PAPEL DE TRISTÃO , DE MÉRTON E DE JOÃO XXIII NA QUESTÃO ENTRE RÚSSIA E EUA (1962/3)
"JOÃO XXIII era um homem santo e bom. E ERA AMBAS AS COISAS POR SER EM PRIMEIRO LUGAR "HOMEM"- ISTO É, UM SER PLENAMENTE HUMANO. ESTE É O GRANDE SENTIDO DO PAPADO, do Concílio, da "Pacem in Terris". Sendo homem preocupava-se com outros homens (sentia-se que Pio XII, por exemplo, se preocupava mais com princípios). O Papa João não era apenas um humanista. Estava profundamente preocupado com a humanidade que partilhava com os outros homens, seus irmãos. A Pacem in Terris não é teologia. Diz simplesmente que a guerra é um pecado porque é inumana. Sem dúvida, todos o reconheceram e responderam à encíclica com sinceridade. Mesmo os russos. De fato, sente-se que alguns dos que menos aceitaram essa profunda humanidade do papa eram homens que estavam perto dele em Roma. É um fato vergonhoso, porém compreensível. Que ele repouse em paz, esse grande bom pai que eu certamente amava, que foi pessoalmente muito bondoso para comigo. Não creio que ele tenha deixado de ser pai para todos nós e para mim. Se durarmos o tempo suficiente, nós O CANONIZAREMOS. Não hesito em pedir sua intercessão desde já!" ( Carta de Tristão de Athayde). Obs.: em 1962/3 o mundo viveu uma possível guerra nuclear entre Rússia e EUA. MÉRTON escreveu um livro defendendo a paz e contra o uso da bomba atômica. Seus superiores probiram sua publicação na época! O Brasil já dispõe da tradução dele.
sábado, 31 de janeiro de 2015
sexta-feira, 30 de janeiro de 2015
CENTENÁRIO DE MÉRTON CELEBRADO TAMBÉM NO CÉU
"Cada vez mais começo realmente a me sentir gradativamente só, vendo os cadáveres que ficaram pouco a pouco pelo caminho, o último dos quais esse MÉRTON (10/12/1968)- cuja ausência do mundo num retiro de Getsêmani está se tornando, cada dia mais para mim, um vácuo sério. Este vácuo, embora poucos no mundo o sintam, pois nunca chegou nem de longe a exercer a influência imensa de Maritain - que realmente foi um revolucionário e, por isso, mesmo, recebeu em cheio a alma e o assentimento total de nossa geração - é único. MÉRTON foi um dos chamados - e por isso é que tanto o senti unido intimamente ao meu próprio périplo interior - foi se libertando da couraça e tornando-se um homem realmente livre. De modo que, ao partir, me deixa totalmente desamparado como apoio intelectual e espiritual "de fora". E deixado às minhas próprias forças ou, antes, fraquezas, não tenho hoje mais nenhum mestre. Só o Mestre . O Único. Ninguém mais no horizonte, longe ou perto. Foi-se JOÃO XXIII, no alto da colina, aguentando a gente cá de baixo. E foi-se o ermitão que, do fundo de sua solidão, via melhor do que todos. E para encerrar a série que e screvia sobre Gandhi com citações do próprio, que MÉRTON escreveu em 1964 sobre uma antologia dos seus pensamentos que, afinal, foi ver de perto na própria Índia, onde afinal foi, pela graça de Deus, realizar uma de suas grandes aspirações, que era conhecer de perto o monaquismo hindu"(Petrópolis, 06/01/69, em carta à filha abadessa).
"Cada vez mais começo realmente a me sentir gradativamente só, vendo os cadáveres que ficaram pouco a pouco pelo caminho, o último dos quais esse MÉRTON (10/12/1968)- cuja ausência do mundo num retiro de Getsêmani está se tornando, cada dia mais para mim, um vácuo sério. Este vácuo, embora poucos no mundo o sintam, pois nunca chegou nem de longe a exercer a influência imensa de Maritain - que realmente foi um revolucionário e, por isso, mesmo, recebeu em cheio a alma e o assentimento total de nossa geração - é único. MÉRTON foi um dos chamados - e por isso é que tanto o senti unido intimamente ao meu próprio périplo interior - foi se libertando da couraça e tornando-se um homem realmente livre. De modo que, ao partir, me deixa totalmente desamparado como apoio intelectual e espiritual "de fora". E deixado às minhas próprias forças ou, antes, fraquezas, não tenho hoje mais nenhum mestre. Só o Mestre . O Único. Ninguém mais no horizonte, longe ou perto. Foi-se JOÃO XXIII, no alto da colina, aguentando a gente cá de baixo. E foi-se o ermitão que, do fundo de sua solidão, via melhor do que todos. E para encerrar a série que e screvia sobre Gandhi com citações do próprio, que MÉRTON escreveu em 1964 sobre uma antologia dos seus pensamentos que, afinal, foi ver de perto na própria Índia, onde afinal foi, pela graça de Deus, realizar uma de suas grandes aspirações, que era conhecer de perto o monaquismo hindu"(Petrópolis, 06/01/69, em carta à filha abadessa).
CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DE THOMÁS MÉRTON 31/01/2015
Parabéns, THOMAS MÉRTON", neste centenário de teu nascimento: 31/01/2015! Teu maior amigo brasileiro, TRISTÃO DE ATHAYDE, recorda o que falou de ti, em carta à sua filha monja, Maria Luiza (07/07/1964): "Os sinos estão repicando na catedral. Por que será? algum aniversário petropolitano ou imperial? Ontem à noitinha passei pelas freirinhas da Companhia da Virgem para entregar o livro "Life and holiness" para o qual escrevi o prefácio agora, e devolver umas revistas que me haviam emprestado com artigos do mesmo Mérton. Quanto mais o leio, mais me convenço de que é o maior escritor católico vivo. Escritor, isto é, uma pena não especializada (como um Maritain, filósofo; um Mauriac, romancista; um Rahner ou um Journet, teólogos e bons), e levando a todos de vários planos do espírito, o que li de mais essencial na mensagem da Igreja, em termos que o homem culto hoje entende e gosta. Sinceramente não vejo outro. Na carta dele à irmã Emanuel ele teme ("I am afraid") que eu tenha exagerado a sua importância como escritor católico. Não exagero nada. Procuro e não encontro outro que diga as coisas como devem ser ditas, do modo como devem sê-lo e interpretando admiravelmente a verdadeira posição da Igreja. Nunca, até agora, me encontrei em desacordo com ele. E só lamento não ler tudo o que escreve. É um homem que nada escreve senão depois de ir ai heart of the matter". E na carta de 21/02/1966 à mesma filha abadessa: "... Se, em 1928, eram Chesterton e Maritain as duas janelas que se abriam para que eu respirasse mais à vontade e encontrasse, por essa vibração deliciosa, o caminho da Casa - hoje são Mérton e Teillard que me abrem novas janelas para arejar a casa, a Casa onde João XXIII abriu tantas janelas, mas cuja morte quase que as fechou de novo, a pedido de Paulo VI, para que eu não me resfriasse..."Estou sentindo que começo a ser injusto com o nosso Montini: por que não o tenho lido bastante! Pois estou certo de que ele, Montini, não mudou. Eu é que mudei... para pior, depois da primavera do nosso João! Preciso voltar ao ano todo, com outonos, invernos, verões... Ciao."
Parabéns, THOMAS MÉRTON", neste centenário de teu nascimento: 31/01/2015! Teu maior amigo brasileiro, TRISTÃO DE ATHAYDE, recorda o que falou de ti, em carta à sua filha monja, Maria Luiza (07/07/1964): "Os sinos estão repicando na catedral. Por que será? algum aniversário petropolitano ou imperial? Ontem à noitinha passei pelas freirinhas da Companhia da Virgem para entregar o livro "Life and holiness" para o qual escrevi o prefácio agora, e devolver umas revistas que me haviam emprestado com artigos do mesmo Mérton. Quanto mais o leio, mais me convenço de que é o maior escritor católico vivo. Escritor, isto é, uma pena não especializada (como um Maritain, filósofo; um Mauriac, romancista; um Rahner ou um Journet, teólogos e bons), e levando a todos de vários planos do espírito, o que li de mais essencial na mensagem da Igreja, em termos que o homem culto hoje entende e gosta. Sinceramente não vejo outro. Na carta dele à irmã Emanuel ele teme ("I am afraid") que eu tenha exagerado a sua importância como escritor católico. Não exagero nada. Procuro e não encontro outro que diga as coisas como devem ser ditas, do modo como devem sê-lo e interpretando admiravelmente a verdadeira posição da Igreja. Nunca, até agora, me encontrei em desacordo com ele. E só lamento não ler tudo o que escreve. É um homem que nada escreve senão depois de ir ai heart of the matter". E na carta de 21/02/1966 à mesma filha abadessa: "... Se, em 1928, eram Chesterton e Maritain as duas janelas que se abriam para que eu respirasse mais à vontade e encontrasse, por essa vibração deliciosa, o caminho da Casa - hoje são Mérton e Teillard que me abrem novas janelas para arejar a casa, a Casa onde João XXIII abriu tantas janelas, mas cuja morte quase que as fechou de novo, a pedido de Paulo VI, para que eu não me resfriasse..."Estou sentindo que começo a ser injusto com o nosso Montini: por que não o tenho lido bastante! Pois estou certo de que ele, Montini, não mudou. Eu é que mudei... para pior, depois da primavera do nosso João! Preciso voltar ao ano todo, com outonos, invernos, verões... Ciao."
quinta-feira, 29 de janeiro de 2015
MÉRTON E OS POETAS BRASILEIROS
"Acho os poetas brasileiros diferentes dos outros poetas latinoamericanos. Sua ídole mansa, seu amor franciscano pela vida, seu respeito por todos os seres vivos só está plenamente reproduzido, tanto quanto eu saiba, em Correia Andrade, do Equador, e Erasmo Cardenal, da Nicaragua. Não há nos brasileiros nada de duro, de amargo, de artificial, nem atitudes doutrinadoras, coisas que se encontram em tantos poetas hispanoamericanos, por mais admiráveis que sejam. Que diferença entre Manoel Bandeira, ou Jorge de Lima, cujo amor é pelos homens , e em alguns dos poetas marxistas escrevendo em espanhol, cujo amor é por uma causa. Acho que Jorge de Lima sobretudo é um poeta que entusiasma profundamente, um místico de visão tanto cósmica como cristã. Escrevi ao meu amigo Lax, imediatamente, quando descobri o grande , incomparável circo deste brasileiro. O mesmo humor paradisíaco, contemplando o universo como um jogo - ver o capítulo oitavo do livro dos Provérbios". Depois de amanhã, sábado, 31 de janeiro, CENTENÁRIO de nascimento de THOMAS MÉRTON.
"Acho os poetas brasileiros diferentes dos outros poetas latinoamericanos. Sua ídole mansa, seu amor franciscano pela vida, seu respeito por todos os seres vivos só está plenamente reproduzido, tanto quanto eu saiba, em Correia Andrade, do Equador, e Erasmo Cardenal, da Nicaragua. Não há nos brasileiros nada de duro, de amargo, de artificial, nem atitudes doutrinadoras, coisas que se encontram em tantos poetas hispanoamericanos, por mais admiráveis que sejam. Que diferença entre Manoel Bandeira, ou Jorge de Lima, cujo amor é pelos homens , e em alguns dos poetas marxistas escrevendo em espanhol, cujo amor é por uma causa. Acho que Jorge de Lima sobretudo é um poeta que entusiasma profundamente, um místico de visão tanto cósmica como cristã. Escrevi ao meu amigo Lax, imediatamente, quando descobri o grande , incomparável circo deste brasileiro. O mesmo humor paradisíaco, contemplando o universo como um jogo - ver o capítulo oitavo do livro dos Provérbios". Depois de amanhã, sábado, 31 de janeiro, CENTENÁRIO de nascimento de THOMAS MÉRTON.
quarta-feira, 28 de janeiro de 2015
DIA DA CONVERSÃO DE THOMAS MÉRTON: 16/11/1938
EM 1935, A CONVITE DE UM AMIGO, MÉRTON chega aos EUA. Ingressa como aluno de segundo ano na Universidade de Colúmbia. Em 1938 foi batizado. Parece-me que sua vida entre a chegada aos EUA, em 1935 até o batizado em 1938, foi muita rica de acontecimentos, das mais variadas espécies. Aconselho a leitura das centenas de páginas deixadas por MÉRTON, escritas com a transparência de uma alma em busca de um porto. Certa feita, dobrando a esquina da 121st Street, encontrou o Padre Ford, conhecido da Universidade, que a seu pedido levou-a até a casa, confessando querer tornar-se católico. Indicou-lhe como instrutor o Padre
Moore. Pensando também em consultar um leigo sobre o desejo de abraçar o estado eligioso, tomou parte num curso de filosofia tomista dirigido por Daniel Walsh que lhe moldou e dirigiu a vocação ao sacerdócio. Por fim, no dia 16 de novembro de 1938 foi batizado e fez sua primeira comunhão. sendo oficiante o PADRE MOORE. REPITO: vale a pena ler, meditando, recordando mesmo os dias longínquos, quem sabe, de nosso batismo, de nossa primeira comunhão e seus preparativos, de nossos escrúpulos de morder a hóstia, de temer perder o jejum engolindo a saliva, etc. E não se esqueça: dia 31/01/2015 comemoramos o CENTENÁRIO de NASCIMENTO de THOMAS 'MERTON!
("A MONTANHA DOS SETE PATAMARES", DE THOMAS MÉRTON).
EM 1935, A CONVITE DE UM AMIGO, MÉRTON chega aos EUA. Ingressa como aluno de segundo ano na Universidade de Colúmbia. Em 1938 foi batizado. Parece-me que sua vida entre a chegada aos EUA, em 1935 até o batizado em 1938, foi muita rica de acontecimentos, das mais variadas espécies. Aconselho a leitura das centenas de páginas deixadas por MÉRTON, escritas com a transparência de uma alma em busca de um porto. Certa feita, dobrando a esquina da 121st Street, encontrou o Padre Ford, conhecido da Universidade, que a seu pedido levou-a até a casa, confessando querer tornar-se católico. Indicou-lhe como instrutor o Padre
Moore. Pensando também em consultar um leigo sobre o desejo de abraçar o estado eligioso, tomou parte num curso de filosofia tomista dirigido por Daniel Walsh que lhe moldou e dirigiu a vocação ao sacerdócio. Por fim, no dia 16 de novembro de 1938 foi batizado e fez sua primeira comunhão. sendo oficiante o PADRE MOORE. REPITO: vale a pena ler, meditando, recordando mesmo os dias longínquos, quem sabe, de nosso batismo, de nossa primeira comunhão e seus preparativos, de nossos escrúpulos de morder a hóstia, de temer perder o jejum engolindo a saliva, etc. E não se esqueça: dia 31/01/2015 comemoramos o CENTENÁRIO de NASCIMENTO de THOMAS 'MERTON!
("A MONTANHA DOS SETE PATAMARES", DE THOMAS MÉRTON).
terça-feira, 27 de janeiro de 2015
PRÓXIMO 31/01/2015 = CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DE THOMAS MÉRTON
Morto o pai em 1931, MÉRTON, na Inglaterra, com 16 anos, depois de alguns meses de depressão, sentiu-se plenamente libertado de tudo que impedia sua vontade de fazer o que mais lhe aprouvesse. Recebendo então o convite de um amigo que fosse aos Estaddos Unidos, embarcou para a América em 1935, já passados cinco anos da morte do pai, quando assim conquistara a liberdade plena, embora, muito mais cedo que pensasse, iria descobrir que, ao invés da liberdade, caíra no mais medonho cativeiro: os últimos traços de religião se lhe apagaram. Tornou-se zeloso de guardar o templo de seu espírito contra todos os intrusos para se dedicar ao preito de uma vontade estúpida. Adquirira o "status" de um autêntico homem completo do século XX! Pertencia assim ao mundo em que vivia: um legítimo cidadão de um século horripilante, o século dos gases venenosos e das bombas atômicas, um homem vivendo no limiar do Apocalipse, um ser vivendo na morte, veias cheias de veneno. Leitor de Baudelaire bem que poderia ouvir dele: "Hypocrite lecteur, mon semblabe, mon frere...". Acontece, porém, que "meu pai me despertara o gosto pelas poesias de William Blake. Aos 16 anos suas metáforas começaram a maravilhar-me. Cheguei ao ponto de me perguntar que espécie de homem ele teria sido, em que acreditaria? Impressionado, por exemplo, pelo que lia em Blake, ora sobre figuras de sacerdotes atemorizantes e hostis, ora, em outra página, por exemplo no poema "O Monge Cinzento", a respeito de um sacerdote santo, heroi da caridade e da fé, culminando por confessar no fim da vida ao amigo Samuel Palmer que a Igreja Católica era a única que ensinava o amor de Deus. Convencera-me de que Blake era um homem bom e santo, porque sua fé era real e seu amor por Deus poderoso e sincero. E pensei: "através de Blake chegarei um dia à única igreja verdadeira e ao Único Deus Vivo por intermédio de seu Filho, Jesus Cristo". MÉRTON batizou-se em 16 de novembro de 1938.
Morto o pai em 1931, MÉRTON, na Inglaterra, com 16 anos, depois de alguns meses de depressão, sentiu-se plenamente libertado de tudo que impedia sua vontade de fazer o que mais lhe aprouvesse. Recebendo então o convite de um amigo que fosse aos Estaddos Unidos, embarcou para a América em 1935, já passados cinco anos da morte do pai, quando assim conquistara a liberdade plena, embora, muito mais cedo que pensasse, iria descobrir que, ao invés da liberdade, caíra no mais medonho cativeiro: os últimos traços de religião se lhe apagaram. Tornou-se zeloso de guardar o templo de seu espírito contra todos os intrusos para se dedicar ao preito de uma vontade estúpida. Adquirira o "status" de um autêntico homem completo do século XX! Pertencia assim ao mundo em que vivia: um legítimo cidadão de um século horripilante, o século dos gases venenosos e das bombas atômicas, um homem vivendo no limiar do Apocalipse, um ser vivendo na morte, veias cheias de veneno. Leitor de Baudelaire bem que poderia ouvir dele: "Hypocrite lecteur, mon semblabe, mon frere...". Acontece, porém, que "meu pai me despertara o gosto pelas poesias de William Blake. Aos 16 anos suas metáforas começaram a maravilhar-me. Cheguei ao ponto de me perguntar que espécie de homem ele teria sido, em que acreditaria? Impressionado, por exemplo, pelo que lia em Blake, ora sobre figuras de sacerdotes atemorizantes e hostis, ora, em outra página, por exemplo no poema "O Monge Cinzento", a respeito de um sacerdote santo, heroi da caridade e da fé, culminando por confessar no fim da vida ao amigo Samuel Palmer que a Igreja Católica era a única que ensinava o amor de Deus. Convencera-me de que Blake era um homem bom e santo, porque sua fé era real e seu amor por Deus poderoso e sincero. E pensei: "através de Blake chegarei um dia à única igreja verdadeira e ao Único Deus Vivo por intermédio de seu Filho, Jesus Cristo". MÉRTON batizou-se em 16 de novembro de 1938.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
O PÁSSARO CATIVO
Armas num galho de árvore um alçapão,
E em breve uma avezinha descuidada, batendo as asas cai na escravidão. Dás-lhe então por esplêndida morada a gaiola dourada.// Dás-lhe alpiste e água fresca e ovos e tudo! Por que é que tendo tudo há de ficar o passarinho mudo? arrepiado e triste e sem cantar? // É que, criança, os pássaros não falam, só gorgeando a sua dor exalam, sem que os homens o possam entender. Se os pássaros falassem, talvez os teus ouvidos escutassem esse cativo pássaro a dizer: / / NÃO QUERO O TEU ALPISTE! GOSTO MAIS DO ALIMENTO QUE PROCURO NO MATO LIVRE EM QUE A VOAR ME VISTE; TENHO ÁGUA FRESCA NUM RECANTO ESCURO DA SELVA EM QUE NASCI, DA MATA ENTRE OS VERDORES; TENHO FRUTOS E FLORES, SEM PRECISAR DE TI! NÃO QUERO A TUA ESPLÊNDIDA GAIOLA! POIS NENHUMA RIQUEZA ME CONSOLA DE HAVER PERDIDO AQUILO QUE PERDI! PREFIRO O NINHO HUMILDE, CONSTRUÍDO DE FOLHAS SECAS, PLÁCIDO, E ESCONDIDO ENTRE OS GALHOS DAS ÁRVORES AMIGAS... SOLTA-ME AO VENTO E AO SOL! COM QUE DIREITO À ESCRAVIDÃO ME OBRIGAS? QUERO SAUDAR AS POMPAS DO ARREBOL! QUERO, AO CAIR DA TARDE, ENTOAR MINHAS TRISTÍSSIMAS CANTIGAS! POR QUE ME PRENDES? SOLTA-ME, COVARDE! QUERO VOAR... VOAR...! //// ESTAS COUSAS O PÁSSARO DIRIA SE PUDESSE FALAR! E A TUA ALMA, CRIANÇA, TREMERIA, VENDO TANTA AFLIÇÃO... E A TUA MÃO, TREMENDO, LHE ABRIRIA A PORTA DO ALÇAPÃO! (de OLAVO BILAC).
Armas num galho de árvore um alçapão,
E em breve uma avezinha descuidada, batendo as asas cai na escravidão. Dás-lhe então por esplêndida morada a gaiola dourada.// Dás-lhe alpiste e água fresca e ovos e tudo! Por que é que tendo tudo há de ficar o passarinho mudo? arrepiado e triste e sem cantar? // É que, criança, os pássaros não falam, só gorgeando a sua dor exalam, sem que os homens o possam entender. Se os pássaros falassem, talvez os teus ouvidos escutassem esse cativo pássaro a dizer: / / NÃO QUERO O TEU ALPISTE! GOSTO MAIS DO ALIMENTO QUE PROCURO NO MATO LIVRE EM QUE A VOAR ME VISTE; TENHO ÁGUA FRESCA NUM RECANTO ESCURO DA SELVA EM QUE NASCI, DA MATA ENTRE OS VERDORES; TENHO FRUTOS E FLORES, SEM PRECISAR DE TI! NÃO QUERO A TUA ESPLÊNDIDA GAIOLA! POIS NENHUMA RIQUEZA ME CONSOLA DE HAVER PERDIDO AQUILO QUE PERDI! PREFIRO O NINHO HUMILDE, CONSTRUÍDO DE FOLHAS SECAS, PLÁCIDO, E ESCONDIDO ENTRE OS GALHOS DAS ÁRVORES AMIGAS... SOLTA-ME AO VENTO E AO SOL! COM QUE DIREITO À ESCRAVIDÃO ME OBRIGAS? QUERO SAUDAR AS POMPAS DO ARREBOL! QUERO, AO CAIR DA TARDE, ENTOAR MINHAS TRISTÍSSIMAS CANTIGAS! POR QUE ME PRENDES? SOLTA-ME, COVARDE! QUERO VOAR... VOAR...! //// ESTAS COUSAS O PÁSSARO DIRIA SE PUDESSE FALAR! E A TUA ALMA, CRIANÇA, TREMERIA, VENDO TANTA AFLIÇÃO... E A TUA MÃO, TREMENDO, LHE ABRIRIA A PORTA DO ALÇAPÃO! (de OLAVO BILAC).
domingo, 25 de janeiro de 2015
CEM ANOS DE THOMAS MÉRTON
Dia 31/01/15: Centenário de nascimento de MÉRTON. Casados na Inglaterra em 1914, seus pais vão morar em Prades na França, onde MÉRTON nasce (31/01/1915). Com a guerra voltam para a Inglaterra. Quando Mérton tem 6 anos, falecendo-lhe a mãe, pai e filho iniciam uma peregrinação, a trabalho do pai, pelo país e circunvizinhança, inclusive, e por último, na França por curta temporada, regressando à Inglaterra em 1929. Em 1930, acometido de um tumor cerebral, seu pai falece no hospital de Londres, não sem antes perder a faculdade de falar. Visitando-o um dia, viu o pai desenhando uns monges barbudos com auréolas am volta da cabeça: eram figuras de santos. Mérton intuiu que a morte do pai, em 1931, fora de um homem religioso cuja vontade e inteligência se teriam voltado para Deus. Um ano depois, 1932, visitando Roma encanta-se com a majestade dos mosaicos bizantinos das igrejas romanas. Certa noite, escrevendo em seu diário suas impressões sobre os ícones bizantinos, "a presença de seu pai salta-lhe tão real e vívida" como se estivesse falando com ele ou houvesse tocado seu braço". "E pela primeira vez na vida, entra na igreja com a intenção de rezar ao Deus que nunca havia conhecido. Ajoelha-se e ora desde as raízes mais profundas de seu ser, derramando lágrimas que lavam sua alma e enchem-no de uma paz desconhecida até então". Este fato, sem dúvida, pode considerar-se como o início de sua conversão, pois a semente depositada em sua alma germinou e cresceu, eclodindo de vida através de longo e doloroso processo que culminou com seu batismo em 16 de novembro de 1938, e a cruzar a entrada do mosteiro trapense de Getsêmani, em Kentucki, no dia 10 de dezembro de 1941. Ali vestiria o hábito branco do monge beneditino que configuraria sua imagem exterior até a morte"("Thomas Mérton Uma Vida com Horizonte", Maria Luísa Lópes Laguna, p. 92).
Dia 31/01/15: Centenário de nascimento de MÉRTON. Casados na Inglaterra em 1914, seus pais vão morar em Prades na França, onde MÉRTON nasce (31/01/1915). Com a guerra voltam para a Inglaterra. Quando Mérton tem 6 anos, falecendo-lhe a mãe, pai e filho iniciam uma peregrinação, a trabalho do pai, pelo país e circunvizinhança, inclusive, e por último, na França por curta temporada, regressando à Inglaterra em 1929. Em 1930, acometido de um tumor cerebral, seu pai falece no hospital de Londres, não sem antes perder a faculdade de falar. Visitando-o um dia, viu o pai desenhando uns monges barbudos com auréolas am volta da cabeça: eram figuras de santos. Mérton intuiu que a morte do pai, em 1931, fora de um homem religioso cuja vontade e inteligência se teriam voltado para Deus. Um ano depois, 1932, visitando Roma encanta-se com a majestade dos mosaicos bizantinos das igrejas romanas. Certa noite, escrevendo em seu diário suas impressões sobre os ícones bizantinos, "a presença de seu pai salta-lhe tão real e vívida" como se estivesse falando com ele ou houvesse tocado seu braço". "E pela primeira vez na vida, entra na igreja com a intenção de rezar ao Deus que nunca havia conhecido. Ajoelha-se e ora desde as raízes mais profundas de seu ser, derramando lágrimas que lavam sua alma e enchem-no de uma paz desconhecida até então". Este fato, sem dúvida, pode considerar-se como o início de sua conversão, pois a semente depositada em sua alma germinou e cresceu, eclodindo de vida através de longo e doloroso processo que culminou com seu batismo em 16 de novembro de 1938, e a cruzar a entrada do mosteiro trapense de Getsêmani, em Kentucki, no dia 10 de dezembro de 1941. Ali vestiria o hábito branco do monge beneditino que configuraria sua imagem exterior até a morte"("Thomas Mérton Uma Vida com Horizonte", Maria Luísa Lópes Laguna, p. 92).
sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
ÚLTIMA CARTA DE THOMAS MÉRTON
ESCRITA DE NOVA DELHI, 09/11/1968, AOS AMIGOS. "Espero que compreendam por que não posso responder as cartas agora. Estou inteiramente ocupado com esses encontros monásticos e com o estudo e a oração necessários para torná-los proveitosos. Espero que rezem por mim e por todos aqueles que irei encontrar. Estou certo de que a bênção de Deus se estenderá sobre esses encontros e espero que muito benefício mútuo há de resultar deles. Também espero poder levar para meu mosteiro alguma coisa da sabedoria asiática, com a qual tenho a sorte de estar em contato - mas é coisa miuito difícil de expressar com palavras. Desejo a todos paz e alegria no Senhor e um crescimento na fé: pois nos meus contatos com estes novos amigos também eu sinto consolação na minha própria fé em Cristo e na Sua presença que me envolve. Espero e creio que Ele esteja presente nos corações de todos nós. Com minhas saudações mais cordiais a todos sou, em Jesus e em seu Espírito, vosso, Thomas Mérton. "Encontrei-me com o Dalai Lama, 33 anos, pessoa muito alerta e enérgica, no alto dos Himalaias. São estas as mais belas montanhas que já vi. Há alguma coisa na luz de lá, um azul e uma claridade que não se vêem em mais lugar nenhum. Estive 8 dias em Dharamasala, fazendo uma espécie de retiro, lendo e meditando e encontrando mestres tibetanos. Tive três longas entrevistas com o Dalai Lama e também falei com muitos outros. Observação: Mérton faleceu dia 10 de dezembro de 1968 em Bangkok, aos 53 anos.
ESCRITA DE NOVA DELHI, 09/11/1968, AOS AMIGOS. "Espero que compreendam por que não posso responder as cartas agora. Estou inteiramente ocupado com esses encontros monásticos e com o estudo e a oração necessários para torná-los proveitosos. Espero que rezem por mim e por todos aqueles que irei encontrar. Estou certo de que a bênção de Deus se estenderá sobre esses encontros e espero que muito benefício mútuo há de resultar deles. Também espero poder levar para meu mosteiro alguma coisa da sabedoria asiática, com a qual tenho a sorte de estar em contato - mas é coisa miuito difícil de expressar com palavras. Desejo a todos paz e alegria no Senhor e um crescimento na fé: pois nos meus contatos com estes novos amigos também eu sinto consolação na minha própria fé em Cristo e na Sua presença que me envolve. Espero e creio que Ele esteja presente nos corações de todos nós. Com minhas saudações mais cordiais a todos sou, em Jesus e em seu Espírito, vosso, Thomas Mérton. "Encontrei-me com o Dalai Lama, 33 anos, pessoa muito alerta e enérgica, no alto dos Himalaias. São estas as mais belas montanhas que já vi. Há alguma coisa na luz de lá, um azul e uma claridade que não se vêem em mais lugar nenhum. Estive 8 dias em Dharamasala, fazendo uma espécie de retiro, lendo e meditando e encontrando mestres tibetanos. Tive três longas entrevistas com o Dalai Lama e também falei com muitos outros. Observação: Mérton faleceu dia 10 de dezembro de 1968 em Bangkok, aos 53 anos.
quinta-feira, 22 de janeiro de 2015
LÍDER TEM QUE CORRER RISCOS
Um pensamento lido na FOLHA, de Clóvis Rossi, em "Dilma, ouça a receita Renzi", relsovi encaixá-lo aqui, para não dizerem que vivo alheio à política. É quando ele (Matteo Renzi, premiê italiano) diz que "a transformação dos riscos em oportunidade é a qualidade da liderança" e que, por importante que seja a economia, "sem liderança política, nós não estaremos em condições de investir em um mundo diferente". Rossi confessa que pensou em DILMA ao ouvir Renzo no Forum de Davos. A ideia de que a transformação de riscos em oportunidade é a qualidade da liderança se aplica como uma luva na percepção de Dilma que havia riscos na condução da economia como vinha sendo feita. Depois de imaginar alguns tipos de saída do "embroglio", deteve-se no pensamento de criar uma oportunidade para se livrar dele, e o fez: aceitar a direção da economia, a muito contra gosto e ainda por cima "mal digerida pelo seu partido", por um membro dum partido contrário, incorrendo assim num sério risco de se ver desmoralizada. Pior ainda: "escondeu-se no palácio e não aparece em público para exibir a liderança política que o premiê italiano reclama. Liderança que se estende a todas as esferas de seu governo que enfrentam sérias dificuldades. Enquanro Rizzi mostra-se de peito aberto, mostrando-se imperativo com uma série de reformas internas e com um discurso para mudar até a política predominante na Europa, que faz o chefe do executivo? Emudeceu! Uma das primeiras qualidades de um autêntico líder é CORRER RISCOS! A missão do líder é-lhe confiada para o bem comum. Nem o capricho, nem o orgulho devem ditar ao chefe as suas decisões. Só a humildade permite a diminuição dos riscos, dos caprichos, o reconhecimento e a reparação das faltas. É dar prova de grande força de ânimo aceitar uma censura, ouvir uma observação, pensar que tem de despojar-se de suas próprias ideias e de ceder da sua vontade, máxime QUANDO SE DIRIGE UM PAÍS, nosso BRASIL!
Um pensamento lido na FOLHA, de Clóvis Rossi, em "Dilma, ouça a receita Renzi", relsovi encaixá-lo aqui, para não dizerem que vivo alheio à política. É quando ele (Matteo Renzi, premiê italiano) diz que "a transformação dos riscos em oportunidade é a qualidade da liderança" e que, por importante que seja a economia, "sem liderança política, nós não estaremos em condições de investir em um mundo diferente". Rossi confessa que pensou em DILMA ao ouvir Renzo no Forum de Davos. A ideia de que a transformação de riscos em oportunidade é a qualidade da liderança se aplica como uma luva na percepção de Dilma que havia riscos na condução da economia como vinha sendo feita. Depois de imaginar alguns tipos de saída do "embroglio", deteve-se no pensamento de criar uma oportunidade para se livrar dele, e o fez: aceitar a direção da economia, a muito contra gosto e ainda por cima "mal digerida pelo seu partido", por um membro dum partido contrário, incorrendo assim num sério risco de se ver desmoralizada. Pior ainda: "escondeu-se no palácio e não aparece em público para exibir a liderança política que o premiê italiano reclama. Liderança que se estende a todas as esferas de seu governo que enfrentam sérias dificuldades. Enquanro Rizzi mostra-se de peito aberto, mostrando-se imperativo com uma série de reformas internas e com um discurso para mudar até a política predominante na Europa, que faz o chefe do executivo? Emudeceu! Uma das primeiras qualidades de um autêntico líder é CORRER RISCOS! A missão do líder é-lhe confiada para o bem comum. Nem o capricho, nem o orgulho devem ditar ao chefe as suas decisões. Só a humildade permite a diminuição dos riscos, dos caprichos, o reconhecimento e a reparação das faltas. É dar prova de grande força de ânimo aceitar uma censura, ouvir uma observação, pensar que tem de despojar-se de suas próprias ideias e de ceder da sua vontade, máxime QUANDO SE DIRIGE UM PAÍS, nosso BRASIL!
A FAMÍLIA DEVE CRIAR SERES HUMANOS
Próprio da natureza humana é crescer, no sentido da lei fundamental da vida que é a lei da perfectibilidade. E aqui ressalta a FUNÇÃO DA FAMÍLIA. Se o Estado visa ao bem comum; a Igreja ao bem espiritual, à FAMÍLIA compete visar à conservação do HUMANISMO, isto é, formar o ser humano e garantir a humanização da sociedade. Embora membro da Igreja e do Estado, a FAMÍLIA COMO TAL tem uma função HUMANIZANTE; cabe-lhe a HUMANIZAÇÃO da sociedade, a DETERMINAÇÃO DOS LIMITES DA LIBERDADE e dos direitos da AUTORIDADE, para a preservação da DIGNIDADE DO SER HUMANO contra toda tendência à desumanização. A FAMÍLIA é o grupo que consegue realizar a convivência dos demais grupos, transformando COEXISTÊNCIA em CONVIVÊNCIA. Isto, sim, é que é CIVILIZAÇÃO. Em toda sociedade em que se queira paz, fraternidade, harmonia, convívio, entendimento, respeito à liberdade dos outros, AÍ ESTÁ A PALAVRA DA FAMÍLIA. A EDUCAÇÃO, NA FAMÍLIA, pela FAMÍLIA, tem que ser toda voltada à ALMA HUMANA, À HUMANIZAÇÃO da sociedade. Não é a socialização, não é a universalização, não é a humanização da sociedade. É, antes, a FRATERNIZAÇÃO, a HUMANIZAÇÃO da FAMÍLIA. A FAMÍLIA HOJE não pode realizar sua FUNÇÃO ESSENCIAL, enquanto houver esse desnivelamento econômico. Neste ponto Marx tinha razão quando introduziu a economia como elemento social fundamental. Como podemos querer que uma FAMÍLIA eduque seus filhos e tenha noção de sua função , de sua missão, de sua posição, se não tem o que comer? Então a concepção autenticamente humana, racional, cristã da FAMÍLIA , no sentido total do termo, só pode realizr-se dentro de uma situação econômico-social que impeça esses desnivelamentos ("Memorando dos 90", Tristão de Athayde, 301).
Próprio da natureza humana é crescer, no sentido da lei fundamental da vida que é a lei da perfectibilidade. E aqui ressalta a FUNÇÃO DA FAMÍLIA. Se o Estado visa ao bem comum; a Igreja ao bem espiritual, à FAMÍLIA compete visar à conservação do HUMANISMO, isto é, formar o ser humano e garantir a humanização da sociedade. Embora membro da Igreja e do Estado, a FAMÍLIA COMO TAL tem uma função HUMANIZANTE; cabe-lhe a HUMANIZAÇÃO da sociedade, a DETERMINAÇÃO DOS LIMITES DA LIBERDADE e dos direitos da AUTORIDADE, para a preservação da DIGNIDADE DO SER HUMANO contra toda tendência à desumanização. A FAMÍLIA é o grupo que consegue realizar a convivência dos demais grupos, transformando COEXISTÊNCIA em CONVIVÊNCIA. Isto, sim, é que é CIVILIZAÇÃO. Em toda sociedade em que se queira paz, fraternidade, harmonia, convívio, entendimento, respeito à liberdade dos outros, AÍ ESTÁ A PALAVRA DA FAMÍLIA. A EDUCAÇÃO, NA FAMÍLIA, pela FAMÍLIA, tem que ser toda voltada à ALMA HUMANA, À HUMANIZAÇÃO da sociedade. Não é a socialização, não é a universalização, não é a humanização da sociedade. É, antes, a FRATERNIZAÇÃO, a HUMANIZAÇÃO da FAMÍLIA. A FAMÍLIA HOJE não pode realizar sua FUNÇÃO ESSENCIAL, enquanto houver esse desnivelamento econômico. Neste ponto Marx tinha razão quando introduziu a economia como elemento social fundamental. Como podemos querer que uma FAMÍLIA eduque seus filhos e tenha noção de sua função , de sua missão, de sua posição, se não tem o que comer? Então a concepção autenticamente humana, racional, cristã da FAMÍLIA , no sentido total do termo, só pode realizr-se dentro de uma situação econômico-social que impeça esses desnivelamentos ("Memorando dos 90", Tristão de Athayde, 301).
segunda-feira, 19 de janeiro de 2015
CONTINUARÁ O CARIOCA SER UM FILHO ÓRFÃO?
TRISTÃO DE ATHAYDE foi um apaixonado pelo RIO CARIOCA. "Seu pai conheceu esse rio ainda descoberto até a foz no Flamengo. E se lembrava do pedágio que se pagava na Confluência do Caminho Velho de Botafogo (Senador Vergueiro) e do Caminho Novo (Marquês de Abrantes) na futura Praça José de Alencar. Tristão conta que Machado de Assis morava na Rua Cosme Velho também, um pouco adiante da nossa casa. Diariamente a pé passava pelo jardim de sua casa. Ficávamos na grade brincando de "motorneiro". Os cobradores do bonde usavam as notas pra fazer troco, e nós usávamos as folhas. O velho Machado brincava conosco, passando a mão pela nossa cabeça. Lembro-me quando morreu a mulher dele em 1904, passando sozinho de tarde, sombrio, triste, descendo por ali depois do jantar. Machado de Assis morou ali desde 1890 até morrer em 1908. Sua casa foi botada a baixo pra construir o Colégio Sion. Os bondes eram raros. A cada casa correpondia uma ponte de madeira onde à tarde se debruçavam as meninas em flor. À noite, havendo ópera ou concerto no Lírico o bonde era ornamentado com tapete e capas brancas, virava "bonde de ceroulas...". A Chácara da Casa Azul onde nasci e o leve rumor das águas que corriam rua abaixo marcaram para sempre a lembrança de minha infância. Fui caseiro desde o nascimento, por isso, talvez, é que voltei à Casa de Deus depois de a ter abandonado. Contava minha mãe que ia por vezes à varanda para ver se eu tinha desaparecido, tal o silêncio em que brincava sozinho. Daí talvez até à velhice o meu culto pelo silêncio.
TRISTÃO DE ATHAYDE foi um apaixonado pelo RIO CARIOCA. "Seu pai conheceu esse rio ainda descoberto até a foz no Flamengo. E se lembrava do pedágio que se pagava na Confluência do Caminho Velho de Botafogo (Senador Vergueiro) e do Caminho Novo (Marquês de Abrantes) na futura Praça José de Alencar. Tristão conta que Machado de Assis morava na Rua Cosme Velho também, um pouco adiante da nossa casa. Diariamente a pé passava pelo jardim de sua casa. Ficávamos na grade brincando de "motorneiro". Os cobradores do bonde usavam as notas pra fazer troco, e nós usávamos as folhas. O velho Machado brincava conosco, passando a mão pela nossa cabeça. Lembro-me quando morreu a mulher dele em 1904, passando sozinho de tarde, sombrio, triste, descendo por ali depois do jantar. Machado de Assis morou ali desde 1890 até morrer em 1908. Sua casa foi botada a baixo pra construir o Colégio Sion. Os bondes eram raros. A cada casa correpondia uma ponte de madeira onde à tarde se debruçavam as meninas em flor. À noite, havendo ópera ou concerto no Lírico o bonde era ornamentado com tapete e capas brancas, virava "bonde de ceroulas...". A Chácara da Casa Azul onde nasci e o leve rumor das águas que corriam rua abaixo marcaram para sempre a lembrança de minha infância. Fui caseiro desde o nascimento, por isso, talvez, é que voltei à Casa de Deus depois de a ter abandonado. Contava minha mãe que ia por vezes à varanda para ver se eu tinha desaparecido, tal o silêncio em que brincava sozinho. Daí talvez até à velhice o meu culto pelo silêncio.
AMANHÃ NOVENTA ANOS DO POETA ERNESTO CARDENAL
Nascido em Granada, Nicaragua, em 20/01/1925, é um dos poetas mais importantes da América Latina. Acabo de saber pelo artigo no GLOBO (15/01/15) de nosso Frei Beto, em tão bom momento trazendo-nos ao coração o centenário de nascimento (31/01/14) de outra alma embebida de cristianimo THOMAS MÉRTON, que nosso sacerdote e poeta e teólogo ERNESTO CARDENAL teve como mestre de noviços esse monge trapista "um dos 4 mais conhecidos místicos do século XX, ao lado de Simone Weil, Teillard de Chardin e Charles de Foucauld". CARDENAL foi ordenado sacerdote em 1965. Em I969, ministro da cultura da Nicaragua, governada pelos sandinistas, foi publicamente suspenso "a divinis" pelo pontífice então à frente da IGREJA. Leia o poema seguinte:
Ao perder-TE eu a TI, TU e EU teremos perdido.
EU, porque TU eras o que EU mais amava.
TU, porque era EU que TE amava mais.
Mas, de NÓS dois TU perdes mais do que EU.
Porque EU poderei amar a outras
Como amava a TI.
Mas a TI não amarão mais
Do que TE amava EU!"
Ernesto Cardenal.
Nascido em Granada, Nicaragua, em 20/01/1925, é um dos poetas mais importantes da América Latina. Acabo de saber pelo artigo no GLOBO (15/01/15) de nosso Frei Beto, em tão bom momento trazendo-nos ao coração o centenário de nascimento (31/01/14) de outra alma embebida de cristianimo THOMAS MÉRTON, que nosso sacerdote e poeta e teólogo ERNESTO CARDENAL teve como mestre de noviços esse monge trapista "um dos 4 mais conhecidos místicos do século XX, ao lado de Simone Weil, Teillard de Chardin e Charles de Foucauld". CARDENAL foi ordenado sacerdote em 1965. Em I969, ministro da cultura da Nicaragua, governada pelos sandinistas, foi publicamente suspenso "a divinis" pelo pontífice então à frente da IGREJA. Leia o poema seguinte:
Ao perder-TE eu a TI, TU e EU teremos perdido.
EU, porque TU eras o que EU mais amava.
TU, porque era EU que TE amava mais.
Mas, de NÓS dois TU perdes mais do que EU.
Porque EU poderei amar a outras
Como amava a TI.
Mas a TI não amarão mais
Do que TE amava EU!"
Ernesto Cardenal.
domingo, 18 de janeiro de 2015
SERÁ QUE O CARIOCA SABIA?
Que sua CIDADE MARAVILHOSA que completa depois de amanhã, 20/01/15, 450 anos teve seu berço de nascença onde é hoje o ATERRO DO FLAMENGO? Foi o que nos deixou escrito o historiador Nireu Cavalcanti. Para ele a primeira casa portuguesa edificada na Bahia de Guanabara ali fora construída pela expedição de Pero Lopes de Souza em 1532. Apelidou-se "CASA DE PEDRA". Exatamente no Aterro do Flamengo no ponto onde o RIO CARIOCA tem sua foz em busca da Bahia de Guanabara. O Rio Carioca nasce na Estrada das Paineiras, no coração do Parque Nacional da Tijuca. Do trenzinho que leva ao Cristo Redentor avista-se à direita o leito do riozinho cuja virgindade a civilização reservou. Até atingir sua foz, percorre sete quilômetros, quatro dos quais debaixo da terra, sob o asfalto de três bairros da Zona Sul: Cosme Velho, Laranjeiras e Flamengo. Desde o século XVI o Rio Carioca foi o local principal de abastecimento para os navios que aqui aportavam. Crescendo a cidade nas vizinhanças do Rio Carioca, no Morro do Castelo construiu-se no século XVII um aqueduto, inaugurado em 1723 no Largo da Carioca. Com o projeto do aqueduto veio a feliz ideia da construção dos ARCOS DA LAPA, depois usados no trajeto do bondinho de Santa Teresa ("O GLOBO", 18/01/15), atualmente sem circulação, em obras de restauração, devido a um acidente.
Que sua CIDADE MARAVILHOSA que completa depois de amanhã, 20/01/15, 450 anos teve seu berço de nascença onde é hoje o ATERRO DO FLAMENGO? Foi o que nos deixou escrito o historiador Nireu Cavalcanti. Para ele a primeira casa portuguesa edificada na Bahia de Guanabara ali fora construída pela expedição de Pero Lopes de Souza em 1532. Apelidou-se "CASA DE PEDRA". Exatamente no Aterro do Flamengo no ponto onde o RIO CARIOCA tem sua foz em busca da Bahia de Guanabara. O Rio Carioca nasce na Estrada das Paineiras, no coração do Parque Nacional da Tijuca. Do trenzinho que leva ao Cristo Redentor avista-se à direita o leito do riozinho cuja virgindade a civilização reservou. Até atingir sua foz, percorre sete quilômetros, quatro dos quais debaixo da terra, sob o asfalto de três bairros da Zona Sul: Cosme Velho, Laranjeiras e Flamengo. Desde o século XVI o Rio Carioca foi o local principal de abastecimento para os navios que aqui aportavam. Crescendo a cidade nas vizinhanças do Rio Carioca, no Morro do Castelo construiu-se no século XVII um aqueduto, inaugurado em 1723 no Largo da Carioca. Com o projeto do aqueduto veio a feliz ideia da construção dos ARCOS DA LAPA, depois usados no trajeto do bondinho de Santa Teresa ("O GLOBO", 18/01/15), atualmente sem circulação, em obras de restauração, devido a um acidente.
sexta-feira, 16 de janeiro de 2015
390 ANOS DE FUNDAÇÃO DOS PADRES DA CONGREGAÇÃO DA MISSÃO (17/04/1625)
Conferência de São Vicente a seus padres (25/10/1643): "Trabalhar pela salvação dos pobres camponeses, é este o ponto central de nossa vocação, e todo o resto não passa de acessório, pois nunca teríamos trabalhado nas ordenações, nos seminários dos eclesiásticos, se não tivéssemos julgado que isso era necessário para manter o povo e conservar o fruto produzido pelas missões, quando há bons eclesiásticos imitando nisso os grandes conquistadores, que deixam guarnições nas praças que conquistam com medo de perder o que adquiriram com tanta pena. Não somos muito felizes, meus irmãos, por exprimir tão diretamente a vocação de Jesus Ctristo? Pois, quem exprime mais que os missionários a maneira como Jesus Cristo viveu na terra? Não digo somente nós, mas os missionários do Oratório, da Doutrina Cristã, os missionários capuchinhos, os missionários jesuítas. Ó meus irmãos, esses aí são os grandes missionários, dos quais somos apenas as sombras. Vede como vão até as Indias, ao Japão, ao Canadá, para completar a obra que Jesus Cristo começou na terra e que não abandonou desde o instante de sua vocação! "Hic est filius meus dilectus, ipsum audite". Desde esta ordem de seu Pai, não parou um momento até sua morte. Imaginemos que Ele nos diz: "Saí, missionários, saí! quê! ainda estais aqui? E eis que lá estão as pobres almas que vos aguardam, cuja salvação talvez dependa de vossas pregações e catecismos!"
Conferência de São Vicente a seus padres (25/10/1643): "Trabalhar pela salvação dos pobres camponeses, é este o ponto central de nossa vocação, e todo o resto não passa de acessório, pois nunca teríamos trabalhado nas ordenações, nos seminários dos eclesiásticos, se não tivéssemos julgado que isso era necessário para manter o povo e conservar o fruto produzido pelas missões, quando há bons eclesiásticos imitando nisso os grandes conquistadores, que deixam guarnições nas praças que conquistam com medo de perder o que adquiriram com tanta pena. Não somos muito felizes, meus irmãos, por exprimir tão diretamente a vocação de Jesus Ctristo? Pois, quem exprime mais que os missionários a maneira como Jesus Cristo viveu na terra? Não digo somente nós, mas os missionários do Oratório, da Doutrina Cristã, os missionários capuchinhos, os missionários jesuítas. Ó meus irmãos, esses aí são os grandes missionários, dos quais somos apenas as sombras. Vede como vão até as Indias, ao Japão, ao Canadá, para completar a obra que Jesus Cristo começou na terra e que não abandonou desde o instante de sua vocação! "Hic est filius meus dilectus, ipsum audite". Desde esta ordem de seu Pai, não parou um momento até sua morte. Imaginemos que Ele nos diz: "Saí, missionários, saí! quê! ainda estais aqui? E eis que lá estão as pobres almas que vos aguardam, cuja salvação talvez dependa de vossas pregações e catecismos!"
O PAPA FRANCISCO FALA ÀS CRIANÇAS DE MANILHA
O Papa FRANCISCO chegou ontem a Manilha, nas Filipinas. Logo depois da missa na catedral, fugindo do que era programado, o papa procurou atender ao pedido de centenas de crianças de rua, de uma instituição fundada e dirigida por um padre jesuita, a ANAK-TNK. Quando do Sínodo da Família, no Vaticano, ano passado, o cardeal levou na valisa um video e cartas de 300 crianças de rua, convidando o pontífice a visitá-las em seu lar comunitário. Em sua primeira aparição se dirigiu àquela entidade que recolhe, escolariza e ministra às crianças um trabalho de reconciliação em profundidade. Disse-lhes o papa que as crianças abandonadas fogem de seus lares onde seus pais lhe deviam o maior amor. Elas perdem a estima deles e se consideram como objetos bons para serem atirados nas latas de lixo, em vista da rejeição da sociedade. Seus corações param de bater; sua vocação primordial que é amarem e seram amadas é suspensa. Na ausência desse amor, têm a sensação, a impressão de serem só objetos, as mais das vezes sexuais, expostas aos predadores em troca de ninharias de moedas. Uma das belas lições que nos ensinam, o perdão. Muitas vezes seu problema nasce na família. Quando uma criança é capaz de perdoar, prova que seu coração volta a bater. Então sua dignidade de criança e de ser humano vem à tona, sobrepujando as profundas feridas. Nasce então na comunidade delas uma atmosfera de alegria verdadeira, embora surjam tensões de violência por vezes provocadas pela miséria. Em contra-pé vem a sociedade que confunde alegria com prazer, julgando que as crianças poderão nadar em alegria se forem drogadas de prazer.
O Papa FRANCISCO chegou ontem a Manilha, nas Filipinas. Logo depois da missa na catedral, fugindo do que era programado, o papa procurou atender ao pedido de centenas de crianças de rua, de uma instituição fundada e dirigida por um padre jesuita, a ANAK-TNK. Quando do Sínodo da Família, no Vaticano, ano passado, o cardeal levou na valisa um video e cartas de 300 crianças de rua, convidando o pontífice a visitá-las em seu lar comunitário. Em sua primeira aparição se dirigiu àquela entidade que recolhe, escolariza e ministra às crianças um trabalho de reconciliação em profundidade. Disse-lhes o papa que as crianças abandonadas fogem de seus lares onde seus pais lhe deviam o maior amor. Elas perdem a estima deles e se consideram como objetos bons para serem atirados nas latas de lixo, em vista da rejeição da sociedade. Seus corações param de bater; sua vocação primordial que é amarem e seram amadas é suspensa. Na ausência desse amor, têm a sensação, a impressão de serem só objetos, as mais das vezes sexuais, expostas aos predadores em troca de ninharias de moedas. Uma das belas lições que nos ensinam, o perdão. Muitas vezes seu problema nasce na família. Quando uma criança é capaz de perdoar, prova que seu coração volta a bater. Então sua dignidade de criança e de ser humano vem à tona, sobrepujando as profundas feridas. Nasce então na comunidade delas uma atmosfera de alegria verdadeira, embora surjam tensões de violência por vezes provocadas pela miséria. Em contra-pé vem a sociedade que confunde alegria com prazer, julgando que as crianças poderão nadar em alegria se forem drogadas de prazer.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2015
INESQUECÍVEIS AMIGOS DO RIO
DOM MARTINHO MICHLER O.S.B. (1901-1988) apenas ordenado sacerdote veio para o Rio, tendo governado o Mosteiro de São Bento de 1948 a 1969. Dois livros você encontra para lhe reacender sentimentos de gratidão ou para entrar em contato com um santo não canonizado: "DOM MARTINHO" por D. Clemente Isnard O.S.B e "O MOVIMENTO LITÚRGICO NO BRASIL", por José Ariovaldo da Silva. Pouco antes de falecer Dom Martinho deixou-nos o bilhete seguinte, testemnha de seu amor à nossa cidade de 450 anos: "Quanto mais velho o homem fica, mais se torna sentimental na aparência. Então ele se lembra das canções de antigamente... Por isso vou sempre com prazer para casa em Neresheim. No coração ainda estou lá. Porém na obediência, mas tanbém com pleno amor, com toda a alma e o coração estou também aqui no Rio. E onde alguém está em obediência, aí Deus está com ele, mesmo se fosse somente para sofrer. Aí Deus está mais próximo, como meu venerável falecido abade Bernard de Nereshein costumava exortar. Continuo aida no Rio, na Fé e na Obediência. EU GOSTO DE ESTAR AQUI. Aqui experimentei muita alegria, muito amor, muita fidelidade e gratidão em tempos difíceis". Testemunho de Dom Paulo Gordon O.S.B. "ELE antecipou profeticamente o Concílio Vaticano II. Ele estava certo, só que, infelizmemte, muito cedo. E este muito cedo causou-lhe grandes sofrimentos. Seu sucesso despertou invejosos, mas em tudo que aconteceu jamais procurou o sucesso simplesmente, comunicou sua experiência religiosa, seu amor ao monaquismo, sua vivência eclesial. Com Dom Martinho a IGREJA despertou nas almas".
DOM MARTINHO MICHLER O.S.B. (1901-1988) apenas ordenado sacerdote veio para o Rio, tendo governado o Mosteiro de São Bento de 1948 a 1969. Dois livros você encontra para lhe reacender sentimentos de gratidão ou para entrar em contato com um santo não canonizado: "DOM MARTINHO" por D. Clemente Isnard O.S.B e "O MOVIMENTO LITÚRGICO NO BRASIL", por José Ariovaldo da Silva. Pouco antes de falecer Dom Martinho deixou-nos o bilhete seguinte, testemnha de seu amor à nossa cidade de 450 anos: "Quanto mais velho o homem fica, mais se torna sentimental na aparência. Então ele se lembra das canções de antigamente... Por isso vou sempre com prazer para casa em Neresheim. No coração ainda estou lá. Porém na obediência, mas tanbém com pleno amor, com toda a alma e o coração estou também aqui no Rio. E onde alguém está em obediência, aí Deus está com ele, mesmo se fosse somente para sofrer. Aí Deus está mais próximo, como meu venerável falecido abade Bernard de Nereshein costumava exortar. Continuo aida no Rio, na Fé e na Obediência. EU GOSTO DE ESTAR AQUI. Aqui experimentei muita alegria, muito amor, muita fidelidade e gratidão em tempos difíceis". Testemunho de Dom Paulo Gordon O.S.B. "ELE antecipou profeticamente o Concílio Vaticano II. Ele estava certo, só que, infelizmemte, muito cedo. E este muito cedo causou-lhe grandes sofrimentos. Seu sucesso despertou invejosos, mas em tudo que aconteceu jamais procurou o sucesso simplesmente, comunicou sua experiência religiosa, seu amor ao monaquismo, sua vivência eclesial. Com Dom Martinho a IGREJA despertou nas almas".
quarta-feira, 14 de janeiro de 2015
JOÃO XXIII - FRANCISCO E TRISTÃO
ALCEU AMOROSO LIMA nutria profunda simpatia pelo "nosso Pai João" (1958-1963). Daí as inesquecíveis frases que deixou sobre ele (carta de 16/06/63 à sua filha madre Maria Teresa) quando da morte DELE: "Amanhã são as exéquias do nosso Pai Branco. Como eu gostaria de estar junto dele, morto, como estive em vida! E cada vez, agora, quando me lembro de sua presença, desde o "anche la luna" até a luz da janela nas madrugadas romanas, sinto uma tal dose de emoção que custo a me conter. E sobretudo a ... compreender. Compreender, aliás, compreendo, clarissimamente. O problema é... aceitar. Ainda hoje leio uma frase do Cardeal Siri de Gênova (no sepultamento de João XXIII): "Serão precisos 40 anos para a Igreja recuperar o que perdeu em 4" (estranha profecia! 40 e poucos anos depois eis FRANCISCO, o continuador de João XXIII!). E continua a escrever Tristão: "Quando ouço uma frase dessas compreendo que esforço infinito é preciso para não odiar o próximo... E para cumprir a palavra e a lição de Jesus e de seu servo João... E dizer que são homens dessa qualidade (Siri que recebeu votos para suceder João XXIII) que vão escolher por eleição o sucessor de João XXIII! Tenho notado um sintoma grave: estou custando a conciliar o sono. Ainda não é a insônia, mas é um mau sinal! Por mais que procure calar a voz das minhas cavernas, não consigo tirar o pensamento DO QUE FORAM ESSES 4 ANOS E MEIO que fizeram PROGREDIR a Igreja de 400 anos! " (alusão ao concílio de Trento).
ALCEU AMOROSO LIMA nutria profunda simpatia pelo "nosso Pai João" (1958-1963). Daí as inesquecíveis frases que deixou sobre ele (carta de 16/06/63 à sua filha madre Maria Teresa) quando da morte DELE: "Amanhã são as exéquias do nosso Pai Branco. Como eu gostaria de estar junto dele, morto, como estive em vida! E cada vez, agora, quando me lembro de sua presença, desde o "anche la luna" até a luz da janela nas madrugadas romanas, sinto uma tal dose de emoção que custo a me conter. E sobretudo a ... compreender. Compreender, aliás, compreendo, clarissimamente. O problema é... aceitar. Ainda hoje leio uma frase do Cardeal Siri de Gênova (no sepultamento de João XXIII): "Serão precisos 40 anos para a Igreja recuperar o que perdeu em 4" (estranha profecia! 40 e poucos anos depois eis FRANCISCO, o continuador de João XXIII!). E continua a escrever Tristão: "Quando ouço uma frase dessas compreendo que esforço infinito é preciso para não odiar o próximo... E para cumprir a palavra e a lição de Jesus e de seu servo João... E dizer que são homens dessa qualidade (Siri que recebeu votos para suceder João XXIII) que vão escolher por eleição o sucessor de João XXIII! Tenho notado um sintoma grave: estou custando a conciliar o sono. Ainda não é a insônia, mas é um mau sinal! Por mais que procure calar a voz das minhas cavernas, não consigo tirar o pensamento DO QUE FORAM ESSES 4 ANOS E MEIO que fizeram PROGREDIR a Igreja de 400 anos! " (alusão ao concílio de Trento).
terça-feira, 13 de janeiro de 2015
UM INESQUECÍVEL CENTENÁRIO
31/01/1915. "Nas trincheiras enlameadas do Norte da França agoniza o século XIX, enquanto na paz dos Pireneus, burgo de Prades, mais tarde famoso pelo exílio de Casals, nasce uma criança, uma das figuras mais representativas do século XX. Um santo, como Charles de Foucauld (1858-1916). Quem sabe por que misteriosos encontros humanos um obscuro pianista neozelandês e uma jovem norte-americana davam nessa data ao mundo "um signum cui contradicetur": THOMAS MÉRTON. (1915-1968). No livro de Rice, seu amigo, acompanhamos de perto as vicissitudes iniciais dessa alma extraordinária que tudo experimentou à busca de si mesmo, antes de se encontrar em Deus. Mérton polariza seguramente os mais radicais extremos do noso século na busca do mundo, na revolta contra ele e na sua superação pela santidade. Se foi durante a Primeira Grande Guerra, quando morria o século XIX, que veio ao mundo o autor da "Montanha dos Sete Patamares", que abalou a inteligentsia norte-americana na década de 50, foi durante a Segunda Grande Guerra que o futuro FATHER LOUIS, TRAPISTA, ESCREVEU OS SEUS PRIMEIROS LIVROS DE PROTESTO E ACUSAÇÃO CONTRA O SÉCULO DA RIQUEZA CAPITALISTA, DA VIOLÊNCIA BÉLICA E DA IMPOSTURA TOTALITÁRIA" (TRISTÃO DE ATHAYDE, IX, Gesto de mensagem de um Santo do Século XX NO "DIÁRIO DA ÁSIA", DE THOMAS MÉRTON).
terça-feira, 6 de janeiro de 2015
O PAPA FRANCISCO FALA AO BRASIL!
"Um grande apóstolo do Brasil, o bem-aventurado JOSÉ DE ANCHIETA, partiu em missão quando tinha apenas dezenove anos! Sabem qual é o melhor instrumento para evangelizar os jovens? Outro jovem!"
"Vejo em vocês a beleza do rosto jovem de CRISTO e meu coração se enche de alegria!"
"Nunca me esquecerei daquele 21 de setembro - eu tinha 19 anos - quando, depois de passar pela igreja de San José de Flores para me confessar, senti pela primeira vez que DEUS me chamava. Não tenham medo daquilo que DEUS lhes pede!
"Primeiro, ser chamados por JESUS; segundo, ser chamados a evangelizar; e, terceiro, ser chamados a promover a cultura do encontro!
"O futuro exige hoje o trabalho de reabilitar a POLÍTICA; reabilitar a política, que é uma das formas mais altas da caridade. O futuro exige também uma visão humanista da economia e uma política que realize cada vez mais e melhor a participação das pessoas, evitando elitismos e erradicando a pobreza".
"Peço aos IDOSOS: não esmoreçam na missão de ser a reserva cultural do nosso povo; reserva que transmite a justiça, que transmite a história, que transmite os valores, que transmite a memória do povo".
"Decididamente pensemos a pastoral a partir da periferia, daqueles que estão mais afastados, daqueles que habitualmente não frequentam a paróquia. Eles são os convidados VIP. Saiamos à sua procura nos cruzamentos das estradas!"
"Não vamos esquecer que, idoso ou não, JOÃO XXIII REVOLUCIONOU A IGREJA!".
"Um grande apóstolo do Brasil, o bem-aventurado JOSÉ DE ANCHIETA, partiu em missão quando tinha apenas dezenove anos! Sabem qual é o melhor instrumento para evangelizar os jovens? Outro jovem!"
"Vejo em vocês a beleza do rosto jovem de CRISTO e meu coração se enche de alegria!"
"Nunca me esquecerei daquele 21 de setembro - eu tinha 19 anos - quando, depois de passar pela igreja de San José de Flores para me confessar, senti pela primeira vez que DEUS me chamava. Não tenham medo daquilo que DEUS lhes pede!
"Primeiro, ser chamados por JESUS; segundo, ser chamados a evangelizar; e, terceiro, ser chamados a promover a cultura do encontro!
"O futuro exige hoje o trabalho de reabilitar a POLÍTICA; reabilitar a política, que é uma das formas mais altas da caridade. O futuro exige também uma visão humanista da economia e uma política que realize cada vez mais e melhor a participação das pessoas, evitando elitismos e erradicando a pobreza".
"Peço aos IDOSOS: não esmoreçam na missão de ser a reserva cultural do nosso povo; reserva que transmite a justiça, que transmite a história, que transmite os valores, que transmite a memória do povo".
"Decididamente pensemos a pastoral a partir da periferia, daqueles que estão mais afastados, daqueles que habitualmente não frequentam a paróquia. Eles são os convidados VIP. Saiamos à sua procura nos cruzamentos das estradas!"
"Não vamos esquecer que, idoso ou não, JOÃO XXIII REVOLUCIONOU A IGREJA!".
domingo, 4 de janeiro de 2015
sábado, 3 de janeiro de 2015
JOSÉ DE SOUZA SARAMAGO (1922-2010)
Ele nasceu em 1922 e o pai foi levá-lo ao cartório de registro civil para torná-lo cidadão português. Ao declinar o nome da criança, JOSÉ DE SOUZA, o funcionário SILVINO (que estaria bêbado no dizer mais tarde do pai), estranhando a falta do sobrenome da criança, exigiu fosse declarado por se tratar de exigência legal. Com voz firme o pai respondeu contrariado: "JOSÉ de SOUZA, só!" E aconteceu então o seguinte: "...sob os efeitos do álcool e sem que ninguém se tivesse apercebido da onomástica fraude, decidiu o funcionário por conta e risco acrescentar SARAMAGO ao lacônico JOSÉ DE SOUZA que o meu pai pretendia que eu fosse" ("As Pequenas Memórias", José Saramago). Mas sabe-se que SARAMAGO não era um apelido do lado paterno, mas sim a alcunha por que a família era conhecida na aldeia. O certo é que somente tomaram conhecimento da fraude onomástica, quando se apresentou a certidão de nascimento do garoto para os efeitos de sua inscrição no primeiro ano escolar. O nome jocoso SARAMAGO aludia a uma espécie de erva ruim que nasce espontaneamente nos campos, tendente no caso a denegrir a família entre os vizinhos da aldeia.
Ele nasceu em 1922 e o pai foi levá-lo ao cartório de registro civil para torná-lo cidadão português. Ao declinar o nome da criança, JOSÉ DE SOUZA, o funcionário SILVINO (que estaria bêbado no dizer mais tarde do pai), estranhando a falta do sobrenome da criança, exigiu fosse declarado por se tratar de exigência legal. Com voz firme o pai respondeu contrariado: "JOSÉ de SOUZA, só!" E aconteceu então o seguinte: "...sob os efeitos do álcool e sem que ninguém se tivesse apercebido da onomástica fraude, decidiu o funcionário por conta e risco acrescentar SARAMAGO ao lacônico JOSÉ DE SOUZA que o meu pai pretendia que eu fosse" ("As Pequenas Memórias", José Saramago). Mas sabe-se que SARAMAGO não era um apelido do lado paterno, mas sim a alcunha por que a família era conhecida na aldeia. O certo é que somente tomaram conhecimento da fraude onomástica, quando se apresentou a certidão de nascimento do garoto para os efeitos de sua inscrição no primeiro ano escolar. O nome jocoso SARAMAGO aludia a uma espécie de erva ruim que nasce espontaneamente nos campos, tendente no caso a denegrir a família entre os vizinhos da aldeia.
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