"Os homens esqueceram ou perderam a verdadeira tábua dos valores. Já não sabem que a honesta alegria é riqueza mais rica do que o ouro amoedado e cinzelado. Os camponeses pobres de minha mocidade eram muito mais ricos do que os endinheirados dos nossos dias. É certo que naquela idade que hoje parece quase fabulosa, embora sempre viva na memória dos novos, não se tinha ainda precipitado sobre nós aquela avalanche de tétricas adversidades que envenenaram todos os ânimos. Mas a riqueza interior do homem, a única que tem valor, deverá precisamente manifestar-se nos momentos de mais adversa miséria. Quanto mais densa a obscuridade, mais devereis resplandecer. Quanto mais frio o clima, mais devereis arder. Quanto mais alta a maré da infâmia, mais alto deveis subir. Entre vós, pobres, sobrevive certa forma de riqueza espiritual. Quanto maior a indigência universal, tanto mais prontos vos encontrais para auxiliar irmamente o próximo. Homens e mulheres de coração encontram-se mais facilmente quando tudo parece perdido. Encontram-se mais facilmente nos tugúrios e nas águas-furtadas do que nas vivendas e palácios. A quem sabe o que é a fome não custa dividir o pão com os mais famintos. Em proporção com os ricos sois mais liberais do vosso pouquíssimo do que eles do seu muitíssimo! Não há também quem por indolência ou vida desregrada e que, além de se queixar mais do que deve, pede e pretende com importuna desfaçatez? A pobreza nestes casos é capa de preguiça ou arma de chantagem. São ao mesmo tempo os menos dignos de dó e os mais difíceis de contentar. Desonrariam a divina pobreza, se ela pudesse ser desonrada!" (Cartas aos Homens" do Papa Celestino VI, por Giovanni Papini).
segunda-feira, 31 de agosto de 2015
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