segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

FALTA ARROZ? JEIJÃO SERVE: É NATAL

Assim pensou e assim fez,na presumida concordância da netinha de apenas 3 anos. Tinha mais esta em Minas: 15 dias antes do Menino Deus nascer, plantava-se arroz com casca. Na noite feliz, grama natural forrava o chão dos privilegiados animais: boi, dromedários, jumentinho, carneirinhos, um ou outro cão de pastor, que acorreram ao anúncio do anjo do Senhor. Embora a presença de tais animais se deva apenas à tradição da Igreja que,lendo Isaías (1.3) fez chegar ao presepe o boi e o jumento, e à luz do Salmo 72,10 e de Isaías 60, lá fez entrar também os camelos e os dromedários (Em "Jesus de Nazaré", de Bento XVI, p. 82). Quanto aos demais costumeiros adereços do presepe: a árvore de natal, as montanhas, lagos com patinhos e peixinhos, e outras criações do imaginário popular cristão, "data venia" imagino um fruto natural da certeza de que com a encarnação do Filho toda a Natureza foi santificada, ficou redimida, daí nada dever faltar junto ao berço de Jesus em Belém. Bento XVI (idem, p.83) ainda acrescenta que com os 3 reis magos as "três idades do homem: a juventude, a idade adulta e a velhice" também estiveram presentes. Ideia razoavel, segundo o pontífice, demonstrando como as diversas formas da vida humana encontraram o respectivo significado e a sua unidade interior na comunhão com Jesus. O Papa dedica ainda um capítulo de sua obra a analisar o sentido da estrela que impeliu os magos a se porem a caminho em busca de Jesus. Depois de lembrar a afirmação de São Gregório Nazianzeno (330-390) de que, com a visita dos magos, teria chegado o fim da astrologia, porque a partir de então as estrelas teriam girado na órbita estabelecida por Cristo. "Não é a estrela que determina o destino do Menino, mas o Menino que guia a estrela. Poder-se-ia falar de guinada antropológica: o homem assumido por Deus - como aqui se mostra no Filho de Deus Unigênito - é maior do que todos os poderes do mundo material e vale mais do que o universo inteiro, na esteira do que escreveu São Paulo nas Cartas do Cativeiro aos Efésios e aos Colossenses, insistindo no fato de que Cristo ressuscitado venceu todo principado e potestade do ar e domina o universo inteiro. Mas...o que fez o avô junto com a netinha, do início da conversa? Semeu em vasos apropriados para enfeitar o presepe, não arroz com casca, não tínhamos achado ainda no Rio para comprar, mas grãos de feijão preto. E foi ela que pôs na terra os grãozinhos e cobriu de areia. Quinze dias depois, ontem, fomos a Petrópolis, e corremos a ver o resultado. Eu esperava vê-la bater palminhas, dar um grito de admiração como é de seu feitio. Contemplando os pezinhos de feijão nascidos, rubustos e folhudos e verdinhos nos seus 15 centímetros de altura, quedou-se absorta, pensativa, como se diante de algo misterioso mas que não assombrava, não amedrontava, sem nada dizer, sorrindo ao fim. Deve ter-se encontrado diante de um mistério...mistério de Natal!

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