quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

"COMUNHÃO DOS SANTOS" - 1

Pensamento de LÉON BLOY, meditando sobre o dogma de sua preferência, A COMUNHÃO DOS SANTOS: "A FÉ nos ensina que nossos defuntos são mais PRÓXIMOS de nós do que todos os que chamamos de VIVOS. E é um consolo certo saber que os SERES QUERIDOS, QUE DESAPARECERAM por algum tempo, não nos deixaram realmente, mas nos ACOMPANHAM a cada um de nossos passos". Comentário nosso: "SANTOS", na expressão COMUNHÃO DOS SANTOS, são todos os seres humanos passados, presentes e futuros, uma vez que todos foram resgatados pelo sangue redentor de Jesus Cristo, Deus feito homem através de sua encarnação no seio da Virgem Maria. Por que houve essa redenção, esse resgate? Porque nossos primeiros pais desobedeceram a Deus, através de uma falta original, que destruiu a justiça original, isto é, a SANTIDADE, plenamente, e, em parte, a INTEGRIDADE, dons gratuitamente concedidos por Deus a eles, quando de sua criação, como preparação para a glorificação divina do homem na sua alma e no seu corpo. Infundindo Deus no homem a graça da santidade e da divinização, o homem se tornou filho de Deus, ele foi chamado a uma união inefável com Deus. Pela infusão da integridade, a sagrada escritura dá a entender que, juntamente com a graça santificante ou SANTIDADE Deus concedeu ao homem a isenção da concupiscência, da morte e de todas as outras imperfeições e sofrimentos que se relacionam com tais realidades. Nisto consiste o dom da INTEGRIDADE que, com a desobediência de Adào e Eva, ficou diminuído e ferido, ficando os homens sujeitos à ignorância, inclinados ao mal, fracos para resistirem às tentações. Sabemos que, depois da desobediencia, Deus prometeu a Adão e Eva a REDENÇÃO que devia consistir na supressão da ofensa comum, coletiva, ou original, e, portanto, no restabelecimento da santificaçào e da glorificacão sobrenaturais do gênero humano. Ao Messias, novo Adão, que desde esse momento fora constituído cabeça da raça humana, estava reservado expiar as nossas culpas e instituir o sacramento da regeneração, para transmitir a cada batizando a graça perdida pelo primeiro homem. A palavra "SANTOS", na expressào "Comunhão dos Santos" designa, assim, todos os que foram resgatados por Jesus Cristo e que se encontram em três lugares ou estados diferentes: na TERRA, constituindo a IGREJA MILITANTE; compõe-se de todos os viventes, que militam no mundo, os viajores. No CËU ou PARAÍSO, onde estão os que gozam de Deus, formando a IGREJA TRIUNFANTE. No PURGATÓRIO acham-se aqueles que são aí retidos temporariamente para se purificarem de suas pequenas faltas, constituindo a IGREJA PADECENTE. Embora esses membros estejam em lugares diferentes, eles formam uma sociedade única, que tem um chefe único, Jesus Cristo, um só vínculo, a caridade, e um só termo final, o céu: um esclarecimento: A desobediência de Adão e Eva e as outras que lhe vieram depois constituíam uma ofensa infinita, pois avalia-se a extensão da ofensa pela condição da pessoa ofendida e pela inferioridade da pessoa que ofende. A ofensa feita a Deus pelos primeiros pais era, portanto, como que infinita. Ora o homem, criatura limitada, finita, não podia oferecer a Deus reparação infinita, igual à ofensa, à desobediência. Pelo Mistério da Redenção Jesus Cristo, Deus e homem ao mesmo tempo, santo e infinito como é, tomou nossa natureza e responsabilizou-se pela raça humana, ficou em nosso lugar. Igual em tudo ao Pai, satisfez por nós, apresentou suas obras, de valor infinito, sua oração, seus sofrimentos e sua morte, sendo assim a reparação igual à ofensa e inifnita como ela é, ele nos remiu, nos resgatou: é o que chamamos MISTÉRIO DA REDENÇÃO. A Redenção oferecida a Deus por Jesus Cridto foi real : "Fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho e por Ele havemos de ser salvos"(Rom.V,9-11). Foi livre, a caridade e bondade de Cristo é que O levaram a se oferecer por nós. Foi superabundante. Com efeito seus atos têm valor infinito, pois ele é Deus e Homem. Foi universal: sua morte foi oferecida para TODOS OS HOMENS EM GERAL e para cada um de nós em particular, para os que precederam a reparação, como para os que a seguiram. Para se ter parte na Redenção basta querer e recorrer aos mananciais da graça, isto é, aos sacramentos. Entendida a palavra SANTOS na expressão "COMUNHÃO DOS SANTOS", analisaremos a palavra COMUNHÃO em ocasião oportuna.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

LÉON BLOY

LÉON BLOY NASCEU em Périgueux no dia 11/07/1846. No dia 29/08/79 conhece La Salette onde Nossa Senhora aparece a duas crianças, Mélanie e Maximin, no dia 19/09/1846. Sobre este evento escreve "Celle qui pleure". Em 1890 casa-se com Jeanne Molbech. Depois de conhecer em 1905 os Maritain ( Jacques, Raissa e sua irmã Vera), torna-se padrinho de batismo dos mesmos no dia 11/06/1906. E no dia 24/02/1911 cerimônia semelhante se renova no batizado de Pieterque e de seus pais, Pierre Van Der Meer De Waalcheren e Cristina que se casam nessa ocasião. Faleceu no dia 03/11/1917, aos 71 anos e 4 meses, em Bourg La-Reine na casa onde morava Péguy antes da guerra de 14. Achando-se um dia em sua residência os amigos Maritain, Termier e P.Van Der Meer de Walcheren, Bloy lhes apresentou o próprio retrato moral: "Comparem-me com um cão de pastor, cão inteligente que reúne as ovelhas, impede que se dispersem, mantém-nas despertas, morde-lhes as patas e, de vez em quando, ladra também energicamente contra os pastores!" Léon Bloy, que entre tantos pensamentos dignos de meditação dizia que "o acaso é o nome moderno do Espírito Santo", era um apaixonado cultor do dogma da "comunhão dos santos": a solidariedade de todas as criaturas. A Igreja, corpo místico, espiritual, de Cristo, abrange, por assim dizer, três províncias, apelidadas de Igreja Militante, Igreja Padecente e Igreja Triunfante. Quer isto dizer que aqueles que se acham unidos a Cristo e a seu Espírito, unidos assim estão não apenas enquanto vivos na terra, mas para sempre e por toda parte em que se encontrar nosso destino. Quem morre no Senhor continua a exercer sua solidariedade, sua comunicação fraternal com aqueles que são seus irmãos militantes na terra, ou padecentes no purgatório. Entre as três províncias nunca cessa essa solidariedade ao mesmo tempo interior e exterior, aparente e oculta, aparente na Igreja visível, estendendo-se da Igreja visível até aos confins da invisível, céu e purgatório. Costumava dizer Bloy que as orações pelos mortos são, de todas as obras de misericórdia, a mais perfeitamente meritória, por ir mais diretamente ao coração do Pai de todas as misericórdias, pois se faz um favor ao próprio Deus, libertando-O de sua justiça! Daí ter escrito que "o silêncio dos lábios é extremamente mais terrificante do que o silêncio dos astros!". Proveitosa leitura: "LÉON BLOY", por Octavio de Faria, Gráfica Record Editora.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

RAISSA MARITAIN

Passou-me em brancas nuvens, no dia 24/11/10, o quinquagésimo aniversário do "dies natalis", ou do falecimento, de RAISSA MARITAIN. Raissa, descendente judia da família Oumançoff, nunca recebera instrução religiosa. Aos 17 anos ingressou na Universidade de Paris, onde seus pais emigrados revolucionários da Rússia se tinham estabelecido. Foi aí que conheceu Jacques Maritain, providencial encontro sobre o qual assim escreveu em seus cadernos: "Outro ALGUÉM havia preestabelecido entre nós uma soberana harmonia, apesar das grandes diferenças de temperamento e de origem". Frequentam as aulas de Henri Bergson que "liberou seus espíritos do desespero, do grosseiro materialismo sem horizontes". Casam-se no dia 26/11/1904. Pouco depois, através de artigos de Maurice Maeterlinck, tomam contato com obras de Léon Bloy para quem enviam pequena quantia, pois vivia em sérias dificuldades financeiras. E, num belo dia, "os dois jovens, cheios de esperança, sobem as escadas da Butte Montmartre, a fim de pedirem àquele escritor católico, àquele peregrino, a esmola, o pão da amizade". Foi no dia 11/06/05. Estabelece-se, então, proveitoso intercâmbio cultural e religioso entre os três espíritos. No verão de 1906 Raissa cai doente. Visitando-a, a esposa de Bloy fala-lhe de Nossa Senhora o que irrita Raissa, a esposa de Jacques. Enquanto isto, Jeanne passa-lhe ao pescoço a corrente com a Medalha Milagrosa. Sem saber bem o que fazia, Raissa entrega-se a Nossa Senhora e dorme um sono tranquilo e reparador. Depois de anos de luta interior, tormentoe e aridez, Raissa e Jacques entregam-se a Deus: no dia 11/06/1906 recebem o sacramento do batismo, juntamente com Vera, irmã de Jacques. São Madrinhas Jeanne e Véronique, e Padrinho Léon Bloy. Visitam, então, La-Salette. onde , no dia 19/09/1846, Nossa Sehora apareceu a chorar numa montanha, num dos grandes cimos dos Alpes."Uma das maiores alegrias daqueles anos que precederam a primeira guerra mundial (1914-1918) foi o batismo do pai de Raissa, no leito de morte. E o autor dos dados biográficos que aqui reproduzo em síntese ( P. Wan Der Meer de Walcheren) logo recebeu de Raissa o seguinte telegrama: "Papai foi batizado por Jacques". Janeiro de 1961: "Nossa querida Raissa partiu deste mundo no dia 04/11/1960. Tive a graça de vê-la em outubro, no seu leito de dor. Olhou-me profundamente...murmurou alguma coisa, chegou a sorrir-me, sorriso marcado pelo sofrimento humano, esse sofrimento só compreendido pelo Filho do Homem. Raissa e Jacques, irmãos queridos, penso em vocês na alegria dolorosa da Luz!"

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

24/12/10 = AMANHÃ É NATAL

ONTEM, a voz do cantor VICENTE CELESTINO. HOJE, o poema do escritor JORGE DE LIMA. O primeiro, construtor com a voz. O segundo, construtor com a palavra. Na produção de obras artísticas, de monumentos arquiteturais. O hino A PATATIVA consagrou Celestino. O poema "O ACENDEDOR DE LAMPIÕES" imortalizou Jorge de Lima: "Lá vem o acendedor de lampiões... não, porém, apenas da rua, senão do mundo universo. Cristo Senhor, Filho do Deus vivo e esplendor da luz eterna, Luz sem ocaso, virá como SOL NASCENTE iluminar nossas TREVAS. "A LUA brilhará como a luz do SOL e o SOL brilhará sete vezes mais como a LUZ de sete dias, no dia em que o Senhor curar a ferida de seu povo e fizer sarar a lesão de sua chaga". "No princípio era a PALAVRA e a PALAVRA estava com Deus e a PALAVRA era DEUS. E a PALAVRA se fez carne, nascendo em BELÉM, "quando todas as coisas estavam envolvidas no silêncio, e HABITOU entre nós. NELA ESTAVA A VIDA, E A VIDA ERA A LUZ DOS HOMENS. E A LUZ BRILHOU NAS TREVAS E AS TREVAS NÃO CONSEGUIRAM DOMINÁ-LA. Surgiu um homem, JOÃO BATISTA, enviado por Deus como testemunha, para dar testemunho da LUZ, para que todos chegassem à FÉ por meio dele. Ele, JOÃO, não era a LUZ, mas veio para dar testemunho da LUZ, daquele que era a LUZ de verdade, que, vindo ao mundo, ilumina todo ser humano". JOÃO BATISTA foi o batedor da LUZ, o precursor de JESUS CRISTO. Dele deu testemunho JOÃO BATISTA, dizendo: "O que vem depois de mim passou à minha frente, porque ELE existia antes de mim", pois era a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade que se encarnara no seio da VIRGEM MARIA. Com o nascimento do Deus Menino no Natal, acendeu-se no mundo e para o mundo uma grande luz. Para os que habitávamos nas sombras da morte, uma gigantesca LUZ resplandeceu: JESUS CRISTO! Ouçamos, antes da prece ao divino acendedor de lampiões do mundo em favor de nossos abnegados seguidores, a primeira estrofe do poema de Jorge de Lima, "mutatis mutandis": "Lá vem o acendedor de lampiões da rua! Este mesmo que vem infatigavelmente, parodiar o SOL e associar-se à LUA, quando a sombra da noite enegrece o poente! Um, dois, três lampiões acende, e continua outros mais a acender imperturbavelmente, à medida que a noite aos poucos se acentua, e a palidez da lua apenas se pressente. Triste ironia atroz que o senso humano irrita: ele que doira a noite e ilumina a cidade talvez não tenha luz na choupana em que habita! Tanta gente também nos outros insinua crenças, religiões, amor, felicidade, como este acendedor de lampiões da rua!"

23/12/10 - DOIS DIAS ANTES DO NATAL

Esta manhã carioca, de sol muito quente, promissora de toró à tarde, a cidade já na modorra ante-vésperal de um Natal prolongado a atropelar as festas de Ano Novo, que nos presenteará com a bela e esperançosa Primeira Presidenta do Brasil, me veio a nostalgia de meus natais, 80 anos corridos. E me vejo a cantarolar " Acorda, patativa, vem cantar!" de Vicente Celestino (1894-1968). "Relembra as madrugadas que lá vão" e são para mim umas 80!. "E faz de tua janela o meu altar!" Quem sabe de teu presépio? "Escuta a minha eterna oração!" Já montei o meu presépio sob a árvore do pinheirinho. As mesmas figuras de seres humanos e animais: Jesus-Menino na manjedoura, Nossa Senhora e São José à direita e à esquerda, os pastores, quatro, com seus cães de guarda, o galo empertigado sempre acabando de abrir o bico, o boizinho...ou vaquinha? os cordeirinhos pastando ou descansando na relva, o burrinho orelhudo, os anjos equilibrando-se nos galhos da árvore em meio a um coral convidando os ausentes a se aproximarem: "Adeste, fideles, laeti truphantes!" Patinhos feitos de celuloide nadando num espelho de parede do quarto das irmãzinhas. Maçãs de argila pintadas de vermelho, trabalhos de escola de fim de ano. Tudo esparramado num solo acidentado feito de papel pardo salpicado de mica assentada com grude de polvilho. E partes do solo, para alimento dos carneirinhos famintos, aqui e ali plantações de arroz já nascidinhas, homenagem ao sol oriente, como é conhecido na liturgia cristã o Menino Jesus: "O ORIENS!" "Ó sol nascente justiceiro, resplendor da luz eterna. Oh! vinde e iluminai os que jazem nas trevas, e na sombra do pecado e da morte estão sentados!" Perdido nessa visão de saudades de madrugadas e tardes, transformando tua manjedoura num altar, ó Deus humanado, escuta as orações, nesta época, de toda a humanidade que resgataste, que os céus lá do alto derramem o orvalho, que chova das nuvens o Justo esperado, que a terra se abra e germine o Senhor!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

22/12/10 = TRÊS DIAS ANTES DO NATAL

Narra o evangelista São Lucas que Izabel, esposa de Zacarias, recebendo Maria em sua casa nas montanhas, entoou bem fortemente um cântico nos seguintes termos: "Bendita és tu, Maria, entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre! E donde me vem o fato de a Mãe do Senhor me visitar?" Nossa Senhora não deu uma resposta à interrogação da prima, mas, movida pelo Espírito Santo, cantou o "Magnificat", hino admirável que é ao mesmo tempo um hino de agradecimento (ou ação de graças) e uma portentosa profecia. "Glorifica minhalma o Senhor e exulta meu espírito em Deus, meu salvador". Maria, que chegou à casa de Izabel quando esta estava em seu sexto mês de gravidez, somente dela se afastou três meses depois, não antes, porém, do nascimento de João Batista. Ontem, dia 21, a Igreja comemorava o dia da morte do apóstolo São Tomé. Raramente o Evangelho nos fala dele. Bem que por ocasião da ressurreição de Lázaro nós o ouvíamos dizer: "Vamos! E morramos com ele!" Em outra passagem está dito que ele só acreditaria em Cristo ressuscitado, se lhe tocasse nas chagas. Ele tocou e exclamou: "Meu Senhor e meu Deus!" Então Jesus lhe disse: "Porque me viste, Tomé, tu creste. Bem-aventurado aquele que não vê e contudo crê!" Em face do mistério anunciado do Natal temos necessidade precisamente de uma fé firme e amorosa. Durante os dias precedentes ouvimos uma mensagem a qual devemos crer sem ver! Daqui a 3 dias na noite santa nós nos ajoelharemos diante do divino Menino no seu presépio e a Igreja nos dirá: "Eis o grande Rei, o Deus eterno!" Será o momento de nos aplicarmos a palavra dita a São Tomé: "Bem-aventurados aqueles que não vêem e contudo crêem!"

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

21/12/10 = QUATRO DIAS ANTES DO NATAL

JOÃO BATISTA, figura precursora do DEUS MENINO, tem um papel memorável e original no nascimento de Cristo. É que o anjo Gabriel aparecera um dia ao sacerdote Zacarias e lhe dissera: "Não temas, Zacarias, porque a tua súplica foi ouvida, e Izabel tua mulher vai te dar um filho". Zacarias perguntou: "De que modo saberei disto? Pois eu sou velho e minha esposa é de idade avançada". O anjo lhe disse: "Eu sou Gabriel e fui enviado para te anunciar essa boa nova. Eis que ficarás mudo e sem poder falar até o dia em que isso acontecer, porquanto não creste em minhas palavras". Seis meses depois, o mesmo anjo Gabriel anunciara a Maria que ela seria a mãe de Jesus. E para fortalecer a fé da Virgem Maria no anúncio de que ela seria Mãe Virgem de Jesus, revelou a ela a maternidade de uma mulher idosa e estéril, sua prima Isabel, já no sexto mês de gravidez, como prova de que é possível a Deus tudo que Ele quer. Mal ouviu isto, Maria dirigiu-se às montanhas, mas não por falta de fé na profecia ou por falta de confiança na mensagem, nem tão pouco por duvidar do exemplo dado. Maria partiu logo para as montanhas, afim de ver sua prima. E tinha pressa, levada que era pelo desejo de chegar que a oprimia, o que é natural,quando vamos ver pessoas amadas. Muito rapidamente se manifestaram os efeitos da chegada de Maria e da presença de seu filho, recém-concebido, na casa da prima querida Isabel. Com relação a Isabel, no momento em que ela escutou a saudação de Maria, a criança de 6 meses e que sabemos ser JOÀO BATISTA, exultou no ventre dela, isto é, foi liberado da culpa original e santificado. Note-se o seguinte: Isabel foi a primeira a ouvir a voz de Maria, mas João foi o primeiro a pressentir a presença de Jesus no ventre de Maria. Izabel ouviu segundo a ordem natural das coisas, mas João exultou em virtude do mistério! Izabel percebeu a chegada de Maria, João percebeu a chegada do Senhor. A mulher, Izabel, ouviu a voz da mulher, o menino, João, sentiu a presença do Filho de Deus. Izabel recebeu o Espírito Santo, isto é, recebeu uma luz celestial para conhecer os divinos mistérios que anteriormente tinham sido realizados em Maria, mas DEPOIS DE CONCEBER, ao passo que Maria recebeu o Espírito Santo ANTES DE CONCEBER. Muito proveitosa será a leitura do capítulo segundo do Evangelho segundo São Lucas. Os comentários aqui expendidos são de autoria do arcebispo de Milão, Santo Ambrósio (340-397). "CONFIAI E NÃO TEMAIS, POIS DAQUI A CINCO DIAS O SENHOR VIRÁ A VÓS! VINDE, SENHOR JESUS!"

domingo, 19 de dezembro de 2010

20/12/10 = CINCO DIAS ANTES DO NATAL

A IGREJA focaliza hoje a figura de SÃO JOSÉ. Anunciando o anjo Gabriel que Maria seria mãe de Deus, ela perguntou: "Como se realizará isto, se não conheço nenhum homem?" (Conhecer=conhecimento marital). O anjo lhe respondeu: "O Espírito Santo virá do alto sobre ti e a onipotência divina te cobrirá para que possas conceber sem a intervenção do homem". Esta metáfora, "te cobrirá", é transposta da "nuvem", indicadora da presença divina, nuvem esta que por ocasião da festa dos Tabernáculos, recordando a jornada dos judeus pelo deserto, "descansava" ( isto é, banhava com chuva) sobre a Arca da Aliança. Como se o anjo dissesse: "Assim como a chuva costuma fecundar a terra assim a onipotência ou força do Altíssimo exercerá um papel parecido com o da chuva sobre a Arca, isto é, te fará conceber e ficar grávida, sem a mediação de homem algum. São José, como era um homem virtuoso, santo, sabendo, antes da celebração pública das núpcias, que Maria estava já grávida, pensava em abandoná-la ocultamente. Por isto o Anjo do Senhor apareceu-lhe em sonhos, dizendo: "José, filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como esposa, porque o filho que ela traz é obra do Espírito Santo". E José, levantando-se, fez o que o anjo Gabriel lhe dissera. A partir de então, muito pouco se fala do pai putativo de Jesus. Nem por ocasião das núpcias de Caná da Galileia está presente, sendo geral opinião que já tivesse falecido. Creio que o rosto de São José é reproduzido universalmente com as mesmas características. Lembra-me um senhor de meia idade, aparentando, pela presença rara no Novo Testamento, "um profundo sentimento do mistério", pois nele "nunca fica perfeitamente claro onde termina a realidade e onde começa o reino das sombras", como escreve dos mineiros Tristão de Athayde ("Voz de Minas"). De Tristão ainda furto no citado livro umas linhas aplicáveis ao caráter dos mineiros, as quais muito sinto serem a descrição de São José: "Por ser fechado e metido consigo...vive para dentro e não para fora. Não proclama suas emoções. Não se precipita. Só põe o pé onde sente o terreno firme. Desconfiado como é, sua naturalidade é sóbria, discreta e reservada. Não faz questão de aparecer! Apaga-se naturalmente!" De tanto julgo São José assemelhado aos mineiros que lamento não terem os dois portugueses, Irmão Lourenço e Bracarena, fundadores respectivamente dos santuários do Caraça e da Serra da Piedade, erguido um trono ao lado da Mãe de Deus e dos Homens para São José, esposo de Maria e pai putativo de Jesus.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

19/12/10 = SEXTO DIA ANTES DO NATAL

Jesus, meditando um dia em sua casa de Nazaré, reconheceu o seu destino no dos PROFETAS! Quando, aos 30 anos, se apresentar aos homens como FILHO DE DEUS, COMO FILHO DO HOMEM, sabe o que O espera! Sabe que Deus prometeu a Moisés um novo profeta, igual a ele e na sua boca porá as suas palavras e ele lhes dirá tudo quanto eu pedir, o PRECURSOR, ISAÍAS, que O anunciará: "NASCEU-NOS UM MENINO que se chamará o " PRÍNCIPE DA PAZ". MAS AS GENTES SERÃO CEGAS DIANTE DELE E NÃO O ESCUTARÃO! E pior ainda: crucificá-LO-ão e LHE disputarão as vestes entre si! "Uma corja de cães, prosseguirá Isaías, me rodeou, uma turba de mãos me assediou. Furaram as minhas mãos e os meus pés! Dividiram as minhas vestes e tiraram à sorte a minha túnica!" Mas, dirigindo em seguida os pensamentos para o futuro, sabe JESUS que "todos os reis hão de adorá-LO, todas as gentes LHE serão servas, porque livrará o pobre do poderoso e salvará as almas dos pobres! Porque a ELE virão, inclinados, os FILHOS dos que O humilharam e as plantas dos SEUS pés adorarão os que O insultaram! E sabe JESUS , sobretudo,que a semente de sua palavra, caindo na terra entre cardos e espinhos, calcada pelos pés dos assassinos, despontará na primeira primavera, brotará pouco a pouco, e há de crescer, a princípio como um arbusto batido pelo vento, e será por fim uma árvore que há de cobrir com seus ramos a terra" ( Papini, "História de Cristo"), a IGREJA CATÓLICA, o "Pequeno Rebanho" ("Pusillus grex"), e ao seu redor poderão sentar-se os homens, lembrando a morte daquele que a semeou, JESUS MENINO cujo aniversário de nascimento em Belém daqui a seis dias a humanidade toda, consciente ou inconscientemente, querendo ou não, terá que RECORDAR, pois os CALENDÁRIOS no seu místico mutismo são implacáveis! "Céus, bradava o profeta ISAÍAS, deixai cair orvalho das alturas, e que as nuvens façam chover justiça. Abra-se a terra e germine a salvação! Brote igualmente a justiça. Eu, o Senhor, A criei!"

18/12/10 = SETE DIAS ANTES DO NATAL

Depois dos carneirinhos, do burro, do boi, e por que não dos cães, os PASTORES! Independentemente do anúncio do NATAL pelos anjos, os pastores acorreram à estrebaria. Solitários, o menor fato ocorrido perto deles os comove. Velavam o rebanho, quando a luz e as palavras do anjo os despertaram. À fraca luz da estrebaria, uma mulher jovem e bela. Um menino de olhos recém-abertos, carnes róseas e delicadas, os enterneceu. O nascimento de um homem que vem sofrer com os outros homens é um milagre tão doloroso que causa piedade até aos simples que o não compreendem. E ali estava um recém-nascido não desconhecido, mas um menino que um povo aflito esperava há mil anos! Trouxeram-lhe o pouco que tinham, o pouco que é muito quando dado com amor! Donativos brancos: leite, queijo, lã, cordeiro. Ovos ainda tépidos do calor do ninho. Uma galinha para o caldo da parturiente! Além de possuidores dos vestígios ainda existentes do espírito de solidariedade, as circunstâncias lhes faziam crer que aquele MENINO pobre era o resgatador da HUMANIDADE. Recordaram-se do profeta Isaías que anunciou a chegada do EMANUEL, o "DEUS CONOSCO, e que lhes soprava nos corações acolhedores: "Não existe salvação em nenhum outro, não foi dado outro nome sob o céu pelo qual o mundo possa salvar-se. Será seu nome " admirável Conselheiro", "Deus forte", "Pai do século futuro", e " Príncipe da Paz!" Ideias tiradas da "História de Cristo", de GIOVANNI PAPINI. UM LIVRO RECOMENDÁVEL ÀQUELES PARTICULARMENTE QUE ABANDONARAM AO DEUS MENINO, porque nunca o conheceram! A estes, escreveu Papini, este livro quisera fazer bem!

17/12/10 = OITO DIAS ANTES DO NATAL

NO DIA 26/03 de cada ano a Igreja recorda aquela tarde entre todas, quem sabe, a mais importante para a humanidade, tarde em que o anjo São Gabriel, surpreendendo MARIA em suas orações assim lhe disse: "MARIA, ALEGRA-TE, Ó CHEIA DE GRAÇA, O SENHOR É CONTIGO; ÉS BENDITA ENTRE TODAS AS MULHERES DA TERRA!" Passado o inesperado susto, MARIA disse ao anjo: "O QUE VEM SIGNIFICAR ESSA TUA SAUDAÇÃO? A MINHALMA PERTURBOU-SE; SEREI MÀE DO GRANDE REI, CONSERVANDO A VIRGINDADE!" Algumas centenas de anos atrás, o papa São Leão Magno escreveu: "De nada adianta afirmar que Jesus, filho da virgem Maria, é VERDADEIRO E PERFEITO HOMEM, se não se ACREDITA QUE ELE TAMBÉM PERTENCE A ESSA DESCENDÊNCIA PROCLAMADA NO EVANGELHO, POR EXEMPLO, EM SÃO MATEUS 1,1. AÍ É APRESENTADA A SÉRIE DE GERAÇÕES DESDE OS PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE ATÉ JOSÉ, com quem estava desposada a Mãe de Jesus. Impossível não era ao Filho de Deus manifestar-se, para ensinar e justificar os homens, do mesmo modo como aparecera aos patriarcas e profetas do Antigo Testamento. Tais aparições eram apenas sinais misteriosos que anunciavam a realidade humana do Cristo. Nenhuma daquelas figuras poderia realizar o mistério da nossa reconciliação, preparado desde a eternidade e prometido por ocasião da desobediência de Adão e Eva, porque o Espírito Santo ainda não tinha descido sobre a Virgem Maria, nem o poder do Altíssimo A tinha envolvido com a sua sombra. A Sabedoria eterna não havia ainda edificado a sua casa no seio puríssimo de MARIA, para que o VERBO se fizesse HOMEM. O CRIADOR dos tempos ainda não tinha nascido no tempo, UNINDO A NATUREZA DIVINA E A NATUREZA HUMANA NUMA SÓ PESSOA, de modo que AQUELE POR QUEM TUDO FOI CRIADO FOSSE CONTADO ENTRE AS SUAS CRIATURAS! Se o homem novo, revestido de uma carne semelhante à do pecado (Rm 8,3) NÃO TIVESSE ASSUMIDO A NOSSA CONDIÇÃO, envelhecida pela desobediência de nossos primeiros pais, SE ELE, CONSUBSTANCIAL AO PAI, NÃO SE TIVESSE DIGNADO SER TAMBÉM CONSUSBTANCIAL À MÃE E UNIR A SI NOSSA NATUREZA, com exceção do pecado, a HUMANIDADE teria permanecido cativa sob o jugo do demônio, e não poderíamos nos beneficiar do triunfo do VENCEDOR, se esta vitória fosse obtida numa natureza diferente da nossa! Dessa admirável união brilhou para nós o SACRAMENTO DA REGENERAÇÃO, para que renascêssemos espiritualmente pelo mesmo Espírito por quem o Cristo foi concebido e nasceu! Por isso diz o evangelista, referindo-se aos que crêem: "ESTES NÃO NASCERAM DO SANGUE NEM DA VONTADE DA CARNE NEM DA VONTADE DO HOMEM, MAS DE DEUS MESMO!!! (JO.1,13).NOTA: O evangelho por meio da GENEALOGIA APRESENTA AS PRINCIPAIS PERSONAGENS DA história da SALVAÇÃO.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

16/12/10 = NOVE DIAS ANTES DO NATAL

Na noite de Natal recorda-se o nascimento em Belém da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade que se encarnara milagrosamente, nove meses antes, no seio de uma jovem chamada Maria, que por obra do Espírito Santo permaneceu virgem antes do parto, durante o parto e depois do parto. Lembrando-se desses "fatos históricos e milagrosos, há dois mil anos rezam os cristãos ao cair das tardes, balbuciando no silêncio de seus corações: "O anjo do Senhor anunciou a Maria e ela concebeu do Espírito Santo. Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa palavra. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós!" Não é justamente isto que rezamos nas missas dos domingos, quando dizemos depois da leitura do evangelho: "Creio em Jesus Cristo, um só seu filho, Nosso Senhor, que nasceu da Virgem Maria, padeceu e morreu sob o poder de Pôncio Pilatos"? Mistérios que constituem objeto de nossa fé. Que é a FÉ? São Paulo nos responde (Hb 11,1): "A FÉ é um modo de já possuir aquilo que se espera, é um meio de conhecer realidades que não se vêem". A realidade maior que queremos "conhecer" e "possuir" neste Natal é JESUS. Esperamos sua chegada com FÉ acreditando na promessa de Deus que O envia para nos trazer a salvação e instaurar o seu Reino de Justiça. Ó Pai, que chamastes Abraão e sua família para iniciar uma vida nova na "terra prometida" e os sustentastes em sua caminhada com o vosso amor e a vossa misericórdia, dai-nos a graça de caminharmos rumo ao NATAL, superando o nosso egoísmo e tudo o que nos impede de criar uma sociedade justa e fraterna". "Que os céus, lá do alto, derramem o orvalho, que chova das nuvens o Justo esperado, que a terra se abra e germine o Senhor!"

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

ASPECTOS PRÁTICOS DAS HOMILIAS

Um mêa atrás o Papa Bento XVI fez publicar um decreto do sínodo de 2008 sobre a palavra de Deus. Finalidade: encorajar os católicos para nela se debruçarem e poderem proclamar a palavra de Deus contida na Bíblia. Nisto estaria a maior prioridade para a abertura do homem de hoje ao acesso a Deus e melhor se armar contra a proliferação das seitas pela propagação de uma leitura deformada da Bíblia. Aproveitando a ocasião, o Papa fala da arte da homilia: comentário do sacerdote após as leituras na missa. Censura as homilias vagas, abstratas, as divagações inúteis que correm o risco de chamar a atenção mais sobre o pregador que sobre a substância da mensagem evangélica. Não se requer uma pesquisa profunda para se chegar à conclusão de que em nosso meio brasileiro católico a bíblia não passa de um enfeite nos lares. O contrário se dá no âmbito de seitas aqui existentes: muito se vê pessoas lendo o novo testamento até nas ruas, quando, v.g., aguardam uma condução, etc. Parece-me que o fato de a leitura da bíblia ter sido por tão largo tempo quase que proibida aos católicos, e,depois da insistência da Igreja em favor de seu manuseio mas com a recomendação de que cabe à Igreja interpretá-la devidamente, o que não se requer da leitura da mesma entre os membros de seitas não católicas, parece-me, repito, que comentários, explicações, exegeses sobre textos sobretudo textos do antigo testamento só dão sono a quem vai às nossas igrejas aos domingos. Aos nossos católicos, na verdade de tão pouca instrução religiosa, mais prendem a atenção assuntos embasados em textos aplicáveis ao viver cotidiano, os evangelhos são tão ricos em conselhos e referências, sempre descobrindo-se brechas para uma curta catequese sobre algum ponto doutrinal. A ignorância religiosa entre nós é muito mais vasta do que se pensa. Que adiantam incursões a textos do antigo testamento, se nosso povo está incapacitado de acompanhar o que o celebrante comenta. O papa, aliás, recomenda "evitar as homilias vagas e abstratas". Sei que é fácil criticar, lamentar, sem que se possa apontar meios de se reencontrarem caminhos que ajudem nossos irmãos na fé a crerem e professarem a fé que, em semente a ser cultivada, receberam no batismo. "Veni, Sancte Spiritus, reple tuorum corda fidelium et tui amoris in eis ignem accende!" Vinde, Espírito Santo, ocupai os corações dos fieis e acendei neles a chama do vosso amor!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

POR QUE "DEUS E OS HOMENS"?

Um dos "nossos"sugerira-me escrever sobre os convertidos do século passado. Por isto é que me aventurei a resumir o livro "Deus e os Homens" de Pierre Van Deer de Walcheren. Confesso-lhes: "Fabiola"e esse foram dois livros que muito contribuíram para enraizar em mim os valores religiosos católicos. Além, é claro, das aulas de catecismo e de religião ministradas por dois sacerdotes no Caraça: Padre MontÀlvão, no primeiro ano, e Padre Cruz no quarto e quinto anos. A esta altura da vida, cheguei à seguinte conclusão: fui objeto ou alvo de dois tipos de formação religiosa. Nas aulas de religião, conheci a história da religião cristã e católica. E graças aos dois mestres que tive, constituiu esse aprendizado o substrato, o alicerce de minhas crenças, para não dizer, de minha fé. Mas ao lado disto ou complementando ou tornando eficiente esses conhecimentos teóricos, valeu-me por demais, e vale-me até hoje, o conhecimento, pela leitura sobretudo, da prática, da vivência daqueles valores religiosos, cristãos e católicos, pelos mortais como eu. Na minha adolescência Fabíola, História de Uma Alma, de Santa Terezinha, Jesus Rei de Amor e O Nazismo Sem Máscara, O BRIGADEIRO DA LIBERTAÇÃO foram sementes que caíram, mercê de Deus, em terreno propício. À medida que fui crescendo a leitura das biografias de homens e mulheres, católicos ou não mas vivendo de Deus, foi de mãos dadas com aquele aprendizado, mais teórico que prático, da religião constituindo, levantando, formando duas margens por onde serpenteia minha existência, aos trancos e barrancos, até ao presente dia. Graças a Deus! Conversando hoje com meu médico urologista, católico, aluno dos jesuítas, dizia-me ele que mais do que o relato seco dos fatos bíblicos influencia as mentes infantis, infantis diria eu pela idade e pela ignorância religiosa cristã e católica, o conhecimento vivenciado por homens, atuais ou não, que vivendo, praticando os princípios evangélicos num mundo contemporâneo, bombardeados por princípios e valores contraditórios até, mexem com o nosso ego, com a nossa consciência, com aquela dignidade em semente de criaturas divinas QUE SOMOS, mesmo que nisto não creiam. Lembro-me do que repetia sempre meu professor de religião: o homem ( HOMO = o ser humano) traz em si as sementes do bem e do mal, do anjo e do demônio. Pense-se num Vicente de Paulo, num Gandi, num Hélder Câmara, num Padre Damião o Leproso, da ilha de Molocai, NUM THOMAS MERTON e em tantos que, como lembra o apóstolo São Paulo, cultuam "o deus desconhecido deles", os milhares de exemplos de cristãos, católicos, cristãos ou não, que cultuam na vida prática o deus desconhecido, "ignoto deo", cujo gene assinala todo ser humano. Escrevi demais e me ia esquecendo de dizer que "Deus e os Homens" vale a pena ser lido. Há algo nele que nos perturba. Como também nas cartas que Tristão e Jakson de Figueiredo se trocavam.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

"DEUS E OS HOMENS" - 6

No dia 27/12/32, Matias deixou a Itália, dirigindo-se a Paris. Matias, Ana Maria, Irmã Cristina e Padre Pieterke se reuniram no mosteiro das beneditinas, em Oosterhout. Depois que Matias narrou toda a viagem a Roma, o Padre Pieterke lhe disse o seguinte: "Se tudo é na realidade como você diz, Irmã Cristina e eu agimos maravilhosamente ao entrarmos na ordem de São Bento. Este era de fato um verdadeiro romano". No dia 02/01/33, o casal separou-se dos filhos, longe de supor que pela derradeira vez via o filho padre. Dia primeiro de fevereiro Matias recebe um telegrama de Dom Abade comunicando que Pieterke estava mal. E mais tarde outro: "Dom Pieterke recebeu os últimos sacramentos". Imediatamente partiram para a Abadia de Saint- Paul, sendo recebidos pelo abade que lhes narrou as circunstâncias da morte; PNEUMONIA. Era o dia primeiro de fevereiro de 1933. Enquanto se celebravam as exéquias, Matias dizia ao Senhor: "Que tenho ainda para vos dar? Cedi-vos os três filhos! Que eu ocupe o lugar de Pieterke? E Ana Maria?" No dia 20 de fevereiro, Ana Maria diz a Matias: "Sei em que você anda pensando! Devemos fazer mutuamente o sacrifício um do outro. Deus nos pergunta se estamos prontos a dar-lhe nossa vida, a nossa comum felicidade". Dia 31/03 tudo se resolveu: Ana Maria entraria em Solesmes, na Abadia de Santa Cecília, e Matias em Oosterhout. No dia 18 de junho o casal celebrou juntos pela última vez o trigésimo primeiro aniversário de casamento. Com a autorização do Vaticano, no dia 02/09 Ana Maria, com o nome agora de Irmã Rosalina, foi recebida pela abadessa. E no dia 12/10 Matias dava entrada na abadia de Saint-Paul, recebendo o hábito no dia 24/10. Irmã Rosalina tomou o hábito no dia primeiro de julho de 1934. Tudo ia bem, quando em mar;o de 1935 se constatou que a saúde de Irmã Rosalina não mais lhe permitia a presença no convento. Em abril reinauguraram a vida matrimonial. Ana Cristina faleceu em Breda, Holanda, no dia 26/12/1953. No dia 07/05/1954, aos 73 anos, Matias subiu os degraus do mosteiro de Saint-Paul, onde por especial licença do Abade, foi realizar o sonho de passar o resto da vida a escrever e a orar (do livro "DEUS E OS HOMENS", escrito por P.Van Der Meer de Walcheren).

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

" DEUS E OS HOMENS" - 5

A cerimônia da vestição (tomada de hábito) de Ana Marieke se deu no dia 05/08/1932 na Abadia de Notre-Dame. Dom Abade, acompanhado das duas madrinhas da postulante, aos sons dos sinos e do coro das monjas, acolitado por Dom Pieterke, saiu do interior da clausura, paramentado, precedido de Ana Marieke, vestida de noiva. Era ladeada pelas duas madrinhas vestidas de preto. A cauda da veste era carregada por um casalzinho de crianças. Dom Abade perguntou-lhe: "Que pedes? Em pé, ela respondeu: " A misericórdia de Deus e a graça do santo hábito". No devido momento sua mãe desprendeu-lhe o véu de noiva, ergueu nas mãos a cabeleira da filha, então cortada pelo oficiante, oferecendo-a a Deus. como uma oferenda. Ana Maria colocou um leve véu sobre a cabeça da filha. No parlatório, Ana Marieke, dora em diante Irmã Cristina, recebeu o hábito religioso, o cinto de couro, o véu branco na cabeça, o escapulário da ordem e uma vela acesa. Cantou-se então o Te Deum, em ação de graças, ao fim do qual seu pai viu a filha bater na porta da clausura e "com sua vozinha de sempre, a mesma voz com a qual ela cantava ou chorava" (pensou o pai) em casa, Irmã Cristina entoou: "Abri-me as portas da justiça; quando eu tiver entrada, exaltarei o Senhor!" Após pequena alocução, Dom Abade confiou-a à superiora do mosteiro e a porta se fechou. No dia 18/12/1932, a convite do padre Basílio que continuava a morar em sua casa, Matias o acompanhou a Roma. Ao pôr a esposa a par do convite, ela, depois de justificar não poder acompanhá-lo, lhe disse: "Você vai rever Roma COMO CRISTÃO. Quando lá estivemos com Pieterke, há 25 anos, ÉRAMOS PAGÃOS". Depois dessa visita a Roma,certo dia, em casa, Pieterke, criança de 5 anos apenas, se voltou para Ana Maria e lhe perguntou: "Mamãe, por que não vamos nunca à igreja aqui, como fazíamos na Itália?" Eu tive a impressão de que Pieterke, desde antes de seu batismo, pelo puro desejo de criança, inspirado por Deus, ajudou-nos a escolher o verdadeiro caminho e procurar Deus onde ele realmente está. O ponto de partida depende às vezes de tão pouca coisa, é tão imperceptível a origem dos maiores acontecimentos..." (termina no próximo blog).

"DEUS E OS HOMENS" - 4

A chegada em casa foi muito penosa. Dir-se-ia que uma morta muito amada acabava de ser levada e conduzida a uma vida muito melhor! Seus livros, desenhos, tudo ficara no mesmo lugar. O piano fechado. No quarto, seus vestidos pendurados; e, abandonados, os múltiplos objetos de uso pessoal conservavam o traço do último gesto que ela fizera para colocá-los ali, para arrumá-los. A menor coisa continha uma recordação que avivava as saudades. Esta dor manteve-se pungente durante muitos e muitos dias. Quantas vezes, bruscamente, durante seu trabalho no escritório ou em casa, junto da esposa, Matias era invadido por um desejo louco, insuportável, de rever a filha! Ao meio-dia, quando vinha para o almoço, pelo caminho dos castanheiros, não a via mais correndo ao seu encontro. Não ouvia a vozinha clara que cantava enquanto ajudava a mãe num ou noutro quarto da casa. O silêncio agora era completo. No cabide da entrada continuava pendurado o casaco verde de gola de pele. Matias sabia o quanto sua mulher sofria com a ausência da menina, mas ela levava sua dor com calma, com a generosidade da força que lhe era dada. Ambos sentiam-se felizes com a felicidade que Ana Marieke possuía! Os filhos, os três incluindo-se Jean François, entregues a Deus rezavam continuamente pelos pais e o sofrimento destes foi-se tornando mais suave, mais calmo: foi aceito como uma dádiva nova e rica. A ausência de Ana Marieke manifestou-se depressa como a aurora de uma nova luz na vida. Aos poucos começaram a experimentar esta nova e profunda realidade. Seus três filhos estavam presentes. Pai e mãe conheciam a oração dos filhos e ressentiam seus efeitos. Encontravam-se todos no amor de Deus, no abismo de seu coração, indissoluvelmente unidos. Só lhes restava esta solução: permanecer nas profundezas de Deus onde, juntos os cinco, viveriam na mais íntima união!"

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

"DEUS E OS HOMENS" - 3

Em 1929, já de novo em Paris, uma nova vida começava para Matias, Ana Maria e a filha. Parecia a Matias que a tentativa sincera de uma restauração católica da sociedade chegara tarde demais nesse pós-guerra. "A condenação da doutrina política e pagã da "Action Française", de alguns livros, de certas atitudes de Charles Maurras tinha perturbado gravemente o seu equilíbrio. Um dia exclamou bruscamente: "É Satanás que está sentado na cátedra de Pedro". No mundo da literatura, a mesma situação confusa. Certa noite, o casal pôs-se a falar de Ana Marieke. Ana Maria tocou logo no assunto: "nossa filha está convencida de que irá para o convento daqui a um ou dois anos, mas isto não se dá sem luta. Sinto nela às vezes uma espécie de melancolia. A morte de Jean François e a partida de Pieterke fizeram-na sentir-se só. Em maio de 1930, o bispo dos estrangeiros em Paris solicitara de Matias hospitalidade para o padre Basílio e sua esposa. Basílio era um russo que depois do diaconato se casara de acordo com os costumes da religião ortodoxa e depois se ordenara sacerdote. Convertido ao catolicismo, fugira de Moscou. Viajando pela Espanha e pelo México, deste regressou à Europa, quando da revolução comunista de 1926. Solicitou ao Papa sua admissão na Igreja Católica com a autorização de permanecer fiel ao rito oriental. Numa visita de Matias e Ana Marieke ao filho beneditino, a jovem conversou longamente com a abadessa de uma abadia vizinha, ficando decidido que dentro de um ano ela entraria para a Abadia com o nome de irmã Cristina. Fixou-se a data de entrada de Ana Marieke para o dia 12 de outubro. Neste dia, Dom Abade saiu do átrio de sua abadia, seguido por Pieterke, e, já todos reunidos, dirigiram-se para a Abadia de Notre-Dame. Entraram na igreja abacial e ajoelharam-se na parte reservada aos fieis. Dom Abade fez sinal a Ana Maria que o acompanhou. No final de um longo corredor, a porta da clausura. Sozinho, Dom Abade avançou e bateu na porta. A porta se abriu, deixando ver a Abadessa e a Mestra das Noviças. Sem sequer voltar a cabeça, Ana Marieke acompanhou as religiosas. E a porta fechou-se de novo. Naquela mesma noite, Matias e Ana Maria tomaram o trem de volta a Paris.

" DEUS E OS HOMENS" - 2

Antes de voltarem para a Holanda, terminada a guerra de 14, falecera em Paris, apenas com 3 anos, o caçula da família, JEAN FRANÇOIS. Em fins de outubro de 1918, passando por Londres, o casal e os dois filhos chegaram à sua pátria no dia 11 de novembro. No dia 8 de setembro de 1921, festa da Natividade de Nossa Senhora, Matias, Ana Maria Pieterke e a irmã, com 9 anos, eram recebidos pelo Abade da Abadia de Saint-Paul, em Oosterhout, na Holanda. Foi então que Pieterqke foi deixado no parlatório dessa Abadia penetrando no convento onde viveria 15 anos entre os beneditinos. Certa noite, Ana Marieke confiou aos pais o desejo de ser beneditina. Dizendo o pai que ainda havia muito tempo para se falar do assunto, Ana Maria que conhecia o marido, disse rindo: "Você sabe um mundo de coisas, mas em questão de vocações, de educação ou de doenças, você não sabe nada!" Passados alguns anos, Pieterke , no dia 22 de dezembro de 1928, foi ordenado sacerdote. Presente estava o casal e mais a filha, Ana Marieke. Padre Pieterke passou três dia com a família. Em conversa certa vez com a irmã tomou uma foto e disse à irmã: "Olhe, Marieke, nós três! Que beleza de criança era Jean François! Agora é um dos nossos maiores protetores no céu!". Tomou nas mãos outra foto, a de de Léon Bloy, e disse: "Meu padrinho! Posso levar este retrato? Já tenho um mas está tão apagado e gasto que quase não se distinguem mais os traços. É admirável como vocês puderam encontrar este cristão no mundo. Muito devo ao meu padrinho!". Um dia o monge Pieterke escreveu o seguinte numa carta aos pais: "Você e mamãe são 2 seres que não formam senão um. Quando eu era criança e você me dizia alguma coisa, papai, eu já sabia que mamãe me teria dito o mesmo". Outra vez, Matias disse à sua mulher: "Deus fez em nós uma troca de corações: sofro , sinto, penso e amo aquilo que você deseja e pensa, o que você ama e ressente e sofre. Assim é porque somos unidos num amor que é Deus. É bem isto o amor do casamento!" Em 1929, depois de ter passado por Oosterhout onde celebraram a Páscoa com Pieterke, Matias, Ana Maria e a filha partiram para a França. Continua no próximo blog.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

" DEUS E OS HOMENS "

Eis como é simples, bela e em geral silenciosa a história da Igreja Católica! No próximo dia 24 de fevereiro de 2011, dia festivo de São Matias, na igreja de Saint-Médard, em Paris, na presença de Jacques Maritain e Raíssa Maritain, comemorar-se-á o centenário do batizado do jovem casal holandês MATIAS, autor do livro "DEUS E OS HOMENS", e de sua esposa ANA MARIA. A realização da mudança de rumo na vida do jovem casal deveu-se providencialmente à amizade que o prendeu ao escritor católico Léon Bloy (1846-1917) cujas ideias eram por ele compartilhadas. Daí, ter sido esse intelectual, autor de "Celle qui pleure" (aparição de Nossa Senhora da Sallete") escolhido como padrinho na sua admissão na Comunidade da Igreja Católica. A presença nessa cerimônia do jovem casal Jacques e Raissa deveu-se ao fato de também os dois terem sido leitores de Léon Bloy de tal maneira que quiseram, um ano antes, tê-lo também como padrinho ao abraçarem o catolicismo. Jacques e Raissa conheceram-se frequentando um curso de filosofia ministrado na Sorbonne por Bergson. Eram três famílias que se reuniam, com frequência, na casa de Léon Bloy em Monmartre, "como crianças que não poderiam, por um instante sequer, duvidar da amorosa presença de Deus. Léon Bloy lia, às vezes, para eles trechos de um livro em elaboração ou evocava passagens de sua vida que vivera antes do seu casamento com Jeanne Molbech, jovem dinamarquesa que encontrara numa maneira providencial numa reunião na casa de François Coppée, (1842-1908), quando já atingia o meio do caminho de sua vida". Matias e Ana Maria tiveram três filhos. Terminada a guerra de 14, voltaram para seu país com dois filhos apenas, pois "o terceiro adormecera para sempre no solo da França: um meninozinho de 3 anos incompletos que nasceu e morreu durante os dias sombrios da guerra e foi enterrado no dia 02/01/1918 no grande cemitério parisiense de Bagneux". O filho, Pieterke, tornou-se padre beneditino. Ana Maria Marieke , a filha, também vestiu o hábito de São Bento. Quando o filho sacerdote faleceu e a filha fez a profissão religiosa, o casal se recolheu à vida monástica. Ela em Solesmes, ele em Oosterhout. O estado de saúde da esposa não lhe permitindo continuar no mosteiro, ei-los por amor à obediência a refazer a vida matrimonial. Falecendo Ana Maria, completamente só no mundo Matias regressa ao mosteiro, onde foi realizar seu sonho de passar o resto da vida a escrever e a orar." DEUS E OS HOMENS" é o título do livro escrito por Matias (P.Van Der Meer de Walcheren), Livraria Agir Editora, Rio.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

02/12 = 175 ANOS DE DOM PEDRO II

DOM PEDRO II, se vivesse, faria hoje 175 anos. Guardo-lhe a data de nascimento, 02/12/1825, porque comecei a viver no Brasil Democrático no dia 02/12/1945, quando, deposto Getúlio Vargas no dia 28/10/1945, tivemos naquela data eleições livres para escolha do Presidente da República. Embora ainda não eleitor, torci o mais que pude pela vitória do Brigadeiro Eduardo Gomes. Que perdeu, porque o "dossiê", de então,x contra ele foi lançado pouco antes da eleição: "O Brigadeiro declarou que não precisa dos votos dos MARMITEIROS!" . MARMITEIROS eram os OPERÁRIOS. Eduardo Gomes tentou uma segunda vez, competindo, então, com o próprio Getúlio Vargas. Levou meu voto! Perdemos! Nunca, porém, esqueci a lição que nos deixou e que a história esculpiu nos corações dos brasileiros livres: "O preço da Liberdade é a eterna Vigilância!'. Dom Pedro II foi o único filho homem, sobrevivente, de Dom Pedro I. Nasceu em 1825. Além de órfão de mãe, apenas com 6 anos tomou ciência da abdicação do pai "na pessoa do meu muito amado e prezado filho, o senhor Dom Pedro de Alcântara", no dia 07/04/1831. Escolhera José Bonifácio para tutor do imperador infante e ao romper do dia embarcou com a família, menos os quatro filhos"Januária, Paula, Francisca e Pedro, na nau inglesa Warspite. Em 1840, o Partido Liberal, sabendo que Dom Pedro, apenas com 15 anos, já demonstrava madureza de ânimo e qualidades excepcionais, e que queria de fato assumir as rédeas do governo, conseguiu passar nas duas câmaras reunidas a declaração da MAIORIDADE (23/07/1840). Iniciava assim o Segundo Reinado que terminou com a proclamação da República, 15/11/1889. Confessa Guilherme Ferreiro que o próprio Imperador "sentia-se homem semelhante a todos os seus concidadãos, e a seus amigos dizia ser o primeiro republicano do Brasil". De Dom Pedro II o país guardou, entre outros, o seguinte pensamento: "Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro". Digno de memória figura também no Livro de Ouro do Colégio do Caraça, Minas Gerais, a seguinte frase de Dom Pedro II: "Estou satisfeitíssimo com o Caraça. Só o Caraça paga toda a viagem a Minas!" E a de sua esposa: "Eu teria escrúpulos de vir a Minas e não chegar até ao Santuário de Nossa Senhora Mãe dos Homens".