quinta-feira, 15 de setembro de 2011

DOM EVARISTO ARNS = 90 ANOS

A comunidade católica do Brasil comemorou ontem, dia 14/09, o aniversário natalício de DOM PAULO EVARISTO ARNS, ARCEBISPO EMÉRITPO DE SÃO PAULO. Nascido em FORQUILHINHA, no interior de SANTA CATARINA, PADRE FRANCISCANO, foi nomeado arcebispo de São Paulo em 1970. Em 1973 o Papa PAULO VI concedeu-lhe o chapéu cardinalício. Dom Evaristo ficou bastante conhecido dentro e fora do país pela heroicidade de suas lutas em favor dos direitos humanos covardemente violados pela ditadura militar instituída no Brasil com a deposição do Presidente João Goulart, em 1964. Embora humilhado pelo poder discricionário, não chegou, contudo, a ser por ele detido. Esta circunstância me traz à memória dois episódios parecidos: o primeiro conheci lendo o livro "NAZISMO SEM MÁSCARA" a mim empresrado por um professor no Colégio do Caraça, no ano de 1944. O Cardeal Eugênio Pacelli, depois eleito Papa Pio XII, quando núncio apostólico na Alemanha de Hitler, convidado a sair à rua sob os gritos de uma multidão que o apupava, revestiu-se de suas vestes cardinalícias, desceu a escadaria do palácio e sozinho se pôs à frente dos que o insultavam. A reação não se fez esperar: sob um silêncio geral, a praça se esvaziou. O segundo episódio ocorreu no Brasil, quando do suicídio de Getúlio Vargas em 1954. Substituído este pelo vice Café Filho, foi nomeado ministro da Aeronáutica o Brigadeiro Eduardo Gomes, pela segunda vez preterido como candidato à presidência da República pela União Democrática Nacional. Ao deixar o prédio do ministério, logo que tomou posse de sua função, soube que o esperavam na saída algumas dezenas de trabalhadores aos gritos de assassino. Talvez até se lembrando dos 18 do Forte de Copacabana de que fizera parte, de peito erguido atravessou a multidão, sob geral silêncio. É que a história, quando os homens perdem a capacidade de um raciocínio sensato e à altura de sua dignidade, costuma fazer florir do seio de cabeças desvairadas, apaixonadas, a lembrança esquecida da existência no ser humano de um conjunto de certos valores morais, diante dos quais o ódio perde a força. Quem, na ditadura militar que nos diminuiu, teve a coragem de algemar um Tristão de Athayde que, apesar da censura, não deixou de protestar contra a violação dos direitos humanos? Só que uma vez pelo menos esse mecanismo falhou: foi quando dos gritos da multidão pedindo a crucifixão de Jesus! Mas sabemos nós cristãos devido a misterioso desígnio de Deus, tão bem retratado e cantado no sábado antes da Ressurreição: "O felix culpa quae talem ac tantum meruit habere Redemptorem!" No dia primeiro de outubro, na cidade de São Paulo, na igreja de São Francisco de Assis, patrono da ecologia e fundador da ordem a que pertence nosso Cardeal, serão homenageados os seus 90 anos de nascimento, ocasião em que Dom Evaristo plantará uma árvore no largo de São Francisco.

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