terça-feira, 12 de outubro de 2010
"ESTAMOS CONDENADOS À DEMOCRACIA
Em carta-resposta a Jackson de Figueiredo, escrita em Petrópolis em 24/04/1927 , TRISTÃO DE ATHAYDE diz em resumo o seguinte: "Na segunda parte de sua carta (22/04/1927), fala você no que entendo por PEQUENA DEMOCRACIA. É exatamente o ASSENTAMENTO da sociedade em núcleos CONSCIENTES de população. A evolução do BRASIL hoje no sentido de seu engrandecimento e fortalecimento, não só como NAÇÃO, mas especialmente como NACIONALIDADE, marca uma INTENSIFICAÇÃO da CONSCIÊNCIA do PODER LOCAL, das LIBERDADES LOCAIS, da AUTONOMIA LOCAL, de modo a tornar a VIDA SOCIAL cada vez mais ASSENTE nessas bases de JUSTA INDEPENDÊNCIA. A tradição de AUTONOMIA LOCAL é antiga no Brasil, como o próprio Brasil. O documento em que podemos tocar de perto o que foi essa consciência popular do início de nossa nacionalidade está nas ACTAS DA CAMARA MUNICIPAL de São Paulo, na São Paulo de Piratininga do século XVI. Aí se vê, a quente, o nascer da CONSCIÊNCIA DO POVO NOSSO, do povo em carne e osso, em trabalho, com sua ignorância, o seu bom senso grosseiro, as suas ambições de enriquecer, o seu sentimento inicial de arrogância e de independência, enfim uma CONSCIÊNCIA POPULAR NA COISA PÚBLICA. Outras fontes para o estudo da tradição nossa de PEQUENA DEMOCRACIA são os APONTAMENTOS PARA A HISTORIA DO MARANHÃO, de José Francisco Lisboa, e o primeiro volume da HISTORIA DA FUNDAÇÃO DO IMPERIO BRASILEIRO, de Pereira da Silva, cuja seção terceira é um histórico bem feito, sem fantasias, do papel das CÂMARAS MUNICIPAIS na formação da nossa consciência nacional. Devemos tomar precauções contra os perigos evidentes da democracia, mas REPELI-LA de todo na América me parece uma fantasia, ou puramente teórica e original, ou então de aplicação dificílima senão puramente nociva. NÓS ESTAMOS C O N D E N A D O S À D E M O C R A C I A. A política de empirismo construtivo recomendada por Maurras nos deve levar ao estudo da possível ORGANIZAÇÃO DA DEMOCRACIA e não ao combate à democracia. No fundo, o POVO BRASILEIRO me parece que não é difícil de ser governado.O que me parece difícil, e mesmo impossível, é CONTINUAR A GOVERNAR COM ESSA CISÃO RADICAL ENTRE GOVERNANTES E GOVERNADOS (onde se vê o ALCEU coerente com o Alceu posterior à Revolução de 64, nota de JEF, organizador-geral das Cartas de AML e JF). Um partido político que saiba operar essa fusão, que aproxime esses dois elementos hoje (1927 - e quem sabe atualmente 2010?, categoricamente inimigos, poderá fazer um grande bem ao Brasil. O BOM SENSO (JACKSON perguntara a ALCEU ONDE ESTARIA) está em compreender que estamos condenados à DEMOCRACIA e em procurar organizá-la.
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