que o sacramento da reconciliação de pecador nos faz justos, santificados. 3. DÁ DIREITO A GRAÇAS ATUAIS que nos ajudam a nos corrigir e a perseverar no estado de graça. Graça atual é um auxílio sobrenatural e transitório que Deus nos dá, para nos iluminar a inteligência e fortalecer a vontade na produção de atos sobrenaturais. 4. RESTITUI OS MÉRITOS DE TODAS AS BOAS OBRAS ANTERIORES PERDIDAS PELO PECADO. Em outro blog trataremos deste quarto efeito do sacramento da reconciliação, o QUE nos fará voltar a falar da COMUNHÃO DOS SANTOS.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

OS MÁRTIRES DE TIBHIRINE - ARGEL

Perto de Media, a 90 quilômetros de Argel, numa zona montanhosa, está situado o mosteiro trapista de TIBHIRINE, fundado em 1938. Os monges aí se consagram à oração e ao cultivo da terra que, nacionalizada em 1976, permite aos religiosos conservar a porção que podem cultivar. Em 14/12/1993 doze operários cristãos de origem croata que ali trabalhavam foram decapitados perto do mosteiro. Poucos dias depois, em 24/12/1993, um grupo armado do GIA (GRUPO ISLÂMICO ARMADO) invade o mosteiro, exigindo levar consigo o médico da comunidade, Irmão Lucas. O superior recusa o pedido, prometendo que ele estaria disponível para cuidar dos doentes que o procurassem. Na noite de 26/03/96, de madrugada, um grupo de 20 pessoas se apresenta no mosteiro. Dirige-se diretamente ao claustro e sequestram sete dos nove monges habitantes do mosteiro. Dois deles escaparam, por se acharem em outro quarto. No dia 30/04/1996 surge no consulado francês uma mensagem cassete com as vozes dos sete monges sequestrados e desaparecidos, juntamente com a promessa de trocá-los por prisioneiros. Por fim, no dia 21/05/1996, vem a público o comunicado de número 44, atribuído ao GIA, nos termos seguintes: "Decapitamos os sete monges conforme prometemos". No dia 02/06/1996 na igreja de Notre-Dame de Argel foram celebradas as exéquias dos sete monges assassinados. Entre 1994 e 1996 dezenove padres e religiosos, além do bispo de Oran, Pedro Claverie (01/08/1996) foram executados na Argélia. O mosteiro de TIBHIRINE abriga atualmente o monge Jean-Pierre, um dos dois sobreviventes da noite de 26/03/1996.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

CELIBATO ABRAÇADO LIVRE E CONSCIENTEMENTE

Citei no blog de 26/01/11 os dizeres seguintes do defensor da permanência do celibato eclesiástico: "...trata-se de uma discipina da Igreja que, longe de ser uma imposição, é um estado de vida ABRAÇADO LIVRE e CONSCIENTEMENTE por quem deseja o estado sacerdotal". A respeito desta afirmação, dois reparos: primeiro, para o autor o" abraçar livre e conscientemente" se refere só ao estado sacerdotal ou conjuntamente ao estado sacerdotal e ao celibato eclesiastico? segundo reparo: levando-se em consideração que o tal abraço abarca o estado sacerdotal e o celibato, este, na verdade, é uma imposição, pois "não se trata de um preceito divino". Deixando de lado essa distinção, como a ordenação sacerdotal, pelo menos até o advento do Vaticano II, se dava ordinariamente depois dos estudos no seminário menor e maior, ponho em dúvida se um tal estado de vida (o celibato sacerdotal) tinha condições de ser abraçado LIVRE E CONSCIENTEMENTE por crianças e adolescentes separados das famílias e do mundo e confinados em seminários. Deixando para os entendidos apresentarem argumentos psicológicos em favor do que afirmo, detenho-me em citar Pio XII ("Menti Nostrae", ( 23/09/1950): " Se os jovens, especialmente os que entraram no seminário em tenra idade são formados num ambiente demasiado afastado do mundo, ao saírem do seminário poderão encontrar sérias dificuldades nas relações tanto com o mundo miúdo quanto com o laicato culto...por esse motivo é preciso diminuir gradativamente e com a devida prudência a separação entre o povo e o futuro sacerdote, a fim de que este, recebida a sagrada ordenação, quando iniciar seu ministério não venha a sentir-se desorientado, o que não somente seria danoso para o seu espírito, como anularia até a eficácia de seu trabalho". Ou o Papa Paulo VI ("Gaudium et Spes", Constituição Pastoral, 07/12/1965): "... a dignidade do homem exige que possa agir de acordo com uma opção consciente e livre, pessoalmente, isto é, movido e levado por convicção pessoal e não por força de um impulso interno cego ou debaixo de mera coação externa". E cito os dizeres de um provincial da Província Brasileira da Congregação da Missão, já falecido (in "Recordações", pp. 142): "Muitos saíram da Congregação, consequência da determinação do Papa Paulo VI ao reconhecer que a permanência de seminaristas, sobretudo religiosos, nos seminários, por longo período sem contato com a família e a sociedade, tolheu-lhes a oportunidade de verificar se tinham verdadeira vocação". Termino citando o Padre Maurílio Teixeira Leite Penido, ex-diretor espiritual no seminário do Rio Comprido: "Se tivesse de recomeçar ( o ofício de diretor espiritual em seminário), seria implacável: qualquer dúvida seria motivo para afastá-los do sacerdócio; complacência seria, não caridade, senão fraqueza".

MANIFESTAÇÃO DO CLERO CATÓLICO

Os dois jornais franceses, LE FIGARO e LE MONDE, publicam hoje, 04/02/11, o conteúdo do manifesto "EGLISE 2011: uma indispensável renovação", assinada por 143 teólogos, quase todos professores, de origem alemã, austríaca e suissa. Neste documento peticiona-se o fim do celibato eclesiástico, a ordenação sacerdotal de mulheres. a participação dos fiéis na nomeação de bispos e o fim do "rigorismo moral" da Igreja Católica, além do reconhecimento dos casais homossexuais. Os signatários do documento trazem a público a sua publicação, aproveitando-se da oportunidade do momento, quando se sabe que em setembro próximo o Papa Bento XVI estará visitando sua pátria de origem, a Alemanha. Como justificativa da liberação das petições apresentadas lembram a crise sem precedemtes que atravessa a Igreja Católica na Alemanha, e podíamos acrescentar no mundo todo, desde que eclodiu a série de escândalos de abusos sexuais perpetrados por sacerdotes. Os peticionários esclarecem, a propósito, que o "silêncio de morte" que em geral acompanha semelhantes manifestações por parte de membros do clero não é aceitável, pois tem como efeito reduzir a nada as "últimas esperanças".

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

VIDA RELIGIOSA - VIDA MATRIMONIAL"

"VIDA RELIGIOSA" é a dos fiéis que abraçam os conselhos evangélicos da castidade, pobreza e obediência dentro dos quadros reconhecidos pela Igreja. ABAIXO o pensamento de THOMAS MERTON sobre VIDA MATRIMONIAL e VIDA RELIGIOSA: "Poderíamos compreender melhor a beleza da vocação religiosa ( da Vida Religiosa), se nos lembrássemos de que o CASAMENTO ( a Vida Matrimonial) é também uma VOCAÇÃO! A VIDA RELIGIOSA é uma forma especial de santidade, reservada comparativamente a poucos. O caminho ORDINÁRIO de santidade e de plenitude da vida cristã é o CASAMENTO. É no ESTADO CONJUGAL que em sua maioria os HOMENS e as MULHERES se tornarão SANTOS! E, no entanto, são tantos os CRISTÃOS a dizerem de si mesmos, por não terem sido chamados à vida religiosa: "Não tenho vocação alguma!" Que grande erro! Eles têm uma admirável vocação, tanto mais que ela (a vocação à vida conjugal) goza de uma relativa INDEPENDÊNCIA E IMUNIDADE AO FORMALISMO. Pois a sociedade que é a família vive muito bem por suas ESPONTÂNEAS LEIS INTRÍNSECAS. Ela não tem necessidade de regras e costumes codificados. O AMOR é a sua REGRA, e todos os seus costumes são a viva expressão duma profunda e sincera AFEIÇÃO. Em certo sentido, a vocação ao estado conjugal É MAIS DESEJÁVEL do que qualquer outra, graças ao fato de que é na VIDA DE FAMÍLIA QUE ESSA ESPONTANEIDADE, ESSE ESPÍRITO DE LIBERDADE E UNIÃO NA CARIDADE são tão facilmente acessíveis ao homem comum. O FORMALISMO e ARTIFICIALISMO que se insinuam nas COMUNIDADES RELIGIOSAS são dificilmente admitidos em família onde FORTES valores humanos triunfam das incursões da FALSIDADE. Os CASAIS deviam agradecer a Deus o fato de que essa vocação À VIDA MATRIMONIAL, com todas as responsabilidades e incômodos, é um certo e seguro meio de santificação que os protege de serem TORCIDOS ou RESSEQUIDOS por um CONVENCIONALISMO. Vivendo em íntima união com Deus, Criador e Fonte de vida, compreenderão melhor do que outros o mistério da sua infinita fecundidade de que eles têm o privilégio de participar. Criando FILHOS em circunstâncias difíceis, poderão, talvez, entrar mais fundo no mistério da PROVIDÊNCIA DIVINA do que outros que, POR SEU VOTO DE POBREZA, deviam TEORICAMENTE depender mais diretamente de Deus, mas que, DE FATO, jamais sentiram a angústia da INSEGURANÇA!" ("HOMEM ALGUMA É UMA ILHA", DE THOMAS MERTON, PP.154).

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

MENSAGEM DA MALA

Lembrando os 96 anos de Merton, dia 31/01/2011, citei um pensamento que escreveu 3 meses antes de falecer em Bancoc: "O que se grava em minha mente é que em breve eu deixarei mesmo este lugar, para por muito tempo viver só com uma MALA - tudo que tenho estará dentro dos 20 quilos que um avião carrega para a gente". Ainda tentando faiscar nesse raciocínio do monge santo de Getsemany, cai-me nas mãos uma carta do santo leigo brasileiro, Tristão de Athayde, à sua filha beneditina, escrita em 1951, de Washington: "Sabe no que estava pensando agora na missa? Na sua MALA! Sim, quando você me fala que foi com X. "Na MALA", - que pôs ou tirou alguma coisa "DA MALA"- vi por este traço - que não sei se é propositado numa cela de mosteiro - de qualquer modo, intencional ou não, vi que tem um sentido muito profundo. É o de que a vida é uma viagem e nós viajamos. Ter uma MALA sempre e sempre à vista, é como que dizer que devemos estar sempre com a ideia da morte diante de nós. É o meio de nos colocarmos na verdadeira condição de nossa vida: eternos passageiros. MALA, símbolo de viagem! Não apenas daqui prali, mas da viagem de onde nunca mais se volta. Foi o que pensei na missa quando rezei, como todos os dias, pela sua vocação e por sua permanência na Abadia, longe de NÓS e perto de DEUS, perto de NÓS PORQUE mais perto de Deus, sem estar dividida nem pelo marido, nem pelos filhos, nem pelas festas, nem pelo trabalho no mundo. Só com Deus, só conosco. Tenho o consolo de saber que Nosso Senhor fez a Igreja para todos e não apenas para os MONGES. E todos temos uma alta missão a cumprir, cada qual no seu terreno! Minha filha, você hoje está mais conosco do que se estivese aqui. Acredite nas palavras do seu Pai que nunca enganou você. A saudade crucia mas constroi!" São Vicente de Paulo, meditando um dia sobre a MALA, parece-me que procurando com quem comparar os padres da Congregação que fundou, saiu-se com esta que já atravessa TRÊS séculos: "Nos somos os carregadores da MALA dos Jesuítas". Como foi feliz Henriqueta Lisboa, A POETISA MINEIRA, em escrever o poema "A Flor de São Vicente": "Do caule esguio em penhor, três pétalas - uma flor! Humildade. Simplicidade. Caridade. Ó penhor! De que maneira se há de aproximar dessa flor? O gesto suspenso em meio a um delicado tremor, entre o anelo e o receio de tocar essa flor!"