domingo, 2 de dezembro de 2012

VOZ DE LÚCIO ANEU SÊNECA - ano I a.C.

A maior parte dos mortais queixa-se da malevolência da Natureza, porque estamos destinados a um momento da eternidade, e, segundo eles, o espaço de tempo que nos foi dado corre tão veloz e rápido, de forma que, à exceção de mui poucos, a vida abandonaria a todos em meio aos preparativos mesmos para a vida. E não é somente a multidão e a turba insensata que se lamenta deste mal considerado universal: a mesma impressão provocou queixas também de homens ilustres. Daí o protesto do maior dos médicos: "A vida é breve, longa a arte". Daí o litígio (de nenhuma forma apropriado a um homem sábio) que Aristóteles teve com a Natureza: "aos animais ela concedeu tanto tempo de vida que eles sobrevivem por 5 ou 10 gerações; ao homem, nascido para tantos e tão grandes feitos, está estabelecido um limite muito mais próximo". Não é curto o tempo que temos, mas dele muito perdemos. A vida é suficientemente longa e com generosidade nos foi dada para a realização das maiores coisas, se a empregamos bem. Mas quando ela se esvai no luxo e na indiferença, quando nào a empregamos em nada de bem, então finalmente constrangidos pela fatalidade, sentimos que ela já passou por nós sem que tivéssemos percebido. O fato é o seguinte: nào recebemos uma vida breve, mas a fazemos, nem somos dela carentes, mas esbanjadores. Tal como abundantes e régios recursos, quando caem nas mãos de um mau senhor, dissipam-se num momento, enquanto que, por pequenos que sejam, se são confiados a um bom guarda, crescem pelo uso, assim também nossa vida se estende por muito tempo para aquele que sabe dela bem dispor" ("Sobre a brevidade da vida", Sêneca).

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