REFLEXÃO   PARA   TEMPOS   BICUDOS

"Os homens esqueceram  ou  perderam a verdadeira tábua dos valores. Já não sabem que a honesta alegria é riqueza mais rica do que o ouro amoedado e cinzelado. Os camponeses pobres de minha mocidade  eram muito mais ricos do que os endinheirados dos nossos dias. É certo que naquela idade que hoje parece quase  fabulosa, embora sempre viva na memória dos novos, não se tinha ainda precipitado sobre nós aquela  avalanche de tétricas adversidades que envenenaram todos os ânimos.  Mas a riqueza interior do homem, a única que tem valor, deverá precisamente manifestar-se nos momentos de mais adversa miséria.  Quanto mais densa a obscuridade, mais devereis resplandecer. Quanto mais frio o clima, mais devereis arder. Quanto mais alta a maré da infâmia, mais alto deveis subir.  Entre vós, pobres, sobrevive certa forma de riqueza espiritual. Quanto maior a indigência universal, tanto mais prontos vos encontrais para auxiliar  irmamente o próximo. Homens e mulheres de coração encontram-se mais facilmente  quando tudo parece perdido. Encontram-se mais facilmente nos tugúrios e nas águas-furtadas do que nas vivendas e palácios.  A quem sabe o que é a fome não custa dividir o pão com os mais famintos.  Em proporção com os ricos sois mais liberais do vosso pouquíssimo do que eles do seu muitíssimo! Não há também quem por indolência ou vida desregrada  e que, além de se queixar mais do que deve,  pede e pretende com importuna desfaçatez?  A pobreza nestes casos é capa de preguiça ou arma de chantagem. São ao mesmo tempo os menos dignos de dó e os mais difíceis de contentar.  Desonrariam  a divina pobreza, se ela pudesse ser desonrada!" (Cartas aos Homens" do Papa Celestino VI, por Giovanni Papini).

VAIDADE...  VÍCIO   OU   DOENÇA?

"A vaidade sempre CONSIDEREI,  não como um vício, mas como uma doença. Uma pessoa vaidosa não me parecia estúpida, mas sim doente.  Quem se comovia com a opinião da MULTIDÃO,  que logo mudava de atitutude,  se tornava espetáculo, passando a  ser  outra a sua voz... Coitada! Chegava a tirar satisfações extraordinárias de palavras pronunciadas a seu respeito. Bastava olharem-na para a face se lhe enrubescer!" (CIDADELA, LX, SAINT-EXUPÉRY).  Que é a VAIDADE? É o amor desordenado da estima dos outros. Distingue-se do ORGULHO que se compraz na sua própria excelência. Em geral a vaidade deriva do orgulho: quem se estima exageradamente deseja naturalmente ser estimado dos outros. A vaidade produz vários defeitos: a) a JACTÂNCIA: hábito de falar de si no intuito de se fazer estimar; b) a OSTENTAÇÃO: consiste em atrair sobre si a atenção por certas maneiras de proceder ou pelo fausto que alardeia, ou pelas singularidades que dão que falar; c)  a HIPOCRISIA: ATO OU EFEITO DE FINGIR,  de dissimular os verdadeiros sentimentos, intenções; característica daquilo que carece de sinceridade (nas palavras por exemplo); tomar os exteriores ou as aparências da virtude, ocultando sob essa máscara vícios secretos muito reais. Ramalhete espiritual: "Não faças economia, se fores a isto inclinado. Não há mercadoria que se poupe, quando se trata dos movimentos do coração. PORQUE  DAR  É  LANÇAR  UMA   PONTE  POR   CIMA   DO   ABISMO   DA   TUA   SOLIDÃO!" (SAINT-EXUPÉRY).
                      

54   ANOS   SEM   A   VASSOURA   DE   JÂNIO

Eleito presidente do BRASIL em outubro de 1960, JÂNIO QUADROS foi o vigésimo segundo presidente do país, e o segundo a ocupar o Palácio do Planalto. JÂNIO nasceu em 25/01/1917 em Campo Grande, M.S., e faleceu em São Paulo, 16/02/1992. Governou o país apenas por sete meses, pois no Dia do Soldado (25/08/1961) se afastou da presidência da república com a seguinte declaração:  "Nesta data e por este instrumento, deixando com o Ministro da Justiça as razões de meu ato, RENUNCIO ao mandato de Presidente da República". O slogan de sua campanha política era "VARRER A CORRUPÇÃO", O QUE SE TRADUZIA POR UMA VASSOURINHA  QUE DISTRIBUÍA. Num discurso afirmara que "O  POVO será a um tempo minha bússola e meu destino". Atribuiu, entretanto, a forças ocultas a razão de sua renúncia!  Na política acirrou os ânimos: nomeando AFONSO ARINOS  ministro das relações exteriores, JÂNIO  julgou aproximar o país dos países socialistas, além de desencadear  o estabelecimento das relações diplomáticas com a União Soviética. Condecorou Ernesto Che Guevara   com a Ordem do Cruzeiro do Sul e ao cosmonauta Yuri Gagarin, além de receber a visita ao Brasil de Fidel Castro, ditador cubano. Soube desagradar ao Governo Americano e recebeu críticas  do partido que o apoiou, a UDN,  dos conservadores e dos militares. Pessoalmente decepcionou-me sua renúncia, pois na ocasião de sua campanha a presidente da república, na Guanabara o canditato a governador era Carlos Lacerda e em Minas era Magalhães Pinto. Votei no Jânio, votei no Magalhães Pinto e fiquei feliz com a vitória do Lacerda. Alegria de pobre dura pouco. So faltava para me deixar no bagaço a adesão de Lacerda e de Magalhães Pinto ao famigerado golpe militar de 1964! Não descubro onde se perdeu o legado político deixado aos brasileiros  através de nossos pracinhas nos campos da segunda guerra mundial! Quem sabe no momento sombrio atual "VARRER  A  CORRUPÇÃO?

    61   ANOS   SEM   GG

Terça-feira, 24/08/1954.  Com um tiro no coração  GETÚLIO VARGAS  aos 72 anos  encerrava sua passagem pela vida.  O país conturbou-se arrastado pelo Rio. A bala que o matou recocheteou mudando nossa história política. Encerrara-se a República Velha com a deposição do paulista-carioca Washington Luiz em 1929. E com isto, lá se fora a "Velha República". À frente de uma revolução,  encabeçada por GETÚLIO VARGAS (1882-1954) com a ajuda de MINAS, RIO GRANDE DO SUL e PARAÍBA, inaugura-se um novo BRASIL em 1930. O gosto do poder, porém, subiu à cabeça do vencedor.  Só nova tomada de armas obriga GG a convocar nova eleição presidencial. Que o confirma no poder em 1934. Sob alguns pretextos, contudo, o gaúcho  em 10/11/1937, dá um "golpe de estado", surgindo no país o ESTADO NOVO.   Que termina melancolicamente em outubro de 1946 com a deposição e o despacho do ditador para sua terra natal, São Borja. Não sem antes costurar uma rede dupla, PTB e PSD, que coloca seu ex-ministro da guerra, EURICO GASPAR DUTRA candidato à substituição. Para máximo desgosto dos partidários da UDN, que até da venda nas ruas das balas de chocolate se valeram para batalhar pela eleição do nosso BRIGADEIRO  EDUARDO  GOMES  (donde a origem dos atuais "BRIGADEIROS"),  VIMOS NAUFRAGAR  nas eleições o usuário  do célebre ditado: "O PREÇO DA LIBERDADE É A ETERNA VIGILÂNCIA".   E a propósito: nunca, como daqui por diante (ESPERAMOS) será preciso portar o estandarte desse lema, após a passagem do rubicão que nos deixa  à vista,  na outra margem do rio, o ambiente em que vivemos!  De novo, o BRIGADEIRO  se apresentou candidato à presidência da República e de novo é derrotado por nada mais nada menos do que por GETÚLIO VARGAS!  QUE ANTES DE COMPLETAR O MANDATO,  suicida-se (24/08/1954). Mas hoje recordo-me da figura do nosso GG. Foi um estadista. Devemos-lhe a CRIAÇÃO  DO  MINISTÉRIO  DO TRABALHO, e, no segundo mandato, da implantação da nossa sofrida e assaltada PETROBRÁS! De minha falecida genitora repousa em minha mesinha de cabeceira o retrato de GG que criou leis favorecendo os pais de famílias numerosas! Surpreendente: o Colégio Santo Inácio amanheceu hoje tocando e cantando o Hino Nacional! Teria sido em homenagem ao GETÚLIO VARGAS? 

VIA   DA   LIBERDADE:   A   CRISTIANIZAÇÃO

"Para atingir a LIBERDADE e a FELICIDADE não  basta mudar de sistemas:  é preciso transformar as almas e os corações dos homens: dos poderosos e dos súbditos, dos chefes e dos cidadãos. A história nos mostra o malogro final de todas as revoluções, porque todos os estados novos continuaram, como os antigos, a roubar vidas,  haveres e liberdades. Já não há a tentar senão uma só experiência: a REVOLUÇÃO  ESPIRITUAL do Evangelho, a "metanoia", a reviravolta interior que fará de cada súbdito um cidadão do Reino do Céu, de cada cidadão um IRMÃO na confraria do amor.  Só há um CAMINHO para a LIBERDADE: o da CRISTIANIZAÇÃO.  Doou-me das vossas impaciências, dos vossos pruridos de revolta, das vossas concessões às fantasias e às utopias.  Eu quereria curar-vos, salvar-vos com o cautério infernal e paradisíaco da verdade.  ESPERAIS  MUITO  DA  POLÍTICA e POUCO da RELIGIÃO.  Vossa preguiça faz-vos renunciar perante o mínimo esforço. É muito mais fácil mudar a forma de governo do que a substância das almas de todos os cidadãos. É empresa mais alegre e mais cômoda atribuir toda a culpa aos vossos servos-donos, do que tomar também a vossa parte para a reparar" (Celestino VI, papa, do livro "Carta aos Homens", de Giovanni Papinni).

UM  CORRIMÃO   ENTRE  PAI  E  FILHA

Pelo espaço de  mais de 30 anos,  ALCEU  AMOROSO  LIMA  subia quase uma dezena de degraus da escadaria do prédio do Correio de Petrópolis para postar diariamente uma carta  para sua filha, a Abadessa do Mosteiro Santa Maria, de São Paulo. E sempre, ofegante, reclamava da gerente da agência pela ausência de um corrimão para ajudar os idosos. Ele subiu e desceu aquele calvário e dizia sempre à gerente: "Por favor, ponham um corrimão, vocês acabam me fazendo cair!" Mesmo prometendo pagar as despesas, nunca foi atendido. Alguns anos depois do falecimento de Tristão (14/08/1983),  com a nomeação do sobrinho, Egídio,  diretor geral dos Correios, dois filhos de Tristão, Alceu e Sílvia, finalmente inauguraram os dois corrimãos, aprovados pelo SPHAN, numa sessão  cultural de música, discursos, no dia 23 de maio de 1999.   Que homenagem prestaram ao inesquecível pai, inaugurando os  dois corrimãos, aprovados pelo SPHAN, numa sessão cultural de música, discursos, com a presença do prefeito e da sociedade de Petrópolis.   Faltou apenas uma plaquinha: "Corrimão Alceu Amoroso Lima - Tristão de Athayde". "Haverá homenagem mais significativa ao pai que escreveu cartas diárias à sua filha monja durante 30 anos?"(Apresentação do livro "Diário de Um Ano de Trevas", Cartas de AAL à filha madre Maria Teresa).

 CAMINHAR  POR  ÁREAS  VERDES

SEGUNDO NOVO ESTUDO, CAMINHAR POR ENTRE ÁREAS VERDES, num parque, v.g., por 90 minutos, modifica de certo modo nossos cérebros, melhorando nossa saúde emocional. Até  a taciturnidade sai lucrando com isso. Isto ocorre, quando não conseguimos parar de "mastigar coisas" que estão erradas conosco, porque a sensação está associada a uma atividade maior em uma parte do cérebro conhecida como córtex préfrontal  subgenual.  Provou-se que quanto maior o fluxo de sangue em alguma área do cérebro, maior  costuma ser a atividade cerebral de uma pessoa no córtex pré-frontal subgenual. Assim, quem tiver passeado por caminhos tranquilos e arborizados descobre  uma melhora ligeira mas significativa em sua saúde mental, pois ocorreu menos fluxo  sanguíneo no córtex  préfrontal subgenual. Frequentar ambientes naturais vem a ser  uma maneira fácil e quase imediata de melhorar o estado de espírito  de pessoas   moradoras de cidades (Folha de São Paulo, 15/08/15).

ABADESSA    MARIA   TEREZA   -   2

Procurando o que escrever  sobre a Abadessa Maria Tereza, abri o livro "CARTAS DO PAI", de Tristão de Athayde.  E foi o bastante para desistir do intento. Seria uma profanação de minha parte servir-me, de uma linha sequer que fosse, do conteúdo apenas das trinta primeiras páginas do livro para ousar levantar o véu sobrenatural que envolve o ralacionamento paternal e filial e religioso entre o pai ALCEU e a filha LIA, através de uma correspondência diária por 30 anos.  Valha-me a poetisa mineira Henriqueta Lisboa que, querendo descrever São Vicente de Paulo e sem saber como: "De que maneira se há de aproximar  dessa flor?" E sem mais concluiu:  "O gesto suspenso em meio a um delicado tremor, entre o anelo e o receio de tocar essa flor"...  Henriqueta saiu-se divina: "Do caule esguio em pendor, três pétalas  - UMA  FLOR! Humildade. Simplicidade. Caridade. Ó PENHOR!" ("Montanha Viva - Caraça", por Henriqueta Lisboa). A poetisa ajudou-me a explicar não dever sequer tentar uma visão do angelical relacionamento epistolar entre duas almas privilegiadas por Deus! Como me sinto agradecido ao Caraça pela lição que entre outras Padre Montalvão e Padre Guerra me deram, apenas pela prática da leitura, em aulas de catecismo, de escritos sobre e de autores católicos convertidos;  criança, muito aprendi no primeiro e segundo catecismos da doutrina cristã; adulto, quanto me fortalece a fé a leitura da vida e escritos de nossos católicos brasileiros e estrangeiros! Nas mãos: pequeno catecismo da Doutrina Christan, 1925, Livraria Francisco Alves, com minha letra a tinta azul no segundo ano prmário: "Pertence ao menino Jair Barros - Bomfim -1938".

ABADESSA   MARIA   TEREZA   1

• Em abril de 1951, ALCEU AMOROSO LIMA (1893-1983) tinha 58 anos, e a filha MARIA TERESA (1929-2011) tinha 22. Católico militante, TRISTÃO sentiu intensa dor, quando  A FILHA  resolveu dedicar a vida ao ideal religioso.  Última palavra do pai na hora da separação: "Nesse momento terrível, TUQUINHA (apelido), nunca perca a sua naturalidade, fique sempre como tem sido até hoje. Seja sempre a minha menina". Com licença da abadessa, o escritor iniciou então mais que uma correspondência, um diário, material que um dia permitiria à filha escrever a história do pai. Representam  essas cartas, a partir de 1958 a 1968, um desabafo, uma tentativa de libertação de  fantasmas interiores. Se nesse período sofreu bastante a influência  de Jackson de Figueiredo, de Dom Leme e do Padre Leonel Franca, a partir dos anos 60 quis desligar-se  da convivência com  uma  filosofia de natureza  autoritária, declarando mesmo aos 65 anos estar se sentindo como se ainda tivesse 15! Tornou-se um "velho-moço", definindo-se como um homem voltado para o futuro, passando a ser sinônimo de "ala esquerda" do laicato católico. Reagiu violentamente aos sistemas totalitários, defendendo-se e declarando: "O grande, o maior valor ameaçado no mundo moderno é a liberdade. Seria possível salvá-la, sem primeiro  passar por um longo crepúsculo no mundo inteiro?" A profecia cumpriu-se ao pé da letra.  Alceu morreu em 1983, um pouco antes do começo das diretas já". Perdoe-me, leitor. Perdi-me no caminho. Intenção  era focalizar a filha Maria Teresa. Dei com artigo de nosso Luiz Paulo Horta de 08/11/03, no O Globo, encantei-me com a bela síntese que elaborou do nosso Mestre Tristão, o que me faz prometer, em próxima postagem, uma palavra sobre a abadessa  Maria Tereza, que silenciosamente, como viveu,  entregou a alma a Deus no dia 11 de julho de 2011, o que só vim a saber dois anos depois.

UM   ANO   SEM   EDUARDO   CAMPOS

SIM, dia 13/o8/15  faz um ano que num átimo se apagou num desastre aéreo a jovem figura  que  com esperaça eu sufragaria nas urnas  presidente do nosso país. Foi uma pena! E já há um ano! O tempo voa...  Dei-me por satisfeito com o que um dia li algures: o tempo não  tem pernas nem asas; é ele, sim, as margens de um rio. Rio que se move. Somos esse rio, caminho que anda, serpenteando entre as duas margens de terra que o contemplam! E dia 13/08/14 um acidente aéreo encerrou nossos sonhos. Encerrou nossos sonhos pela segunda vez, pois para grande número dos poucos que restamos, somos ainda os sonhadores da tão decantada democracia despontada na  década de 1950 com a imaginada e frustrada vitória do Brigadeiro Eduardo Gomes no bojo das  renascidas urnas de então. Nestes dias, misteriosos dias políticos, reunimo-nos em Pernambuco, fisica ou espiritualmente, e recordamos os 50 anos natalícios e o melancólico dia da morte do nosso segundo Eduardo! Dia marcado pelas palavras- que, "data venia", ouso tomar de empréstimo,   pronunciadas pela esposa do bravo pernanbucano, enquanto o filhinho caçula acariciava o rosto do paizão, "consummatus in brevi", imortal homenageado: "A saudade é enorme, mas saber que sua vida, seus ideais, sua bandeira, sua história os trazem até aqui, nos mantêm unidos e vivos, é muito confortante!" Isto e mais o seguinte, como uma luva interpretando ou ocultando o atual momento,  do atual ministro da defesa,  Jaques Wagner: "A POLÍTICA  é a mais nobre das atividades humanas, quando é feita por UM IDEAL e não por INTERESSE  PEQUENO, mesquinho e menor". Ou a modesta voz de Marina Silva, relembrando a última entrevista do EDUARDO no Jornal Nacional:  "Que a gente saia daqui pronto para expandir o eco de NÃO   DESISTIR   DO   BRASIL!". Que NOSSA SENHORA, pouco importa a qualificação que lhe apliquemos, bote bom senso, juízo ou até vergonha, se preciso  for, nas cabeças, nos corações, de todos os nossos  "soi disant", políticos, ó PÁTRIA, AMADA e IDOLATRADA, BRASIL, ó GIGANTE  BRASILIÃO DE ONTEM, DE HOJE E DE SEMPRE!

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                              

DIA   DOS   PAIS

Confesso: dentro das fronteiras de meu levar a vida, a presença da mãe no meu mundo interior sobrepuja de  bastantes léguas a presença calma  de meu genitor CLEVELAND BARROS, QUIVE para os filhos. SEPAREI-ME DO QUIVE AOS 12 ANOS, INTERNANDO-ME NO COLÉGIO  do Caraça. Confiara-me ao pai de um garoto de Belo Vale, na mesma situação que eu,  ao deixarmos o trem em Belo Horizonte, às 4 horas da manhã do dia 29/09/1941. Só o vi depois,  dia 19/07/42, no Colégio,   ao ficar comigo menos de 24 horas. Mas guardo como tesouro o carinho que  me fez e as palavras que disse ao Padre Montalvão, acariciando-me a cabeça raspada do  jeito que ele sempre deixava mensalmente, quando nos juntava os  seis garotos machos para proteger-nos a cabeleira dos piolhos. Em tempo: herdei dele a máquina que usava para o serviço! As palavras ditas então: "senti a falta dele pois muito me ajudava!" Segunda vez, por um mês e pouco convivemos em casa nas férias de 1944. Ele teve que  se virar mais, pois a guerra obrigou-o a trabalhar o dobro como  vendedor de rádios,  bilhetes lotéricos, e outras bugigangas pelas redondezas. Durante as refeições, se aparecia, era para avizar à platéia que "refeição  é coisa sagrada, conversa-se pouco!" Terceira e última vez: do dia 05/12/46 a 20/01/47, ao nos despedirmos na estação da Central da capital mineira, eu com quase 18 anos,  em busca do seminário maior em Petrópolis. E nunca mais me pôde chamar a atenção como o fez nessa ocasião: toda tarde eu ouvia na Rádio Tupi do Rio JÚLIO LOUZADA dizer piedosas considerações na hora do Angelus. Uma vez me disse:  "vou mandar fazer pra você uma cadeira de dois pés para ouvir melhor o rádio". Não preciso explicar como eu me assentava! E nunca mais o vi. Faleceu em 16/10/1951, não pude ir ao enterro dele. Mas...escrevi-lhe uma carta que saiu de Petrópolis no dia do falecimento dele,  antes que o soubesse. Minha irmã Beatriz me comunicara que ele passara mal. Estou ciente de que ele  recebera e lera no céu a minha carta! Nos pratos da balança da minha gratidão o peso da saudade de meu pai e de minha mãe se equivale. Já não ando muito distante da hora de ocupar a minha vaga na família que já pela metade se transferiu para o além. 

09/08/1945:  NAGASAKI  SOB  UM  COGUMELO  ATÔMICO

REFLEXÃO: DEZ ANOS depois da destruição de HIROSHIMA pela bomba atômica, "o papa PIO XII (1939-1958) considerou  três passos de importância vital que deveriam ser dados para a REDUÇÃO das tensões e a PREVENÇÃO de guerra. O primeiro era  a RENÚNCIA  AOS TESTES NUCLEARES; o segundo, a RENÚNCIA AO USO DE TODAS AS ARMAS NUCLEARES; e o terceiro, UM  CONTROLE  GERAL  SOBRE  TODAS AS  ARMAS". Depois ele declarou: "A soma total dessas três precauções como objeto de um acordo internacional é  UM  IMPERATIVO  DE  CONSCIÊNCIA  DAS  NAÇÕES  E  SEUS  LÍDERES ". Observe que ele diz: "UM IMPERATIVO DE  CONSCIÊNCIA  DAS NAÇÕES".  Será que isso não quer dizer  os  cidadãos  individuais  e  eleitores?  Claro que sim! Significa que cada cidadão católico, individualmente,  tem a estrita obrigação e consciência de trabalhar  CONTRA OS TESTES NUCLEARES, CONTRA  A  CORRIDA  ARMAMENTISTA, E EM PROL DE UM CONTROLE GERAL DAS ARMAS. Claro que ele deve fazer isso de tal maneira que não coloque seu país em risco, mas deve empenhar-se pela paz, de acordo com os pronunciamentos do papa. Quem é que ouve alguma vez se falar de um imperativo de consciência como esse?  Onde lemos sobre isso na imprensa católica?  Onde ouvimos essa advertência pregada de um púlpito? Se um padre católico  se pusesse em pé para dizer que era obrigatório aos católicos repudiar as ARMAS NUCLEARES, e não baseasse sua declaração nas palavras proferidas pelo próprio papa, seria tratado  como herege e comunista. Aliás, até mesmo citando textualmente o papa, ele poderia ser tratado nesses termos! ("Paz na Era PÓS-CRISTÃ", THOMAS MÉRTON). 

A

  SOB  O  CLARÃO   DA   BOMBA  ATÔMICA

Reflexão oportuna: "Podemos muito bem questionar a legitimidade da guerra nuclear como princípio; mas, quando encaramos o FATO  CONCRETO   de que o emprego de armas nucleares pode resultar na destruição quase total da civilização, e até mesmo  possivelmente no suicídio de toda a raça humana, ESTAMOS  ABSOLUTAMENTE  OBRIGADOS  A  LEVAR  ESSE  FATO  EM  CONTA E  EVITAR  ESSE  TERRÍVEL  PERIGO. É certamente legítimo para  o moralista católico defender a teoria  de que a guerra nuclear limitada, para fins defensivos,  é autorizada  pelos princípios morais cristãos tradicionais. Ele pode inclusive defender que o uso estratégico de armas nucleares, bacteriológicas e químicas é teoricamente permissível para fins de defesa, desde que haja a possibilidade de que os valores básicos que estamos presumivelmente defendendo continuem existindo depois de terem sido "defendidos". Mas quando chegamos diante da terrível dúvida do fato, "dubium facti", a probabilidade iminente e absolutamente  real de uma destruição maciça e incontrolável, que inclui a aniquilação da civilização, e até mesmo da própria vida,  então não existe  uma tal amplitude de escolha.  Estamos obrigados, o mais grave e seriamente possível,  a obedecer a todas as normas da moralidade cristã,  por mais mínimas que sejam,  quando se trata de escolher o rumo de ação mais seguro e tentar a todo custo evitar um desastre de tais proporções" ("Paz Na Era Pós-cristã", Thomas Mérton).

NOSSA SENHORA MÃE DOS HOMENS

FREI JOÃO DE NOSSA SENHORA finou-se no ano de 1758 em seu convento de Lisboa, deixando fama de santidade e muita saudade no coração do povo de Lisboa.  Foi desse convento que nos veio  ao CARA"CA nos pincaros de serras mineiras a devoção de NSMÀE DOS HOMENS. Era o convento de Xabregas de invocação de São Francisco das Chagas e eram seus padroeiros  os Duques de Aveiro e Conde de Atouguia, queimados pelo Marquês de Pombal.  Envolvido na tragédia de Belém  e queimado em estatua, JOSÉ POLICARPO DE AZEVED AUTOR DOS TIROS  EM DOM JOSÉ,  e que era criado grave do Duque de Aveiro, ali esteve escondido e foi por proteção dos frades e socorro da S.M.dos HOMENS que conseguiu fugir para o Brasil, fiundando  seu famoso santuário  da Senhora Màe dos Homens da Serra do Caraça.  Ainda por evidente influencia desse precito existiram no interior de Minas algumas ermidas com essa invocaçào, sendum delas no oeste de Minas.Falando-se desse convento de Xabregas merece referirr-se curiosa coincidência. Ele possuía uma Via Sacra com um belo Cslvario em estatuas de vulto,  sendo as caras dos judeus e soldados romanos esculpidos de modo bizarro,  procurando o escultor dar nas fisionomias uma idéia do sentimento ou carater de cada um. Issi está referido de modo bizarro  na Historia das Ordens Monasticas em Portugal, de autoria de Bernardes Branco e constitui um roteiro para estudo dessa peculiaridade existente nas nossas do Bom Jesus de Congonhas, talvez escylpidos segundo desenhos,  obtidos talvez esculpidos segundo desenhos obtidos  do IRMÀO LOURENÇO DE NOSSA SENHORA. (PAGINA 113 DO GUIA SENTIMENTAL. ACHAVAM OS DONOS DA RELIGIÀO que aquelas multidões que   procurvam a nova invocaçào eram incomodas e a inveja,  desgraçada lepra das almas humanas,  já movia as perseguiç`oes contra o frade poeta que nào tardou a compor  uma loa que passou a correr mundo até no Brasil e s se transfoemou  em coro de romaria: "
"Tantas voltas  tendes dado
Para dar nesta capela,
Que eu também por amor dela
Virgem Màe, sendo cansado; 
Todas aqui te hào buscado,
Com diligencia veloz,
 Nào só eu, mas também Vós;
Mas sde nesta heis de ficar
Ou noutra de outro lugar
,Quem bem o sabesois vós." (Do livro: "Historia de N.Senhora em Minas Gerais", pag.112).

LIVRO: "A SORTE E A DESDITA  DE  JOSÉ POLICARPO". AUTOR: Alberto Oliveira Pinto", editora Bertrand. Preço aproximado: 2.800 escudos.  Sobre a  vida de IRMÀO  LOURENÇO.

FREI JOÀO DE N.SENHORA FINOU-SE EM SEU CONVENTO DE XABREGAS, SITUADO NO CORAÇÃO DE LISBOA. FOI DESSE CONVENTO onde se finou.  Foi desse conventono que nos veio ao CARAÇA nos pincaros de serras mineiras a devoçào de Nossa Senhora Mãe dos Homens. Era o dito convento de invocação de SAO FRANCISCO DAS CHAGAS e eram seus  padroeiros os Duques de Aveiro e Conde de Atouguia, queimados pelo Marques de Pombal. Envolvido na tragedia de Belém  e queimado em estatua, JOSE POLICARPO DE AZEVEDO autor dos tiros em Dom José e que era criado grave do Duque de Aveiro ali esteve escondido e foi por proteção dos frades e socorro da SENHORA MAE DOS HOMENS que conseguiu fugir para o Brasil fundando seu famoso santuario da Senhora Mae dos Homens da Serra do Caraça. Esse convento possuia  uma Via Sacra com um belo Calvario em estatua de vulto sendo as caras dos judeus e solfdados romanos esculpidos de modo bizarro, procurando o escultor das nas fisionomias uma idéia do swntimwento ou carater de cada um. Isso está referido na História das Ordens Monasticas em Porugal, de autoria de Bernardes Branco, e constitui um roteiro para estudo dessa peculiaridade existente nas nossas do Bom Jesus de Congonhas, talvez esculpidos segundo desehos obtidos do Irmão Lourenço de Nossa Senhora.  ( d0 livro Historia de Nossa Senhora em Minas Gerais. pag.113).

SÃO   FRANCISCO   DAS  CHAGAS
É O MESMO QUE SAO FRANCISCO E ASSIS. NO NORDESTE DO BRASIL ele é mais conhecido com o nome de S.F.DAS  CHAGAS. No final de sua vida S.  Francisco  recebeu as Chagas de Jesus numa oração no alto do Monte Alverne. Fonte: INTERNET em "São Francisco das Chagas - o que significa S.F. das Chagas. 

CAPELA DA S.MÃE   DOS  HOMENS CONSTRUÍDA PELO  IRMÃO  LOURENÇO:
...por ele ministro foi vista a CAPELA  e axou  que no altar mor da mesma  estava a imagem da Sra. Mãe dos Homens, e São Francisco, recebendo as Chagas, Padroeiro da dita Capela (Do livro CARA"CA E SUA IGREJA", pelo Pe.  José Tobias Zico, pp/ 45)

CAPELA  GOTICA DO CARAÇA, do Pe. Clavelin: "O seu portico  com seis colunetas simetricas tem por remate um FRONTISPICIO  triangular em cujas pedras se acham incrustados 3 medalhões de marmore esculpido. O do meio, o maior,  ostenta as ARMAS  DE  SÃO  FRANCISCO DE ASSIS, titular se sec
undario da igreja como o fora também  da primitiva capela feita pelo Irmào Lourenço. Os dois medalhões menores tem as datas de 1775 e 1880 por sobre as quais ficou  gravada uma estrelinha para indicar a nas ença dos dois templos: o do Irmão Lourenço e o do Padre Clavelin. (do livro  "CARAÇA SUA IGREJA, Pe. Tobias Zico, pag77).
NO INTERIOR DA IGREJA do P. Clavelin: à esquerda os altares de Sào João Batista, São Luiz de Gonzaga e Sào  Pedro, Apóstolo.  PERTO  DAS  PORTAS  LATERAIS: Altar de São Vicente de Paulo  e  de SÃO  FRANCISCO DE ASSIS ( ) IRMÀO LOURENÇO ERA TERCEIRO FRANCISCANO .  NA MÃO ESQUERA UMA CRUZ, NA DIREITA UM LIVRO E AOS PÉS  UMA   CAVEIRA.

DEBAIXO DO ALTAR  DE  SANTO  ANTONIO   colocou-se em 1950 uma placa de marmore com os dizeres: "O Irmão Lourenço de N.Sra., fundador desta santa casa 1774 aqui viveu e faleceu aos 27 de outubro dd 1819, sendo sepultado na primitiva ermida de N.S.Mãe dos Homens,poximo deste local".
A imagem de N.S.Mãe dos Homens, adquirida pelo Irmào Lourenço, na cidade o Porto, Portugal,chegada ao Rio foi para o Caraça num carro de bois durando a viagem 4 meses. A porta principal pertenceu à capela primitiva e é de cedro. Nas paredes frontais aos altares de São Vicente e de São Francisco de Assis existem duas cavidades destinadas a conter as urnas dos dois construtores, Leandro e Clavelin. Seus restos mortais ou se perderam ou se desfizeram. Logo após a entrada principal da igreja v^-se uma pedra com um orificio no meio; retirada a pedra, com a forma de um tronco de pirâmide,  há um cômodo de 2,40 de comprimento, 1,40 de largura e 1,30 de altura; Para que nào se sabe! Farolleriot. Nos recreios da noite de instantes a instantes a torre era iluminada por um facho de luz que varria o cé. Era o farol da Casa Blerit da capital importado em março de 1931. Compunha-se de uma cirene elétrica ouvida em Belo Horizonte marcando os horários industriais, tudo controlado por um relógio Siemens. A 70 quilômetros da capital.

 38  ANOS   SEM  CARLOS   LACERDA

A noite do dia 5 de agosto de 1954 ficou-me indelével na memória.  Regressando do Colégio São José, no Rio,  o jornalista CARLOS  WERNECK  DE  LACERDA (1914-1977) foi alvo de um atentado ao chegar à residência na Rua Toneleros, em Copacabana. Filiado em 1945 à UDN (União Democrática Nacional),  com a eleição de GETÚLIO VARGAS à presidência da República (1951/1954) LACERDA se indispôs tenazmente ao governo do ex-ditador, renunciando ao mandato de vereador (1947) e passando a servir-se  do  jornal que fundara TRIBUNA DA IMPRENSA (1949), para  fazer frente ao jornal ÚLTIMA HORA de Samuel Weiner, que defendia o ex-ditador. E naquela noite de 05/08/54, voltando  CARLOS LACERDA de sua campanha no Colégio São José, na Tijuca, ao chegar à residência na Rua Toneleros, Copacabana, foi alvo  de tiros que lhe acertaram  o pé  e tiraram a vida ao major da aeronáutica,   RUBEM VAZ,  que o acompanhava. O resultado do episódio. além da consternação do país, ocasionou o suicídio de GETÚLIO VARGAS no dia  25/08/1954. CARLOS  LACERDA foi o primeiro governador do estado da Gunabara que compreendia o território do antigo Distrital Federal e que teve uma existência curta: de 1960, com a inauguração de Brasília, até 1975, com sua união ao estado do Rio de Janeiro.  ) Em abril de 1964 aderiu ao movimento que depôs o presidente da República JOÃO GOULART. Pouco depois foi preso por discordar do regime imposto. Faleceu no dia 21 de maio de 1977.