sábado, 31 de janeiro de 2015

 PAPEL  DE TRISTÃO ,  DE  MÉRTON  E  DE   JOÃO  XXIII   NA   QUESTÃO   ENTRE  RÚSSIA  E  EUA  (1962/3)

"JOÃO  XXIII   era um homem  santo e bom.  E  ERA  AMBAS AS COISAS POR SER EM PRIMEIRO LUGAR "HOMEM"- ISTO É,  UM  SER  PLENAMENTE  HUMANO. ESTE É O GRANDE SENTIDO DO PAPADO, do Concílio, da "Pacem in Terris". Sendo homem preocupava-se com outros homens (sentia-se que Pio XII, por exemplo,  se preocupava mais com princípios).  O Papa João  não era apenas um humanista. Estava profundamente preocupado com a humanidade que partilhava com os outros homens, seus irmãos. A Pacem in Terris  não é teologia. Diz simplesmente que a guerra é um pecado porque é inumana. Sem dúvida, todos o reconheceram e responderam à encíclica com sinceridade. Mesmo os russos.  De fato, sente-se que alguns dos que  menos  aceitaram essa profunda humanidade do papa eram homens que estavam perto dele em Roma. É um fato vergonhoso, porém compreensível.  Que ele repouse em paz, esse grande bom pai que eu certamente amava, que foi pessoalmente muito bondoso para comigo. Não creio que ele tenha deixado de ser  pai para todos nós e para mim. Se durarmos o tempo suficiente, nós  O  CANONIZAREMOS.  Não  hesito em pedir sua intercessão desde já!" ( Carta de Tristão de Athayde). Obs.: em 1962/3 o mundo viveu uma possível guerra nuclear entre Rússia e EUA.  MÉRTON escreveu um livro  defendendo a paz e contra o uso da bomba atômica. Seus superiores probiram sua publicação na época! O Brasil já dispõe da tradução dele. 


sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

CENTENÁRIO   DE  MÉRTON  CELEBRADO   TAMBÉM   NO   CÉU

"Cada vez mais começo realmente a me sentir gradativamente só, vendo  os cadáveres que ficaram  pouco a pouco pelo caminho, o último dos quais esse  MÉRTON (10/12/1968)- cuja ausência do mundo num retiro de Getsêmani está se tornando,  cada dia mais para mim, um vácuo sério. Este vácuo, embora poucos no mundo o sintam, pois nunca chegou nem de longe a exercer a influência imensa de Maritain - que realmente foi  um revolucionário e, por isso, mesmo, recebeu em cheio a alma e o assentimento  total de nossa geração - é único.  MÉRTON foi um dos chamados - e por isso é que tanto o senti unido intimamente  ao meu próprio  périplo interior -  foi se libertando da couraça e tornando-se um homem realmente livre. De modo que, ao partir, me deixa totalmente desamparado como apoio intelectual e espiritual "de fora". E deixado às minhas próprias forças ou, antes, fraquezas, não tenho hoje mais nenhum mestre. Só o Mestre . O Único. Ninguém mais no horizonte, longe ou perto. Foi-se JOÃO XXIII, no alto da colina,  aguentando a gente cá de baixo. E foi-se o ermitão que, do fundo de sua solidão,  via melhor do que todos. E para encerrar a série que e screvia sobre Gandhi com citações  do próprio, que MÉRTON escreveu em 1964 sobre uma antologia dos seus pensamentos que, afinal, foi ver de perto na própria Índia, onde afinal foi,  pela graça de Deus,  realizar uma de suas grandes aspirações, que era  conhecer de perto  o monaquismo hindu"(Petrópolis, 06/01/69, em carta à filha abadessa).
CENTENÁRIO   DE   NASCIMENTO   DE   THOMÁS   MÉRTON  31/01/2015

Parabéns, THOMAS  MÉRTON", neste centenário de teu nascimento: 31/01/2015! Teu maior amigo brasileiro, TRISTÃO DE ATHAYDE,  recorda o que falou de ti, em carta à sua filha monja, Maria Luiza (07/07/1964): "Os sinos estão repicando na catedral. Por que será? algum aniversário petropolitano ou imperial? Ontem à noitinha passei pelas freirinhas da  Companhia da Virgem  para entregar o livro  "Life and holiness" para o qual escrevi o prefácio agora, e devolver umas revistas  que me haviam emprestado com  artigos do mesmo Mérton. Quanto mais o leio, mais me convenço de que é o maior escritor católico vivo. Escritor, isto é,  uma pena não especializada (como um Maritain, filósofo;  um Mauriac, romancista; um Rahner ou um Journet, teólogos e bons), e levando a todos  de vários planos do espírito, o que li de mais essencial na mensagem da Igreja, em termos que o homem culto hoje entende e gosta. Sinceramente não vejo outro. Na carta dele à irmã Emanuel ele teme ("I am afraid")  que  eu tenha exagerado a sua importância como escritor católico.  Não exagero nada. Procuro e não encontro outro que diga as coisas como devem ser ditas, do modo como devem sê-lo e interpretando admiravelmente a verdadeira  posição da Igreja.  Nunca, até agora, me encontrei  em desacordo com ele. E só lamento não ler tudo o que escreve.  É um homem que nada escreve  senão depois de ir ai heart of the matter". E na carta de 21/02/1966 à mesma filha abadessa: "... Se, em 1928,  eram Chesterton e Maritain as duas janelas  que se abriam para que eu respirasse mais à vontade e encontrasse, por essa vibração deliciosa, o caminho da Casa - hoje são Mérton e Teillard que me abrem novas janelas para arejar a casa, a Casa onde João XXIII abriu tantas janelas, mas cuja morte quase que as fechou de novo, a pedido de Paulo VI, para que eu não me resfriasse..."Estou sentindo que começo a ser injusto com o nosso Montini: por que não o tenho lido bastante! Pois estou certo de que ele, Montini, não mudou.  Eu é que mudei... para pior, depois da primavera do nosso João! Preciso voltar ao ano todo, com outonos, invernos, verões... Ciao." 

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

MÉRTON   E   OS   POETAS   BRASILEIROS

"Acho os poetas brasileiros diferentes dos outros poetas latinoamericanos. Sua ídole mansa, seu amor franciscano pela vida, seu respeito por todos os seres vivos só está plenamente reproduzido, tanto quanto eu saiba,  em Correia Andrade, do Equador, e Erasmo Cardenal, da Nicaragua. Não há nos brasileiros nada de duro, de amargo,  de artificial, nem atitudes doutrinadoras, coisas que se encontram  em tantos poetas hispanoamericanos, por  mais admiráveis que sejam.  Que diferença entre Manoel Bandeira, ou Jorge de Lima, cujo amor é pelos homens , e em alguns dos poetas marxistas escrevendo  em espanhol, cujo amor é por uma causa.  Acho que Jorge de Lima sobretudo é um poeta que entusiasma profundamente, um místico de visão tanto cósmica como cristã.  Escrevi ao meu amigo Lax, imediatamente,  quando descobri o grande , incomparável circo deste brasileiro.  O mesmo humor paradisíaco, contemplando o universo como um jogo - ver o capítulo oitavo do livro  dos Provérbios". Depois de  amanhã, sábado, 31 de janeiro,  CENTENÁRIO  de  nascimento  de  THOMAS MÉRTON.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

DIA  DA  CONVERSÃO  DE  THOMAS  MÉRTON:  16/11/1938

EM 1935, A CONVITE DE UM  AMIGO,  MÉRTON chega aos EUA.  Ingressa como aluno  de segundo ano na Universidade de Colúmbia. Em 1938 foi  batizado. Parece-me que sua vida entre a chegada aos EUA, em 1935  até o  batizado em 1938, foi muita  rica de acontecimentos, das mais variadas espécies. Aconselho a leitura das centenas de páginas deixadas por MÉRTON, escritas com a transparência de uma alma em busca de um porto. Certa feita, dobrando a esquina da 121st Street, encontrou o Padre Ford,  conhecido da Universidade, que a seu pedido levou-a até a casa, confessando querer tornar-se católico. Indicou-lhe como instrutor o Padre 
Moore. Pensando também em consultar um leigo sobre o desejo de abraçar o estado eligioso, tomou parte num curso de filosofia tomista dirigido por Daniel Walsh que lhe moldou e dirigiu a vocação ao sacerdócio. Por fim, no dia      16 de novembro de 1938 foi batizado   e fez sua primeira comunhão. sendo oficiante o PADRE  MOORE.  REPITO: vale a pena ler, meditando, recordando mesmo os dias longínquos, quem sabe, de nosso batismo, de nossa primeira comunhão e seus preparativos, de nossos escrúpulos de morder a hóstia, de temer perder o jejum engolindo a saliva, etc. E não se esqueça: dia 31/01/2015 comemoramos o CENTENÁRIO  de  NASCIMENTO   de   THOMAS  'MERTON!
("A  MONTANHA   DOS  SETE   PATAMARES", DE THOMAS MÉRTON).

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

PRÓXIMO    31/01/2015  =  CENTENÁRIO   DE NASCIMENTO  DE   THOMAS   MÉRTON

 Morto o pai em 1931, MÉRTON, na Inglaterra, com 16 anos, depois de alguns meses de depressão, sentiu-se plenamente libertado  de tudo que  impedia sua vontade de fazer o que mais lhe aprouvesse.  Recebendo então o convite de um amigo que fosse aos Estaddos Unidos, embarcou para a América em 1935,  já passados cinco anos da morte do pai, quando assim conquistara a liberdade plena, embora, muito mais cedo que pensasse, iria descobrir que, ao invés da liberdade,  caíra no mais medonho cativeiro: os últimos traços de religião se lhe apagaram. Tornou-se zeloso de guardar o templo de seu espírito contra todos os intrusos para se dedicar ao preito de uma vontade estúpida.  Adquirira o "status" de um autêntico homem completo do século XX! Pertencia assim  ao mundo em que vivia: um legítimo cidadão de um século horripilante, o século dos gases venenosos e das bombas atômicas, um homem vivendo no limiar do Apocalipse, um ser vivendo na morte, veias cheias de veneno. Leitor de Baudelaire bem que  poderia ouvir dele: "Hypocrite lecteur, mon semblabe, mon frere...". Acontece, porém, que "meu pai me despertara o gosto pelas poesias de William Blake. Aos 16 anos suas metáforas começaram a maravilhar-me. Cheguei ao ponto de me perguntar que espécie de homem ele teria sido, em que acreditaria? Impressionado, por exemplo, pelo que lia em Blake, ora  sobre figuras de sacerdotes atemorizantes e hostis, ora, em outra página, por exemplo no poema "O Monge Cinzento", a respeito de um sacerdote  santo,  heroi da caridade e da fé, culminando por confessar no fim da vida ao amigo Samuel Palmer que a Igreja Católica era  a única que ensinava o amor de Deus. Convencera-me de que Blake era um homem bom e santo, porque sua fé era real e seu amor por Deus poderoso e sincero. E pensei: "através de Blake chegarei um dia à única igreja verdadeira e ao Único Deus Vivo por intermédio de seu Filho, Jesus Cristo". MÉRTON  batizou-se em 16 de novembro de 1938.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

 O  PÁSSARO  CATIVO

Armas num galho de árvore um alçapão,
E em breve uma avezinha descuidada, batendo as asas cai na escravidão. Dás-lhe então por esplêndida morada a gaiola dourada.// Dás-lhe alpiste e água fresca e ovos e tudo! Por que é que tendo tudo há de ficar o passarinho mudo? arrepiado e triste e sem cantar? //  É que, criança, os pássaros não falam, só gorgeando a sua dor exalam, sem que os homens o possam entender. Se os pássaros falassem, talvez os teus ouvidos escutassem esse cativo pássaro a dizer: / / NÃO  QUERO  O  TEU ALPISTE!  GOSTO  MAIS  DO  ALIMENTO  QUE  PROCURO  NO  MATO  LIVRE  EM  QUE  A  VOAR  ME  VISTE;  TENHO  ÁGUA  FRESCA  NUM  RECANTO  ESCURO  DA  SELVA  EM  QUE  NASCI,  DA  MATA  ENTRE  OS  VERDORES;  TENHO  FRUTOS  E  FLORES,  SEM  PRECISAR  DE  TI!  NÃO  QUERO  A  TUA  ESPLÊNDIDA  GAIOLA!  POIS  NENHUMA  RIQUEZA  ME  CONSOLA  DE HAVER  PERDIDO  AQUILO  QUE  PERDI!    PREFIRO  O  NINHO  HUMILDE, CONSTRUÍDO  DE FOLHAS SECAS,  PLÁCIDO, E  ESCONDIDO  ENTRE  OS  GALHOS   DAS  ÁRVORES  AMIGAS... SOLTA-ME  AO  VENTO  E  AO  SOL!  COM  QUE  DIREITO  À  ESCRAVIDÃO  ME  OBRIGAS?   QUERO SAUDAR AS  POMPAS  DO  ARREBOL!  QUERO,  AO  CAIR  DA  TARDE,  ENTOAR  MINHAS  TRISTÍSSIMAS  CANTIGAS!   POR  QUE  ME  PRENDES?   SOLTA-ME,  COVARDE!  QUERO  VOAR... VOAR...!   ////   ESTAS  COUSAS  O  PÁSSARO DIRIA  SE  PUDESSE  FALAR!  E  A TUA  ALMA,  CRIANÇA,  TREMERIA, VENDO  TANTA  AFLIÇÃO...  E  A  TUA  MÃO,  TREMENDO,  LHE  ABRIRIA  A  PORTA  DO  ALÇAPÃO! (de  OLAVO  BILAC).    

domingo, 25 de janeiro de 2015

CEM  ANOS  DE  THOMAS  MÉRTON

Dia 31/01/15:  Centenário de nascimento de MÉRTON.  Casados na Inglaterra em 1914, seus pais vão morar  em Prades na França, onde MÉRTON nasce (31/01/1915). Com a guerra voltam para a Inglaterra. Quando Mérton tem 6 anos, falecendo-lhe a mãe, pai e filho iniciam uma peregrinação, a trabalho do pai, pelo país e circunvizinhança, inclusive, e por último, na França por curta temporada,  regressando à Inglaterra em 1929. Em 1930, acometido de um tumor cerebral, seu pai falece no hospital de Londres, não sem antes perder a faculdade de falar. Visitando-o um dia, viu o pai desenhando  uns monges barbudos com auréolas am volta da cabeça: eram figuras de santos. Mérton intuiu que a morte do  pai, em 1931, fora de um homem religioso cuja vontade e inteligência se teriam voltado para Deus.  Um ano depois, 1932, visitando Roma encanta-se com a majestade dos mosaicos bizantinos das igrejas romanas. Certa noite, escrevendo em seu diário suas impressões sobre os ícones bizantinos, "a presença de seu pai salta-lhe tão real e vívida" como se estivesse falando com ele ou houvesse tocado seu braço". "E pela primeira vez na vida,  entra na igreja com a intenção de rezar ao Deus que nunca havia conhecido. Ajoelha-se e ora desde as raízes mais profundas de seu ser, derramando lágrimas que lavam sua alma e enchem-no de uma paz desconhecida até então". Este fato, sem dúvida, pode considerar-se como o início de sua conversão, pois a semente depositada em sua alma germinou e cresceu, eclodindo de vida através de longo  e doloroso processo que culminou com seu batismo em 16 de novembro de 1938, e a cruzar a entrada  do mosteiro trapense de Getsêmani, em  Kentucki, no dia 10 de dezembro de 1941. Ali vestiria o hábito branco do monge beneditino que configuraria sua imagem exterior até a morte"("Thomas Mérton Uma Vida com Horizonte", Maria Luísa Lópes Laguna, p. 92). 

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

ÚLTIMA   CARTA   DE   THOMAS   MÉRTON

ESCRITA DE NOVA DELHI, 09/11/1968, AOS AMIGOS. "Espero que compreendam por que não posso responder as cartas agora.  Estou inteiramente ocupado com esses encontros monásticos e com o  estudo e a oração necessários para torná-los proveitosos.  Espero que rezem por mim e por todos aqueles que irei encontrar.  Estou certo de que a bênção de Deus  se estenderá sobre esses encontros e espero que muito benefício  mútuo há de resultar deles.  Também espero poder levar para meu mosteiro  alguma coisa da sabedoria asiática, com a qual tenho a sorte de estar em contato - mas é coisa miuito difícil de expressar com palavras.  Desejo a todos paz e alegria no Senhor e um crescimento na fé: pois nos meus contatos com estes novos amigos também eu sinto consolação na minha própria fé em Cristo e na Sua presença que me envolve.  Espero e creio  que Ele esteja presente nos corações de todos nós. Com minhas  saudações mais cordiais a todos sou, em Jesus e em seu Espírito, vosso, Thomas Mérton. "Encontrei-me com o Dalai Lama, 33 anos, pessoa muito alerta e enérgica, no alto dos Himalaias. São estas as mais belas montanhas que já vi.  Há alguma coisa na luz de lá, um azul e uma claridade que não se vêem  em mais lugar nenhum.  Estive 8 dias em Dharamasala, fazendo uma espécie de retiro, lendo e meditando e encontrando mestres tibetanos. Tive três  longas entrevistas com o Dalai Lama e também falei com muitos outros. Observação: Mérton faleceu dia 10 de dezembro de 1968 em Bangkok, aos 53 anos.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

LÍDER   TEM   QUE   CORRER   RISCOS

 Um pensamento lido  na FOLHA, de Clóvis Rossi, em "Dilma, ouça a receita Renzi", relsovi encaixá-lo aqui, para não dizerem que vivo alheio à política.                   É  quando ele (Matteo  Renzi, premiê italiano) diz que "a transformação dos riscos em oportunidade é a qualidade da liderança" e que, por importante que seja a economia,  "sem liderança política, nós não estaremos em condições de investir em um mundo diferente". Rossi confessa que pensou em DILMA ao ouvir Renzo no Forum de Davos. A ideia de que a transformação de riscos em oportunidade é a qualidade  da liderança se aplica como uma luva na percepção de Dilma que havia riscos na condução da economia como vinha sendo feita. Depois de imaginar alguns tipos de saída do "embroglio", deteve-se no pensamento de criar uma oportunidade para se livrar dele, e o fez: aceitar a direção da economia, a muito contra gosto e  ainda por cima "mal digerida pelo seu partido", por um membro dum partido contrário, incorrendo assim num sério risco de se ver desmoralizada. Pior ainda: "escondeu-se  no palácio e não aparece em público   para exibir a liderança política que o premiê italiano  reclama. Liderança que se estende a todas as esferas de seu  governo que enfrentam sérias dificuldades. Enquanro Rizzi  mostra-se de peito  aberto, mostrando-se imperativo com uma série de reformas internas e com um discurso para mudar até a política predominante  na Europa, que faz o chefe do executivo? Emudeceu! Uma das primeiras qualidades de um autêntico líder é CORRER  RISCOS! A missão do líder é-lhe confiada para o bem comum. Nem o capricho, nem o orgulho devem ditar ao chefe as suas decisões. Só a humildade  permite a diminuição dos riscos, dos caprichos, o reconhecimento e a reparação das faltas. É dar prova de grande força de ânimo aceitar uma censura, ouvir uma observação, pensar que tem de despojar-se de suas próprias ideias e de ceder da sua vontade, máxime QUANDO SE DIRIGE  UM  PAÍS, nosso BRASIL!
A  FAMÍLIA  DEVE  CRIAR  SERES  HUMANOS

Próprio da natureza humana é crescer,  no sentido da lei fundamental da vida que é a lei da perfectibilidade. E aqui ressalta a FUNÇÃO DA FAMÍLIA. Se o Estado visa ao bem comum; a  Igreja ao bem espiritual, à FAMÍLIA compete visar à conservação do HUMANISMO, isto é, formar o ser humano e garantir a humanização da sociedade. Embora membro da Igreja e do Estado, a FAMÍLIA  COMO TAL   tem uma função HUMANIZANTE; cabe-lhe a HUMANIZAÇÃO da sociedade, a DETERMINAÇÃO DOS LIMITES  DA LIBERDADE  e dos direitos da AUTORIDADE, para a preservação da DIGNIDADE DO SER HUMANO contra toda tendência à desumanização. A FAMÍLIA   é o grupo que consegue realizar a convivência dos demais grupos, transformando COEXISTÊNCIA  em CONVIVÊNCIA. Isto, sim, é que é CIVILIZAÇÃO. Em toda sociedade em que se queira paz,  fraternidade, harmonia, convívio, entendimento, respeito à liberdade dos outros, AÍ ESTÁ  A  PALAVRA DA  FAMÍLIA.  A  EDUCAÇÃO,  NA FAMÍLIA,  pela  FAMÍLIA, tem que ser toda voltada à ALMA   HUMANA, À  HUMANIZAÇÃO  da sociedade. Não é a socialização, não é a universalização, não é a humanização da sociedade. É, antes,  a  FRATERNIZAÇÃO, a  HUMANIZAÇÃO da  FAMÍLIA. A FAMÍLIA  HOJE não pode realizar sua  FUNÇÃO ESSENCIAL, enquanto houver  esse desnivelamento econômico. Neste ponto Marx tinha razão  quando introduziu  a economia como elemento social fundamental.  Como podemos querer que  uma FAMÍLIA eduque seus filhos e tenha noção de sua função , de sua missão, de sua posição, se não tem o que comer? Então a concepção autenticamente humana, racional, cristã da FAMÍLIA , no sentido total do termo,  só pode realizr-se  dentro de uma situação  econômico-social que impeça esses desnivelamentos ("Memorando dos 90", Tristão de Athayde, 301).

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

CONTINUARÁ  O  CARIOCA  SER  UM  FILHO  ÓRFÃO?

TRISTÃO DE ATHAYDE  foi um apaixonado pelo RIO CARIOCA.  "Seu pai conheceu esse rio ainda descoberto até a foz no Flamengo. E se lembrava do pedágio que se pagava na Confluência do Caminho Velho de Botafogo (Senador Vergueiro) e do Caminho Novo (Marquês de Abrantes) na futura Praça José de Alencar.  Tristão conta que Machado de Assis morava na Rua Cosme Velho também, um pouco adiante da nossa casa. Diariamente  a pé passava pelo jardim de sua casa. Ficávamos na grade brincando de "motorneiro". Os cobradores do bonde usavam as notas pra fazer troco, e nós usávamos as folhas. O velho Machado brincava conosco, passando a mão pela nossa cabeça. Lembro-me quando morreu a mulher dele em 1904, passando sozinho de tarde, sombrio, triste, descendo por ali depois do jantar. Machado de Assis morou ali desde 1890 até morrer em 1908. Sua casa foi botada a baixo pra construir o Colégio Sion. Os bondes eram raros. A cada casa correpondia uma ponte de madeira onde à tarde se debruçavam as meninas em flor. À noite, havendo ópera ou concerto no Lírico o bonde era ornamentado com tapete e capas brancas, virava "bonde de ceroulas...". A Chácara da Casa Azul onde nasci e o leve rumor das águas que  corriam rua abaixo marcaram para sempre a lembrança de minha infância.  Fui caseiro desde o nascimento, por isso, talvez, é que voltei à Casa de Deus depois de a ter  abandonado. Contava minha mãe que ia por vezes à varanda para ver se eu tinha desaparecido, tal o silêncio em que brincava sozinho. Daí talvez até à velhice o meu culto pelo silêncio.
AMANHÃ  NOVENTA  ANOS   DO   POETA  ERNESTO   CARDENAL 

Nascido em Granada, Nicaragua,  em 20/01/1925, é um dos poetas mais  importantes da América Latina. Acabo de saber pelo artigo no GLOBO  (15/01/15) de nosso Frei Beto, em tão bom momento trazendo-nos ao coração o centenário de nascimento (31/01/14) de outra alma embebida de cristianimo  THOMAS  MÉRTON, que nosso sacerdote e poeta e teólogo ERNESTO CARDENAL teve como mestre de noviços esse monge trapista "um dos 4 mais conhecidos místicos do século XX, ao lado de Simone Weil, Teillard de Chardin e Charles de Foucauld". CARDENAL foi ordenado sacerdote em 1965. Em I969, ministro da cultura da Nicaragua, governada pelos sandinistas, foi publicamente suspenso "a divinis" pelo pontífice então à frente da IGREJA. Leia o poema seguinte:
Ao perder-TE eu a TI, TU e EU teremos perdido.
EU, porque TU eras o que EU mais amava.
TU, porque era EU que  TE amava mais. 
Mas, de NÓS dois TU perdes mais do que EU. 
Porque EU poderei amar a outras 
Como amava a TI. 
Mas a TI não amarão mais
Do que TE amava EU!" 
Ernesto Cardenal.

domingo, 18 de janeiro de 2015

SERÁ   QUE  O  CARIOCA   SABIA?

Que sua CIDADE  MARAVILHOSA  que completa depois de amanhã, 20/01/15,  450 anos teve seu  berço de nascença onde é hoje o ATERRO DO FLAMENGO? Foi o que nos deixou escrito o historiador Nireu Cavalcanti. Para ele a primeira casa portuguesa edificada na Bahia de Guanabara ali fora construída pela expedição de Pero  Lopes de Souza em 1532. Apelidou-se "CASA DE PEDRA". Exatamente no Aterro do Flamengo no ponto onde o RIO CARIOCA tem sua foz em busca da Bahia de Guanabara. O Rio Carioca nasce na Estrada das Paineiras, no coração do Parque  Nacional da Tijuca.  Do trenzinho que leva ao Cristo Redentor avista-se à direita o leito do riozinho cuja virgindade a civilização reservou. Até  atingir sua foz, percorre sete quilômetros, quatro dos quais debaixo da terra, sob o asfalto de três  bairros da Zona Sul: Cosme Velho, Laranjeiras e Flamengo. Desde o século XVI o Rio Carioca foi  o local  principal  de abastecimento para os navios que aqui aportavam. Crescendo a cidade nas vizinhanças do Rio Carioca, no Morro do Castelo construiu-se no século XVII um aqueduto, inaugurado em 1723 no Largo da Carioca. Com o  projeto do aqueduto veio a feliz ideia da construção dos ARCOS  DA  LAPA, depois usados no trajeto do bondinho de Santa Teresa ("O GLOBO", 18/01/15), atualmente sem circulação, em obras de restauração, devido a um acidente.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

390   ANOS   DE  FUNDAÇÃO   DOS  PADRES DA   CONGREGAÇÃO  DA   MISSÃO  (17/04/1625)

Conferência de São Vicente a seus padres (25/10/1643): "Trabalhar pela salvação dos pobres camponeses, é este o ponto central de nossa vocação, e todo o resto não passa de acessório, pois nunca teríamos trabalhado nas ordenações,  nos seminários dos eclesiásticos, se não tivéssemos julgado que isso era necessário  para manter o povo e conservar o fruto produzido pelas missões, quando há bons eclesiásticos imitando nisso os grandes  conquistadores,   que deixam guarnições nas praças que conquistam  com medo de perder  o que adquiriram com tanta pena.  Não somos muito felizes, meus irmãos, por exprimir  tão diretamente a vocação de Jesus Ctristo? Pois, quem exprime mais que os  missionários a maneira como Jesus Cristo viveu na terra? Não digo somente nós, mas os missionários do Oratório, da Doutrina Cristã, os missionários capuchinhos, os missionários jesuítas. Ó meus irmãos, esses aí são os grandes missionários, dos quais somos apenas as sombras. Vede como vão até as Indias, ao Japão, ao Canadá, para completar a obra que Jesus Cristo começou na terra e que não abandonou desde o instante de sua vocação! "Hic est filius meus dilectus, ipsum audite". Desde esta ordem  de seu Pai,  não parou um momento até sua morte. Imaginemos que Ele nos diz: "Saí, missionários, saí! quê! ainda estais aqui? E eis que lá estão as pobres almas que vos aguardam, cuja salvação talvez dependa de vossas pregações e catecismos!"

O  PAPA  FRANCISCO   FALA  ÀS  CRIANÇAS  DE   MANILHA

O Papa FRANCISCO  chegou ontem a Manilha, nas Filipinas. Logo depois da missa na catedral, fugindo do que era programado, o papa procurou atender ao pedido de centenas de crianças  de  rua, de uma instituição fundada e dirigida por um padre jesuita, a ANAK-TNK. Quando do Sínodo da Família, no Vaticano, ano passado, o cardeal levou na valisa um video e cartas de  300  crianças de rua, convidando o pontífice a visitá-las em seu lar comunitário. Em sua primeira aparição se dirigiu àquela entidade  que recolhe, escolariza e ministra às crianças um trabalho de reconciliação em profundidade. Disse-lhes o papa que  as crianças abandonadas fogem  de seus lares onde seus pais lhe deviam o maior amor. Elas perdem a estima deles e  se consideram  como objetos bons para serem atirados nas latas de lixo, em vista da rejeição da sociedade.  Seus corações param de bater; sua vocação primordial que é amarem e seram amadas é suspensa. Na ausência desse amor, têm a sensação, a impressão de serem só objetos, as mais das vezes sexuais, expostas aos predadores em  troca de ninharias de moedas. Uma das belas lições que nos ensinam, o perdão.  Muitas vezes seu problema nasce na família. Quando uma criança é capaz de perdoar, prova que seu coração volta a bater.  Então sua dignidade de criança  e de ser humano vem à tona, sobrepujando as profundas feridas. Nasce então na comunidade delas uma atmosfera de alegria verdadeira, embora  surjam tensões   de violência por vezes provocadas pela miséria. Em contra-pé vem a sociedade que confunde alegria com prazer, julgando que as crianças poderão nadar em alegria se forem drogadas de prazer.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

INESQUECÍVEIS   AMIGOS   DO   RIO

DOM MARTINHO  MICHLER O.S.B. (1901-1988) apenas ordenado sacerdote veio para o Rio, tendo governado o Mosteiro de São Bento de  1948 a 1969. Dois livros você encontra para lhe reacender sentimentos de gratidão ou para entrar em contato com um santo não canonizado: "DOM MARTINHO" por D. Clemente Isnard O.S.B e "O MOVIMENTO LITÚRGICO  NO  BRASIL", por  José Ariovaldo da Silva. Pouco antes de falecer Dom Martinho deixou-nos o bilhete seguinte, testemnha de seu amor à nossa cidade de 450  anos: "Quanto mais velho o homem fica, mais se torna sentimental na aparência.  Então ele se lembra das canções de antigamente... Por isso vou sempre com prazer para casa em Neresheim. No coração ainda estou lá.  Porém na obediência, mas tanbém com pleno amor,  com toda a alma e o coração estou também aqui no Rio.  E onde alguém está em obediência, aí Deus está com ele, mesmo se fosse somente para sofrer. Aí Deus está mais próximo, como meu venerável  falecido abade Bernard de Nereshein costumava exortar.  Continuo aida no Rio, na Fé e na Obediência. EU GOSTO  DE  ESTAR AQUI. Aqui experimentei  muita alegria, muito amor, muita fidelidade e gratidão em tempos difíceis". Testemunho de Dom Paulo Gordon O.S.B. "ELE antecipou profeticamente o Concílio Vaticano II. Ele estava certo, só que, infelizmemte, muito cedo.  E este  muito cedo causou-lhe grandes sofrimentos.  Seu sucesso despertou invejosos, mas em tudo que aconteceu jamais procurou o sucesso simplesmente, comunicou sua experiência religiosa, seu amor ao monaquismo, sua vivência eclesial. Com Dom Martinho a IGREJA  despertou nas almas". 

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

JOÃO   XXIII - FRANCISCO  E  TRISTÃO 

ALCEU  AMOROSO  LIMA    nutria profunda simpatia pelo "nosso Pai João" (1958-1963). Daí as inesquecíveis frases que deixou sobre ele   (carta de 16/06/63 à sua filha madre Maria Teresa)  quando  da morte DELE: "Amanhã são as exéquias do nosso Pai Branco. Como eu gostaria de estar junto dele, morto, como estive em vida! E cada vez, agora, quando me lembro de sua presença, desde   o "anche la luna" até a luz da janela nas madrugadas romanas, sinto uma tal dose de emoção que custo a me conter. E sobretudo a ... compreender. Compreender, aliás, compreendo, clarissimamente. O problema é... aceitar. Ainda hoje leio uma frase do Cardeal Siri de Gênova (no sepultamento de João XXIII): "Serão precisos 40 anos para a Igreja recuperar  o que perdeu  em 4"  (estranha profecia! 40 e poucos anos depois eis FRANCISCO, o continuador de João XXIII!). E continua a escrever Tristão: "Quando ouço uma frase dessas  compreendo  que esforço infinito é preciso para não odiar o próximo... E para cumprir a palavra e a lição de Jesus  e de seu servo João... E dizer que são homens dessa qualidade (Siri que recebeu votos para suceder João XXIII) que vão escolher por eleição  o sucessor de João XXIII! Tenho notado um sintoma grave: estou custando a conciliar o sono. Ainda não é a insônia, mas é um mau sinal! Por mais que procure calar a voz das minhas cavernas,  não consigo tirar o pensamento DO  QUE  FORAM  ESSES  4  ANOS E  MEIO  que  fizeram PROGREDIR a Igreja de 400 anos! " (alusão ao concílio de Trento).

terça-feira, 13 de janeiro de 2015



UM   INESQUECÍVEL   CENTENÁRIO

31/01/1915. "Nas trincheiras enlameadas do Norte da França agoniza o século XIX, enquanto na paz  dos Pireneus, burgo de Prades, mais tarde famoso pelo exílio de Casals, nasce uma criança, uma das figuras mais representativas do século XX. Um santo, como Charles de Foucauld (1858-1916).  Quem sabe por que misteriosos encontros humanos um obscuro pianista neozelandês e uma jovem norte-americana davam nessa data ao mundo "um signum cui contradicetur":  THOMAS  MÉRTON. (1915-1968). No livro de Rice, seu amigo, acompanhamos de perto  as vicissitudes iniciais dessa alma extraordinária que tudo experimentou à busca de si mesmo, antes de se encontrar em Deus. Mérton  polariza seguramente  os mais radicais extremos do noso século na busca do mundo, na revolta contra ele e na sua superação pela santidade. Se foi durante a Primeira Grande Guerra, quando morria o século XIX, que veio ao mundo o autor da "Montanha dos Sete Patamares", que abalou a inteligentsia norte-americana na década de 50, foi durante a Segunda  Grande Guerra que o futuro FATHER  LOUIS,  TRAPISTA,   ESCREVEU  OS  SEUS  PRIMEIROS  LIVROS  DE  PROTESTO   E   ACUSAÇÃO  CONTRA  O  SÉCULO  DA  RIQUEZA  CAPITALISTA,  DA  VIOLÊNCIA  BÉLICA  E  DA  IMPOSTURA  TOTALITÁRIA"  (TRISTÃO DE ATHAYDE, IX, Gesto de mensagem de um Santo do Século XX NO "DIÁRIO DA ÁSIA",  DE THOMAS   MÉRTON).

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

O  PAPA  FRANCISCO   FALA   AO   BRASIL!

"Um grande apóstolo do Brasil, o bem-aventurado JOSÉ  DE  ANCHIETA, partiu em missão quando tinha apenas dezenove anos! Sabem qual é o melhor instrumento para evangelizar os jovens? Outro jovem!"
"Vejo em vocês a beleza do rosto jovem de CRISTO e meu coração se enche de alegria!"

"Nunca me esquecerei  daquele 21 de setembro - eu tinha 19 anos - quando, depois de passar pela igreja de San José de Flores para me confessar, senti pela primeira vez que DEUS me chamava. Não tenham medo daquilo que DEUS lhes pede!

"Primeiro, ser chamados  por JESUS; segundo, ser chamados a evangelizar; e, terceiro, ser chamados a promover a cultura do encontro!

"O futuro exige hoje o trabalho de reabilitar a POLÍTICA; reabilitar a política, que é uma das formas mais altas da caridade. O futuro exige também  uma visão humanista da economia e uma política que realize cada vez mais e melhor a participação das pessoas, evitando elitismos e erradicando a pobreza".

"Peço aos IDOSOS: não esmoreçam  na missão de ser a reserva cultural do nosso povo; reserva que transmite a justiça, que transmite a história, que transmite os valores, que transmite a memória do povo".

"Decididamente pensemos a pastoral a partir da periferia,  daqueles que estão mais afastados, daqueles que habitualmente não frequentam a paróquia. Eles são os convidados VIP. Saiamos à sua procura nos cruzamentos das estradas!"

"Não vamos esquecer que,  idoso ou não, JOÃO  XXIII REVOLUCIONOU A IGREJA!".


domingo, 4 de janeiro de 2015

sábado, 3 de janeiro de 2015

JOSÉ   DE   SOUZA   SARAMAGO  (1922-2010)

Ele nasceu em 1922 e o pai foi levá-lo ao cartório de registro civil para torná-lo cidadão português. Ao declinar o nome da criança, JOSÉ  DE  SOUZA, o funcionário SILVINO (que estaria bêbado no dizer mais tarde do pai), estranhando a falta do sobrenome da criança, exigiu fosse declarado por se tratar de exigência legal. Com voz firme o pai respondeu contrariado: "JOSÉ  de  SOUZA, só!" E aconteceu então o seguinte: "...sob os efeitos do álcool e sem que ninguém se tivesse apercebido da onomástica fraude, decidiu o funcionário por conta e risco acrescentar SARAMAGO ao lacônico JOSÉ DE SOUZA que o meu pai pretendia  que eu fosse" ("As Pequenas Memórias", José Saramago).  Mas sabe-se que SARAMAGO não era um apelido do lado paterno, mas sim a alcunha por que a família era conhecida na aldeia. O certo é que somente tomaram conhecimento da fraude onomástica, quando se apresentou a certidão de nascimento do garoto para os efeitos  de sua inscrição no primeiro ano escolar.  O nome jocoso SARAMAGO aludia a uma espécie de erva ruim que nasce espontaneamente nos campos, tendente no caso a denegrir a família entre os vizinhos da aldeia.