sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

"PREFIRO SALVAR A SER SALVO"

Perguntado se toparia entrar de novo num buraco estreito para salvar uma criancinha de dois ou três anos, o garoto mal entrado na adolescência, tímido do tipo de meu tempo do interior mineiro, respondeu sorrindo: "Entraria de novo, sim, pois é melhor salvar do que ser salvo!" Esse fato deu-se hoje no Estado de São Paulo, o jornal Nacional mostrou. Também houve o caso do rapaz que , fugindo de assalto, entrou na mata, caiu num abismo, perdeu o sentido e salvou-se, voltando a si, usou o celular e foi socorrido. Também em São Paulo. Com isso tudo, esqueci um pouco o nosso maior Niemayer (que, afinal, depois de tanto ser levado aos ombros sem direito a descanso para o corpo repousou em paz) e quis tratar agora dos dois casos citados e bem a propósito. Eis que o primeiro, se vivesse ainda o carioca e escritor e advogado e diretor do Ginásio Mineiro e que faleceu em 1935, tão lembrado por nós crianças mineiras dos anos 40, CARLOS GÓES, autor da HISTÓRIA DA TERRA MINEIRA, eis que este opúsculo teria mais um capítulo comentando aquela frase do heroi paulista. Para Carlos Góes a literatura infantil tem o estrito dever de ser sadia e forte e sobretdo nacional. O assunto, o tema, o estilo, tudo terá de ser nacional, ostentando a nota de uma personalidade própria. O assunto, o tema, o estilo, tudo terá de ser nacional. Dar às crianças livros nesse gênero é nacionalizá-las desde logo, é forrá-las de condição étnica decisiva - o amor ao que é seu, o apego ao passado de sua História, o orgulho de sua raça, a consciência de sua nacionalidade, a absoluta confiança no futuro da Pátria". Nossa educação e formação dos anos 40 contava , além da citada obra de Carlos Goes, com os livros de Monteiro Lobato,com "O Livro de Violeta, de João Lúcio, com a antologia de O.D.C., com a "Leitura III"de Erasmo Braga, com o "Quarto Livro de Leitura"de Felisberto de Carvalho, com os numerosos livros escritos pelo inesquecível "Vovô Felício"(Vicente Guimarães, tio de Guimarães Rosa, autor da vida de Rui Barbosa, de São Vicente de Paulo, etc). Finalizando o prefácio de seu livro "História da Terra Mineira", Carlos Góes assim escreveu: "Oxalá possa este livro vir a preencher uma função: já não será um livro inútil, como tantos outros que nos têm caído da pena". Professor do século passado, eu me pergunto: não poderia voltar o tipo de literatura do ideário de Carlos Góes como complementação à volumosa quantidade informativa deste século em nossas escolas, outrora ditas primárias? E mais: "os livros educativos têm de ser a um tempo repositórios de ensinamentos morais e cívicos; se aqueles educam, estes instruem; se uns formam o homem, outros preparam o cidadão; se uns plasmam o caráter, outros afeiçoam o espírito; se uns habilitam o indivíduo para a sociedade, outros o arregimentam para a nação"(Carlos Góes).

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