sábado, 15 de dezembro de 2012

NOVENA DE NATAL = PRIMEIRO DIA 15/12

DIANTE DO SACRIFÍCIO DE 25 CRIANÇAS MORTAS ontem, véspera de NATAL, NUM COLÉGIO DA AMÉRICA DO NORTE, lembra o episódio do massacre dos Santos Inocentes praticado por Herodes logo após o nascimento de JESUS. E São Mateus cita o profeta Jeremias que escreveu: "Ouviu-se um grito em Ramá, choro e grande lamento: é Raquel que chora seus filhos e não quer ser consolada, porque eles não existem mais!". SANTO AGOSTINHO seja o objeto hoje de nossa meditação. "MEUS CARÍSSIMOS IRMÃOS, o nascimento, o natal, dessas criancinhas de que o Evangelhos nos diz que foram assassinadas, vítimas da crueldade inaudita do Rei Herodes. Que a Terra se rejubile e que a Igreja comemore, Ela é Mãe fecunda de tantos soldados celestes e de tão magníficas virtudes. Vede, esse inimigo ímpio teria sido menos útil a essas criancinhas por suas paixões mais refinadas quanto não o foi por seu ódio... Mas consoladoramente nós celebramos o nascimento dessas criancinhas que o mundo gerou para uma vida eternamente feliz antes que o seio de sua mãe não os fez nascer para a terra, porque elas receberam a graça da vida eterna, antes de terem recebido o uso da vida presente. A morte preciosa dos demais mártires merece alto louvor por causa da confissão pública; a morte dessas crianças é preciosa aos olhos de Deus por causa de sua realização logo atingida. Desde o começo de suas vidas elas foram ceifadas.O fim da presente vida significa para elas o começo da glória. Assim, pois, essas crianças que a impiedade arrancou do seio de suas mães são apelidadas as FLORES DOS MÁRTIRES porque esses primeiros botões colhidos pela Igreja "foram colhidos em pleno inverno prematuramente pelo gélido vento da maldade".

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

NOME DE DEUS NA POLÍTICA

Faleceu na Itália, dia 31 de agosto, com 83 anos, o cardeal CARLO MARTINI (1927-2012), que, nomeado por PAULO VI, arcebispo de Milão, renunciou ao chapéu cardinalício, indo residir em Jerusalem onde escreveu o livro "DIÁLOGOS NOTURNOS EM JERUSALÉM". O nome é conhecido, pois por duas vezes foi muito votado como sucessor do pontífice falecido. Como muito se tem falado no pais sobre supressão do nome de Deus em escolas, casas legislativs, etc., transcrevo aqui os pensamentos de Martini a respeito, quando lhe perguntaram se não era perigoso usar o nome de Deus na política, ou os partidos se denominarem cristãos. "Tudo que é bom pode ser objeto de abuso, até as coisas mais elevadas. Quando se desencadeiam guerras ofensivas em nome de Deus, quando o cristianismo é usado de maneira populista numa campanha eleitoral, começo a me alarmar! Nosso cristianismo deve demonstrar-se em primeiro lugar por acões justas. Jesus nos dá exemplos muito concretos no discurso do juízo final: alimentar os famintos, vestir os que estão nus, visitar os enfermos e os que estão presos, consolar os aflitos, acolher estrangeiros, e todas as dificuldades relacionadas com essas ações, até sofrer perseguições. Seria magnífico se os outros pudessem nos reconhecer como cristãos por tais ações. Ao contrário, é terrível quando falamos de Deus e não correspondemos a seu principal atributo, a JUSTIÇA. SOB ESTE PRISMA VEJO TAMBÉM A DISCUSSÃO sobre se a palavra de Deus deve aparecer na CONSTITUIÇÃO da União Europeia. Se os Governos querem chegar até essa confissão, devem necessariamente prestar atenção ao ecumenismo, à abertura frente aos muçulmanos e aos judeus. Une-nos a Fé em um único Deus, e num Deus Justo. Se falamos de Deus, temos que falar seriamente. Senão, é melhor não pronunciar o seu nome".

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

AINDA A ESTRELA DE BELÉM

Segundo BENTO XVI seriam 3 as hipóteses sobre a natureza da ESTRELA de Belém: 1 = em vez de um ASTRO, tratar-se-ia de um PODER INVISÍVEL (João Crisóstomo e Inácio de Antioquia). 2 = Para KEPLER seria a INTENSIDADE do brilho enorme de uma SUPERNOVA que se juntou à conjunção dos planetas Júpiter, Saturno e Marte entre os anos 7 e 6 a.C. 3 = A mesma hipótese de Kepler SEM A PRESENÇA DE UMA SUPERNOVA, conforme Ferrari dOrcchieppo, que concluiu que, do encontro daqueles planetas, os astrônomos babilônicos podiam deduzir o evento universal do nascimento em Judá de um soberano salvador . Bento XVI, diante de tais hipóteses, depois de julgar como fato confirmado a grande conjunção de Júpiter e Saturno no signo zodiacal de Peixes nos anos 7 e 6 a.C, afirma que astrônomos CULTOS poderiam ser IMPULSIONADOS EXTERNAMENTE, DE POSSE DOS CONHECIMENTOS ASTRONÔMICOS, na direção de Judá em busca do rei dos Judeus embora sendo pagãos, uma vez que está escrito na Bíblia (Números 24,17): "NASCERÁ UMA ESTRELA DE JACÓ; e levantar-se-á uma vara de ISRAEL". Afirma, contudo, o pontífice que chegar-se à certeza do que levou os magos a Jerusalém e Belém não deixa de ser senão uma questão em aberto. BENTO XVI sugere então que os magos, dotados de conhecimentos astronômicos, procuraram o rei dos Judeus, GUIADOS PELA ESTRELA. O UNIVERSO FALA DE CRISTO, ESCREVE BENTO XVI, mas a linguagem da criação oferece variadas iINDICAÇÕES: além de suscitar a intuição do CRIADOR, suscita a EXPECTATIVA, a ESPERANCA da manifestação futura desse Deus. E mais: leva à consciência de que se pode IR AO ENCONTRO DELE. NO MUNDO ANTIGO os corpos celestes eram considerados como forças divinas que decidiam o destino dos homens, donde os planetas terem nomes de divindades, estas dominavam o mundo, devendo os homens pôr-se de acordo com elas. Impelidos INTERNAMENTE pelo efeito do poder invisível da estrela, conhecedores das sagradas letras (Números 24.17)empreenderam a viagem à cidade régia de Israel e entraram no palácio do rei. O que lhes faltava então para o êxito perfeito da caminhada era achar a estrada que os levasse ao herdeiro de Davi. Herodes, perturbado, tomou diversas iniciativas, conforme narra São Mateus (Math.2,3a9). E os Magos "partiram, e eis que a estrela que tinham visto no Oriente ia adiante deles", devendo ver-se nisto uma INDICAÇÃO das Sagradas Escrituras, isto é, da palavra de Deus. E Bento XVI termina seu arrazoado citando Gregório Nazianzeno "que diz que, no próprio momento em que os Magos se prostram diante de Jesus, teria chegado o fim da astrologia, porque a partir de então as estrelas teriam girado na ;ORBITA estabelecida por Cristo CRIADOR, numa silenciosa comprovação de que só há um Deus, testemunhado pela Bíblia, designando o sol e a lua - as grandes divindades do mundo pagão - "luzeiros" mantidos por Deus suspensos, com toda a série de estrelas, no firmamento celeste"(Gen. 1, 16-17).

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A ESTRELA DE BELÉM- É NATAL

Em seu livro "VIDA DE JESUS"o Papa Bento XVI fornece 3 explicações sobre a natureza da ESTRELA que guiou os MAGOS até Belém. Primeiro: tratar-se-ia de uma narrativa teológica, não astronômica. Para São João Crisóstomo (350-407) não se tratava de uma estrela, mas de um poder invisível com tal fisionomia e com um traçado numa direção contrária à de qualquer estrela, segundo a descrição evangélica (Matth.,VI.2). Santo Inácio de Antioquia (100 d.C.) vê o sol e a lua girando em volta da citada estrela que superava em beleza e brilho o sol. 2. Pouco tempo depois, conservando embora a natureza de um poder invisível, teológico, até cristãos crentes admitiram tratar-se de fato de um astro. Segundo cálculos de João Kepler (1630), entre os anos 7 e 6 a.C. (considerado hoje como o ano provável do nascimento de Jesus), houve uma conjunção dos planetas Júpiter, Saturno e Marte. No ano de 1604 Kepler observara semelhante conjunção à qual se juntara ainda uma SUPERNOVA (estrela débil, muito distante na qual ocorre uma explosão enorme cujo brilho intenso dura meses). Para Kepler esta supernova era uma nova estrela e era de opinião que a conjunção verificada na época de Jesus (7 e 6 a.C.) estaria acompanhada de uma SUPERNOVA que foi a estrela que guiou os Magos. Corroborando seu parecer, Friedrich Wieseler parece ter encontrado em tábuas cronológicas chinesas a afirmação de que no ano 4 a.C. "aparecera e fora vista por longo tempo uma estrela brilhante". O astrônomo Ferrari dOcchieppo, partidário da teoria de Kepler, despreza, contudo, a presença nela da SUPERNOVA, sendo bastante a conjunção de Júpiter e Saturno no signo zodiacal de Peixes para se explicar a estrela de Belém, sendo, segundo ele, assim, possível determinar-se com precisão a data de tal conjunção. Ferrari observa que Júpiter, representando o principal deus babilônico, Marduq, assim conclui: "Júpiter, a estrela da mais alta divindade babilônica, aparecia no seu máximo esplendor no momento de sua aparição,de noite, ao lado de Saturno, o representante cósmico do povo dos judeus". E dentro de seu ponto de vista, a partir desse encontro de planetas, Ferrari concluiu que os astrônomos babilônicos podiam deduzir um evento de importância universal: o nascimento no país de Judá de um soberano que haveria de trazer a salvação. O soberano era Jesus, não sendo, porém,a estrela que determina o destino do Menino Deus, mas o Deus Menino que guia a estrela.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

FALTA ARROZ? JEIJÃO SERVE: É NATAL

Assim pensou e assim fez,na presumida concordância da netinha de apenas 3 anos. Tinha mais esta em Minas: 15 dias antes do Menino Deus nascer, plantava-se arroz com casca. Na noite feliz, grama natural forrava o chão dos privilegiados animais: boi, dromedários, jumentinho, carneirinhos, um ou outro cão de pastor, que acorreram ao anúncio do anjo do Senhor. Embora a presença de tais animais se deva apenas à tradição da Igreja que,lendo Isaías (1.3) fez chegar ao presepe o boi e o jumento, e à luz do Salmo 72,10 e de Isaías 60, lá fez entrar também os camelos e os dromedários (Em "Jesus de Nazaré", de Bento XVI, p. 82). Quanto aos demais costumeiros adereços do presepe: a árvore de natal, as montanhas, lagos com patinhos e peixinhos, e outras criações do imaginário popular cristão, "data venia" imagino um fruto natural da certeza de que com a encarnação do Filho toda a Natureza foi santificada, ficou redimida, daí nada dever faltar junto ao berço de Jesus em Belém. Bento XVI (idem, p.83) ainda acrescenta que com os 3 reis magos as "três idades do homem: a juventude, a idade adulta e a velhice" também estiveram presentes. Ideia razoavel, segundo o pontífice, demonstrando como as diversas formas da vida humana encontraram o respectivo significado e a sua unidade interior na comunhão com Jesus. O Papa dedica ainda um capítulo de sua obra a analisar o sentido da estrela que impeliu os magos a se porem a caminho em busca de Jesus. Depois de lembrar a afirmação de São Gregório Nazianzeno (330-390) de que, com a visita dos magos, teria chegado o fim da astrologia, porque a partir de então as estrelas teriam girado na órbita estabelecida por Cristo. "Não é a estrela que determina o destino do Menino, mas o Menino que guia a estrela. Poder-se-ia falar de guinada antropológica: o homem assumido por Deus - como aqui se mostra no Filho de Deus Unigênito - é maior do que todos os poderes do mundo material e vale mais do que o universo inteiro, na esteira do que escreveu São Paulo nas Cartas do Cativeiro aos Efésios e aos Colossenses, insistindo no fato de que Cristo ressuscitado venceu todo principado e potestade do ar e domina o universo inteiro. Mas...o que fez o avô junto com a netinha, do início da conversa? Semeu em vasos apropriados para enfeitar o presepe, não arroz com casca, não tínhamos achado ainda no Rio para comprar, mas grãos de feijão preto. E foi ela que pôs na terra os grãozinhos e cobriu de areia. Quinze dias depois, ontem, fomos a Petrópolis, e corremos a ver o resultado. Eu esperava vê-la bater palminhas, dar um grito de admiração como é de seu feitio. Contemplando os pezinhos de feijão nascidos, rubustos e folhudos e verdinhos nos seus 15 centímetros de altura, quedou-se absorta, pensativa, como se diante de algo misterioso mas que não assombrava, não amedrontava, sem nada dizer, sorrindo ao fim. Deve ter-se encontrado diante de um mistério...mistério de Natal!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

QQQQ

"Prefiro salvar a ser salvo"

"PREFIRO SALVAR A SER SALVO"

Perguntado se toparia entrar de novo num buraco estreito para salvar uma criancinha de dois ou três anos, o garoto mal entrado na adolescência, tímido do tipo de meu tempo do interior mineiro, respondeu sorrindo: "Entraria de novo, sim, pois é melhor salvar do que ser salvo!" Esse fato deu-se hoje no Estado de São Paulo, o jornal Nacional mostrou. Também houve o caso do rapaz que , fugindo de assalto, entrou na mata, caiu num abismo, perdeu o sentido e salvou-se, voltando a si, usou o celular e foi socorrido. Também em São Paulo. Com isso tudo, esqueci um pouco o nosso maior Niemayer (que, afinal, depois de tanto ser levado aos ombros sem direito a descanso para o corpo repousou em paz) e quis tratar agora dos dois casos citados e bem a propósito. Eis que o primeiro, se vivesse ainda o carioca e escritor e advogado e diretor do Ginásio Mineiro e que faleceu em 1935, tão lembrado por nós crianças mineiras dos anos 40, CARLOS GÓES, autor da HISTÓRIA DA TERRA MINEIRA, eis que este opúsculo teria mais um capítulo comentando aquela frase do heroi paulista. Para Carlos Góes a literatura infantil tem o estrito dever de ser sadia e forte e sobretdo nacional. O assunto, o tema, o estilo, tudo terá de ser nacional, ostentando a nota de uma personalidade própria. O assunto, o tema, o estilo, tudo terá de ser nacional. Dar às crianças livros nesse gênero é nacionalizá-las desde logo, é forrá-las de condição étnica decisiva - o amor ao que é seu, o apego ao passado de sua História, o orgulho de sua raça, a consciência de sua nacionalidade, a absoluta confiança no futuro da Pátria". Nossa educação e formação dos anos 40 contava , além da citada obra de Carlos Goes, com os livros de Monteiro Lobato,com "O Livro de Violeta, de João Lúcio, com a antologia de O.D.C., com a "Leitura III"de Erasmo Braga, com o "Quarto Livro de Leitura"de Felisberto de Carvalho, com os numerosos livros escritos pelo inesquecível "Vovô Felício"(Vicente Guimarães, tio de Guimarães Rosa, autor da vida de Rui Barbosa, de São Vicente de Paulo, etc). Finalizando o prefácio de seu livro "História da Terra Mineira", Carlos Góes assim escreveu: "Oxalá possa este livro vir a preencher uma função: já não será um livro inútil, como tantos outros que nos têm caído da pena". Professor do século passado, eu me pergunto: não poderia voltar o tipo de literatura do ideário de Carlos Góes como complementação à volumosa quantidade informativa deste século em nossas escolas, outrora ditas primárias? E mais: "os livros educativos têm de ser a um tempo repositórios de ensinamentos morais e cívicos; se aqueles educam, estes instruem; se uns formam o homem, outros preparam o cidadão; se uns plasmam o caráter, outros afeiçoam o espírito; se uns habilitam o indivíduo para a sociedade, outros o arregimentam para a nação"(Carlos Góes).

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

JUNTO DO PAI OSCAR NIEMAYER

VI-O, PRIMEIRA E ÚNICA VEZ, EM 1960, EM BRASÍLIA. Ele do outro lado da rua com a filhinha de seus 14 anos, creio. Mas era comunista, apenas então eu não acreditava que comunistas comessem criancinhas católicas. E há pouco, aqui a 200 m de mim, no Samaritano, sua alma voltava ao pai. Ao Pai para quem construiu a igreja da Pampulha, do Sào Francisco com o cachorrinho aos pés, no templo em que o bispo proibia entrada de católicos, sem a bênçào de Deus...coisas inacreditáveis, mas reais. Mas transcrevo o que achei. Procurei alguma palavra do Tristão no livro de suas cartas à filha religiosa. Nada, mas vale pelo que não encontrei, pois meu espírito não desgruda do de Niemayer. Oscar e "Brasília são perfeitamente simbólicos do Brasi real, tudo feito às pressas, sem fundamento, sem ordem, à moda de aventura, confiando na sorte e no famoso "Deus é brasileiro".... é verdade que JK não é o culpado direto da tragédia de Orós, mas, se for verdade que uma acusação feita ontem por um deputado cearense de que os apelos dos engenheiros das obras de Orós para liberação das verbas destinadas a reforçar as paredes do açude...não foram atendidos, e houve verbas desviadas para Brasília...então a responsabilidade deste é inevitável"(carta de 27/03/1960). Construção da Catedral de Brasília, o que comprova o que ouvi há pouco dito pelo falecido arquiteto. Sempre pensei que os convertidos católicos (Tristão, Jackson, Corção, etc.) e também Thomas Merton e Maritain são quase sempre mais autênticos e realmente católicos do que nós que nos julgamos certinhos. Tristão não apreciava JK. Daí escrever também ibidem o seguinte: 'E impressionante a falta absoluta de condições absoluta para habitação de Brasília a partir de 21/04/60, data fixada pelo JK à brasileira, isto é, idealmente, sem nenhuma base senão emocional, simbólica, demagógica, pois de outro modo não se faria. Argumento tipicamente brasileiro como se a construçào de Brasília fosse mais importante do que o bom senso, a experiência, a natureza das coisas e a mínima consideração pelo próximo e pelo momento presente. Enquanto isso o nosso Rio é entregue cada vez mais ao acaso e à prefeitura". Pelos templos que arquitestaste, Oscar Niemayer, mereceste ser recebido há pouco pelo Divino Arquiteto que te fez. Teus amigos estão te acolhendo, à frente JK, com Tristão e Corção com muita inveja!

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

QUASE COMO O SENTIMENTO = NATAL!

QUEM O LOGRARA?... O SENTIMENTO: sem espera nem desespero sem audiência nem distância sem preconceito nem defeito sem resquício nem perspectiva sem meio tom nem alvoroço sem dependência nem dádiva sem languidez nem amargor sem análise nem disfarce sem angústia nem incúria sem máculanem obstáculo ARDENTE E LÚCIDO NASCENTE E COMPLETO INTEGRAL E INTACTO MÚLTIPLO E ÚNICO PERFEITO E HUMANO COTIDIANO E INFINITO! HENRIQUETA LISBOA - ("miradouro e outros poemas")

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

SEGUIDORES MUI AMIGOS , É NATAL!

"BONECA DE PANO DOS OLHOS DE CONTA, Vestido de chita, CABELO DE FITA, Cheinha de lã. De dia, de noite, os olhos abertos, OLHANDO OS BONECOS QUE SABEM MARCHAR, calungas de mola que sabem pular. Boneca de pano que cai: nào se quebra que custa um tostão. BONECA DE PANO DAS MENINAS INFELIZES QUE SÃO GUIAS DE ALEIJADOS, QUE APANHAM PONTAS De cigarro que mendigam nas esquinas, coitadas! BONECA DE PANO DE ROSTO PARADO COMO ESSAS MENINAS. Boneca sujinha, cheinha de lã. Os OLHOS DE CONTA CAÍRAM. CEGUINHA rolou na sarjeta. O homem do lixo a levou, COBERTA DE LAMA, NUINHA, como quis nosso senhor. JORGE DE LIMA

domingo, 2 de dezembro de 2012

VOZ DE LÚCIO ANEU SÊNECA - ano I a.C.

A maior parte dos mortais queixa-se da malevolência da Natureza, porque estamos destinados a um momento da eternidade, e, segundo eles, o espaço de tempo que nos foi dado corre tão veloz e rápido, de forma que, à exceção de mui poucos, a vida abandonaria a todos em meio aos preparativos mesmos para a vida. E não é somente a multidão e a turba insensata que se lamenta deste mal considerado universal: a mesma impressão provocou queixas também de homens ilustres. Daí o protesto do maior dos médicos: "A vida é breve, longa a arte". Daí o litígio (de nenhuma forma apropriado a um homem sábio) que Aristóteles teve com a Natureza: "aos animais ela concedeu tanto tempo de vida que eles sobrevivem por 5 ou 10 gerações; ao homem, nascido para tantos e tão grandes feitos, está estabelecido um limite muito mais próximo". Não é curto o tempo que temos, mas dele muito perdemos. A vida é suficientemente longa e com generosidade nos foi dada para a realização das maiores coisas, se a empregamos bem. Mas quando ela se esvai no luxo e na indiferença, quando nào a empregamos em nada de bem, então finalmente constrangidos pela fatalidade, sentimos que ela já passou por nós sem que tivéssemos percebido. O fato é o seguinte: nào recebemos uma vida breve, mas a fazemos, nem somos dela carentes, mas esbanjadores. Tal como abundantes e régios recursos, quando caem nas mãos de um mau senhor, dissipam-se num momento, enquanto que, por pequenos que sejam, se são confiados a um bom guarda, crescem pelo uso, assim também nossa vida se estende por muito tempo para aquele que sabe dela bem dispor" ("Sobre a brevidade da vida", Sêneca).

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

JACKSON DE FIGUEIREDO E GILBERTO FREIRE

Na correspondência mantida entre ALCEU AMOROSO LIMA e JACKSON DE FIGUEIREDO, no espaço de 10 anos (1918-1928), costumo garimpar episódios merecedores do conhecimento das gerações que vão se levantando. Numa carta , por exemplo, de JACKSON para ALCEU, de 10/10/1927, o fundador do CENTRO DOM VITAL e da Revista A ORDEM, devolvendo ao TRISTÃO DE ATHAYDE um número da REVISTA DO NORTE, faz preliminarmente UMA CRÍTICA de seu conteúdo, confessando tratar-se de obra de rapazes de Pernambuco que fazem de verdade um castelinho com bandeirolas. "Quanto a artes, não me convence que sejam de arte, e, sim, quando muito, mostras de sensibilidade singular, livresca. Daí para a manifestação poética propriamente ou estética ou como quiser chamar, vai grande distância!" A certa altura, JACKSON chama a atenção de ALCEU para um dos componentes da rapaziada da revista, GYLBERTO FREIRE (1900-1987), DE FATO "UMA CRIATURA DE MUITA PENETRAÇÃO E BOM GOSTO". Contudo, a seguir, conta que, "quando Giylberto esteve no Rio, uma única vez que me procurou, disse-me, do modo mais natural, uma tão absurda miséria sobre um amigo meu (que ele não sabia que era meu amigo), que, com franqueza, tomei-me de verdadeira repugnância pelo seu caráter, na aparência tão afinado e aristocrático. Isto me aborrece porque não gosto destas antipatias nascidas de uma única impressão. Mas é o caso que as minhas amizades são sempre fundadas em verdadeira fé, e numa (creio eu) séria capacidade de observação. Quando um sujeito qualquer me contraria nesta matéria (principalmente se procura diminuir moralmente um amigo meu) é, quase sempre, uma criatura perdida para mim". GYLBERTO FREYRE (e JACKSON numa fina crítica observa "creio que tem todos estes YY), pernanbucano nascido em Recife, escreveu CASA GRANDE E SENZALA, FOI JORNALISTA E ESCRITOR, deputado federal pela UDN (1946) ("CORRESPONDÊNCIA HARMONIA DOS CONTRASTES", coleção Afrânio Peixoto, da Academia Brasileira de Letras).

terça-feira, 27 de novembro de 2012

OS EXTREMOS SE TOCAM

A uma não pequena variedade de situações aplica-se o seguinte: OS EXTREMOS SE TOCAM. Admiram-se, por exemplo, casais de prolongada existência cuja tão conhecida diversidade de temperamentos normalmente se supôs dificilmente poder alcançar um desfecho feliz e que costumam atingir as praias de jubileus de prata, de diamantes! Em nossa história pátria, cita-se uma amizade , que durou quase duas décadas, entre duas personalidades de nossa culta sociedade, inquestionavelmente comprovada por uma vasta correspondência epistolar ("CORRESPONDÊNCIA HARMONIA DOS CONSTRASTES"), envolvendo as figuras de nossos intelectuais JACKSON DE FIGUEIREDO e ALCEU AMOROSO LIMA. Uma leitura das cartas que se trocaram - de indiscutível valor teológico e literário para quem se interessa em subir nos degraus do conhecimento da doutrina cristã - de conteúdo cultural, literário, histórico, psicológico, humanista e religioso, não deixa de ser um exemplo de atividade social em que os extremos se tocam. De temperamentos reconhecidamente opostos cultivaram uma santa e longa amizade, de frutos mutuamente enriquecedores que culminaram na conversão ao catolicismo de ALCEU e no aprofundamento da FÉ em JACKSON. A Sagrada Escritura apresenta o caso de Paulo Apóstolo e São Pedro que, apesar de desentendimentos sérios, em torno da circuncisão, continuaram a ser pedras angulares no crescimento da Igreja Católica (Gal.cap.2). Não precisamos, contudo, buscar exemplos milenares. Fresquinho na memória nacional o julgamento do "mensalão". Como numa rinha, "data venia", o desentendimento entre dois ministros no Supremo Tribunal Federal fez história e, felizmente, para o bem do Brasil! E qual de nós entrados em idade não se recorda de um Carlos Lacerda e de um Samuel Weiner, em enfrentamentos na política e no jornalismo, nos dias agônicos da ditadura de Gegê e início dos ares democráticos de 1945? E o Brasil, bem ou mal, e mais bem do que mal, saiu no lucro! É no atrito que também se constroem preciosas joias. E por fim donde vem essa naturalíssima atração das criancinhas, sobretudo netinhos, por nós anciãos de cabelos de neve, a tal ponto de todos nós nos transformarmos em avós? E qual o animal humano que não sente o velho coração entumecer de misteriosa felicidade ao ser apontado de vô ou vó por um desses anjinhos de Deus? Os EXTREMOS SE TOCAM, pelo menos de vez em quando, Deus louvado!

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

PAPA PIO XII E SANTA MARIA GORETTI

Admirei e admiro PIO XII desde quando, com onze anos, cavalgando nas pernas de calças curtas e pés no chão, saí distribuindo pelas ruas esburacadas de minha cidade, Bonfim, as folhinhas da "BAYER", homenageando o papa recém-eleito PIO XII (02/03/1939-09/10/1959), Eugênio Pacelli, tiara na cabeça, sentado na sédia-gestatória, aclamado pelo mundo em plena guerra mundial (1939/1945). Tudo que deixou nas encíclicas e demais documentos leio até o presente com saudade e gosto. Daí por que reproduzo aqui e agora trecho de seu discurso no dia da canonização de SANTA MARIA GORETTI. "Por que se vos comove o coração até às lágrimas ao ouvirdes a história de sua curta vida tão semelhante às narrativas do Evangelho pela simplicidade de suas linhas, o colorido de seu ambiente e a violência cruel de sua morte? É porque existem neste mundo, aparentemente desordenado e submerso no hedonismo não um escolhido grupo de eleitos do céu que buscam o ar puro, senão multidões para as quais o perfume sobrenatural da pureza cristã exerce um fascínio promissor e irresistível. É certo que no martírio de MARIA GORETTI triunfaram também outras virtudes cristãs. Porque nessa pureza existia a primordialíssima e significativa virtude do completo domínio do espiritual sobre o material. Em seu supremo heroísmo que não foi improvisado houve um amor terno e dócil, obediente e ativo, para com os seus pais. Havia em suas duras tarefas cotidianas um constante sacrifício , uma pobreza aceita de modo evangélico e alentada pela fé na Providência do Céu. Abrigava MARIA a coroa da caridade do heróico perdão concedido a seu matador. Isso tudo constitui aquele ramo de flores do campo, rústicas porém tão queridas de Deus que adornou o branco véu de sua primeira comunhão e, pouco depois, do seu martírio. Passados 50 anos, e muitas vezes ante a tíbia reação dos bons, a conspiração da imoralidade se tem valido de livros e ilustrações, do teatro e do rádio, das modas, dos sítios de recreio e das associações para minar no seio da sociedade e das famílias a autoridade dos que são os guardas naturais da virtude, e assim poder causar dano especial aos que se acham em seus tenros anos. Pais e mães confiam em teu auxílio para educarem a seus filhos. Em ti e por nosso intermédio toda a infância e juventude encontram o refúgio de que necessitam para se protegerem do contágio e para entrarem e se manterem na senda da virtude com a serenidade e a alegria de um coração puro. Amém".

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

SANTA MARIA GORETTI

MARIA RESA GORETTI nasceu no dia 16/10/1890 em Corinaldo, província de Ancona, na Itália. Aos 6 anos, seus pais, com seis filhos, fora, trabalhar com uns fazendeiros. Falecendo-lhe o pai, de malária, aos 9 anos, todos se mudaram para Le Ferriere, no Lazio em casa compartilhada com a família SERENELLI, incluindo o filho ALEXANDRE. Em 05/07/1902, ALEXANDRE SERENELLI, COM 20 ANOS, encontrou MARIA GORETTI, sozinha, costurando em casa, cuidando da irmã menor. ALEXANDRE entrou e ameaçou matar MARIA GORETTI, se não fizesse o que ele mandava: estuprá-la. A menina ajoelhou-se, recusando e dizendo que era pecado mortal e poderia ir para o inferno e preferia morrer. ALEXANDRE apunhalou-a onze vezes. Querendo sair pela porta, levou mais 3 punhaladas.Os pais, chegando em casa, levaram a menina para o hospital de Netuno. Quis ficar acordada durante a operação. No dia seguinte perdoou o agressor e disse que gostaria de vê-lo no céu. Morreu 2o horas após o estupro, olhando uma pintura belíssima de Nossa Senhora. Aceitou piamente o martírio. SERENELLI não pode ser condenado à prisão perpétua por ser menor, sendo a pena comutada para prisão de 30 anos. Após sair da prisão visitou a màe de MARIA GORETTI. Aceito na Ordem Menor dos Frades Capuchinhos como recepcionista e jardineiro, morreu tranquilo em 1970. Assistira à canonização de MARIA GORETTI em 1950. O corpo de MARIA GORETTI está em Netuno na cripta da Basílica de Santa Maria delle Grazie e Santa Maria Goretti, no sul da Itália. A Igreja celebra a festa de Santa Maria Goretti no dia 06/07. O padre Dinarte Duarte Passos, o mesmo que escreveu a vida da irmã, criança, MARIA DA CONCEIÇÃO DUARTE PASSOS, deixou-nos a "HISTÓRIA DE UM LÍRIO.- SANTA MARIA GORETTI - MÁRTIR DA PUREZA NO SÉCULO XX".No próximo blogue um trecho do pronunciamento de PIO XII por ocasião da canonização de mais essa santa criança que se soma às três outras já comentadas.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

sábado, 17 de novembro de 2012

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

terça-feira, 13 de novembro de 2012

ODETTE VIDAL DE OLIVEIRA

Telefonou-me, feliz da vida, por causa do blog das TRÊS CRIANÇAS PREDESTINADAS, uma alma contemporânea e colega de ODETTE VIDAL DE OLIVEIRA. Tendo convivido com ela no Colégio da Imaculada Conceição, tantas foram as notícias transmitidas sobre a vida de ODETINHA que fui atrás do túmulo da menina no São João Batista. Que minutos de paz me reservava a visita àquele pequeno templo-abrigo-dormitório do corpo de Odetinha, ali depositado no dia 25/11/1939! Fica na Quadra 6, número 850. Você entra no cemitério, situado na rua General Polidoro, pelo largo portão Central, bem defronte do início da rua São João Batista. Qualquer funcionário então lhe indica o rumo a seguir. O túmulo procurado fica bem próximo. Sobressai aos demais pela simplicidade de uma lírio, pela paz comovedora, tranquilizante, mística mesmo, COMO do Mosteiro de São Bento do Rio, na beleza acolhedora de sua inesperada visão. A gente se desperta diante mais de um berço infantil do que de um sepulcro. Quem o planejou sabia que "cemitério" etimologicamente quer dizer "lugar onde se dorme". O túmulo com as dimensões de um berço: um quadrilátero com uns 2 m. de comprimento por 1 m. e pouco de largura. Sobre o tampo a menina estendida no leito, mãos sobre o peito, na inocência de seus 9 anos, num rosto cópia sem retoque, perfeita reprodução da criança retratada no livrinho de sua biografia, tudo num esplendor de bronze modelado com arte, piedade e amor por algum anjo terrestre. Nos quatro cantos da lousa, colunas discretas apoiam a cobertura de mármore do leito. No único vão fechado, dos quatro que sustentam o teto da sepultura do corpo santificado de ODETINHA símbolos litúrgicos sobre o sacramenro da EUCARISTIA RECORDAM A FIGURA DO PAPA SÃO PIO X QUE INCENTIVOU AS CRIANÇAS A SE APROXIMAREM DA SAGRADA COMUNHÃO FREQUENTE. Obs.: A 13/11/1939, 12 dias antes da morte, Odetinha recebeu de Frei Júlio de Santo Antônio um lírio bento e logo lhe enrolou o terço e o apertou ao coração, dizendo: "Meu Jesus, eu vos amo". É esta a origem do emblema e inscrição que se vêem sobre a sepultura de ODETINHA: "Eu vos ofereço, ó meu Jesus, todos os meus sofrimentos pelas Missões. Odette".

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

domingo, 11 de novembro de 2012

sábado, 10 de novembro de 2012

ENSINO MEDÍOCRE

DADOS DO ENEM: 27,09% dos que fizeram a prova em 2010 obtiveram mais de 450 pontos em todos os testes (as notas máximas variam em torno dos 900). Os 450 pontos, note-se bem, são o novo limiar definido pelo Ministério da EDucação para conferir diploma de nível médio a quem não concluiu essa etapa da educação básica numa escola. Ou seja, quase três quartos dos alunos ficam aquém do mínimo aceitável. Como se explica isso? As variáveis socioeconômicas, como a ESCOLARIDADE NA FAMÍLIA, pesam muito no desempenho. Entre os estudantes CUJOS PAIS NÃO TÊM NENHUMA INSTRUÇÃO FORMAL, apenas 12,1% alcançaram os 450 pontos. Mas entre aqueles CUJOS GENITORES CURSARAM O ENSINO SUPERIOR, a taxa vai a 49,6%, e chega à maioria (66,4%) só no caso dos filhos de pais com doutorado. Daí concluir Schwartzman que para a maioria dos estudantes que fazem o ENEM a prova é "uma ilusão cruel"- seu resultado já se encontraria em grande parte PREDETERMINADO por suas CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS e pela MÁ QUALIDADE DA EDUCAÇÃO que tiveram até aí. A única maneira de quebrar esse círculo vicioso é oferecer um sistema público de ensino com qualidade suficiente para permitir que o nível de instrução dos ancestrais não signifique uma condenação irrecorrível ao péssimo desempenho. Nessa matéria, os avanços dos últmos anos ficam entre o mínimo e o inexistente. Se é verdade que as avaliações mostram algum ganho nas séries iniciais do ensino fundamental, elas também indicam que a melhora desaparece, quando o aluno chega ao nível médio. Transcrevo essas observações da FOLHA DE SÃO PAULO (09/11/12 A2OPINIÃO), por concordar com a opinião de Schwartzman de que a prova para a maioria dos estudantes é uma ilusão cruel, uma vez que seu resultado em grande parte é predeterminado pelas razões aduzidas.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

TRÊS CRIANÇAS PREDESTINADAS

NO SÉCULO PASSADO, entre os anos de 1913 E 1939, o mundo católico na Europa e na América do Sul foi agraciado pela Providência Divina com a publicação das vidas, entre milhares e milhares de outras, de TRÊS crianças em livros cujas narrações até hoje - e quem sabe sobretudo hoje - nos levam a oportunas reflexões. Coincidência: era o período em que foi chefe espiritual da Igreja Católica o papa SÃO PIO X (19o3-1914), o "papa da Eucaristia", pois abrira as portas dos "sacrários" à comunhào das crianças. E escrevera:"Entre as CRIANÇAS encontrar-se-ão SANTOS". GUY DE FONTGALLAND. Nasceu em Paris dia 30/11/1913 , sendo batizado no dia 07/12/1913, filho de Mathevon e o conde de Fontgalland. Após pequeno retiro, para a Primeira Comunhão com 7 anos, escreveu as resoluções que tomara: fazer cada dia as orações da manhã e da noite; lutar contra a preguiça e trabalhar melhor para ser padre um dia. De volta da Gruta de Lourdes em 1924 contou aos pais que recebera de Nossa Senhora um segredo, o mesmo aliás que Jesus lhe fizera quando fez a primeira comunhão. Só o revelou aos pais, na véspera de falecer aos 11 anos. "Mamãe, Jesus me disse que vou morrer jovem". "Meu pequeno Guy, eu vou te levar, morrerás criança! Vou fazer de ti um anjo!" Faleceu no dia 24/01/1925 (Lenfant du secret: GUY DE FONTGALLAND par l`Abbé GELE). MARIA DA CONCEIÇÃO DUARTE PASSOS. Nasceu na cidade de Bonfim, Minas Gerais no dia 27/11/1921, dia de NOSSA SENHORA DA MEDALHA MILAGROSA, filha de José Venâncio Passos e Ambrosina Duarte Passos. Com 2 ou 3 anos, no colo da mãe, já falando, perguntou um dia à mãe que diariamente a levava à missa: "Mamãe, fale com o padre, eu também quero aquele doce branquinho que ele te dá na missa!"Aprendera o Catecismo aos 4 anos. Às vezes perguntava à Dinha: "Deus não gosta que a gente faça isto?" Sua pergunta predileta ou o motivo de seus atos era: "Jesus não gosta?". Com 2 irmãos seminaristas, lazaristas, escreveu um dia ao mais moço deles: "Querido Dinarte, Desejo que sejas um bom padre e também que não sejas muito bravo com as pessoas. Aceite com prazer o beijo da irmã Conceição". Faleceu no 12/11/1932. Eis o que dela escreveu, a pedido, o pároco de Bonfim em 22/05/1934: "A sua morte foi, como sua vida, toda edificante. Eis o que posso e devo atestar a respeito da supradita extinta, o que faço sem o menor favor, mas com toda a justiça. Ita in fide Parochi" ("IRMÃZINHA DE GUIDO", Conceição Passos, por Adolfo Neto, editora Vozes, Petrópolis). ODETTE VIDAL DE OLIVEIRA. No opúsculo "UM LÍRIO - 0DETTE VIDAL DE OLIVEIRA", escrito pelo padre lazarista AFONSO M.GERME, 1941, O CARDEAL DO RIO, D. SEBASTIÃO LEME diz ao autor: "De um só fôlego li comovido precioso edificante opúsculo Odetinha. Pais felizes e feliz diretor espiritual". Filha de imigrantes portugueses, Odetinha nasceu no dia 15/09/1930 no Rio e faleceu no dia 25/11/1939. Com 5 anos quis confessar-se. O padre, depois de hesitar por ser muito criança, ouviu-a e, encontrando-com Da. Alice, mãe de Odetinha, lhe disse: "Aqui está sua predestinada". Fez a primeira comunhão no Colégio da Imaculada Coceição no dia 15/08/1937. Devota de Nossa Senhora, gostando de distribuir a Medalha Milagrosa, confiou uma a um mendigo que sempre estava embriagado. Assistindo ele ao enterro de Odetinha, apresentou-se aos pais da falecida, dizendo-lhes: "Rezei o terço da minha santinha e não venho pedir esmola.Ela me ensinou a rezar, me protegeu, estou empregado, estou bem vestido, tenho até alguma economia". Odetinha repousa no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, Botafogo, Quadra 6, número 850.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

COMO SERÃO OS CORPOS RESSUCITADOS?

Comentando o dogma da RESSURREIÇÃO DOS CORPOS (ou da Carne), lembramos que, depois da morte, corpo e alma não serão eternamente separados. Um dia, por seu poder, Deus os reunirá. É o que se entende por: RESSURREIÇÃO DA CARNE. Dogma baseado não na razão humana, mas na Revelação Divina (S.João,V,29): "Na verdade eu vo-lo digo: vem chegando a hora em que todos aqueles que estiverem nos túmulos ouvirão a voz do Filho de Deus; quem tiver feito o bem irá para a ressurreição do juízo". "Qual semente o corpo é lançado à terra, cheio de corrupção, e há de ressuscitar inccorruptível; é semeado na ignomínia, porém há de ressuscitar na glória (1 Cor., 1). Os CORPOS RESSUSCITADOS não morrerão mais. Serào substancial e identicamente os mesmos que na vida presente. A eles se atribuem quatro qualidades: impassibilidade, clareza, agilidade e sutileza. IMPASSIBILIDADE: conforme São João no Apocalipse os corpos ressuscitados não mais sentirão fome, sede, o rigor das estações, aflições, doenças e a morte. CLAREZA: O Evangelho diz que "os justos hão de brilhar como estrelas na eternidade (S. Math.,XIII). Jesus resplandeceu assim na Transfiguração e na Ascensão. AGILIDADE: Céleres como os espíritos, rápidos como as faíscas elétricas, instantãneos como o pensamento, transportar-se-hão os corpos gloriosos de um lugar para outro, como Nosso Senhor depois de ressuscitado. SUTILEZA: OS CORPOS RESSUSCITADOS serão de alguma forma espiritualizados; nenhum obstáculo material lhes poderá impedir os movimentos. Santo Tomás assim explica como serão os corpos ressuscitados: chegado o momento do fim dos tempos, os corpos glorificados ou gloriosos se reunirão em redor de Jesus Cristo como em seu centro. O CORPO do Filho de Deus será para esse mundo celeste o que o sol natural é para o mundo terrestre e o que DEUS é para o mundo dos espíritos glorificados. É assim que a GLORIFICAÇÃO eleva o mundo natural todo inteiro, coloca-o sobre um fundamento superior, lhe dá um organismo novo e imutável DE SUA NATUREZA. HAVERÁ um novo CÉU e uma nova TERRA, a cidade gloriosa de DEUS, sem sol nem lua terrestre, porque a GLÓRIA de Deus a ilumina e sua lâmpada será o CORDEIRO, a CIDADE DE ÁGUAS A JORRAREM NÃO de FONTES TERRESTRES, mas do TRONO de DEUS e o CORDEIRO (LES MYSTERES DU CHRISTIANISME, M.J.Scheeben).

terça-feira, 6 de novembro de 2012

AOS CULTORES DAS LETRAS EM MINAS

DATA de 22/03/1721 o PRIMEIRO documento histórico cultural de MINAS GERAIS, falando em ESCOLA, enviado, através de uma CARTA RÉGIA, por El-Rey DOM JOÃO V ao CAPITÃO-GENERAL DOM LOURENÇO DE ALEIDA antes de tomar posse do governo da recém-separada Capitania de Minas Gerais. O móvel da "encomendação" das ESCOLAS para os filhos espúrios daquela "canalha tão indômita" insubmissa ao governo anterior, o Conde de Assumar, decorreu: ou da convicção de D. João de que a criação de escolas seria o meio mais condizente para reduzir à sujeiçào aqueles rapazes sem doutrina alguma, em substituição às medidas violentas preconizadas e efetivadas pelo Conde de Assumar para subjugar os sediciosos da véspera; ou, por sugestão de seu ministro Marquês de Abrantes, encarregado então de tudo que dizia respeito às belas artes e ciências. Seja como for, o importante documento foi assinado e enviado por DOM JOÃO V ao GOVERNADOR da recém-separada CAPITANIA DE MINAS GERAIS: "...sou informado que nessas terras - escreveu El-Rey - há muitos rapazes os quais se crião sem doutrina alguma, que como são ilegítimos se descuidam os pais deles, nem as mães são capazes de lhes darem doutrina: vos encomendo trateis com os oficiais das MINAS desse Povo, sejam obrigados em cada Va. a ter um MESTRE que ensine a LER e ESCREVER, CONTAR, que ensine LATIM, e os pais mandem seus filhos a essas escolas..." Evidenciou-se logo que a generosa semente muito cedo se lançou em solo impreparado. No governo de uma província composta de de arraiais turbulentos de brutos mineradores, gente sem nome e sem prol, o Governador D.Lourenço de Almeida não poderia imaginar escolas régias ali e muito menos para crias de negras. Dom Lourenço prometeu cumprir a ORDEM DE EL-REY: "...porém receio que os rapazes tomem pouca doutrina por serem todos filhos de negras que não é possível que lhes aproveitem as luzes". Promessa frouxa, céptica e cínica jamais foi cumprida. A má fé na atitude de Dom Lourenço decorrente de sua ignorância vencível e de um comodismo invencível fê-lo dar as costas à notícia alentadadora da experiência escolar daqueles "muitos órfãos que a CARIDADE dos RELIGIOSOS recolhia, ou a sabedoria do ESTADO Português dos tempos coloniais, antecipando-se a ideias moderníssimas, distribuía entre famílias de homens de bem, às quais as Câmaras pagavam um tanto de subvençãos para criar os meninos em várias Capitanias" (AS PRIMEIRAS LETRAS NAS MINAS GERAIS, José Ferreira Carrato).

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

PAUSA PARA MEDITAÇÃO

MARCUS TULIUS CÍCERO, político, orador, escritor romano (106 A.C./43 DC),em seu DIÁLOGO SOBRE A VELHICE, escreveu o seguinte: "Ó bom Deus, que é a longevidade na EXISTÊNCIA de um ser humano? Consideremos um de vida bastante longa, por exemplo a do rei Tartessio (dizem que reinou 80 anos, tendo vivido 120); julgo, contudo, não ser uma longevidade alguém estar vivo, quando se considera seu termo final. De fato, quando este termo ocorre, toda a duração passada desapareceu para sempre. O tempo vivido não retorna jamais, não nos restando senão o fruto de nossas virtudes e de nossas belas ações. Dessa forma voam as horas, os dias, os meses e os anos. O tempo corrido jamais retorna e o que nos resta não pode ser por nós conhecido. Seja qual for o tempo que nos seja dado viver portanto, cada qual deve sentir-se bastante feliz. Para ser aplaudido, um ator não precisa aguardar o fim da peça, basta que se saia bem em qualquer parte dela. Da mesma forma o sábio não precisa ficar na cena até o cair a cortina. A vida, por mais curta que seja, é sempre suficientemente longa para se viver bem. Se tivermos vivido muito, nossa desolação não deve ser maior que a dos agricultores, quando depois da doce estação da primavera eles vêem chegar o estio e o outono. A primavera representa de certa maneira a juventude anunciando os frutos que às outras estações está destinado ceifar e colher. O fruto da velhice é a lembrança e a fruiçào dos bens adquiridos anteriormente. Tudo que se faz segundo a natureza deve ser creditado como um bem. Ora, que existe de mais conforme à natureza do que para os idosos morrer? Outro tanto ocorre com os jovens, embora nesse caso a natureza se revolte e só cede resistindo! Comparo a morte de um moço a uma chama ardente que se abafa com um jato dágua. O velho, porém, falece docemente, sem violência, como um fogo que se extingue por falta de alimentação. Os frutos quando verdes só se retiram da árvore com esforço. Quando maduros, eles se destacam por si mesmos. Assim a vida é arrebatada aos jovens com violência. Os velhos morrem, por assim dizer, de maduros! Esta maturidade me é tanto mais agradável, quanto mais me aproximo da morte, quanto mais me parece que depois de uma longa viagem eu descubro enfim a terra, eu me vejo entrar na morte!"

terça-feira, 30 de outubro de 2012

TÚMULOS E SACRÁRIOS

Sem nos atrevermos a sondar ou desvendar os arcanos insondáveis da sabedoria divina, indaguemos qual tem sido  nosso relacionamento  humano e cristão face a duas realidades imateriais, sobrenaturais, presentes dia e noite, sob envólucros materiais, nos sacrários de nossos templos e nos túmulos de  nossos cemitérios.  Cremos e professamos que Jesus Cristo está realmente presente, com seu corpo, sangue, alma e divindade nas hóstias consagradas e escondidas  nos sacrários de nossas igrejas.  Cremos também e professamos que  nosso corpo e nossa alma, depois da morte,  não permanecerão eternamente separados. Por seu Poder Deus  reunirá um dia os corpos de  nossos mortos confiados à terra das sepulturas de nossas necrópoles. Nisto consiste o dogma da Ressurreição dos corpos. Duas constatações nucleares de nossa Fé, não?  Sabemos também, e cremos e professamos no dogma da Ressurreição dos Mortos.  Então o corpo tomará sua vida de novo. Duas constatações nucleares de nossa FÉ, não?  Dedo na consciência, na solidão de nosso intimismo, segredemos em nosso diário a resposta que só Deus terá. No túmulo, a relíquia mais preciosa de nossos mortos: seus ossos.  Nos sacrários de nossas igrejas, a presença real de Cristo com seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade, como está no céu, sob as aparências do pão e do vinho.  Que de consolador e motivador na crença  da presença permanente de nosso Deus do  mesmo modo como está no céu,  no sacrário do altar da igreja que frequentamos, "latens  Deitas", a divindade latente sob as espécies do pão  e do  vinho,  na postura e exspectativa de nos acolher! Um primeiro mistério!  De outro lado, que de alegria confortadora diante da  separação provisória de nossos mortos, silenciosamente no túnel de nossos túmulos, aguardando a ressurreição final, quando de novo os teremos transfigurados juntos a nós! A causa da revolta dos anjos contra seu Criador, com Lúcifer seu chefe à frente, não teria sido também a inveja ao tomarem ciência do  tratamento de primeirísima classe dispensado aos seres humanos?  Qual tem sido nossa atitude como cristãos católicos em nosso relacionamento diante da existência desses dois dogmas de nosso Credo, em nosso convívio dia e noite com  DEUS  NOSSO  CRIADOR E  REDENTOR presente no sacrário de nossas igrejas, e em não nos desligarmos da MEMÓRIA DE  NOSSOS IRMÃOS  MORTOS cujos corpos vão se transformando em pó tão perto de nós nos sepulcros de nossos cemitérios! Não serão esses corpos as relíquias mais preciosas que conservamos de nossos falecidos?

FESTA DOS FINADOS = 02 de NOVEMBRO

A FESTA  ou  COMEMORACÃO dos FINADOS é a solenidade fúnebre que a IGREJA  CATÓLICA  celebra no dia seguinte à festa de Todos os Santos, 01/11.  Sempre se rezou pelos defuntos, mas a instituição de uma festa especial data do século X depois de Cristo, quando teve início a  comemoração anual de todos os fieis defuntos no mosteiro beneditino de Cluni, França, no século X depois de Cristo, no ano de 998, por iniciativa do abade do mosteiro, Santo Odilão. Aproximaram a festa dos mortos da festa de Todos os Santos, para mostrar-se a união ou (comunhão) que existe entre a Igreja Triunfante (das almas que foram para o céu), a Igreja Militante (das pessoas que estão vivas) e a Igreja Padecente ( as almas do Purgatório), as quais não formam na realidade senão uma IGREJA  ÚNICA. Com efeito, existe entre os fieis já admitidos na pátria celeste e os fieis que expiam as faltas no purgtório e os que  ainda peregrinam na terra um LAÇO DE CARIDADE e um amplo intercâmbio de todos os bens espirituais, chamados o TESOURO  DA  IGREJA. Que não é uma soma de bens comparaveis às riquezas materiais acumuladas no decorrer dos séculos, mas é o valor infinito e inesgotável que têm junto de Deus as expiações e os méritos de Cristo Nosso Senhor, oferecidos para que a HUMANIDADE toda seja  libertada do  pecado e chegue à COMUNHÃO  (união)  com o PAI. É com JESUS  CRISTO. O dogma da COMUNHÃO  DOS  SANTOS designa a união de todos os membros das três igrejas: triunfante, padecente e militante, de sorte que aquilo que cada um faz, reza  ou sofre em Cristo e por Cristo reverte em proveito de todos os membros, produzindo frutos para todos. Por isto é que a IGREJA sempre venerou a memória dos defuntos, para serem purificados de todo e entrem no céu. "Ó Pai, para  os que crêem em Vós a vida não é tirada, mas transformada; e desfeito o nosso corpo mortal nos é dado nos céus um corpo imperecível!"

DIA DE TODOS OS SANTOS - 01/11

À imitação das nações honrando a memória de seus herois, assim a IGREJA honra os santos que edificaram o mundo com o espetáculo de suas VIRTUDES heroicas. Chama-se a isto o culto dos santos. Estes são aquelas pessoas que por sua santidade e milagres foram CANONIZADAS, isto é, foram proclamadas pela IGREJA dignas dos altares, sendo honradas com homenagens especiais e públicas, com uma festa no calendário. Como é impossível instituir festas particulares para cada um dos santos canonizados, a IGREJA reuniu numa única festa a lembrança de todos os eleitos, incitando-nos a recorrer à sua proteção e a imitar-lhes as virtudes. A festa de TODOS OS SANTOS foi instituída no século VII. Sob o pontificado de Bonifácio IV (608 a 615), o PANTEÃO DE AGRIPA (pan=todos + teós=deuses, assim chamado por ter sido construído e dedicado ao culto dos deuses pagãos 28 anos antes de Cristo, em Roma) foi em 607 depois de Cristo dedicado ao culto cristão com a denominação de SANTA MARIA DOS MÁRTIRES. DAS CATACUMBAS LEVARAM PARA ALI EM 28 CARRUAGENS OSSOS DOS MÁRTIRES, TORNANDO-SE ESSE TEMPLO COMO QUE IGREJA DE TODOS OS SANTOS. E a festa em homenagem a todos os santos passou a celebrar-se no dia 01/11 todo ano, porque era nessa data que os pagãos costumavam celebrar festas em honra de todos os deuses. A IGREJA, reunindo numa mesma festa todos os SANTOS do céu manda ler no evangelho da missa do dia as OITO BEM-AVENTURANÇAS, resumo de toda a santidade, ANIMANDO-NOS, A EXEMPLO DE SÃO PAULO, a corrermos, pela paciência para o combate e para a coroa (Hebr., XII,1). Portanto, FESTA  DE   TODOS   OS  SANTOS é a solenidade do dia primeiro de novembro, estabelecida pela IGREJA para honrar num mesmo dia a memória de todos os santos.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

HOMENAGEM PÓSTUMA A UM CÃO

THEO, um cão farejador de explosivos, foi homenageado ontem em Londres. Falecido em abril de 2011 numa missão no Afeganistão, juntamente com o amigo Liam Tasker, um patrulheiro de 26 anos, colegas de ambos se reuniram num quartel de Londres para condecorar: ao cão, com a Medalha Dickin, mais alta homenagem do Reino Unido pela bravura de animais; ao militar, com a Ordem do Império Britânico. Os dois foram atingidos por disparos de insurgentes afegãos na província de Helmand, reduto taleban. A dupla conseguira localizar em 5 meses 14 bombas, um recorde. THEO é o vigésimo oitavo cachorro a receber a condecoração da Associação Beneficente de Veterinários fundada em 1943 durante a segunda guerra mundial. A Folha de São Paulo, 26/10/12, mundo A15, noticiando o fato, lembra que apenas um gato mereceu tal condecoração: mascote do navio de guerra inglês Amethyst que ficou meses ancorado em águas chinesas. Não sei se em nosso torrão nacional algum animal tenha sido já agraciado com tais honrarias por semelhantes atos heroicos. Particularmente, contudo, muitos de nós já levantamos altares a alguns bichos, no panteão de cada um de nós, numa homenagem a nossos irmãos irracionais (mas nem tanto!). Nas chuvas torrenciais do Estado do Rio de 2010, em Teresópolis ou Petrópolis ou Friburgo, todos se lembram do vira-lata marcando o local onde desaparecera o corpo de seu dono. E que por dias a fio lhe montou guarda no cemitério. Assunto puxa assunto, que juízo se pode ou se deve fazer do provérbio atualmente, creio, não muito usado: "Se entre amigos encontrei cachorros, entre cachorros encontrei amigos!"? E para encerrar: clique na internet LUIZ GUIMARÃES, poeta, e leia a poesia VELUDO O CÃO NOJENTO.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

SUPER-HEROI INDIANO

"POR QUE VOCÊ NÃO VEIO ANTES?" "E a pergunta dirigida a mim por uma criança de 6 anos me foi tão pesada! Acho que ela vale para todo mundo. Por que não agir agora, se há urgência, se é preciso acabar com isso! Eu sei que vou morrer, então prefiro que seja ajudando alguém e não de febre, deitado na cama!"Foi a resposta dada por SATHYARTHI KAILASH, ativista indiano, à pergunta da criança, constituindo esta minha introdução uma como que parte de uma das muitas parábolas que Cristo pronunciou - nem todas estão contidas nos Evangelhos - quando companheiro nosso nas terras da Palestina. O ATIVISTA SATHYARTHI, 58 anos, salvou 80.000 crianças do trabalho escravo na Índia. Por 30 anos luta esse ativista contra o trabalho escravo infantil. E confessa: para isto bastaria dar-lhes educação, cuidados médicos e psicológicos. E elas são ainda 215 milhões no país. O tráfico de crianças é o terceiro maior mercado ilícito do mundo. Todos os anos 92 bilhões de reais são movimentados pelo tráfico humano. E complememtando a pseudoparábola evangélica, o ativista ainda nos deixa a seguinte lição cristã: "Para mim se a criança é escrava e eu a estou resgatando, não estou fazendo um ato de misericórdia para ela. Estou lavando meus pecados. Minhas roupas sujas. Libertando essas crianças, nós nos libertamos. É o que eu sinto". E como comprovação de suas singelas inconfidências, assim termina: "Das crianças que libertamos ficou-me a história de uma de 6 anos, bastante comovente; fizemos o resgate dela e de seus amiguinhos de madrugada. Ausentando-se o guarda para tomar banho, entramos e resgatamos todas. Estavam em prantos. Nunca tiveram amor e respeito. Só abusos e exploração. De repente a pequena de 6 anos me perguntou: "Por que você não veio antes?" (Folha de São Paulo. A20Mundo. 23/10/12).

domingo, 21 de outubro de 2012

BONDINHO DO PÃO DE AÇÚCAR = 100 ANOS

No dia 27/08/2012,o BONDINHO DO PÃO DE AÇÚCAR comemorou o primeiro centenário de sua existência. Foi seu idealizador e construtor o engenheiro brasileiro AUGUSTO FERREIRA GOMES, nascido em 22/08/1860. A ideia lhe veio, quando participava, como coordenador geral da Exposição Nacional de 1908, realizada na Praia Vermelha em comemoração ao Centenário da Abertura dos Portos brasileiros às nações amigas.No seu primeiro trecho funcionam dois sistemas teleféricos independentes, de grande porte, com dois bondinhos em cada linha, circulando em vai-vem. O novo sistema aumentou a capacidade de transporte do teleférico de 115 para 1.360 passageiros. A mesma operação foi utilizada para o lançamento dos cabos e colocação do bondinho no segundo trecho entre o Morro da Urca e o Pão de Açúcar, numa extensão de 750 metros e 396 metros de altura. Consta que foram os portugueses que lhe deram a alcunha de Pão de Açúcar, quando do apogeu do cultivo da cana de açúcar no Brasil, nos séculos XVI e XVII. Pela forma de ogiva que apresenta, pela localização privilegiada, pela presença na história da cidade constitui um marco histórico e natural da capital do Estado do Rio de Janeiro. A lenda descobriu na face do morro uma figura com 200 metros de extensão que se pode observar na montanha do Pão de Açúcar: a silhueta de um ancião chamado Guardião da Cidade. O Ponto Turístico da cidade é administrado pela Companhia Caminho Aéreo do Pão de Açúcar que o criou para divertimento em local privilegiado por sua beleza panorâmica. Diariamente, pela manhã, antes de receber os primeiros passageiros, os bondinhos saem numa viagem de vistoria, para testar se tudo está em ordem.

sábado, 20 de outubro de 2012

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Muito recomendável para um conhecimento racional e perfeito da DOUTRINA CRISTÃ, o CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA há de ser um dos livros de cabeceira do cristão que se esforça por ser um autêntico CATÓLICO. Publicado no dia 11/10/1992 pelo Papa JOÃO PAULO II, esse CATECISMO constitui um serviço recomendado pelos Papas JOÃO XXIII e PAULO VI e concluído pelo Papa JOÃO PAULO II, destinado a prestar à IGREJA CATÓLICA o serviço de SUSTENTAR e CONFIRMAR a FÉ de todos os discípulos do SENHOR JESUS, como também de reforçar os laços da UNIDADE na mesma FÉ APOSTÓLICA. Serve como texto de referência seguro e autêntico para o ensino da doutrina católica e de modo particular para a elaboração dos catecismos locais. NÃo se destina a substituir os CATECISMOS LOCAIS devidamente aprovados pelos bispos diocesanos e Conferências Episcopais. Pelo contrário, servem para encorajar e ajudar na redação de novos catecismos locais, haja vista as diversas situações e culturas que conservam a unidade da FÉ e a FIDELIDADE à Doutrina Católica. Sendo um texto muito abrangente das diversas situações do CATÓLICO em seu peregrinar seguindo o MESTRE, carece naturalmente de pequenos resumos destinados às crianças e pessoas de mediana cultura. Curiosamente tenho aqui ao lado o "SEGUNDO CATECISMO DA DOUTRINA CHRISTAN", 128 páginas, editado em 1925, Livraria Francisco Alves, que a catequista DONA CHIQUINHA usou no preparo da turma de que eu fazia parte para nossa primeira comunhão. Com saudosa recordação, contemplo com minha letra de nove anos de idade, tinta azul bastante viva ainda, a seguinte observação escrita em 1938: "Pertence ao menino Jair Barros. 1938". Tenho também um exemplar do "CATHECISMO DE MARIANNA, mandado ordenar para uso da sua Diocese pelo Exmo. e Revmo. Senhor DOM ANTONIO FERREIRA VIÇOSO - 3a. Edição - MARIANNA, Typographia da Viuva de Julio J.M.Justino - 1864. Além de um exemplar do PRIMEIRO CATECISMO da DOUTRINA CHRISTÃ - Para uso das Dioceses das Províncias Ecclesiasticas Meridionaes do Brasil - Edição Official - 1927 - APPARECIDA - OFF.GRAPH "SANT. APP." Obs. O "CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA" é da Editora Vozes - Edições Paulinas - Edições Loyola - Editora Ave-Maria - 1993.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

INCINERAÇÃO DOS CORPOS DOS FALECIDOS

O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, cânon 2.300, ensina que "os corpos dos defuntos devem ser tratados com respeito e Caridade, na FÉ e ESPERANÇA da RESSURREIÇÃO. O enterro dos mortos é uma obra de misericória corporal que honra os FILHOS de DEUS, TEMPLOS do ESPÍRITO SANTO". A partir do CONCÍLIO VATICANO II, a IGREJA permite a INCINERAÇÃO, se esta não manifestar uma posição contrária à FÉ na RESSURREIÇÃO dos CORPOS. Ensina também que a autópsia de cadáveres pode ser moralmente admitida por motivos de investigação legal ou de pesquisa científica, acrescentando que a doação gratuita de órgãos após a morte é legítima e pode ser meritória. O citado CATECISMO observa que "a IGREJA que, como mãe, trouxe sacramentalmente em seu seio o cristão durante sua peregrinação terrena,acompanha-o ao final de sua caminhada para entregá-lo "às mãos do Pai". Ela oferece ao Pai, em Cristo, o filho de sua graça e deposita na terra, na ESPERANÇA, o germe do corpo que ressuscitará na GLÓRIA". Finalmente a IGREJA declara que "o ADEUS ("a DEUS")ao defunto é sua "encomendação a Deus"pela Igreja. É o último adeus pelo qual a comunidade cristã saúda um de seus membros, antes que o seu CORPO seja levado à sepultura. A partir do VATICANO II a Igreja aconselha que se conserve o piedoso costume do SEPULTAMENTO dos corpos dos falecidos. Observe-se, contudo, que a incineração não vai de encontro ao dogma da ressurreição dos corpos (Creio na Ressurreição da Carne), pois a partir de uma minúscula célula Deus reconstitui o corpo. O culto aos nossos mortos é uma decorrência natural do DOGMA, UM DOS MAIS ALEGRES, da "COMUNHÃO DOS SANTOS". À sepultura confiamos os corpos de nossos irmãos falecidos, na certeza de que ressuscitarão no final dos tempos ("Creio na Ressurreição da Carne"). No túmulo temos a relíquia mais preciosa de nossos mortos: o seu corpo que, por mais que se transforme em pó, Deus o ressuscitará um dia, pois o corpo e a alma, depois da morte, não serão eternamente separados. Um dia, por seu poder, DEUS os reunirá. Então o corpo tomará sua vida de novo. Serão substancial e identicamente os mesmos que na vda presente, dotados de quatro qualidades: impassibilidade, clareza, agilidade e sutilidade.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

FRANÇA - PAIXÃO DE ANT. CARLOS VILLAÇA

"Amo a FRANÇA por causa de Léon Bloy, o peregrino do absoluto, o mendigo ingrato, no limiar do Apocalipse, profeta do mundo moderno, ser solitário e intratável. E me lembro de Ernesto Psichari, sua Viagem do Centurião, a Resposta da história a Renan, seu avô. A FRANÇA é para mim a filosofia de Gabriel Marcel, de Etienne Gilson, de Jacques Maritain, de Garrigou Lagrange, de Emmanuel Mounier com o seu personalismo e a longa tradição da revista Esprit e o crítico Albert Béguin. Há dois franceses que ainda quero evocar. Max Jacob, o poeta, e Charles Foucauld, o místico. Profetas do mundo solidário, da civilização do amor. Maritain foi sobretudo o filósofo da minha vida, da minha formação integral. O Brasil não será de fato o país do Humanismo Integral? O Brasil e os Estados Unidos foram os países que mais acolheram o pensamento filosófico de Maritain. A França é para mim o romance de Bernanos e de Mauriac. Bernanos escreveu no Brasil o romance Monsieur Ouine, publicado em 1943, poema satírico em torno de André Gide. Claudel escreveu na primeira página de seu texto genial Soulier de Satan: "Deus escreve direito por linhas tortas". Esta lição profunda foi para ele uma lição brasileira, carioca - ao tempo em que foi ministro da França no Brasil e morava na rua Paissandu e gostava de passear de tarde pela Praia do Flamengo. Como não evocar agora O caminho da Cruz das Almas que Bernanos imortalizou. Le chemin de la croix des ames, aquele humilde caminho de Barbacena, em que o velho e indomável leão encontrou um pouco de paz, no silêncio soturno das montanhas de Minas Gerais? É nesse caminho da cruz das almas que estou pensando agora. Ao inaugurar-se o Museu Bernanos em julho de 1970, falamos Hubert Sarrazin, frei Pedro Secondi, O.P., Jean-Loup, Bernanos e eu. Tenho pena de nunca ter visto GEORGES BERNANOS! ("Degustação", Antônio Carlos Villaça).

terça-feira, 16 de outubro de 2012

FINADOS... ME LEMBRA 0 HORÁCIO!

Nenhum dos atuais alunos do vizinho Colégio Santo Inácio ouviu, por certo, falar do HORÁCIO. Era o HORÁCIO um filho de Deus muito especial que, desde que por aqui me assentei, há 40 anos, quase diariamente circulava pelos entornos do colégio dos jesuítas, na rua São Clemente. Era figura muito assídua nas missas de domingo na igreja que frequentávamos. Creio que o Cristo nunca o expulsou do templo por andar meio ajambrado, esquecido ou ignorante das adequadas vestes na presença do Senhor dos Senhores. Os fiéis rezando ou cantando, o padre falando, Horácio nem estava ali! Ia ligeiro da porta de entrada ao altar, percorria rápido os corredores laterais... ora se detendo diante de alguma pessoa para quem apontava o dedo num gesto de reprovação, balbuciando vozes sem nexo, sem que ninguém o extranhasse. Era assim a sua oração dominical. Nas ruas, nos passeios circunvizinhos, sua presença se misturava aos alunos a quem mendigava um pão com manteiga para uma média no bar da esquina da Eduardo Guinle. Certos dias, o mau humor lhe subia à cabeça. Parava em pé diante do tampo de um bueiro e destilava impropérios aos moradores de seus esconderijos. Não tinha noção de limpeza, mas A NINHUÉM FAZIA MAL, IMPORTUNAVA. E era muito querido dos alunos do Colégio. Tanto assim é que na formatura de uma turma foi merecedor de uma homenagem especial. Uma bela manhã, contou-me um policial da delegacia da Bambina, dois PMs levaram o Horácio algemado à presença do doutor delegado. Incomodava os transeuntes pela profusão de gestos e palavrões. Conhecedor antigo do criminoso, a autoridade policial dispensou os zelosos guardiães das ruas, fez o amigo sentar-se por uns dez minutos e abriu-lhe a aporta da repartição pública. Mas um dia houve em que o HORÁCIO desapareceu de nossas vistas. Contam que uma advogada o levou a um hospital e que de lá desapareceu ou fugiu.Meses seguidos, perguntamos pelo seu paradeiro. Nem o irmão soltava notícias dele. Nunca mais o amigo me premiou com um gesto mudo em resposta do cumprimento que sempre lhe dirigia, mesmo estando do outro lado da rua. Para onde carregaram o Horácio? Já lá se vão seis ou sete anos! Gostaria de vê-lo em casa no dia de Finados.

sábado, 13 de outubro de 2012

terça-feira, 9 de outubro de 2012

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

sábado, 6 de outubro de 2012

CELSO DE MELLO - DECANO DO STF

Coube  ao decano do STF, ministro CELSO  DE  MELLO,  deixar clara a disposição  do tribunal de punir os mensaleiros e mandar um recado de intransigência com as aves de rapina que dão rasantes sobre os cofres públicos. "A corrupção compromete a integralidade dos valores que dão significado à própria ideia  de República, frustra a consolidação das instituições, compromete a execução  de políticas públicas em áreas sensíveis, como as da saúde e da educação, além de afetar o próprio princípio democrático. Este processo criminal revela a face sombria daqueles que,  no controle do aparelho  de estado,  transformaram a cultura da transgressão em prática ordinária e desonesta de poder, como se o exercício das instituições da República pudesse ser degradado a uma função de mera satisfação instrumental de interesses governamentais e de desígnios pessoais. As pessoas comentam  que o Supremo está projetando a imagem que dá muito orgulho aos cidadãos, na medida em que  demonstra intolerância ao fenômeno criminoso da corrupção. Este é um processo  impregnado de alto valor pedagógico.  Percebo que há um acompanhamento da matéria, o que  revela um avanço cultural da sociedade"("VEJA", edição 2290, ano 45, número 41, de 10/10/12).

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

CARTUXA DE DOM VIÇOSO

CARTUXA  DE  DOM  VIÇOSO  é o nome dado a uma casa na cidade mineira de Mariana onde o bispo da diocese, DOM ANTÔNIO  FERREIRA  VIÇOSO (1787-1875) fazia suas orações e escritos, enquanto buscava forças para seu zelo de pastor da Igreja. A CARTUXA, nome de uma ordem religiosa de grande austeridade fundada por São Bruno em 1066, merecidamente se aplicou ao sítio donde o santo bispo administrou seu rebanho e veio a falecer no dia 07/07/1875. Em comodato a área onde fica a Cartuxa de propriedade da Congregação dos Padres Lazarstas está sob a responsabilidade da arquidiocese de Mariana.  Durante a Semana Sata costuma-se celebrar  a Via-Sacra desde a catedral metropolitana até ao alto do morro da Cartuxa. "A primeira vez que se ouviu em Minas o nome do padre VIÇOSO  foi na Serra do Caraça, no morro chamado Cruz das Almas. Foi aí que na pascuela  de 1820 o receberam de joelhos e mãos postas, como anjos adoradores dois velhos escravos caracenses do já então falecido IRMÃO  LOURENÇO" ("GUIA SENTIMENTA DO CARAÇA", PADRE PEDRO SARNEEL). "A causa de beatificação do Servo de Deus Dom Antônio Ferreira Viçoso foi introduzida em Roma em 1986. Em 2002 o Vaticano julgou a biografia e seus complementos como uma base suficiente para que os consultores teólogos possam pronunciar-se sobre a heroicidade das virtudes de Dom Viçoso. Assinado o decreto sobre essa heroicidade, Dom Viçoso passará a venerável. Com o reconhecimento de um primeiro milagre, obtido por sua intercessão, será declarado  Beato ou Bem-Aventurado. E com um segundo milagre será canonizado, isto é, declarado Santo" ( "Guia Sentimental do Caraça").

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

DOM VIÇOSO E A ESCRAVATURA NO BRASIL

EDUARDO  HOORNAERT, em seu artigo O  QUE  ESTÁ  ACONTECENDO  COM  O CATOLICISMO?  procura mostrar que a IGREJA está perdendo na America Latina o "trem da historia". Depois de comentar a "falta de apoio da Igreja" a libertadores nacionalistas como Simon Bolivar, quando  ao contrário  se sabe que bispos continuaram  a recomendar obediência a um detestável regime colonial espanhol de  exploração,  HOORNAERT cita o caso da abolição da escravatura. Joaquim Nabuco chegou a pedir o apoio do papa a favor  dos escravos brasileiros. Sem ser atendido, recorreu aos maçons, "pessoas suspeitas então aos olhos dos católicos".  Assim, o BRASIL foi o último a abolir a escravatura, em 1888.  Em seu livro "CONGREGAÇÃO  DA MISSÃO NO BRASIL", o autor, PADRE JOSÉ TOBIAS ZICO, C.M., lembra a propósito que sempre se encontram justificativas a favor e contra certas atitudes ou ideias. E escreve que, tratando-se do assunto escravatura, "no século XIX temos uma prova clara nos dois  fundadores do Colégio do Caraça. O primeiro Diretor, Padre Leandro Rebelo Peixoto e Castro, chegou a escrever  um opúsculo defendendo a legitimidade da escravatura no Brasil e a necessidade do  tráfico de negros da África. Já o o seu companheiro, depois também diretor do Caraça, o Padre Antônio Ferreira Viçoso, não concordou com a tese de um "respeitável eclesiástico da Província de Minas, e se viu obrigado em consciência a refutá-lo, escrevendo em 1840 o opúsculo intitulado  "Escravatura Ofendida e Defendida". Isto, 50 anos antes da "Lei Áurea". Padre Viçoso rebateu energicamente as ideias do Padre Leandro". O  santo bispo de Mariana, Dom Viçoso, e o Padre Leandro eram dois sacerdotes lazaristas portugueses que, aportando no Brasil, em 1820, foram encarregados por Dom João VI a tomar posse das terras do Caraça, tendo imediatamente fundado o COLÉGIO DO CARAÇA. Padre Leandro foi o primeiro diretor do Colégio, tendo sido aluno em Portugal  do Padre Viçoso. E sabe-se que Dom Viçoso, bispo de Mariana, teve que enfrentar pessoas importantes, interessadas na escravatura e toda uma sociedade então "visceralmente racista". Dom Viçoso morreu na Cartuxa de Mariana aos 07/07/1875 com 88 anos. Seu afilhado e sucessor na Diocese, Dom Sivério Gomes Pimenta, escreveu-lhe a biografia e começou o processo de sua beatificação e Dom Oscar de Oliveira continuou. O povo mineiro espera para breve a beatificação do grande bispo lazarista DOM  ANTÔNIO   FERREIRA  VIÇOSO.

domingo, 23 de setembro de 2012

PADRE JOÃO SARAIVA

Ultima referência guardada por mim do nosso Saraivinha: surpreso pela chegada inesperada ao Caraça, em 1957, do nosso aealaciano falecido meio ano atrás, José Nilo de Castro, assim este gravou a cena ao ser recebido pelo padre disciplinário de então: "Era para você vir em julho, mas como está aqui com todas as roupas e papéis necessários, pode ficar, preguicinha". Encarrego assim o NILO, ao abrir esta modesta homenagem ao amigo Saraivinha, de apontar em sua autobiografia uma das mais transparentes caraterísticas do modo de ser do PADRE JOÃO CARNEIRO SARAIVA, pois era assim "que costumava carinhosamente dirigir-se a alunos" ("Hei de vencer", pp.42). Convivi com o Saraivinha no Caraça e Petrópolis tempo suficiente, seis anos, para não esconder a emoção com ausência entre nós do apostólico  caracense que foi para os contemporâneos exemplo de seminarista e de padre segundo o coração de São Vicente. Durante o tempo de sua preparação ao Sacerdócio a ele se confiava toda atividade de natureza espiritual. No Caraça, exerceu o exercício de cerimoniário por largos anos, de presidente da associação dos Filhos de Maria e do Apostolado da Oração. Com os colegas teve um trato sempre de muita afabilidade, de solidariedade, de paciência. Daí o ter sido todo ano agraciado com o prêmio de procedimento. Foi um modelo de apostólico no Caraça. Em Petrópolis, no noviciado e nos estudos, amadureceu em contato imediato com o espírito vicentino na prática de todos aqueles requisitos para ser um santo sacerdote lazarista, como de fato o foi. Neste momento de saudade pela ausência do  amigo, amizade septuagenária, consola-me o trecho de uma carta escrita pelo Saraivinha ao Padre Lauro Pallu com o seguinte recado para mim: "Obrigado pela feliz iniciativa de me presentear com um livro do Jair (Antes que anoiteça"). Sempre é tempo de reconhecer sua sensibilidade amiga, sabendo que me tornaria muito feliz  neste contato com o Jair. Por mim abrace o Jair".

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

PADRE LAGE (1917-1989): "O padre do diabo"

Em carta de 09/07/1964 à filha madre Maria Teresa TRISTÃO DE ATHAYDE escreve que ficou sabendo da prisão do PADRE LAGE (1917-1989) "contra expressa determinação LEGAL, se é que há lei agora, que não seja o arbítrio da milicada, ëm nome da moral e da revolução saneadora, pela regeneraçào do Brasil"e contra outras patacoadas de moda com o terço na mão direita eo relho na esquerda. Além dist, contou que um jovem comunista preso com os estdantes católicos diera que estava com sua fé materialista abalada "por ver aqueles estudantes católicos sofrendo prisão por um ideal de justiça, e que não fora essa a Igreja de que tinha ouvido falar". Como em 1917 (tempus volat) ocorrerá o centenário de nascimento do padre FRANCISCO LAGE PESSOA, autor do livro autobiográfico "O PADRE DO DIABO", aqui vão adiantados alguns dados de sua vida pouco conhecida. Nasceu em FERROS-MG, 18/03/1917. Estudou com os lazaristas em Mariana e Petrópolis, ordenando-se padre em 22/04/1942. Professor em seminários em tempos de muita crise no meio eclesiástico, criou problemas para si e para seus superiores, na interpretação do que o papa JOÃO XXIII  chamaria de "sinais dos tempos". Líder de massas, abraçou a teologia da libertação  causa de sua punição. Com o golpe militar de sessenta, foi preso e torturado.  Beneficiado por "habeas-corpus", foi condenado e  obrigado a exilar-se na embaixada do México.  Perseguido também no exterior, foi ameaçado de expulsão e constrangido pela própria Igreja oficial a deixá-la em paz com os seus ritos e sua aliança com o Poder. Vinte anos depois voltou para o Brasil, agora casado, com mulher e filho  mexicanos. Aderiu em Minas ao PDT, partido de Brizola. Em 1986 canddidatou-se a senador federal por Minas. Sem quase  fazer campanha, obteve setecentos mil votos, desmentindo assim o mito de que brasileiro esquece o passado. No início de 1988 trocou o PDT pelo PT, tendo-se candidatado a vereador no munucípio de Belo Horizonte, onde faleceu em 1989.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

SÉCULO XXI na VISÃO de JORGE de LIMA

ESTRANGEIRO, ESTRANGEIRO. E quando os assírios acabaram de brigar com os caldeus, enterraram os mortos; e outros povos começaram a brigar pela posse da terra; mas antes do dia findar, filisteus, hebreus, persas, gregos, árias, romanos, africanos, russos, espanhois, chineses, japoneses brigaram, brigaram. E houve paz para enterrar os mortos. E nem o Sinédrio, nem os Conselhos, nem a Liga das Nações nada fizeram, nada resolveram, nada adiantaram. E houve paz para enterrar as ligas. E rebentaram na carcaça do mundo 50 revoluções simultâneas para salvar o HOMEM e garantir a PAZ. E deram inúmeros prêmios nobeis a vários chanceleres e cantaram hinos a várias democracias, a vários grandes CONDUTORES; e as POLÍCIAS continuaram a espancar os sonhadores. E os generais ganharam grandes soldos para defender as Pátrias. e houve BOMBAS em várias partes do globo; e ainda ontem num morro do mundo a TÍSICA devorou várias moças, e os vermes continuam a se alimentar de crianças órfãs. A MASSA tem fome, o uivo da humanidade é mais doloroso DE NOITE. A superfície da terra continua do tamanho de uma COVA. ESTRANGEIRO que passais, sois tão novo e tão velho quanto eu sou. A mesma inquietação e a mesma decepção nos arrazam os olhos.ESTRANGEIRO, as nossas NAÇÕES, apesar de nossa amizade, continuam isoladas e inimigas como em MESOPOTÂMIA; E AINDA HÁ ENTRE ELAS RAÇAS IRRECONCILIÁVEIS.

HOJE, EM NÁPOLES, FERVE O SANGUE

NESTE DIA FERVE O SANGUE DO BISPO

No ano de 305 o bispo católico JANUÁRIO, bispo de Benevento, juntamente com alguns copanheiros, foi condenado às feras no anfiteatro de Pozzuolli por ordem do Imperador Diocleciano. Como o juiz se tivesse atrasado para o evento, JANUÁRIO foi dacapitado e seu sangue, depositado em dois cálices, foi colocado diante do túmulo do mártir cristão. Um século mais tarde, quando da transladação do corpo do bispo SÃO JANUÁRIO para Nápoles, no momento da cerimônia uma senhora entregou ao Bispo João os dois cálices com o sangue de JANUÁRIO. Como garantia da afirmação da mulher de que se tratava de fato do sangue do mártir, o sangue logo ferveu, se liquefez aos olhos de todos os circunstantes. Anualmente esse fato se repete em dias determinados: na véspera do primeiro domingo de maio, no dia 16 de dezembro e hoje, 19 DE SETEMBRO.E isto desde 1329.Para testar o fato, em 1986 seis médicos especialistas, acompanhados de mais 80 colegas de todo o mundo, após exames acurados, concluíram tratar-se de sangue realmente humano. SÃO JANUÁRIO é considerado pelos napolitanos como protetor contra flagelos da peste e erupções do vulcão Esúvio. A devoção dos napolitanos ao seu bispo mártir fez com que a IGREJA CATÓLICA apoiasse os fieis a celebrarem sua memória desde 1586, no dia 19 de setembro. O Concílio Vaticano II confirmou esta data.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

RAZÕES PARA USAR SEU DIREITO DE VOTAR

Oferecidas na FOLHA DE SÃO PAULO, de 14/09/12, pelo petista FREI BETO:
1 - Época de eleição, época de emoção: RAZÃO ENTRA DE FÉRIAS!
2- O tom varia do palavrão à desqualificação da árvore genealógica do candidato, à veneração acrítica de quem o julga perfeito
3- Um terceiro grupo insiste em se manter indiferente: os candidatos são todos corruptos, demagogos, mentirosos, aproveitadores ou tudo ao mesmo tempo!
4-Não há saída, porém. Ficar indiferente é passar um cheque em branco ao candidato vitorioso: governo e estado são indiferentes aos nossos protestos individuais.
5-Estamos sujeitos ao GOVERNO, do nascimento à MORTE. Ficar indiferente à política tem um preço: ser refém do GOVERNANTE da vez!.
6 - Ao nascer, o registro segue para o Ministério da Justiça; vaticinados, ao da Saúde; ao ingressar na escola, ao da Educação; ao arranjar emprego, ao do Trabalho; ao tirar habilitação, ao das Cidades; ao aposentar-se, ao da Previdência Social; ao morrer-se, retorna-se ao Minist;erio da Justiça. Em tudo há Política: para o bem ou para o mal.
7 - O Brasil é o resultado das eleições de outubro: os que governam são escolhidos pelo VOTO de cada ELEITOR.
8 - Faça como o ESTADO: deixe de lado a emoção e pense na RAZÃO. AS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS SÃO MOVIDAS POR POLÍTICOS e pessoas indicadas por ELES. Todos os FUNCIONÁRIOS são nossos empregados. A nós DEVEM PRESTAR CONTAS.
9 - A AUTORIDADE É A SOCIEDADE CIVIL. Exerça-a! Não dê seu voto a corruptos nem se deixe enganar pela PROPAGANDA ELEITORAL.
10 - VOTE NO FUTURO MELHOR DE SEU MUNICÍPIO. Vote na JUSTIÇA SOCIAL, na qualidade de vida da população, na CIDADANIA PLENA.
11- Razões muito republicanas oferecidas por CARLOS ALBERTO LIBÂNIO CHRISTO, Frei Beto, assessor de movimentos sociais e autor de "Calendário do Poder" (Rocco), entre outros livros.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

RIO + FLORIDO

Cheguei muito atrasado. Só hoje a competição instituída pela prefeitura local em favor de um RIO + FLORIDO me explicou a razão da existência de pequenas placas artísticamente coloridas nos entornos de uma pracinha em Botafogo, situada no encontro da Rua Eduardo Guinle com a Praça Radial Sul. Quinze dias atrás cerca de trinta pessoas à frente de uma agitada gurizada, empunhando canhestramente instrumentos de jardinagem, sob a liderança do LAGE ,que ali mantém minifloricultura, aderindo ao chamado da prefeitura: "ESTE JARDIM É CARIOCA COMO VOCÊ. CUIDE!" transformavam a fisionomia do ambiente, povoando os canteiros de mudas de plantas ornamentais, embelezando as ruas: os corredores de nossa CIDADE MARAVILHOSA, que é nossa morada, a casa por nós escolhida. Fixando, por vezes, o olhar longinquo da figura solitária do nosso poeta maior, Drumond de Andrade, parece-me ler-lhe no pensamento trechos outrora sonhados em "LEMBRANÇA DO MUNDO ANTIGO": "Clara passeava no jardim com as crianças. O céu era verde sobre o gramado. A água era dourada sob as pontes. Outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados. O guarda-civil sorria. Passavam bicicletas, a menina pisou a relva para pegar um pássaro. O mundo inteiro, a Alemanha, a China, tudo era tranquilo em redor de Clara. As crianças olhavam para o céu, não era proibido. A boca, o nariz, os olhos estavam abrtos. Não havia perigo. Clara tiha medo de perder o bonde das 11 horas, esperava cartas que custavam a chegar. Nem sempre podia usar vestido novo. Mas passeava no jardim pela manhã! Havia jardim, havia manhãs naquele tempo". Sizudo, Drumond nos sussurra: ESTE JARDIM É CARIOCA! CUIDE!!!

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

TRÊS MINISTROS MINEIROS NEGROS NO STF

PEDRO LESSA = Primeiro ministro do STF afro-descendente, nomeado pelo presidente da república Afonso Pena em outubro de 1907 ministro do STF, rompendo paradigmas e preconceitos que ainda permeiam a sociedade brasileira. E isto 20 anos apenas, depois de abolida a escravatura no país. Nasceu no SERRO, Minas Gerais, em 25/09/1859, formando-se em direito em São Paulo em 1883. Membro da ABL em 1910, tendo sido recebido por Clóvis Belvilacqua. Seus votos no STF foram decisivos para a implantação do "habeas-corpus", possibilitando a criação do "mandado de segurança". Faleceu o Rio de Janeiro no dia 25/07/1921.

HERMENEGILDO RODRIGUES DE BARROS = De JANUÁRIA, MG, nasceu em 31/08/1866. Fez as Humanidades no Colégio do Caraça, MG, e os preparatórios no Rio. Formou-se em Direito na Faculdade de Direito de São Paulo em 1886. Exercia a promotoria pública em Januária, quando foi nomeado juiz de direito de Carmo de Paranaíba, depois removido para Bonfim, MG, (1897-1898). Transferido para Palmira ( Santos Dumont), depois para a cidade de Ubá. Em setembro de 1903 o presidente de MG promoveu-o por merecimento ao Tribunal da Relação em setembro de 1903. Quando presidente desta corte foi nomeado Ministro do STF (22/06/1919). Criada a Justiça Eleitoral em 1933, exerceu o cargo de seu primeiro presidente. Ao se implantar o Estado Novo por Getúlio Vargas, foi aposentado compulsoriamente.

JOAQUIM BARBOSA = Nasceu em Paracatu, MG, em 07/10/1954. Desde os 16 anos em Brasília, trabalhou na gráfica do Correio Brasiliense, estudou em colégios públicos, cursou a Universidade de Brasília onde obteve o mestrado em direito público e foi oficial de chancelaria do Ministério das Relações Exteriores. Conquistou por concurso o cargo de Procurador da República, estudou na França (4 anos), com mestrado e doutorado em direito público naUniversidade de Paris (1990-1993). Procurador e professor concursado na Universidade do Estado do Rio. Fala fluentemente o francês, o inglês, o alemão e o espanhol. Toca violino e piano desde os 16 anos.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

CORÇÃO, UM DOS CONVERTIDOS DO SÉCULO XX

GUSTAVO CORÇÃO (1896-1978), escritor carioca de estilo chestertoniano, convertido, quarentão, ao catolicismo, no livro DEZ ANOS, em texto engrandecedor de narrador e narrado, carinhosamente descreve um fato ocorrido entre ele e o colega de trabalho, Nathan Neugroschel, na Escola Técnica do Exército. Em vésperas de casar-se, casa alugada por dois meses, uma contrariedade: o primeiro aparelho do gênero produzido na fábrica atrasa-se, devendo entrar em prolongadas experiências, logo na época do enlace do produtor. Sabedor do fato, seu "amigo de verdade" o procura: "Casa-te. Eu fico aqui!" E ficou. Jantava e vinha trabalhar até às duas da madrugada por mais de um mês. Informado do trabalho estafante do amigo, pediu para ele aos diretores da fábrica boa gratificação, sobremodo útil, porque então chegavam da Europa, sem nada, parentes de Nathan, fugindo do nazismo. Corção foi oferecer-lhe o dinheiro. Como uma criança emburrada, grosso, bruscamente num gesto quase cômico Nathan mostrou-lhe as mãos, dizendo: "A m... já me sujei as mãos... mas ainda não me chegou ao coração"! Sentindo o absurdo da ideia: a tentativa de Corção de pôr em cifras, de indenizar, de fazer a quadratura de uma generosidade perfeita, foram para um café, dialogando sobre outros assuntos. Nathan contou-lhe, então, como conseguira simplificar uma passagem de seu sonhado livro de introdução à teoria da relatividade, enquanto Corção sentia a m..., isto é, o cheque a lhe pesar no bolso e no coração. Quando lhe falava de Santo Tomás, Nathan o ouvia com um sorriso doloroso. Mas nunca opunha Einstein, pelo impedimento existente: a Viena perdida, sua infância, seu sangue, seus irmãos perseguidos. Corção nunca ousava esperar convertê-lo. Nunca ousou propor-lhe aquilo que a Nathan fora oferecido antes de lhe ter sido dado. Confessou-lhe Nathan que, quando lhe falavam em Deus, ele pensava nos judeus arrastados pelas barbas. Ao que Corção observava que ele também, em tais ocasiões, pensava num judeu espancado. E diante de tal encontro ou desencontro, os dois silenciavam, até que um teorema os tirasse da espessa realidade"(resumo quase "ipsis litteris"do capítulo do livro "DEZ ANOS", de Gustavo Corção).

terça-feira, 4 de setembro de 2012

ATENÇÃO!

No blog seguinte, no segundo parágrafo, na terceira linha, leia-se: "Era relativamente difícil" ...

TRÊS OPINIÕES PARA MEDITAÇÃO

Extraídas de três artigos da FOLHA DE SÃO PAULO do dia 04/09/12, A2 OPINIÃO:

ESTÍMULOS SUPERNORMAIS, de Hélio Schwartsman: "...a destilação do álcool e a biossíntese da cocaína agravaram nossos problemas com essas drogas. Era relativamente tornar-se alcoólatra ou cocainômano consumindo só cerveja pouco fermentada e chá de folhas de coca. JOGOS ON-LINE, ao oferecer um ambiente onde tudo o que acontece são coisas que nossos cérebros estão programados para apreciar, acabam tornando o mundo real um lugar bem menos estimulante que o virtual. É quase uma concorrência desleal."

O PÓS MENSALÃO, de Eliane Cantanhêde: "Muita água ainda vai rolar na eleição... Nada como uma cara nova, uma família bem arrumada, um discurso diferente e um padrinho forte justamente quando o julgamento do mensalão encerra uma era e uma geração e começa outras. Inclusive no PT. Tomara que, dessa vez, para melhor".

O GATO E O RATO, de Carlos Heitor Cony: "Daqui para frente, os interessados ficarão sabendo como, de uma forma ou de outra, as instituições legais conseguem apurar os variados tipos de corrupção e suborno. Serão criadas novas rotinas, meios e modos para ocultar indícios ou provas da corrupcão ativa e passiva, disfarçando ou complicando as operações ilícitas. A guerra do bem contra o mal continuará com o emprego de outras táticas e o processo será mais sofisticado, tornando impossível, difícil ou improvável a apuração dos crimes contra o Estado e a sociedade em geral".

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

AOS ADMIRADORES DE THOMAS MERTON

Quatro décadas depois da morte de THOMAS MERTON, MARIA LUÍSA LÓPES, em seu livro "THOMAS MERTON UMA VIDA COM HORIZONTE, brinda-nos com a seguinte página emblemática, resumo perfeito da vida do monge trapista. "Europa para nascer: puberdade e primeira juventude. América do Norte: juventude universitária, encontro com Cridto, descoberta de sua vocação definitiva. Ásia para morrer. Seu ingresso na Abadia Trapense de Nossa Senhora de Gethsemani divide, como um eixo, sua vida em duas partes exatas: faltavam-lhe 52 dias oara cumprir 27 anos quando, em 10/12/1941, cruzou a porta do mosteiro, os mesmos 52 dias que lhe faltavam para cumprir os 54 anos em 10/12/1968, quando um ventilador queimou seu corpo. Duas metades exatas de forte contraste: mobilidade contínua na primeira; um voto de estabilidade que o circunscreve a um determinado lugar na segunda. Estas duas partes se fazem contrapeso mutuamente, e o resultado é uma vida de profundo equilíbrio e fecundidade. Assim como nas coordenadas geométricas são necessários dois eixos, o horizontal e o vertical, que, cruzados perpendicularmente, determinam a situação de um ponto, a convergência e a perpendicularidade dessas duas metades dão significado e projeção adequada à sua vida. Em MERTON o humano e o divino se conjugam harmonicamente; a proporção entre o horizontal e o vertical é o que mais caracteriza sua vida e sua mensagem. O pensamento de Merton é adiantado ao tempo que lhe correspondeu viver, e também as circunstâncias concretas de sua vida se adiantam ao paradigma da sociedade de sua época; sem pretendê-lo, sua vida tem muitos traços em comum com o panorama social de nossos dias. Sua vida não foi fácil. Nem andou por caminhos trilhados. Não responde a nenhum esquema previsto, ao convencional de seu tempo. É uma busca partindo da desinstalação e insegurança na qual cada passo leva ao seguinte. Com a morte de sua mãe na idade de 6 anos, sua infância se desenvolve de acordo com a saga dos vaivés artísticos de seu pai, errando daqui para ali, com quase absoluta liberdade para tornar cada momento como melhor parecesse". THOMAS MERTON assim se definiu: "Tratei somente de dizer a verdade como a vi e dar testemunho do que descobri, vivendo no mundo do século vinte; ambas as coisas, sem a luz de Cristo e com ela. Há diferença; eu experimente essa diferença e procurei dizê-la. Isso é tudo".

sábado, 1 de setembro de 2012

CARTA AUTÊNTICA DE UM PAI

Encontrei entre "ACHADOS" o jornal ATALAIA (ano XV, n. 78) donde transcrevo o trecho seguinte de carta autêntica de um pai numa fossa profunda. "Repudio todos quantos, por ganância, por ideologia, ou por qualquer outro motivo, traficam drogas e induzem nossos filhos ao seu uso. Repudiá-las-ei sempre e o farei não apenas, meu filho, porque o roubaram de nosso convívio, mas porque estão abalando os alicerces e nossa Patria, porque estão destruindo aquilo que o Brasil tem de mais esperançoso para o seu futuro - nossa juventude. Adeus, meu filho! Eles o mataram e, aos poucos, estão matando seus amiguinhos e colegas. Ao lado de sua tumbra fria, eu lhe juro que não medirei esforços para proteger seus irmãos, a fim de que não tenham o mesmo destino. Haverei de lutar com tantos pais quanto possível. Haverei de tomar todas as iniciativas junto às aurtoridades, haverei de lançar meu desesperado brado de alerta a seus coleguinhas e a todos os moços do Brasil, para que se previnam contra esse maldito vício, para que escorracem, para que prendam e condenem à prisão perpétua todo traficante, todo que produz, para uso indevido, essas drogas que o levaram ao túmulo, meu filho! Pais que como eu estão ou estarão para ver ver seus filhos perdidos no uso de tóxicos, entrem urgentemente na luta contra esse vício, mas não se esqueçam , pelo amor de Deus, de que nossos filhos são somente vítimas e que precisam de todo o nosso carinho, da nossa compreensão, da nossa solidariedade. Mas essa luta não é para os fracos, pois eles, os nossos inimigos, aqueles que estão matando nossos filhos, estão dispostos a tudo para continuarem na vida boa, do não fazer nada, vestindo-se bem e gozando os prazeres que a vida e o dinheiro fácil lhes proporcionam. Encetemos essa luta ao lado das autoridades e convençamos nossos filhos de que eles são as grandes vítimas. Meu filho já não mais o tenho, mas o seu poderá ainda ser salvo!












terça-feira, 28 de agosto de 2012

GUSTAVO CORÇÃO - 0 LIXO E O MONGE - 2

O último - e PRIMEIRO - cargo público exercido por GUSTAVO CORÇÃO foi fiscal de lixeiro. Assinava o ponto em São Cristóvão às quatro da madrugada, recebendo do chefe o itinerário a ser percorrido pela carrocinha puxada por um burro, conduzida por lixeiro maltrapilho que mandava o burro parar e andar com uns gritos especiais só pelo animal entendidos. Devia acompanhá-lo de longe. Parecendo-me odioso fiscalizar um pobre tão pobre - morreria de vergonha se ele me visse e soubesse que o espiava; tentei seguir itinerários diferentes, embora me afligisse a ideia de não estar obedecendo à ordem dada. Que tal acompanhá-lo de perto como lixeiro suplente ou amigo? Assim as quatro horas de serviço encurtaram, pois íamos ambos andando e conversando. Lembro-me bem de um que deixara em Muriaé a Emília, sua namorada. De posse de todos os dados sobre ela, perguntou-me, um dia, se eu poderia pôr numa carta a saudade toda que fervia nele. Mas essa carta deveria começar assim: "Idolatrada Emília!" Não me lembro hoje dos nomes dos garis que fiscalizei ou acompanhei, mas de uma coisa estou certo: entro na festa da Semana do Gari como um velho gari aposentado que, com a prática adquirida, se obstina em querer ainda hoje despejar o lixo que afeia e entristece a cidade de Deus. E por falar em Cidade de Deus, junto os pés e num salto galgo 20 anos de vida mal vivida. Acho-me agora às portas daquela Cidade a procurar, como num pesadelo, o itinerário de um gari extraviado. Nessa procura encontrei um moço poeta que acabara de escrever um poema que começava assim: "Varredor que varres a rua, Tu varres o Reino de Deus!" e que terminava numa esperança parecida com o anúncio do jornal de então. Chamava-se LAURO BARBOSA, tinha idade para ser meu filho, mas teve mão para guiar-me como um pai, como um padre: DOM MARCOS BARBOSA ( "Conversa Em Sol Menor", pp. 127, GUSTAVO CORÇÃO).

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

GUSTAVO CORÇÃO - 1

GUSTAVO CORÇÃO BRAGA nasceu no Rio de Janeiro no dia 17/12/1896. Faleceu no dia 06/07/1978. Fez os primeiros estudos no COLÉGIO CORÇÃO, fundado por sua mãe, o curso SECUNDÁRIO no Colégio Pedro II, e engenharia na Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Trabalhou am Astronomia de Campo, em serviços de Força e Luz e em Indústria Eletrônica e Telecomunicações ate 1950. Ensinou Eletrônica Aplicada às Comunicações na Escola Técnica do Exército e na Escola Nacional de Engenharia da UFRJ, tendo exercido o cargo de Conselheiro do Conselho Federal de Cultura e do Conselho Técnico da Confederaçào Nacional do Comércio. Casou-se primeiro com Diva Cruz Paiva de que teve dois filhos, e em segundas núpcias com Hebe Ferreira da Silva que lhe deu quatro filhas. Converteu-se ao Catolicismo em 1939, para o que muito concorreu a leitura de G.K. CHESTERTON e de JACQUES MARITAIN. Colaborou no "Estado de São Paulo", no "Diário de Notícias", no "Globo", no "Jornal do Brasil". Foi diretor da revista "A Ordem" e vice-presidente do Centro Dom Vital, no Rio, até 1963. Foi inventor de um órgão musical eletrônico e escreveu entre outros os seguintes livros: "A Descoberta do Outro", "Lições de Abismo", "As Fronteiras da Técnica", "Dois Amores", "Três Alqueires e uma Vaca", "Claro-Escuro", "Dez Anos", "O Desconcerto do Mundo", "O Século do Nada", etc. O poeta beneditino Dom Marcos Barbosa (1915-1999) narra que, um dia, CORÇÃO, autografando-lhe um livro, escreveu que ele, Dom Marcos, fora seu pai, pois o acompanhara na época de sua conversão pelos corredores do Mosteiro de São Bento. Passado algum tempo, levando-lhe o monge-poeta pela última vez o Corpo do Senhor, CORÇÃO lhe perguntou se podia chamá-lo MEU FILHO. E os dois rezaram o PAI-NOSSO!

sábado, 25 de agosto de 2012

OUTRA EXPLICAÇÃO DA FRAÇÃO DO PÃO

Outra explicação do ritual litúrgico da FRAÇÃO DO PÃO, realizada durante a celebração do mistério da Eucaristia, é apresentada por 2 sacerdotes: o brasileiro Padre João Baptista Reus, S.J. (Curso de Liturgia, pp. 261) e o beneditino alemão Pius Parsch (Para Entender a Missa, pp. 139). Antigamente, celebrando o papa a missa em Roma, era-lhe apresentada num cálice uma partícula da hóstia consagrada na missa anterior. Esta partícula era juntada ao sangue então consagrado, manifestando-se assim a unidade e relação íntima entre a missa anterior e a presente. Com esta mesma finalidade, o papa enviava aos bispos das sedes episcopais de Roma, aos domingos e dias festivos, uma hóstia consagrada em sinal de comunhão com a Sé Apostólica. E no sábado que precedia ao domingo de Ramos o papa enviava aos bispos circunvizinhos uma hóstia consagrada para a próxima solenidade pascal; a mistura então das sagradas espécies era símbolo sublime e sinal da unidade da Igreja e da unidade do Sacrifício. Este costume cessou no século IX. A FRAÇÃO DO PÃO tinha um duplo significado: um de ordem prática, para a distribuição aos fieis, e outro de ordem espiritual. Daí se entende por que nos tempos dos apóstolos a ceia eucarística fosse chamada simplesmente de "a Fração do Pão", primeiro nome da missa. No blog anterior sobre o assunto, o ato de partir o pão foi considerado simbolicamente como a morte violenta de Cristo na cruz, e a mistura e união do corpo e do sangue de Cristo como símbolo da Ressurreição. O sacerdote rezando então "Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós", podemos dizer: "O Cordeiro de Deus, imolado e glorificado, está agora sobre o altar para que o recebamos. Está ali para apagar em nós as dívidas das ofensas que lhe infligimos e nos dar a paz".

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

SUICÍDIO DE GETÚLIO VARGAS (1954)

Há 58 anos GETÚLIO VARGAS suicidou-se no Rio. Anualmente, nesta data, como tantos patriotas, revivo este fato. E hoje o faço, lendo uma carta escrita no dia 26/10/1965 por Tristão de Athayde à sua filha madre Maria Thereza, quando fez referência à possibilidade de uma nova 1932, isto é, de uma nova revolução, constitucionalista, uma segunda, pois a primeira foi em 1930 ( Tristão escrevia durante o segundo ano da ditadura militar de 1964). E Tristão observa que a segunda, a de 1932, fracassou MILITARMENTE, mas afinal foi vitoriosa POLITICAMENTE, pois veio a Constituinte, estopim de sua deflagração. E o missivista lembra que o resultado obtido provocou uma famosa e profética frase de GETÚLIO VARGAS dita então ao Secretário da Presidência da República, RONALD DE CARVALHO (1893-1935), SEU CHEFE DE GABINETE, que perdeu a vida num desastre de automóvel na serra de Petrópolis quando em viagem com o próprio Presidente da República. Declara o missivista que a frase lhe foi reproduzida por Ronald de Carvalho no próprio dia 16 de julho de 1934, quando foi promulgada a nova Constituição no Rio de Janeiro. A frase foi a seguinte: "Esta ( a Constituição) foi feita pelo Palácio Tiradentes (sede do Congresso Nacional), contra o Palácio Guanabara (sede do governo federal naquele tempo). A próxima será feita pelo Palácio Guanabara contra o Palácio Tiradentes". Palavras estas de Getúlio Vargas ao Ronald em 1934 confirmadas na prática em 10/11/1937, com o ESTADO NOVO que caiu em outubro de 1945. No final da carta de Alceu Amoroso Lima à sua filha, escrita 30 anos depois da célebre frase de Getúlio, ele escrevia: "Estamos de novo, 30 anos depois (em 1965), em situações análogas!"

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O PARQUE DO FLAMENGO É OBRA DE LOTA

Em 04/06/1994 faleceu BURLE MARX no Rio. Em 02/07/1994 "O GLOBO" fez uma reportagem sobre LOTA DE MACEDO SOARES. Colhendo depoimentos de frequentadores do PARQUE DO FLAMENGO, o jornalista entrevistou um comerciante que há 30 anos fazia caminhadas ali. Que lhe disse que nunca imaginara ter sido aquele feito obra de uma mulher. Sempre achou que o autor fosse Burle Marx. Mas é bom saber que esse espaço urbano carioca foi pensado por uma mulher "LOTA DE MACEDO SOARES", contratada pelo governador do Estado, Carlos Lacerda (1961) para levar a cabo antigo projeto, engavetado em 1958. Assim foi que, escreve GUSTAVO CORÇÃO, LOTA DE MACEDO SOARES, "que sonhara urbanizar terras em Samambaia, PETRÓPOLIS, realizou naquele tempo, em outras terras, com outra substância, o "PARQUE DO FLAMENGO", no RIO. "Sim, o parque foi concebido e realizado por MARIA CARLOTA MACEDO SOARES, graças a colaboradores os mais dedicados do mundo. Deu jardins à cidade mais pobre do mundo. Deu pulmões a uma cidade com falta de ar. Deu um lugar amplo onde a criançada pobre e remediada pode ir brincar nos fins de semana. E aqui me vem ao espírito uma frase de Aristóteles: "A POLIS é obra da FILIA". A cidade, a organização política orientada para o bem comum é "obra de amizade". E foi esse transbordamento de um grande coração que ficou para nós no PARQUE DO FLAMENGO. Tenho no escritório diversas lembranças da amiga que me ajudou a embelezar um pouco o meu pequeno mundo, mas ainda mais viva tenho no coração a lembrança de sua voz sempre cordial e calorosa. O poeta disse: "Les cheres voix qui se sont tues". E eu imagino ou creio adivinhar a voz querida, veemente, divertida espantada, a cantar diante do trono de Deus, três vezes Santo, com vontade de nos comunicar, ao Lage, ao Barreto, à Joana, a MIM, a todos, o que vê na luz da Glória ("Conversa em Sol Menor", pp. 228, GUSTAVO CORÇÃO).

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

UM NATAL DE JOSÉ SARAMAGO

"Nesse tempo os Reis Magos ainda não existiam (ou sou eu que não me lembro deles) nem havia o costume de armar presépios com a vaca, o burro e o resto da companhia. Pelo menos na nossa casa. Deixava-se à noite o sapato ("o sapatinho") na chaminé, ao lado dos fogareiros de petróleo e na manhã seguinte ia-se ver o que o Menino Jesus lá teria deixado. Sim, naquele tempo era o Menino Jesus quem descia pela chaminé, não ficava deitado nas palhinhas, de umbigo ao leu, à espera de que os pastores lhe levassem o leite e o queijo, porque, disto, sim, iria precisar para viver, não do ouro-incenso-e-mirra dos magos, que, como se sabe, só lhe trouxeram amargos de boca. O Menino Jesus daquela época ainda era um Menino Jesus que trabalhava, que se esforçava por ser útil à sociedade, enfim, um proletário como tantos outros. Em todo caso, os mais pequenos da casa tínhamos nossas dúvidas: custava a acreditar que o Menino Jesus estivesse disposto a emporcalhar a brancura da sua veste descendo e subindo toda noite por paredes cobertas daquela fuligem negra e pegajosa que revestia o interior das chaminés. Talvez porque tivéssemos deixado transparecer por alguma meia palavra este saudável cepticismo, uma noite de Natal os adultos quiseram convencer-nos de que o sobrenatural não só existia mesmo, como o tínhamos dentro de casa. Dois deles, deviam ter sido dois, talvez o meu pai e o Antônio Barata, foram para o corredor e começarem a fazer deslizar carrinhos de brinquedo de um extremo a outro, enquanto os que haviam ficado conosco na cozinha diziam: "Estão a ouvir? São os Anjos". Eu conhecia aquele corredor como se tivesse nascido nele e nunca me tinha apercebido de qualquer sinal de uma presença angélica quando, por exemplo, firmando-me num lado e no outro com os pés e as mãos, trepava pelas paredes acima até tocar com a cabeça no teto. Lá em cima, anjos ou serafins, nem um para amostra. Passado tempo, estava eu já na adolescência, tentei repetir a habilidade, mas não fui capaz. As pernas haviam-me crescido, as articulações dos tornozelos e dos joelhos tinham-se tornado menos flexíveis, enfim, o peso das idade..."("AS PEQUENAS MEMÓRIAS', de José Saramago, pp. 104).