sexta-feira, 30 de setembro de 2011

PAUSA PARA DESCONCENTRAÇÃO

" Ontem um amigo de LYAUTHEY (1854/1934), importante colonizador francês, veio visitar-me. Ele fora ver o marechal, pouco tempo antes de falecer. LYAUTHEY estava deitado, com um terço entre os dedos. "Vede, disse ao visitante o marechal, mostrando o rosário, eis tudo que me resta". "E ele possuíra um império!", ajuntara o narrador. Eis o que JULIEM GREEN completou: "Mas o que ele tinha entre os dedos valia muito mais que um Império!"

"Refleti bastante esta manhã sobre um jovem, falecido esta manhã em Paris. Tinha 20 anos e queria viver muito! Não lhe disseram que ia morrer e ele mergulhou na morte sem o saber. Quiseram poupar-lhe esse choque. Tem-se o direito de deixar partir os homens na noite sem o viático?"("LE BEL DAUJOURDHUI", Julien Green).

"Meu pai se zangou, porque, escrito o poema, lhe disse que me restava corrigi-lo. Mas, o que é escrever senão corrigir? O que é esculpir senão corrigir? Já vistes modelar a argila? DE CORREÇÃO EM CORREÇÃO SAI UM ROSTO! E A PRIMEIRA DEDADA JÁ ERA CORREÇÃO AO BLOCO DE ARGILA! AO FUNDAR A MINHA CIDADE, MAIS NÃO FAÇO DO QUE CORRIGIR A AREIA! DEPOIS CORRIJO A MINHA CIDADE. E, DE CORREÇÃO EM CORREÇÃO, CAMINHO PARA DEUS!" ("CIDADELA', Saint-Exupéry).

"Amigo é aquele que não julga. É aquele que abre a porta ao mendigo, à sua muleta, à sua bengala arrumada a um canto. Não lhe peças que dance para julgares como dança. E o mendigo narra a primavera sobre a estrada lá fora! O amigo é aquele que recebe nele a primavera. E, se descrever o horror da fome na aldeia donde vem, sofre com ele a fome. O amigo no homem é aquela parte que é para ti e que te abre uma porta que talvez ele não abra nunca noutro lado. E no templo o amigo que graças a Deus acotovelo e encontro é aquele que vira para mim o mesmo rosto que o meu, iluminado pelo próprio Deus". ("CIDADELA", Saint-Exupéry).PAUSA PARA DESCONCENTRAÇAO

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

29/09/1941: O MAIS LONGO DIA DO ANO

Acreditem ou não, revelo um segredo jamais confessado. Um DIA ocorreu-me, e lá se vão 70 anos, que foi o dia mais longo de minha vida. Novidade? Não! E Josué falou diante dos filhos de Israel: "Sol, não te movas de sobre Gabaão, e tu lua, de sobre o vale de Ajalão". E o sol e a lua pararam. Não houve, nem antes nem depois, um dia tão longo" ("Livro de Josué", (XI, 11-15). O dia mais longo que vivi começou às 10h da manhã de 27/09/1941 e terminou às 19 h do dia 29/09/1941, ao ser recebido no Colégio do Caraça. Distinguiu-se o meu dia do outro, narrado pela Bíblia, pelo volume dos fatos no curso dele ocorridos: AFASTAMENTO do lar paterno de uma criança no final da infância e no início da adolescência; VIAGENS EXECUTADAS: uma primeira, interrompida pela PERMANÊNCIA DE UM DIA, em BEAGÁ, na casa de tios e primos só então conhecidos; outra e última viagem com final de chegada ao destino buscado: CARAÇA. Longo dia pelas emoções despertadas no filho, nos pais e irmãos cada vez mais distanciados. Longo ademais pela misteriosa natureza de um colégio oculto nos flancos de altíssimas montanhas. Longo dia pela lentidão dos passos do tempo em meio a um ócio indesejado. Longo dia pro filho, embora não tanto, pois a vida da criança mais se assemelha ao vegetal e ao animal, passivamente aceitando o que se lhe oferece. Longo dia, sim, e só quem é mãe ou é pai o enfrenta, quando se lhes solta da guarda e dos olhos e das mãos um primeiro filho - e mais dorido se for único - que busca outro mar para viver. Esse dia mais longo foi aquele vivido por Maria Santíssima quando Cristo, depois de crucificado e morto, deixou de dar notícias por três dias incompletos: parte da sexta-feira santa, todo o dia de sábado e parte do domingo da ressurreição. E com a agravante, no caso de filho que parte definitivamente: tanto mais longo será o dia quanto mais durar a ausência! A presença de um leito vazio, de um lugar de menos à mesa, o som de uma voz que se deixou de ouvir, a constante ilusória visão de um rosto sabidamente longinquo, vez ou outra vislumbrado, ou sonhado, o só sentimento da presença de uma ausência, sem perspectiva do momento de um regresso, isso, e tudo o mais que a maternidade e a paternidade engendram, só a força do coração de uma mãe, de um pai, para medir as dores de uma separação, sobretudo tratando-se de uma criança que mal começa a desabrochar para a vida. É pensando e vivendo as angústias do coração num tão longo dia que , vez outra, sobretudo nos primeiros meses de meu distanciamento de casa, e mais aguçadamente quando recebia uma carta de um dos pais, costumava, de repente, no silêncio da preparação de uma aula, ouvir a voz de minha mãe a me chamar, despertando-me a saudade: "Lulu, vem varrer o terreiro! Lulu, vai catar graveto pra acender o fogo!" Quanto deve ser por Deus recompensado o sacrifício de um pai, de uma mãe, em favor de um filho ou filhos à procura no mundo de um espaço onde construir seu futuro!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

29/09/1941 = 70 ANOS DE CARAÇA + ADOLESCÊNCIA

Amanhã, 29/09, 70 anos de entrada no CARAÇA do Castro, do Gauthier, do Zé Franco, do Ganso (Batista), do Trindade e de JAIR BARROS. TE DEUM LAUDAMUS! Deve viver mais alguém da turma por esses brasis afora, mas não localizamos. Não consigo esquecer o que ouvi do Padre Cruz, diretor do Colégio, ao me receber: "Ei, seu inglês disfarçado!" His dictis, no penúltimo blog eu, como tantas outras criaturas, em vão lamentava não atinar com a causa do episódio do garoto de 12 anos que atirou na professora em São Paulo. Lembrei-me, contudo, de um livro Ä CRISE DO ADOLESCENTE", que me acompanha faz uns 40 anos, onde recordei algo de que pinço umas ideias aqui transcritas. Os autores concordam em que a ADOLESCÊNCIA se coloca mais ou menos entre os 11 ou 12 anos e os 17 ou 18 anos. CARACTERÍSTICAS: a SINGULARIDADE, porque não pode ser colocada em paridade absoluta com as demais idades do homem; dessa idade dependem as demais idades dO homem, idade que faz com que tudo aquilo que nela fazemos fique gravado para a vida inteira na consciência ou na subconsciência; a PLASTICIDADE, idade em que a natureza é mais capaz de receber uma forma para toda a vida, idade da permanência, daquilo que se adquire, idade da formação, em que nascem os primeiros sintomas da racionalizacão, idade em que começa a formar-se a nossa personalidade, a adolescência é plástica, mas não líquida: as impressões aí não passam rapidamente, as marcas ficam; a INQUIETAÇÃO, porque muitas coisas se tornam interrogação; idade dos contrastes, da imitação, ou para o bem ou para o mal ;a idade da REVOLTA , da reação contra o meio, surgindo o sentimento da contradição. Daí dizer-se que sendo a família aberta, solidamente constituída, aí se terá a condição fundamental para que a reação do adolescente para com o meio se resolva naturalmente. A família fechada provoca uma falsa submissão, a família mundana traz a dissolução, a entrega do adolescente aos azares da vida. Sempre existe um estado de tensão contínua, de emulação entre o adolescente e a família, pois se trata de uma idade em que a consciência da personalidade e portanto o espírito de independência são naturais. A independência traz consigo um estado natural de indocilidade. E muitas vezes existe da parte dos pais frequente incompreensão da psicologia do adolescente. Costumamos nós pais ver sempre em nossos filhos a criança, a ver nossos filhos em estado de infância. Não há nada que fira mais um adolescente do que ser tratado como criança, como alguém que não tem personalidade. O adolescente deve ser tratado não como um objeto mas como um ser responsável. Não se faz um discípulo ou um filho como o escultor faz uma estátua. Sócrates tinha um método de fazer com que os homens descobrissem a verdade por si próprios, que eles compreendessem a verdade de dentro para fora. Ainda voltarei ao assunto.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

27/09/2011 = 70 ANOS DE PROCURA DO CARAÇA

27/09/2011: dia de São Cosme e São Damião e também aniversário da morte de SÃO VICENTE DE PAULO (1581/1660) comemoro os 70 anos do afastamento meu do lar de meus pais e de meus 11 irmãos, para procurar o caminho que me levou ao Colégio do Caraça. Um período de tempo expresso numa data, o bastante redonda ou significativa para merecer uma comemoração à altura! E que ontem eu sentia necessidade de celebrar a data de maneira diferente dos outros anos. Tentando desde alguns dias entender o gesto do garoto de 12 anos que atirara na professora e se matara, no Rio, recorri a dois livros que me acompanham há mais de 50 anos: "IDADE, SEXO E TEMPO", de Tristão de Athayde, e "A CRISE DO ADOLESCENTE", pelo mesmo Tristão, Alvaro Negromonte, A.Piquet Carneiro, Mon. Hélder Câmara e Joubert Barbosa. Encontrado o que procurava, acendidas as 70 velas, é só comemorar! Sete horas, 27/09/11. Ontem, 26, conversando com minha médica, Dra. Sheerlene, minha ex-aluna de direito, só me faltava babar, ao descrever a alegria de minha neta de ano e meio, a Giovanna, que na véspera fora daminha de honra num casamento. E ao dizer que a garotinha radiava de vaidade ao elogiá-la e dar-lhe os parabéns, a doutora deu de pronto a lição preciosa: "Qual nada! Longe isto dela! Ela simplesmente exercia seu papel de criança". Absorvida a resposta, foi aí que vislumbrei o tema da histórica comemoração do dia: 70 anos da separação de minha família, isto é, de inopino veio-me à mente aquele ponto misterioso, invisível, que anos e anos foi-me trabalhando até desviar-me do caminho então iniciado! Naqueles dias, há 7o anos, entre o fim da infância e boa entrada na adolescência, 12 anos de idade, eu só via e vivia o presente e seus entornos imediatos. Incapaz de sofrer a ausência, o vácuo deixado na família, o futuro que ia me acolher, misterioso, eu nadava usufruindo as novidades, tal e qual a minha netinha, dama de honra no casamento, sem atentar para o que se passava; uma canastra que ia recebendo o enxoval: duas batinas, uma de algodão, outra de merinó, sabonetes, pastas de dente, cuecas, que novidade! um boné, meias novinhas, fronhas por mim bordadas, meus objetos de igreja: manual dos Congregados Marianos, fita azul, um copo de baquelite, ganho num sorteio de palavras cruzadas, etc. Mas, já no terreno pisado da adolescência, 12 anos, "quando tudo o que então se vive deixa marca e fica definitivamente gravado em nosso caráter, idade em que predomina o temperamento, como na mocidade as paixões, na maturidade a inteligência, na velhice a evocação e na infância os instintos" ("Idade, Sexo e Tempo", Tristão de Athayde), um primeiro espinho brotara dias alguns antes: o Sô Passos, que me conseguira no Caraça estudo de graça, observara: "lá você terá o Padre Cruz, superior, que fica por trás das portas observando os alunos!" E um pouquinho antes de deixar a casa, brotando-me afinal a saudade, um segundo espinho ouvi de minha irmã mais velha: "Lulu, não seja bobo, diga à mãe que não quer ir! Está em tempo ainda "! Sem conhecimento algum de psicologia, a adolescência me dava sinal de vida! Era seguir em frente, partir, outro meio não havia. E fui. E passei um dia, 28/09, em Belô, na casa de uma tia, sem falar, sem comer, tímido, em meio de primos de cidade grande, efusivos, esperei o dia 29/09/1941 e sua madrugada escura para tomar o trem às 4 da matina e demandar, sob apitos melancólicos envoltos em fumo preto cheirando a carvão, a bitola estreita da Vitória-Minas que me deixaria em Santa Bárbara, donde de caminhão, sob chuva forte, aportaria à noite no Caraça, a mil e quatrocentos metros de altitude. E assim comemoro hoje os 70 anos , desde que um ponto final interrompeu minha infância ao lado dos pais e irmãos, ficando para trás a terra em que nasci e onde nunca mais residi.

domingo, 25 de setembro de 2011

POR QUE VISITAR OS CEMITÉRIOS?

Sou um admirador doentio, e por conseguinte leitor, de livros de memórias, de autobiografias e de biografias em geral. A vida de cada ser humano me parece um mundo NOVO, INDIVIDUAL, PESSOAL, criado por Deus, não apenas em seis dias, seguido de um para descansar, mas por tanto tempo quanto tiver sido o decorrido do berço à tumba de toda pessoa. Abrindo hoje o "JOURNAL (1955/1958) LE BEL AUJOURDHUI", de JULIEN GREEN, 26/11/56, ele escreve que "um sacerdote me falava de sua indiferença com relação aos túmulos dos mortos, de seus mortos. "Eu vou vê-los por polidez", disse-me ele. Segundo o padre, o culto dos mortos corresponde a uma ideia muito antiga de que os mortos esquecidos se vingavam. De que valia apaziguá-los uma vez ao ano com um buquê de crisântemos? Meu cemitério para mim está é na oração da manhã e na da noite. É isto que conta! Aliás, não há cemitério, porque não há mortos. Os ausentes vivem em Deus e Deus disse que não era o Deus dos mortos, mas dos vivos". Ainda que crendo "na ressurreição da carne e na comunhão dos santos", cada católico conserva sua maneira de pensar e agir com relação aos que "dormem" em nossos cemitérios (dormitórios). Tudo vai da sensibilidade, do grau de relacionamento e de afeição tido com os mortos, de um conhecimento mais profundo dos dois dogmas acima referidos, de referências numerosas contidas nas escrituras sagradas, do modo de agir dos que têm uma vivência mais consciente dos ensinamentos de Cristo e da Igreja com relação aos que se foram. Pessoalmente procuro conservar e alimentar sentimentos de veneração e sobretudo de oração, de respeito pelos irmãos em Cristo que confiamos à terra donde vieram e onde aguardam a ressurreição final, vendo nos seus restos mortais, ali como que guardados, relíquias que muito mais me falam do que objetos quaisquer outros que lhes pertenceram. Tratando-se de nossos pais e de nossos filhos, sobretudo, julgo de muito mais elevado valor espiritual e cristão a presença ali do que foi o continente, o ENVÓLUCRO de seus espíritos, de suas almas imortais com quem um dia conviveremos. Dom Estêvão Bittencourt escreveu livro muito instrutivo sobre o assunto, intitulado "A VIDA QUE COMEÇA COM A MORTE".

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

TUDO É MISTÉRIO... E GRAÇA!

Garoto de 10 anos atira na professora e suicida (FOLHA DE SÃO PAULO (23/09/11). Um grupo de senhores idosos à procura atônita de uma provável causa. Toma por último a palavra um octogenário: fiz o curso de humanidades num seminário mineiro conceituado, na década de 1940. Numa aula de biologia, comentando o professor sobre o aparelho digestivo, surgiu a doença na época apresentada sob duas formas: câncer e cancro. Minucioso, lente também de português, explicou que o vocábulo cancro se aplicava ao (tumor?) surgido no ânus. E prático citou o caso de um colega atingido por esse mal e que sofrera horrores antes de falecer havia pouco. E discorrera sobre algumas causas da doença, como pedalar bicicleta, etc. Vida sedentária, numa palavra. Nascera ao interlocutor uma impressão tão profunda e impressionante que nunca mais o deixou. E acabou por antes dos 30 anos começar a sofrer de hemorroidas. Operado duas vezes, até então era a cruz que carregava! E mais: seu confessor lhe emprestara na época o livro "Como evitar preocupações", de Dale Carnegie. Apenas se lembrava de que o autor, condenado a morrer de um câncer, resolveu tomar um navio e conhecer o mundo. Comprou um caixão e instruiu o comandante do navio o que deveria fazer quando falecesse. Dois meses de cruzeiro, a doença desaparecera! E finalmente: poucos meses atrás, no Rio, um adolescente matou uma dezena de colegas num colégio e em seguida numa escada suicidara! Só Deus para entender o ser humano, para explicar a causa da atitude tomada, para decifrar-lhe que ideia tão poderosa o dominara de tal maneira que o arrastara a atitudes que tanto nos impressionam. Não se esquecera do que ouvira, um dia, de um irmão falecido: cada um de nós é um mundo à parte. Só Deus sabe o que lhe vai na mente! Embora, contudo, a experiência de uma idade provecta nos faça compreender , pouco que seja, com a ajuda da religião ou das ciências, como silenciosa inação intelectual, mental, nos paralisa o pensar, o sentir, diante, por exemplo, da tomada de conhecimento de uma criança de 10 anos que atira numa professora e suicida em seguida!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

AOS MEUS CONTERRÂNEOS MINEIROS!

Não me furto à tentação de transcrever aqui o que ANDRÉ MIFANO, em "FOGO ALT0", " dedicou aos "gerais" na FOLHA de SÃO PAULO DE 15/09/11: "Já tomou um cafezinho em MINAS GERAIS? Se SIM, tenho certeza de que um pequeno sorriso já apareceu no canto de sua boca. As lembranças dos 600 kl. rodados em Minas povoam minha cabeça e fazem meu estômago rosnar como um cão raivoso. Não sou um cara fácil. Me comunico melhor com a comida do que com as pessoas. Tenho vergonha de ir à casa dos outros e em situações sociais me sinto acuado. Mas como não se sentir à vontade na casa de um MINEIRO? Um sorriso ao receber-te e logo a tão temida pergunta: quer um cafezinho? O café estará lá mesmo, pode apostar. Mas não estará só. Aí vem a broa, o queijo, as geleias, os biscoitinhos, um bolo, e seu anfitrião só vai sentar para uma boa prosa, depois que não couber nada mais na mesa Acho que os MINEIROS estão para o Brasil assim como os italianos para a Europa. Fartura à mesa, qualidade nas matérias primas, simplicidade e perfeição nos preparos, simpatia e calor humano. Chegando ao restaurante "Ora Pro Nobis" o João me recebeu com uma leitoa, uma cachaça e um enorme sorriso. Da simplicidade desse POVO nasce a excentricidade de sua comida, seja na roça, seja numa cozinha profissional. Sua generosidade é tão grande que até as mesas têm gavetas (ainda bem que MIFANO ignora os "GAVETEIROS", mineiros sovinas que, chegando alguém quando estão à mesa, escondem os pratos dentro das gavetas!) . A água de lá tem alguma química que faz as mulheres ficarem lindas e os animais de criação, enormes! Como as MARAVILHAS de MINAS este texto nunca teria fim". Embora um MINEIRO DA DIÁSPORA, como tenho saudades das ALTEROSAS! se um dia, generoso MIFANO, bater à porta de meu lar, antes que ela se abra, dará de cara com a seguinte saudação mineiríssima: "PORTA PATET, MAGIS COR!"

RESPOSTAS DE BENTO XVI HOJE AOS JORNALISTAS

O Papa BENTO XVI, questionado hoje (22/09) sobre as dificuldades que encontraria na Alemanha que visita, fez as seguintes judiciosas ponderações: vou à Alemanha sob o signo da CONCILIAÇÃO e não da CONFRONTAÇÃO. OPOSICÃO é uma coisa natural, normal; nesta época SECULARIZADA é justo que essa oposição se exprima, porque EXPRIMIR SUA CONTRARIEDADE faz parte de nossa LIBERDADE, desde que tal oposição se exprima de maneira civil! A ALEMANHA é o teatro de uma velha OPOSIÇÃO entre a cultura GERMÂNICA e a ROMANA, e da REFORMA PROTESTANTE. A necessidade de VALORES MORAIS é hoje OBJETO de um CONSENSO CRESCENTE e eu estou contente de lhe levar a MENSAGEM de CRISTO. Quanto aos ÊXODOS dos CATÓLICOS POSSO COMPREENDER, pois à vista das críticas à IGREJA CATÓLICA, sobretudo se quem se afasta está próximo das pessoas em questão, costuma-se dizer: "minha Igreja não é a mesma, não é mais aquela que para mim era uma força de humanização e de moralização; se os seus representantes (padres pedófilos vg) fazem o contrário, não posso viver com essa Igreja!": Os motivos que levam a tal decisão são múltiplos, sobretudo no contexto da "SECULARIZAÇÀO"; esses afastamentos da Igreja são muitas vezes o último passo de uma longa cadeia de afastamento da IGREJA!. Afastar-se da IGREJA quando não se encontra uma resposta diante de atitudes destoantes, é porque se considera a IGREJa como uma associação esportiva ou cultural, esquecendo-se de que se trata de uma entidade de muito mais PROFUNDIDADE. E o PAPA concluiu ponderando que as REDES do SENHOR , numa evangélica alusão às redes do pescador, são bem diferentes das de uma sociedade humana. Elas contém bons e maus peixes; pode ocorrer que na grande rede da IGREJA CATÓLICa se encontrem peixes de ambas as espécies. Deve-se ir ao fundo da questão. Deve-se perguntar o que é a IGREJA CATÓLICA, o que é a DIVERSIDADE. E saber responder com sinceridade e com consciência a razão por que, mesmo assim, apesar dos escândalos, se continua a pertencer a essa IGREJA que é o POVO DE DEUS. E assim suportar os ESCÂNDALOS e LUTAR contra eles, pertencendo-se embora a essa REDE DO SENHOR!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

VOLTA A CUBA N.S.DA CARIDADE DO COBRE

NO ÚLTIMO SÁBADO DIA 17/09/11, na cidade de SANTO ANTONIO DE LAS VEGAS, em CUBA, a 40 kl. de HAVANA, às 13 horas, uma procissão de mulheres e crianças, todas enfeitadas, se preparam com a banda de música à frente, para engrossarem o préstito que conduz a imagem de NOSSA SENHORA DA CARIDADE DO COBRE. Acontecimento inusitado desde 1951! E sobretudo na ILHA de FIDEL CASTRO. Desde 1958 a IGREJA CATÓLICa foi mais perseguida que honrada! Que o poder autorize a peregrinação da VIRGEM DA CARIDADE DO COBRE é uma VERDADEIRA REVOLUÇÃO! A PEREGRINAÇÃO TEVE INÍCIO NO DIA 08/08/10 em SANTIAGO, devendo encerrar-se no próximo dia 10/12/11, em HAVANA! Quando o caminhão que conduzia a imagem penetrou na cidade, foi acolhido com muito entusiasmo e ovação e admiração de muitos que parecia não acreditarem no que viam. Eram cerca de 160 crianças e umas 5.000 pessoas acompanhando. Havia até representantes da maçonaria que justificavam sua presença afirmando tratar-se de um acontecimento cultural e patriótico que só podia fazer bem ao país. O ponto máximo se deu, quando a SANTA atingiu o centro do lugar. A emoção tomou conta da população. A SANTA fora encontrada há 400 anos boiando no mar. Um senhor idoso declarou: a última vez que assisti a um espetáculo com tanta gente aqui foi quando CHE passou por aqui para tomar SANTA CLARA em 1958, para fazer triunfar a REVOLUÇÃO! CENAS INIMAGINÁVEIS HÁ 3 ANOS ATRÄS! SINAL DE NOVOS ESPAÇOS QUE A IGREJA PODE OCUPAR COM O CONSENTIMENTO DO PODER COMUNISTA!

AMANHÃ BENTO XVI VISITA A ALEMANHA

Comentários de JEAN-MARIE GUÊNOIS, do LE FIGARO: No fundo, a IGREJA DA ALEMANHA que o Papa Bento XVI vai visitar DESTA QUINTA-FEIRA ATÉ DOMINGO não vai bem. Ela perdeu a confiança em si mesma com o problema dos padres pedófilos. Os êxodos da Igreja aumentaram 40% entre 2009 e 2010. Ela perdeu também a confiança da sociedade; não sabe mais onde se encontra no plano teológico com um debate interno e intenso - sobre a questão de casamento de padres, ordenação de mulheres, acolhida aos divorciados recasados. A terceira viagem de Bento XVI à Alemanha promete ser tensa. Ele a retardou, porque dela se falava seriamente em 2009, mas a crise dos padres pedófilos tornava o terreno bastante explosivo. A tensão contudo permanece viva. Esta não vem do exterior como no caso da Inglaterra há um ano, mas do interior. Como se uma grande casa, rica e sólida, duvidasse de si mesma e de seus próprios fundamentos. Será um dos deslocamentos mais difíceis de Bento XVI que conhece muito bem esses problemas. Como pano de fundo, a maneira como a Igreja Católica pode abordar suas próprias dificuldades e os desafios que a sociedade apresenta. Problemas que ameaçam ocorrer num próximo conclave mesmo, se o papa não der sinais de saúde inquietantes. Para que sentido vai a Igreja? Mais identidade? Mais compreensão do mundo? Uma igreja tão poderosa como a da Alemanha pode ajudar ou obrigar Roma a levar em consideração dossiês que o Vaticano não quer mais reabrir como o da ordenação de padres casados. O que demonstra que as coisas, tanto à direita como à esquerda, na Igreja, viu-se semana passada com os lefrebvistas, não estão nunca congeladas

terça-feira, 20 de setembro de 2011

NOSSO PODER LEGISLATIVO ONTEM. E HOJE?

O político mineiro JOAQUIM DE SALLES, em seu livro "SE NÃO ME FALHA A MEMÓRIA "(POLÍTICOS E JORNALISTAS DE MEU TEMPO), focalizou na página 3o7, a personalidade do deputado federal pela Parahiba, GILBERTO AMADO. Depois de declarar que GILBERTO "nasceu para viver num gabinete" e que o Senado "não lhe aumentou o renome, mas devia tê-lo prejudicado no que lhe roubou de tempo muito mais bem empregado se o houvesse dedicado a fazer livros", conclui que "a Câmara e o Senado para certos homens de valor real tinham isso de mau. Pouco a pouco temperamentos mais refratários à vadiagem iam-se habituando àquele clube, fechado no recinto e aberto nos corredores e na sala do café onde havia de tudo e onde o espírito repousava, de mistura com dissertações, eruditas raramente, e com baboseiras, o que era a regra mais geral. Acrescentando que "a Câmara como o Senado não lembrava um Parnaso, nem uma Acrópole, mas um salão a que eram admitidos sócios de várias origens e na mescla de tantos seres díspares onde prevalecia a influência do maior número. Concluindo a análise: "aquilo era uma agremiação de homens políticos. Os líderes estaduais e o líder geral nem sempre, ou raramente, se recrutavam segundo o critério intelectual, mas entre os medalhões, entendendo-se por tais aqueles que se assinalavam por uma larga tarimba de politicagem. Mais valia a estampa do que cabeça. E tivemos assim uma brilhante galeria de mediocridades, colaborando (?) decisivamente nos destinos do Brasil, durante quase meio século de República". A mesma visãp desanimadora se obteria ainda hoje na contemplação do ambiente de nosso poder legislativo?

MOSTEIRO DE MACAÚBAS = MG

O MOSTEIRO DE MACAÚBAS, localizado na cidade histórica de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, viveu sábado passado, dia 17/09, uma noite de encanto e de emoção. Foi o retorno ao seu trono de honra da imagem de NOSSA SENHORA DE LOURDES, peça francesa do século XIX, por 4 meses ausente para restauração. Aberta a igreja, luzes apagadas, descerrou-se uma cortina azul-claro de pétalas de rosas , que escondia no altar a imagem de 1,65 de altura, integrante do acervo desde 1892. Na ocasião comemoravam-se os 500 anos de aprovação da Regra da Ordem da Imaculada Conceição, fundada por Santa Beatriz da Silva Menezes a que pertencem as freiras do Mosteiro de Macaúbas. Este mosteiro, inicialmente uma Casa de Recolhimento, tornou-se depois o PRIMEIRO COLÉGIO FEMININO de Minas Gerais, tendo sido nele educadas as filhas do fundador, o alagoano FÉLIX DA COSTA, no início do século XVIII. A tomada de posse do Mosteiro por NOSSA SENHORA DE LOURDES deveu-se ao padre lazarista ou vicentino JOÃO BAPTISTA CORNAGLIOTTO, de TURIM, um dos cinco lazaristas obtidos pelo bispo de MARIANA, DOM ANTONIO VIÇOSO, que aportaram ao Brasil em 1849 juntamente com as primeiras IRMÃS DE CARIDADE que pisaram o solo nacional. O Padre CORNAGLIOTTO era então superior do Seminário de Mariana. O MOSTEIRO DE MACAÚBAS, a 15 kl. do Centro Histórico de BH, e que merece uma visita, fala-me de modo especial ao coração pois nele foram educadas e se formaram as três sobrinhas do PADRE TRIGUEIRO que, criando o COLÉGIO TRIGUEIRO, a uma delas, ADELAIDE, por nós, seus alunos, só conhecida por SÁ MESTRA, dirigiu o educandário de 1902 a 1946. O PADRE TRIGUEIRO "trabalhou na cidade mineira de BONFIM como incansável operário de Deus e de sua gente e até hoje é reverenciado e admirado por muitas gerações que reconhecem a grandeza de seu trabalho humanitário, social, cultural e religioso ("MUSEU DE CABECEIRA BONFIM/MG", por RENATO TRIGUEIRO, pg.77). Que pena não se ter cultivado em minha terra natal o amor ao que até hoje deveria testemunhar um passado indelével! Onde a antiga cadeia de Bonfim? E a "distribuidora"? E os chafarizes ao lado da igreja e da Rua de Baixo? E as peças de braúna que vi ainda, menino, no "MORRO DA FORCA", instrumento de execução de tantos escravos, pelas mãos de um carrasco, o conhecido "funcionário público" FORTUNATO", que se vangloriava de receber em Bonfim o mais substancioso salário pelo trabalho executado? E a capela do Senhor dos Passos, substituída por um "pirulito"? E o sobrado do Cleveland, meu pai? Senhor do Bonfim, não permita que caia ou que ponham abaixo a Fazenda da Palestina! Escorai-a, suplicamo-vos, até que surja um mecenas que a apadrinhe!

domingo, 18 de setembro de 2011

18/09/1946 = CONSTITUIÇÃO FEDERAL PÓS- GUERRA

No dia 18 de setembro de 1946, foi promulgada a CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL, sob a presidência do Senado na pessoa de FERNANDO PEREIRA DE MELLO VIANNA. Este político mineiro estudou no Colégio do Caraça, onde se matriculou em 1890, tendo exercido a vice-presidência da República de 1926 a 1930. Antes, fora governador de Minas Gerais, de 1924 a 1926. A propósito, Alceu Amoroso Lima, em "Voz de Minas" analisa com perspicácia o espírito do Estado Montanhês, ressaltando o papel do Caraça como o paradigma da mais autêntica educação mineira. Escreveu que "há duas vocações cuja dignidade excedia, junto ao povo mineiro, a de qualquer outra: a sacerdotal e a política. Sacerdote e Político foram, por muito tempo, as duas posições mais altas a que aspiraram os mineiros das classes médias, que são sempre as mais representativas do homem normal... O prestígio da Igreja e do Estado sempre foram considerados em Minas". Vinte e oito altos postos do Governo Brasileiro: Presidência e Vice-Presidência da República e dos Estados foram ocupados, no espaço de um século, por ex-alunos do CARA:CA. Foram presidentes da República: AFONSO AUGUSTO MOREIRA PENA, de 1906 a 1909; ARTUR DA SILVA BERNARDES, de 1922 a 1926; foram vice-presidentes da República: AFONSO AUGUSTO MOREIRA PENA, de 1902 a 1906; FERNANDO PEREIRA DE MELLO VIANNA, de 1926 a 1930. Sabe-se que a CONSTITUIÇÃO FEDERAL de 1946 teve a sua existência entre dois períodos ditatoriais: a chamada ERA VARGAS ou do ESTADO NOVO, de 1937 a 1945, e a denominada DITADURA MILITAR, iniciada em 1964.

UMA VISÃO DO ENCONTRO ENTRE ROMA E ECÔNE

À luz do que escreveu no RELIGIO BLOG , de LE FIGARO, de 15/09/11, Jean-Marie Guinois, julgo poder externar algumas de suas observações, em torno do encontro havido em Roma, dia 14/09/11, entre a Sé Apostólica e o Superior Geral da Fraternidade Sacerdotal Sào Pio X. Uma extrema prudência destituída de entusiasmo foi a reação de Mons. Fellay à proposição apresentada pelo cardeal Levada. Formalmente a Igreja Católica reconheceria a possibilidade e o respeito a uma diferença litúrgica e a uma autonomia de função e em parte de doutrina, numa espécie de coexistência de "particularismos" com e ao lado da igreja romana latina. Outra visão, porém, colhida da "proposição" mergulha aí com mais profundidade, vez que se relaciona com as raízes da "identidade católica". O programa de Bento XVI foi sempre insistir que os cristãos que se dizem católicos que fossem, não "mais" católicos", e sim "verdadeiramente" católicos, sendo que a proposição feita a M. Fellay caminha nessa direção, como se se tratasse de um "essencialismo", clamando por um aprofundamento, preocupação de uma tensão pastoral, intelectual e mística em Bento XVI. Última observação: há no debate uma descarga emocional pela simples evocação do Concílio Vaticano II. Por essa razão, parece que, por trás das suas palavras, Bento XVI quer conduzir o problema ao sabor da fé cristã tal como ela é interpretada pela Igreja Católica. Com pezar JEAN-MARIE GUINOIS vê o mal-estar demonstrado por muitos católicos que se consideram hoje, antes de tudo, como cristãos, desconfiando de uma identidade católica demasiado clara, porque os impediria do diálogo com a sociedade, com as as outras religiões em particular, e da tolerância, por eles tida como atitude prioritária. O mal entendido consistiria em pensar que Bento XVI, estendendo a mão aos lefrebvistas, quer caminhar no sentido de uma Igreja Católica íntegra, intransigente e por que não integrista, "enquanto procura reconciliar os cristãos-católicos, sua esquerda, e os católicos-cristãos, sua direita, com o que é na verdade a Igreja Católica", conclui JEAN-MARIE GUINOIS.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

DOM EVARISTO ARNS = 90 ANOS

A comunidade católica do Brasil comemorou ontem, dia 14/09, o aniversário natalício de DOM PAULO EVARISTO ARNS, ARCEBISPO EMÉRITPO DE SÃO PAULO. Nascido em FORQUILHINHA, no interior de SANTA CATARINA, PADRE FRANCISCANO, foi nomeado arcebispo de São Paulo em 1970. Em 1973 o Papa PAULO VI concedeu-lhe o chapéu cardinalício. Dom Evaristo ficou bastante conhecido dentro e fora do país pela heroicidade de suas lutas em favor dos direitos humanos covardemente violados pela ditadura militar instituída no Brasil com a deposição do Presidente João Goulart, em 1964. Embora humilhado pelo poder discricionário, não chegou, contudo, a ser por ele detido. Esta circunstância me traz à memória dois episódios parecidos: o primeiro conheci lendo o livro "NAZISMO SEM MÁSCARA" a mim empresrado por um professor no Colégio do Caraça, no ano de 1944. O Cardeal Eugênio Pacelli, depois eleito Papa Pio XII, quando núncio apostólico na Alemanha de Hitler, convidado a sair à rua sob os gritos de uma multidão que o apupava, revestiu-se de suas vestes cardinalícias, desceu a escadaria do palácio e sozinho se pôs à frente dos que o insultavam. A reação não se fez esperar: sob um silêncio geral, a praça se esvaziou. O segundo episódio ocorreu no Brasil, quando do suicídio de Getúlio Vargas em 1954. Substituído este pelo vice Café Filho, foi nomeado ministro da Aeronáutica o Brigadeiro Eduardo Gomes, pela segunda vez preterido como candidato à presidência da República pela União Democrática Nacional. Ao deixar o prédio do ministério, logo que tomou posse de sua função, soube que o esperavam na saída algumas dezenas de trabalhadores aos gritos de assassino. Talvez até se lembrando dos 18 do Forte de Copacabana de que fizera parte, de peito erguido atravessou a multidão, sob geral silêncio. É que a história, quando os homens perdem a capacidade de um raciocínio sensato e à altura de sua dignidade, costuma fazer florir do seio de cabeças desvairadas, apaixonadas, a lembrança esquecida da existência no ser humano de um conjunto de certos valores morais, diante dos quais o ódio perde a força. Quem, na ditadura militar que nos diminuiu, teve a coragem de algemar um Tristão de Athayde que, apesar da censura, não deixou de protestar contra a violação dos direitos humanos? Só que uma vez pelo menos esse mecanismo falhou: foi quando dos gritos da multidão pedindo a crucifixão de Jesus! Mas sabemos nós cristãos devido a misterioso desígnio de Deus, tão bem retratado e cantado no sábado antes da Ressurreição: "O felix culpa quae talem ac tantum meruit habere Redemptorem!" No dia primeiro de outubro, na cidade de São Paulo, na igreja de São Francisco de Assis, patrono da ecologia e fundador da ordem a que pertence nosso Cardeal, serão homenageados os seus 90 anos de nascimento, ocasião em que Dom Evaristo plantará uma árvore no largo de São Francisco.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

CONCLUSÃO DO ENCONTRO NO VATICANO

Obedecendo à vontade do Papa, a comissão mista de estudos, composta de "experts" da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, e da Congregação para a Doutrina da Fé, conforme se noticiou ontem aqui, se reunira anteriormente em 8 sessões para os encontros que tiveram lugar em Roma entre outubro de 2009 e abril deste ano. Esses colóquios cujo objetivo era expor e aprofundar as dificuldades doutrinais maiores sobre temas controvertidos (leia-se o blog de ontem) atingiram no encontro de ontem sua finalidade, que era esclarecer as posições respectivas e suas motivações. Isto posto, sabe-se agora que a CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ, no encontro ontem (14/09) realizado no Vaticano, tomou por base fundamental da plena reconciliação com a SE APOSTÓLICA a ACEITAÇÃO do PREÂMBULO doutrinal que foi apresentado no curso do referido encontro. Este PREÂMBULO expõe certos princípios doutrinais e critérios de interpretação da doutrina católica, necessários para se garantir a fidelidade ao Magistério da Igreja e ao "Sentire cum Ecclesia", deixando abertos a uma legítima discussão o estudo e a explicação teológica de expressões ou formulações particulares presentes nos textos do CONCÍLIO VATICANO II e do Magistério que se seguiu. No curso das reuniões foram propostos à Fraternidade Sacerdotal São Pio X alguns elementos com vistas a uma solução canônica que acompanhará a reconciliação eventual e esperada. Monsenhor FELLAY, Superior Geral da Fraternidade São Pio X, dará uma entrevista exclusiva que será publicada no final deste dia.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

HISTÓRICO ENCONTRO AMANHÃ NA SANTA SÉ

Amanhã, 14/09/11, ocorrerá no VATICANO um encontro destinado provavelmente a resolver a chamada "CRISE LEFEBVRISTA" que há cerca de 40 anos preocupa a IGREJA CATÓLICA. Sabe-se que essa crise se consumou em 30/06/1988, com a ordenação ilícita de quatro bispos, efetuada pelo Monsenhor MARCEL LEFEBVRE que dirigia O SEMINÁRIO INTERNACIONAL SÃO PIO X, situado em ECÔNE, aldeia suissa, à margem esquerda do Rio Ródano, Cantão de Valais. Desde dois anos teólogos qualificados, apresentados pela Sé Apostólica e pela Fraternidade São Pio X vêm mantendo discussões entre Roma e a igreja de Ecône, com a finalidade de estabelecer-se um inventário dos pontos de desacordo a propósito do CONCÍLIO VATICANO II. Essas conferências tiveram por base chegar-se a um denominador comum: descobrir a causa do divórcio entre o Vaticano e a igreja de Ecône, em torno essencialmente dos seguintes temas: liberdade religiosa, diálogo com outras religiões, ecumenismo, reforma da liturgia da missa. O encontro se abrirá amanhã entre o Monsenhor Bernard Fellay, superior da Fraternidade São Pio X de um lado, e do outro o cardeal Levada, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e presidente da comissão Ecclesia Dei, estrutura competente para administrar a questão. Parece acreditar-se que BENTO XVI abre de certa forma um novo campo para um debate interno na Igreja, pois ele admite que restam ainda pontos, à primeira vista essenciais, portanto importantes, relativos à Fé Católica, a serem examinados. Sabe-se que o Pontífice já concedeu aos lefebvristas tudo que solicitavam: suspensão das excomunhões, reabilitação, para os que desejavam, da missa em latim. Resta saber se o encontro produzirá os frutos desejados: NO INTERIOR DA IGREJA para o desenvolvimento de uma cultura de tolerância com relação não só aos não católicos mas também aos ultra-católicos, abrindo caminho a uma reconciliação intelectual com o que a TRADIÇÃO da Igreja pode oferecer de bom à atual situação; COM VISTAS AOS MEIOS TRADICIONALISTAS, muitas vezes oriundos de uma cultura de um catolicismo intransigente, para o estabelecimento de uma tolerância para com aqueles que não pensam como eles. "Veni, Sancte Spiritus, reple tuorum corda fidelium et tui amoris in eis ignem accende!"

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

TANTA COISA E NADA

Sob este título, CONY, na FOLHA de hoje, recorda coisas da infância esquecidas. O estilo, envolvente, tanto me contagia que, pássaro à vista do gato sedutor, deixo-me arrastar na mesma trilha saudosa do articulista. Vejo-me, por exemplo, com medo também, diante da máquina de que fale CONY e que era um ancestral do rolo compressor, passando lento, barulhento, em cima dos cascalhos da estrada de terra, alisando com o peso do imenso rolo de aço e fixando os pedregulho no leito da rodovia São Paulo-Belo Horizonte. Era a década de 30 do século XX. Se tal máquina apitava, ouço-lhe o som de silvos agudos, vomitando negra fumaça cheirando a querosene. Um bicho doutro mundo, uma espécie de mula sem cabeça, visitando de tempos em tempos a rua que leva aos Quatro Coqueiros, alcunha protetora, guarda-chuva e guarda-sol, dos sonhos dos que dormiam no Campo Santo de minha terra. A COMPRESSORA! como bem lhe calhava esse nome! tão próprio para indicar sua função de quebrar a rotina modorrenta de nosso dia-a-dia infantil! Só muito mais tarde, estudando latim no Caraça, liguei o nome COMPRESSORA à máquina que roncava e mexia com a imaginação infantil de antanho. E a gente mirim estaticamente degustava a novidade! Presença, porém, mais frequente, pois naquele tempo a chuva, parece, corria paralela ao ano, era a derrapagem do Ford-29 do vigário de Dom Silvério no mesmo trecho da estrada caindo na vala lateral. A notícia corria logo as duas ruas, de Baixo e de Cima, reunindo a prudente distância uma patota de moleques. O carro saía, sim, do atoleiro, mas a torcida só se satisfazia, depois de tentativas coroadas de vitória. O padre, um alemão alto e forte, forte mas magro, empoleirava-se em pé, no estribo do lado do carro com as rodas na estrada e, agarrando-se na porta fechada depois de ordenar ao motorista que ligasse a primeirona, punha-se a saltar no estribo com movimentos tais que aos pulos o automóvel fosse saindo aos poucos do atoleiro. Quando saía! Mas só no momento exitoso a galera vibrava! apupar, assobiar, vaiar, criança não sabe, apreenderá depois com os marmanjões. Esse espetáculo, o vigário de chapéu eclesiásticp e batina preta, saltando, pulando e suando, você, nem CONY, nunca viu nem verá, era ciência da roça, o progresso extinguiu. "Deo gratias"!

sábado, 10 de setembro de 2011

QUE É CRER?

Julga-se uma árvore pelos seus frutos, diz o provérbio. É o que se pode dizer com relação à Fé. O discernimento funda-se na experiência de quem crê. A ingenuidade não é o ponto alto da Fé. A atitude de quem crê não se opõe a uma atitude racional. Crer é um apelo à inteligência que permite a aproximação do desconhecido, do ignorado, do misterioso. A inteligência participa do acolhimento da Revelação. Para os Cristãos tem a Revelação a iniciativa de a fazer conhecida dos homens ao longo de sua existência e através sobretudo da pessoa de Jesus Cristo. A Fé para não soçobrar no achismo supõe a reflexão, tem um sentido para a vida do homem. Compreender tudo não é, aliás, uma maneira humana de encarar a Fé. Seria atingir a Verdade, possuí-la. Ora, a Fé consiste justamente em não se fechar sobre si mesmo, mas ao contrário em se abrir ao mistério, orientar-se em direção à Verdade e a Deus. O primeiro movimento da Fé é o da conversão. Consiste no retorno a Deus. Como crer se não conto senão comigo mesmo para construir minha vida? Para os Cristãos a Fé requer a confiança naqueles que nos precedem. A TRADIÇÃO judeu-cristã nos constitui herdeiros desde uma longa história. Neste sentido a escolha de um roteiro a seguir com os cristãos nos leva a evitar isolar-nos numa maneira subjetiva de crer. Ao passo que o contrário permite-nos posicionar em solidariedade com o que há de universal. O movimento da Fé consiste em admitir confiança em Deus revelado como Pai, Filho e Espírito Santo. Os conhecimentos adquiridos sobre o conteúdo da Fé se traduzem em experiência pessoal. A Fé se torna resposta vivida e sempre atual ao apelo de Deus. Esta resposta se traduz em palavras de esperança, conduz à ação, faz-nos membros da Comunidade dos que crêem . Não existem provas matemáticas em matéria de Fé mas apenas as razões que temos para crer. Só quem se situa na atitude de crer pode dizer: "Isto outra coisa não é senão Deus que se torna presente em minha vida" (Fonte: "Matins d'Evangile", parcours cathéchuménal pour adultes - Service national de la Cathéquese et du Cathéchuménat) ÉGLISE CATHOLIQUE EN FRANCE.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

MAILLOT DE BANHO ISLÂMICO

JEAN-MARIE GUINOIS, comentarista do LE FIGARO (tweet), no dia 08/07/11 teceu observações dignas de meditação, a respeito da proibição pelo prefeito da cidade de DOUAI (Nord), impedindo o acesso à piscina municipal de uma religiosa, porque ela usava "maillot" de banho, dito "islâmico", portanto inteiriço. O pretexto era de que essa veste não está de conformidade com a legislação local sobre higiene. Proibição essa que incide também sobre as pessoas que venham a usar na mesma piscina e em muitas outras as "bermudas de banho". JEAN-MARIE declara que, tendo imenso respeito pela referida religiosa de DOUAI, seu ponto de vista não se refere às mulheres e especificamente à religiosa acima citada. Ele faz questão de confessar que tem profundo respeito pela sua fé e pelos preceitos de sua religião. Entretanto, não compreende a existência de tais preceitos e, sobretudo, a visão a respeito do corpo que eles veiculam. Não que se trate de cair no excesso inverso, do tudo ou nada, de uma quase nudez. Apenas se exige uma reflexão sobre o estatuto do corpo. Para JEAN-MARIE nenhuma religião, nesse domínio, tem lição alguma a dar-nos. Nem mesmo a religião da Encarnação, o Cristianismo. Esta reivindica atualmente uma "reconciliação" com o corpo, mas sua visão é ainda prisioneira de uma cultura jansenista e de desprezo pelo corpo. Porque todo o problema se relaciona com a alma que seria a bela cativa do corpo. No final de suas considerações, JEAN promete voltar ao assunto que causa um "frisson" na laicidade, mas que tem suas raízes numa visão antropológica. Diz que oportunamente continuará a pensar sobre a matéria, tendo em vista a visita do Dalai Lama a Toulouse e enquanto se aguarda o encontro do Papa Bento XVI com os jovens em Madri.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

O GIGANTE BRASILIÃO = O DEUS DO CORCOVADO

VASCO, adolescente de 14 anos, falecendo a preta velha TIA MICAELA que o encontrara, RECÉM-NASCIDO, de madrugada, à porta de sua casinhola no meio da mata, montou no MATA-MOUROS, o burrinho da mãe postiça, e saiu mundo afora, à procura do GIGANTE BRASILIÃO de quem diziam que era filho. Depois de muitas andanças perigosas, esfomeados e cansados os dois, entraram numa aldeia, e viram uma casa iluminada onde um velho amável ensinava crianças a ler. "MESTRE, VOSMECÊ PODE ME DIZER ONDE MORA O GIGANTE BRASILIÃO?" "O GIGANTE BRASILIÃO" é uma lenda, é o nome que o povo deu ao nosso país; vais receber tua primeira lição comigo!". "O GIGANTE BRASILIÃO" é o Estado do Amazonas, cabeça febril do gigante. É o Pará, estado forte, ordeiro e próspero. É o Maranhão, pátria de grandes filhos. NESTA CADEIRA À BEIRA DO OCEANO, eis a espinha do teu gigante, formada pelo Piauí, Ceará, Paraíba, Pernanmbuco, Alagoas, Sergipe, Bahía, Espírito Santo e Rio de Janeiro. No centro, Mato Grosso e Goiás são o peito onde se esconde o coração do misterioso gigante. Aqui Minas Gerais, o ventre ubérrimo que se desentranha em ouro e pedras preciosas. Agora São Paulo, fertilíssima terra cortada pelos trilhos das locomotivas, exemplo de prosperidade e de energias. O Paraná, de clima muito ameno, e Santa Catarina e Rio Grande do Sul, terra dos grandes guerreiros e defensores da pátria. Como um ponto de comunhão, um lugar em que todos estes belos Estados se fazem representar, aqui temos a Capital Federal, Rio de Janeiro, à beira da mais bela baía do mundo. O GIGANTE BRASILIÃO é isto! É o BRASIL, pela PROVIDÊNCIA DIVINA plantado na América do Sul! Eu que tenho os cabelos brancos o amo com o mesmo amor que tu! Oitenta anos ele comemora neste dia Sete de Setembro o início das obras da construção da imagem do Cristo Redentor, para nunca te esqueceres de que este GIGANTE BRASILIÃO é teu pai, tua mãe e teu DEUS! ( Do livro HISTÓRIA DA NOSSA TERRA, DE JÚLIA LOPES DE ALMEIDA (1832/1934).