segunda-feira, 25 de outubro de 2010

ÚLTIMA CARTA DE SAIN-EXUPÉRY

Carta escrita de Bastia, Córsega, Desapareceu no mar no dia 31/o7/44 - "Caríssimo DALLOZ....Quanto a mim, combato o mais ardentemente possível. Sou certamente O MAIS VELHO DOS PILOTOS DE GUERRA DO MUNDO.O limite de idade é de 30 anos para o tipo de avião de caça que piloto. E, outro dia, tive pane em um dos motores, a 10.000m de altitude, sobre Annecy, no momento mesmo em que fazia...QUARENTA E QUATRO ANOS! Enquanto voava sobre os Alpes, lento como uma tartaruga, à mercê dos caças alemães, ria bastante, pensando nos superpatriotas que proibem meus livros na África do Norte (29/06). É engraçado! Vi de tudo desde minha volta à esquadrilha (essa volta é um milagre). Conheci a pane (29/06/44), o desmaio por acidente de oxigênio (14/07/44), a perseguição pelos caças (23/06/44), bem como o incêndio em voo (06/06/44). Não me acho avaro demais e sinto-me carpinteiro são. É minha única satisfação. Também me agrada passear, único avião e único a bordo, durante horas sobre a França, a tirar fotografias. Isso é estranho. Aqui estamos longe do banho de ódio, mas, apesar da gentileza da esquadrilha, existe um pouco de miséria humana. Nunca tenho ninguém com quem falar. Já é alguma coisa ter com quem viver. Mas, que solidão espiritual! SE FOR ABATIDO, NÃO LAMENTAREI ABSOLUTAMENTE NADA. O formigueiro futuro me amedronta. E odeio a virtude de seus robôs, FUI FEITO PARA SER JARDINEIRO! Abraço-o. Saint-Ex.

ANTIGO E NOVO TESTAMENTO = A BÍBLIA

A BÍBLIA ou ESCRITURA divide-se EM DUAS PARTES: ANTIGO TESTAMENTO e NOVO TESTAMENTO. O ANTIGO TESTAMENTO conta a história de um povo por Deus escolhido, o povo de ISRAEL, à luz de um PACTO, donde TESTAMENTO, feito com esse povo mas depois por ele violado, apesar da constante fidelidade da parte de Deus. O propósito divino, porém, em face da desobediência dos primeiros pais, ADÃO e EVA, era a REDENÇÃO da humanidade que se alcançaria pelo envio de seu FILHO ao mundo. O NOVO TESTAMENTO , segunda parte da BÍBLIA, relata o cumprimento do referido plano divino: a REDENÇÃO DA HUMANIDADE. Conclui-se, assim, que ANTIGO e NOVO TESTAMENTOS estão estreitamente interligados. O ANTIGO conduz e é a preparação para o NOVO TESTAMENTO. Neste se vê a realização da promessa divina de enviar seu FILHO para redimir os homens. Deste modo o ANTIGO TESTAMENTO só pode ser totalmente compreendido conectado ao NOVO TESTAMENTO. O até aqui exposto, dirão, quem não sabe? Muita gente, letrada até, e que se diz católica, portanto que diz crer e professar a doutrina cristã, ignora isso. E isso, isto é, o conhecimento inicial, básico, da BÍBLIA é como o BEABÁ ou as primeiras noções que precisamos ter, pois é na BÍBLIA, isto é, no ANTIGO e NOVO TESTAMENTO que se encontra a doutrina, as verdades, que o católico autêntico diz que CRÊ e PROFESSA. Quem se diz "católico praticante", terminologia despida de sentido, pois quem é católico já afirma que crê e professa a doutrina de Cristo, costumo dizer que, se for um político brasileiro, devia declarar-se também que é um político praticante ou não praticante. Apague, contudo, esta minha observação, uma vez que no Brasil raro é achar-se alguém que diz que é católico não praticante, por que não sei. Mas parece-me que também ninguém diz que é político praticante, por que também não sei. Católico e Político são termos absolutos, como o termo gravidez. Gravidez não admite meio termo. Uma mulher está ou não está gravida. Alguém é ou não é católico, político. Político, aqui, no sentido lídimo: servidor da coletividade, da pólis. Apesar de crermos e professarmos, quantas vezes somos infieis àquilo em que cremos e dizemos professar. Nem por isto, porém, deixamos de ser católicos. Entende-se daí a expressão muito cara ao teólogo cardeal Charles Journet, afirmando sempre que a IGREJA é SANTA, mas constituída, composta de PECADORES. O católico que peca, que viola a lei de Deus, a doutrina trazida por Cristo e transmitida pela Igreja Católica, tem na doutrina em que crê e professa os meios necessários para se redimir, para obter do Pai o perdão. Daí não poder ser católico quem admite o princípio: PECCA FORTITER, SED CREDE FORTIUS! Isto é, pode-se pecar à vontade, desde que se creia! Não basta crer apenas, necessário é crer e professar a fé nas verdades reveladas por Deus, verdades estas que constituem a doutrina ensinada por Jesus Cristo e transmitida pela Igreja Católica que Ele fundou.

domingo, 24 de outubro de 2010

UMA ANCIÃ CHAMADA IGREJA

De uma mensagem, escrita pelo Padre Victor Codina, professor de eclesiologia da Universidade Católica da Bolívia, transcrevo alguns pensamentos que por certo nos distrairão nesta semana dos bombardeios infernais dos meios de comunicação a serviço das eleições de domingo próximo. Assim ele fala, por exemplo: "A Igreja atravessa fases como a lua. Há momentos minguantes de escuridão, de eclipse; agora estamos num desses. Mas logo chegarão momentos de claridade e de luz crescente. Essa velha senhora é visitada pelos pobres, crianças, mulheres fieis, gente insignificante que não a temem, que gostam dela, lhe levam flores, sabem que seu coração está vivo e alegre e, embora seja anciã, é fértil. Sentem-se bem com ela, mesmo falando pouco ou ficando calada, escutam seu silêncio como uma música branca, sabem que seu coração é terno e jovem, misericordioso, que os compreende e que os ama. Ela agradece, sorri e acaricia-lhes as mãos com carinho maternal. Pessoas ilustres não a visitam, não recebe visitas de pessoas importantes e poderosas, pois já não podem tirar proveito dela, já extraíram tudo o que foi possível, abusaram dela. Ela agora já não serve, é lixo, uma velharia. São todos aqueles que com a desculpa de servi-la se serviram dela para seus interesses "em seu nome". E assim a deixaram desprestigiada, com péssima fama. Utilizaram seu nome, invocaram a civilização cristã para se enriquecerem. Esta velha anciã cheia de achaques já não lhes serve. Outros dizem que aceitam Jesus, seu Esposo, mas não a velha e caduca Igreja como se o Espírito de Jesus não animasse o corpo da Igreja. É tentação e orgulho. Mas ela se cala e espera, um dia talvez percebam e voltem para a velha Igreja. Ela tem um grande tesouro para comunicar à humanidade: Jesus de Nazaré, morto e ressuscitado para nosso bem, para termos vida em abundância. Ela O entrega generosa aos que a procuram com simplicidade de coração, mesmo sendo IDOSA, ou POR ISSO MESMO!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

POR ENQUANTO VOU BEM!

Muito se fala até hoje sobre o livro UTOPIA , romance político e social de TOMÁS MORUS (1480/1535). O qutor, hostil à propriedade individual, traça um quadro bastante detalhado de um Estado socialista e democrático. Chanceler de Henrique VIII, da Inglaterra, foi decapitado em 1535, por não ter querido reconhecer o poder espiritual do rei. O papa Pio XI canonizou-o em 1935: é o nosso São Tomás Morus. Lê-se em sua biografia que, inquirido certa vez, por que, sendo tão alto, se casara com uma mulher tão pequena, respondera jocosamente: " Ora! de dois males o menor!" Ao ser conduzido ao patíbulo, deteve-se por um momento, tirou do bolso do negro manto uma moeda de elevado valor que colocou na mão do carrasco, dizendo: "Guarde. Isto é para pagar o seu trabalho agora!" Quando governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto, um dos mentores do golpe militar de 64, ao ser perguntado, nas visitas a Brasília ou Rio, como estava seu Estado de Minas: "Continua no mesmo lugar, obrigado!" , respondia matreiramente. Na época dos bondes no Rio de Janeiro, mal nascida a manhã, era costume o lazarista Padre Aquino tomar o bonde que diariamente o levava a Botafogo onde celebrava a missa. Sem lugar para sentar, tão logo o carro dava o sinal de acomodação das carcaças humanas, Padre Aquino, citadinamente tido como o sacerdote mais sociável do Rio, pisava de propósito no pé do vizinho, para puxar o fio de uma prosa que só se interrompia a contra-gosto ao final de sua viagem. Um dia, o Padre Eugênio Pasquier, francês, que foi provincial no Rio nos primeiros anos do século XX dos Padres Vicentinos, logo que se acomodou em pé no bonde bastante lotado, ouviu um gaiato dizer bem alto: "Só faltava esta!" Com voz forte, num sotaque gaulês, frente a vizinhos mal dormidos e meio assustados, o sacerdote caprichou na resposta: "Então, motorneiro, pode tocar, não falta mais nada!" Contou-me um mineiro, com escritório na Praça Sete, a do Pirulito, em Belo Horizonte, que, estando uma tarde na janela do escritório onde trabalhava, no décimo andar do prédio, notou, de repente, passar-lhe em frente, caído ou jogado ou pulado, de um dos andares superiores, uma pessoa que ele muito bem conhecia pelo nome. Reconhecendo-o num átimo, gritou-lhe: "Fulano, como vai???" Nitidamente ouviu a resposta bastante bem articulada: "Por enquanto vou bem!"

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

"EDIFÍCIO CLAUDE LORRAIN" - RI0 - BOTAFOGO.

" CLAUDE LORRAIN" foi um pintor e paisagista francês cujas telas são de uma admirável luminosidade e de arrabatadora veracidade. Nasceu em 1600 e morreu em 1680. Seu nome individualiza o último prédio, de 15 andares, construído no final da Rua Eduardo Guinle, Botafogo, fazendo frente com uma PRACINHA, inicialmente denominada AVENIDA RADIAL SUL. Afinal, trata-se de Avenida mesmo ou de Praça? Explico: quando governador da Guanabara, Carlos Lacerda pretendeu construir uma avenida, paralela à Rua São Clemente, ao pé da montanha do Corcovado, ligando Botafogo ao Jardim Botânico. A embaixada inglesa, contudo, conhecendo que sua propriedade sofreria prejuízo, tirou o intento da cabeça do governador. Por vingança, parece, do destino, o nome AVENIDA, já escolhido para o malogrado logradouro, transferiu-se para aquela pracinha. Passou esta então a chamar-se AVENIDA RADIAL SUL. Em consequência, aquele prédio de 15 andares do final da Rua Eduardo Guinle, NÚMERO 25, inaugurado mais ou menos na mesma época desmembrou-se da Rua Eduardo Guinle, passando a fazer parte da AVENIDA RADIAL SUL. Lá pelo começo do SÉCULO 20 consta que uma vereadora se encarregou da modernização da pracinha cuja inauguração se deu no dia 22/05/2002, presente uma concorrida plateia, ERGUENDO-SE um pedestal encimado de uma placa de bronze, ainda lá existente, com os seguintes dizeres ainda legíveis: "PREFEITO...Foi vereador no Rio de Janeiro, deputado federal duas vezes, senador e jornalista (sempre). "Todo inimigo dos meus filhos é meu inimigo", dizia MARIO MARTINS na época da ditadura ao comentar o movimento estudantil". Como se vê, a pracinha sofreu então alteração no nome de sua individuação. Adquiriu o nome de PRAÇA SENADOR MARIO MARTINS. Poucos dias atrás, contudo, descobri pendurada num poste de luz defronte da pracinha, uma placa azul com os dizeres seguintes em cores brancas: PRAÇA JOÃO FORTES. E agora, JOSÉ ? Até nova mudança, fico com a TELELISTAS.net/2008/2009 que consagra a denominação: PRAÇA RADIAL SUL. E viva a cidade brasileira que mais tem a cara do Brasil!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

ADIB JATENE - VOZ CERTA NA HORA CERTA!

Visitando Rio Branco, no Acre, 12 anos passados, ADIB  JATENE  regressou de coração novo. Leiam o seu artigo de hoje, 18/10/10, na Folha, e não estranharão o que dele afirmo aqui: É  O  CARA  CERTO  NA  HORA  CERTA!  Enumerado tudo de notável  visitado, ADIB  pergunta: Como em 12 anos se conseguiu fazer renascer um ACRE...?  Ao longo de minha vida, aprendi a distinguir diferentes grupos políticos. Alguns entram na política para enriquecer, acumular patrimônio, e nisso têm sucesso, em país marcado por impunidade. Outros almejam o poder e se realizam no seu exercício, seja autoritário, seja demagógico, pretendendo serem apreciados e reconhecidos como capazes de oferecer aos amigos benesses em prejuízo do erário público.   Mas há pessoas que entram na política para servir, para trabalhar em benefício da população, sem pretender nada além do bom combate, sem esperar recompensa que não seja o respeito da comunidade.  O ACRE teve a sorte de contar com pessoas assim, que lhe  devolvem a esperança de dias melhores, de recuperar a autoestima e, ao lado de desenvolvimento material, recuperar a confiança nas pessoas, não se envergonhar de atuar com comportamento ético e dar aos jovens o exmplo de postura e de convívio social saudável.  O modelo do ACRE precisa não só ser conhecido, mas imitado pela geração que ascende ao poder, SEM OS  VÍCIOS  DOS  QUE  UTILIZARAM   A  POLÍTICA  DE  FORMA  DEGRADANTE, dando aos jovens exemplos de comportamento que DEVEM  SER  SEPULTADOS!" NOTA: "ADIB JATENE, 81, cardiologista, é professor emérito da F.M.  da USP  e diretor-geral do Hospital do Coração ( "Folha de São Paulo, 18/10/10). Que  bom haver  no país gente, como JATENE, que ainda tem voz para dizer o que diz! Como me lembra,  MUTATIS  MUTANDIS, Tristão de Athayde, na época da ditadura, de triste memória! Que na imprensa amordaçada escrevia  contra o poder de fato, sem que este não tivesse a força moral para enquadrá-lo!

domingo, 17 de outubro de 2010

AINDA SOBRE OS MINEIROS SOB A TERRA

Aposentado, e,  por que não dizê-lo,  em espírito  de solidariedade às 33 vítimas que sob a terra do Chile sofriam horrores, acomodei-me no sofá e fui um dos milhões que assistiram à libertação dos cativos mineiros. Não queiram perguntar-me se em algum momento deixei de me comover!  Três cenas, porém, não consigo apagar da memória: minha atenta observação voltada ao garoto filho do primeiro operário alçado do túnel. A princípio dominado por nervosa expectativa estampada no rostinho moreno, parada a cápsula começou a tomar  consciência da realidade. O movimento de seus braços falaram pelos seus lábios. Era ele como se estivesse diante de um a figura de outro mundo que o assombrasse e ao mesmo tempo lhe transbordasse o pequeno coração de incontrolável alegria. E tudo isto após chorar tão alto que  lhe ouvíamos a voz como se possuído por um pesadelo. Mas, que corrida impulsionada como que  por molas em direção ao pai como se quisesse apoderar-se do melhor tesouro da terra! E que ternura e amor no abraço ao seu genitor,    tanto tempo em sonhos vislumbrado e ausente e saudoso! A segunda cena me deixou indeciso sobre a realidade do que me parecera ver. E somente bem depois do resgate de todos é que me  caiu a peteca. Em meio a tantas emoções coletivas, lacrimejantes muitas, deu-me pena o cosntrangido abraço do resgatado à jovem que, fingindo quase um sorriso, lhe  encaminhara o filho (ou filha) . Tive então  a impressão de apoderar-se da  mente dos dois um estado de espírito do tipo daquele  que eu,  que há dois anos perdi a esposa, experimento, pelo fato de me conscientizar de  que, durante a vida dela, muito  distante  estive de ter sido para com ela  o marido que ela tanto  merecera. Claro que a cena,  longe, muito longe de me chocar, apenas bastante  me penalizou, porque o casal viveu ali  momento de sentimentos sérios, de lembranças quem sabe doridas somente por eles explicáveis, mas, por certo, momento que há de lhes ter deixado cicatrizes de natureza que só eles avaliam. Uma terceira cena ali ocorrida me ficou ofuscada devido à minha imperdoável falta de espírito de solidariedade. E só fui tomar conhecimento dela, lendo o artigo da Folha de 16/10/10, da lavra de Walter Ceneviva:  "A festa afinal ocultou uma realidade: a distorção no tratamento aos mineiros como únicos herois. Herois no verdadeiro sentido da palavra são os seis homens que foram ao fundo da mina - voluntária e conscientemente - como gente do resgate ou de funções técnicas, para orientar a retirada. Saíram depois dos 33 mineiros. O que terá passado pela cabeça do último enquanto aguardava só, em silêncio, distante da superfície, a última viagem da cápsula? Esse foi o heroi dos herois."  Triste ironia atroz que o senso humano irrita" , como está no fim de "O acendedor de lampiões da rua", de Jorge de Lima! Tantas vezes citei e meditei e traduzi para o vernáculo o "Homo sum:  humani nihil a me alienum puto", de Terêncio, poeta latino (194-159 A.C.), enaltecendo a solidariedade, tantas vezes outras, contudo, não fui capaz de traduzir na prática a lição que me transmitia! 

terça-feira, 12 de outubro de 2010

"ESTAMOS CONDENADOS À DEMOCRACIA

Em carta-resposta a Jackson de Figueiredo, escrita em Petrópolis em 24/04/1927 , TRISTÃO  DE  ATHAYDE diz em resumo o seguinte:  "Na segunda parte de sua carta (22/04/1927), fala você no que entendo por PEQUENA  DEMOCRACIA. É exatamente o  ASSENTAMENTO   da sociedade em núcleos  CONSCIENTES   de população.  A evolução do BRASIL  hoje  no sentido de seu engrandecimento e fortalecimento, não só como NAÇÃO, mas especialmente como  NACIONALIDADE, marca uma INTENSIFICAÇÃO  da CONSCIÊNCIA  do PODER  LOCAL, das  LIBERDADES  LOCAIS, da AUTONOMIA  LOCAL, de modo  a tornar a VIDA  SOCIAL cada vez mais  ASSENTE  nessas bases de  JUSTA  INDEPENDÊNCIA.  A tradição de AUTONOMIA  LOCAL é antiga no Brasil, como o próprio Brasil. O documento em que podemos tocar de perto  o que foi essa consciência popular do início de nossa nacionalidade está nas ACTAS DA CAMARA MUNICIPAL de São Paulo, na São Paulo de Piratininga do século XVI. Aí se vê, a quente, o nascer  da CONSCIÊNCIA  DO POVO NOSSO, do povo em carne e osso, em trabalho, com sua ignorância, o seu bom senso grosseiro, as suas ambições de enriquecer, o seu sentimento inicial de arrogância e de independência, enfim uma CONSCIÊNCIA  POPULAR  NA  COISA  PÚBLICA. Outras fontes para o estudo da tradição nossa de PEQUENA  DEMOCRACIA  são os APONTAMENTOS  PARA  A  HISTORIA DO  MARANHÃO, de José Francisco Lisboa, e o primeiro volume da  HISTORIA  DA  FUNDAÇÃO  DO  IMPERIO  BRASILEIRO, de Pereira da Silva, cuja seção terceira é um histórico bem feito, sem fantasias, do papel das CÂMARAS  MUNICIPAIS na formação da nossa consciência nacional. Devemos tomar precauções contra os perigos evidentes da democracia, mas REPELI-LA de todo na América me parece uma fantasia, ou puramente teórica e original, ou então de aplicação dificílima senão puramente nociva. NÓS  ESTAMOS  C O N D E N A D O S   À    D E M O C R A C I A.  A política de empirismo  construtivo recomendada por Maurras nos deve levar ao estudo da possível  ORGANIZAÇÃO  DA  DEMOCRACIA  e não ao combate à democracia. No fundo, o POVO  BRASILEIRO   me parece que não é difícil de ser governado.O que me parece difícil, e mesmo impossível, é  CONTINUAR  A  GOVERNAR  COM  ESSA  CISÃO  RADICAL  ENTRE  GOVERNANTES  E  GOVERNADOS (onde se vê o ALCEU coerente com o Alceu posterior à Revolução de 64, nota de JEF, organizador-geral das Cartas de AML e JF). Um partido político que saiba operar essa fusão, que aproxime esses dois elementos  hoje (1927 - e  quem sabe atualmente 2010?, categoricamente inimigos, poderá fazer um grande bem ao Brasil. O  BOM  SENSO   (JACKSON perguntara a ALCEU  ONDE  ESTARIA) está em compreender que estamos condenados à DEMOCRACIA  e em procurar organizá-la.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

DE ALMA LAVADA!

03/10/10. Fim de noite. Horas seguidas acompanhando diante do video o resultado das eleições para presidente do Brasil. Exultei! Seria vingança? Apenas o desabafo de um prolongado ressentimento patriótico? Quando do nascimento do PT, em 1985, creio, comunguei do regozijo do hoje pouco lembrado Tristão de Athayde, ao publicar no recém-falecido JB, um entusiástico artigo sobre o evento. Tenho guardado esse recorte de jornal. Resumindo: o mestre confessava que afinal surgia no país um partido político, e dos trabalhadores, que prometia um futuro memorável, brilhante. Eu, embora ha 18 anos desiludido do fenômeno "política" por ter abandonado, em 1967, a presidência da câmara de vereadores de minha cidade natal, consequência de tanta bandalheira assistida, pés e mãos amarrados na impossibilidade moral, intelectual e física de a tanto me poder opor, juntara meus trapos e buscara  outros mares.  É que sonhava, criança embora, com a política, até quando,  em seguida ao meu entusiasmo com a eleição e posse do prefeito de minha terra ao som de 100 dúzias de fogos "adrianinos", vira tudo se perder diante da "polaca"  de Chico Campos, no famigerado 10 de novembro de 1937. Cresci, maturei-me, creio pelo menos. E ao julgar-me então com capacidade de aventurar-me na ciência e arte de briquitar pelo bem-estar da nação, decepcionei-me em minha primeira chance aparecida: aquela  vereança em meu torrão natal. A Providência, contudo, me deu outra oportunidade de poder acalentar de novo a esperança de assisitir em vida à floração no país de uma real e plena vida política: quando comunguei do entusiasmo de Alceu Amoroso Lima ao ler o seu artigo ao acolher o novel partido político, o PT, envolto em berço esplêndido  bastante promissor . Voltou-me a ilusão como uma fênis renascida. E fiz o que então ainda podia fazer. Votei no Lula! Ajudei-o com meu voto. Mas não tardou e agora chegara à exaustão a minha carga ilusionista. E as esperanças de um futuro político sonhado - fruto, quem sabe, de minha incorrigível ingenuidade - me foram esquecendo, ficando pra trás. E ontem 03/10/10, a Marina me arrancou do fundo do poço não a centelha de um velho anseio adormecido mas o sentimento anticristão de uma "soi-disante" nobre vingança incubado pela  minha total desilusão de natureza política,  quando da irrupção do "mensalão"e entornos. E ontem à noite meu voto a Marina  - e sua derrota-vitória  ensejando uma segunda eleição, o que enlutou o Planalto, me desatou as cordas enferrujadas de algo ainda com odor de esperança, ao mesmo tempo em que me nasceu o sentimento de me julgar pago do profundo desgosto e decepção por ter ainda me deixado levar pelos cantares encantadores de minha companheira de sempre, a  ingenuidade! Viva o Brasil!