P0R QUE POUCO REZAM OS CRISTÃOS?
"NINGUÉM SE ADMIRA QUE NUNCA REZEM aqueles que não acreditam em nada e levam a vida de acordo com algum sistema arbitrário e obscuro, de instintos e superstições, preconceitos, etc. Mas quando pessoas religiosas, cristãs, católicas, levam uma vida de acordo com esse mesmo espírito pagão e raramente rezam, então estes, os religiosos, os cristãos, deveriam sentir-se horrorizados, pois serão responsáveis também por tudo que está acontecendo! Onde ficou o DOGMA da COMUNHÃO DOS SANTOS e o dito do poeta latino Terêncio: "Nihil humani a me alienum puto! (interessa-me tudo que se refere ao ser humano)". Representam elas, as pessoas religiosas, uma pedra de escândalo para os cépticos, os ateus, os pagãos e outros que só vêem nelas versões de si próprias, apenas mais cruéis e pobres, menos inteligentes e vulgares! Se não temos ou não HÁ PAZ é porque nada fizemos para conservar a PAZ, nem mesmo para isso rezamos! Se quisermos a PAZ dentro de nós ou fora de nós, é porque não a pedimos a Deus: "Pedi e recebereis!" Para termos algum dia a PAZ, devemos desejar e pedir algo mais do que anestésicos, pois parece que é só isso que muitas vezes pedimos: tudo que possa evitar a dor (THOMAS MÉRTON). Já se observou que é justo no momento em que desejamos desfrutar sensações agradáveis e evitar as penosas que mais do que nunca parece haver maior sofrimento, maior brutalidade e horror, mais impossibilidade de evitá-las! "Pedi e recebereis" com FÉ! "Batei e abrir-se-vos-á" COM FÉ!"
terça-feira, 30 de dezembro de 2014
segunda-feira, 29 de dezembro de 2014
CREMOS, PORQUE DEUS NOS REVELOU
A FÉ , dom recebido no BATISMO, "PARECE" estar sempre em contradição consigo mesma, pois tudo o que dizemos sobre DEUS é de tal modo INADEQUADO, que nos projeta constantemente de cabeça para baixo. Em certas coisas existe mesmo mais glória para o católico do que para o céptico ao dizer: "EU NÃO SEI". Na REALIDADE, o verdadeiro "CÉPTICO" duvida para tentar saber. SE NÃO EXISTE QUALQUER OUTRA CERTEZA, ele DUVIDA para reduzir tudo ao nível das suas próprias noções, humanas e falíveis, de CERTEZA. Um CRISTÃO, PORÉM, CRÊ com o fito de SUBMETER TODOS OS PRODUTOS DE SEU próprio julgamento falível ao testemunho de uma REVELAÇÃO que é infalível, divina e eterna, - tão obscura quanto infalível, - obscura e misteriosa por ser tão simples quanto divina"("DIÁRIO SECULAR de THOMAS MÉRTON, PP.113). LEIA ESTE TEXTO COM VAGAR, procurando entender. Contém uma bela e reveladora lição!
sábado, 27 de dezembro de 2014
DEVOÇÃO PREDILETA DOS CARIOCAS
A julgar-se pela a presença numerosa de pessoas na missa de hoje, 27/12/14, Festa da Sagrada Família, e na das 17,00 da noite de Natal, na igreja do Colégio Santo Inácio, Rua São Clemente, penso que os católicos do Rio devem alimentar profunda e enrraizada devoção à Sagrada Familia: nas duas datas o enfoque são o Menino Jesus, Nossa Senhora e São José. Dos frutos colhidos das leituras ouvidas na liturgia da eucaristia, muito bem escolhidas, guardei os seguintes: a) "quem honra seu pai terá alegria com os próprios filhos", terá vida longa e obedecendo-lhe é consolo de sua mãe; "quem respeita sua mãe é como alguém que ajunta riquezas"; b) "maridos, amai vossas esposas e não sejais grosseiros com elas, e "esposas", sede solícitas com vossos maridos como convém no Senhor; c) "pais", não intimideis vossos filhos, para que eles não desanimem". A FÉ, um dom capital recebido em nosso batismo, parece ter sua prática executada a conta gotas em nosso meio brasileiro. Dos deveres que nos impõe a gente vai escolhendo o que nos agrada. Mas será que Cristo vê com bons olhos nosso modo de professá-la fazendo escolhas? Leia na próxima postagem o que escreveu THOMAS MÉRTON a respeito. Assim nos preparamos para o centenário de seu nascimento dia 31/01/15.
A julgar-se pela a presença numerosa de pessoas na missa de hoje, 27/12/14, Festa da Sagrada Família, e na das 17,00 da noite de Natal, na igreja do Colégio Santo Inácio, Rua São Clemente, penso que os católicos do Rio devem alimentar profunda e enrraizada devoção à Sagrada Familia: nas duas datas o enfoque são o Menino Jesus, Nossa Senhora e São José. Dos frutos colhidos das leituras ouvidas na liturgia da eucaristia, muito bem escolhidas, guardei os seguintes: a) "quem honra seu pai terá alegria com os próprios filhos", terá vida longa e obedecendo-lhe é consolo de sua mãe; "quem respeita sua mãe é como alguém que ajunta riquezas"; b) "maridos, amai vossas esposas e não sejais grosseiros com elas, e "esposas", sede solícitas com vossos maridos como convém no Senhor; c) "pais", não intimideis vossos filhos, para que eles não desanimem". A FÉ, um dom capital recebido em nosso batismo, parece ter sua prática executada a conta gotas em nosso meio brasileiro. Dos deveres que nos impõe a gente vai escolhendo o que nos agrada. Mas será que Cristo vê com bons olhos nosso modo de professá-la fazendo escolhas? Leia na próxima postagem o que escreveu THOMAS MÉRTON a respeito. Assim nos preparamos para o centenário de seu nascimento dia 31/01/15.
quinta-feira, 25 de dezembro de 2014
UM PENSAMENTO PARA O ANO NOVO DE 2015
"Você pode preparar, como quiser, um novo código de leis, um plano para um novo estado socialista, - que eu de minha parte o que darei é o meu casaco ao mendigo! E enquanto você não tiver dado o próprio casaco aos pobres, e partilhado o seu pão com aqueles que têm fome, o seu código e a sua sociedade planificada serão apenas objeto de ridículo", dizem os profetas e os santos! Se antes de tudo você se tornar voluntariamente pobre, pode ser que então começas a aprender alguma coisa sobre as leis de assistência ao pobre. Mas para isso é preciso TORNAR-SE POBRE EM CONSEQUÊNCIA DA VERDADEIRA CARIDADE, isto é, do amor de deus!"NÃO EXISTEM LEIS CARIDOSAS, mas apenas pessoas caridosas. Uma lei vale pelas pessoas por quem é aplicada. Assim escreveu THOMAS MÉRTON em 01/09/1941 ("DIÁRIO SECULAR"). E mais: "Não há lei que possa jamais abolir a pobreza. Não há revolução que possa jamais abolir a pobreza. A pobreza jamais será abolida, enquanto todo o mundo amar as riquezas ou as honras ou a posição ou a fama ou a importância!" E finalmente: dia 31/01/2015 centenário de nascimento de Thomas Mérton.
"Você pode preparar, como quiser, um novo código de leis, um plano para um novo estado socialista, - que eu de minha parte o que darei é o meu casaco ao mendigo! E enquanto você não tiver dado o próprio casaco aos pobres, e partilhado o seu pão com aqueles que têm fome, o seu código e a sua sociedade planificada serão apenas objeto de ridículo", dizem os profetas e os santos! Se antes de tudo você se tornar voluntariamente pobre, pode ser que então começas a aprender alguma coisa sobre as leis de assistência ao pobre. Mas para isso é preciso TORNAR-SE POBRE EM CONSEQUÊNCIA DA VERDADEIRA CARIDADE, isto é, do amor de deus!"NÃO EXISTEM LEIS CARIDOSAS, mas apenas pessoas caridosas. Uma lei vale pelas pessoas por quem é aplicada. Assim escreveu THOMAS MÉRTON em 01/09/1941 ("DIÁRIO SECULAR"). E mais: "Não há lei que possa jamais abolir a pobreza. Não há revolução que possa jamais abolir a pobreza. A pobreza jamais será abolida, enquanto todo o mundo amar as riquezas ou as honras ou a posição ou a fama ou a importância!" E finalmente: dia 31/01/2015 centenário de nascimento de Thomas Mérton.
quarta-feira, 24 de dezembro de 2014
"UM FELIZ NATAL DO PAPA FRANCISCO
O NATAL costuma ser sempre uma ruidosa festa; entretanto se faz necessário o SILÊNCIO, para que se consiga ouvir a voz do amor.
Natal é VOCÊ, quando se dispõe todos os dias a renascer e deixar que Deus penetre em sua alma.
O PINHEIRO DE NATAL é você, quando com sua força resiste aos ventos e dificuldades da vida.
VOCÊ é a DECORAÇÃO de NATAL, quando com suas virtudes são cores que enfeitam sua vida. VOCÊ é o SINO DE NATAL, quando chama, congrega, reúne.
A LUZ de Natal é você, quando com uma vida de bondade, paciência, alegria e generosidade consegue ser luz a iluminar o caminho dos outros.
Você é o ANJO do Natal, quando consegue entoar e cantar sua mensagem de paz, justiça e de amor. A ESTRELA-GUIA do NATAL é você, quando consegue levar alguém ao encontro do Senhor.
Você será os REIS MAGOS, quando conseguir dar de presente o melhor de si indistintamente a todos. A música de NATAL é você, quando consegue também sua harmonia interior.
O PRESENTE DE NATAL é você, quando consegue comportar-se como verdadeiro irmão e amigo de qualquer ser humano. O CARTÃO DE NATAL é você, quando a bondade está escrita no gesto de amor de suas mãos.
Você será "os VOTOS DE FELIZ NATAL", quando perdoar restabelecendo de novo a paz, mesmo a custo de seu próprio sacrifício.
A CEIA DE NATAL é você, quando sacia de pão e esperança qualquer carente ao seu lado.
Você é a NOITE DE NATAL, quando consciente, humilde, longe de ruídos e de grandes celebrações, em silêncio, recebe o "SALVADOR DO MUNDO".
Um muito FELIZ NATAL a todos que procuram assemelhar-se com este NATAL.
Papa Francisco.
O NATAL costuma ser sempre uma ruidosa festa; entretanto se faz necessário o SILÊNCIO, para que se consiga ouvir a voz do amor.
Natal é VOCÊ, quando se dispõe todos os dias a renascer e deixar que Deus penetre em sua alma.
O PINHEIRO DE NATAL é você, quando com sua força resiste aos ventos e dificuldades da vida.
VOCÊ é a DECORAÇÃO de NATAL, quando com suas virtudes são cores que enfeitam sua vida. VOCÊ é o SINO DE NATAL, quando chama, congrega, reúne.
A LUZ de Natal é você, quando com uma vida de bondade, paciência, alegria e generosidade consegue ser luz a iluminar o caminho dos outros.
Você é o ANJO do Natal, quando consegue entoar e cantar sua mensagem de paz, justiça e de amor. A ESTRELA-GUIA do NATAL é você, quando consegue levar alguém ao encontro do Senhor.
Você será os REIS MAGOS, quando conseguir dar de presente o melhor de si indistintamente a todos. A música de NATAL é você, quando consegue também sua harmonia interior.
O PRESENTE DE NATAL é você, quando consegue comportar-se como verdadeiro irmão e amigo de qualquer ser humano. O CARTÃO DE NATAL é você, quando a bondade está escrita no gesto de amor de suas mãos.
Você será "os VOTOS DE FELIZ NATAL", quando perdoar restabelecendo de novo a paz, mesmo a custo de seu próprio sacrifício.
A CEIA DE NATAL é você, quando sacia de pão e esperança qualquer carente ao seu lado.
Você é a NOITE DE NATAL, quando consciente, humilde, longe de ruídos e de grandes celebrações, em silêncio, recebe o "SALVADOR DO MUNDO".
Um muito FELIZ NATAL a todos que procuram assemelhar-se com este NATAL.
Papa Francisco.
domingo, 21 de dezembro de 2014
PASSASTE NO TESTE, MARINA SILVA!
Neste mês de sobressalto, pelo que na falta de patriotismo, de compostura, a nossa PETROBRÁS vem sofrendo da parte de quem devia protegê-la, presenciei no canal 40 da Globo-News a entrevista de MARINA SILVA com o jornalista ROBERTO DÁVILA. A parte final, sobretudo, da resposta a uma sutil provocação do interlocutor terminando o programa, bem que merecia um lugar de relevo em alguma antologia política. Do tipo, por exemplo, do que escreveu o político mineiro Joaquim de Salles em seu livro "Se não me falha a memória", ao falar de conhecido e antigo ex-governador de Minas Gerais RAUL SOARES: "Um ser humano em toda a extensão da palavra. Inteligência rara, formidável capacidade de apreensão e compreensão, orador elegante e dominador, argumentador poderoso, revelava-se, não obstante, tolerante e liberal, admitindo a discussão de suas opiniões sem a estulta pretensão de que o poder confere a infalibilidade. Andava sempre de olhos arregalados; se os obstáculos eram naturais, removia-os com jeito. Se lhe punham pedras na estrada, pegava-as e atirava-as sobre a cabeça dos malvados que pretendiam fazê-lo tropeçar. Com os amigos na intimidade, fosse qual fosse o assunto, ele o expunha sempre sorrindo. Os olhos pareciam expedir chispas mas aquele ar superior nada tinha de duro, mas era um ímã. Cedia à razão sem a preocupação de impor sua opinião, conquanto em casos essenciais do interesse político ou dos brios de Minas, a sua atitude fosse - e nunca deixou de ser - de uma firmeza que consideração alguma conseguia abalar. Raul era um homem sem dobras e, apesar de bom político, o seu caminho não tinha atalhos. Mas não seria inabordável e estava bem informado sobre os homens e as coisas de seu tempo". Penso que desejável seria se incentivasse a publicação de biografias de nossos políticos que marcaram época desde a proclamação da república. O momento é propício, pois se ressente o país da ausência de líderes políticos autênticos, convencidos de que o serviço público atualmente prestado está muito longe, muito distante daquele que reclama nossa democracia.
Neste mês de sobressalto, pelo que na falta de patriotismo, de compostura, a nossa PETROBRÁS vem sofrendo da parte de quem devia protegê-la, presenciei no canal 40 da Globo-News a entrevista de MARINA SILVA com o jornalista ROBERTO DÁVILA. A parte final, sobretudo, da resposta a uma sutil provocação do interlocutor terminando o programa, bem que merecia um lugar de relevo em alguma antologia política. Do tipo, por exemplo, do que escreveu o político mineiro Joaquim de Salles em seu livro "Se não me falha a memória", ao falar de conhecido e antigo ex-governador de Minas Gerais RAUL SOARES: "Um ser humano em toda a extensão da palavra. Inteligência rara, formidável capacidade de apreensão e compreensão, orador elegante e dominador, argumentador poderoso, revelava-se, não obstante, tolerante e liberal, admitindo a discussão de suas opiniões sem a estulta pretensão de que o poder confere a infalibilidade. Andava sempre de olhos arregalados; se os obstáculos eram naturais, removia-os com jeito. Se lhe punham pedras na estrada, pegava-as e atirava-as sobre a cabeça dos malvados que pretendiam fazê-lo tropeçar. Com os amigos na intimidade, fosse qual fosse o assunto, ele o expunha sempre sorrindo. Os olhos pareciam expedir chispas mas aquele ar superior nada tinha de duro, mas era um ímã. Cedia à razão sem a preocupação de impor sua opinião, conquanto em casos essenciais do interesse político ou dos brios de Minas, a sua atitude fosse - e nunca deixou de ser - de uma firmeza que consideração alguma conseguia abalar. Raul era um homem sem dobras e, apesar de bom político, o seu caminho não tinha atalhos. Mas não seria inabordável e estava bem informado sobre os homens e as coisas de seu tempo". Penso que desejável seria se incentivasse a publicação de biografias de nossos políticos que marcaram época desde a proclamação da república. O momento é propício, pois se ressente o país da ausência de líderes políticos autênticos, convencidos de que o serviço público atualmente prestado está muito longe, muito distante daquele que reclama nossa democracia.
quinta-feira, 18 de dezembro de 2014
- INÍCIO DA QUEDA DO EMBARGO DE CUBA
- Para marcar o dia do início (1959) da queda do embargo de CUBA por iniciativa de OBAMA e RAUL CASTRO, e também do papa FRANCISCO, eis o que escreveu MÉRTON em seu livro ("DIÁRIO SECULAR DE T.M.", 1939), quando conheceu a ILHA: "Havana, abril 1940: NOSSA SENHORA do CARMO É UMA VASTA IGREJA TRIUNFANTE, COM AMPLAS ARCADAS, ORNAMENTAÇÕES BARROCAS E FARTA ILUMINAÇÃO. E o retábulo do altar-mor é particularmente bem trabalhado. No centro dele esta a VIRGEM Do MONTE CARMELO, triunfante, bela, misericordiosa, usando uma coroa e carregando o MENINO JESUS, o Rei, Seu Filho. De um lado, está São João da Cruz carregando naturalmente uma cruz e fixando uma luz vinda do céu. Do outro lado, está Santa Teresa de Ávila arrebatada, com a pomba, símbolo do Espírito Santo, voando sobre ela. Aos domingos, o Carmo está atopetado de gente durante a manhã inteira, como aliás todas as outras igrejas em Havana. Moças com mantilhas de renda preta cobrindo a cabeça, homens e crianças, e no meio deles uma surpreendente proporção de gente bela, belos olhos e faces, belos gestos, povo cheio de alegria, de bondade e de graça. E assim é em todas as igrejas, - no Santo Cristo, nas Mercês, em São Feancisco ou na catedral de São Cristóvão de Havana". Foi essa a primeira igreja de Havana em que entrei. O lugar é impressionante, significando algo de muito importante. O artista conseguiu comunicar uma impressão do poder e da majestade de Deus. O caráter impressionante de La Reina e o modo como ela aterroriza com o sentido da realidade de Deus constitui apenas um aspecto do sentido da realidade de Deus que o Espanhol possui em grau mais elevado do que a maioria dos outros povos. O exemplo disso que mais desagrada aos anglo-saxões é a realidade intensa com a qual o sofrimento de Cristo Crucificado costuma ser impresso na arte religiosa espanhola". Nessa época MÉRTON encaminhava-se aos poucos para sua conversão ao catolicismo.
terça-feira, 16 de dezembro de 2014
quarta-feira, 10 de dezembro de 2014
TRINTA E UM ANOS SEM TRISTÃO
Nasceu no Rio de Janeiro no dia 12 de dezembro de 1893 ALCEU AMOROSO LIMA, mais conhecido entre nós como TRISTÃO DE ATHAYDE. Faleceu em Petrópolis no dia 14 de agosto de 1983 em plena lucidez, tendo manejado a pena - seu grande instrumento de trabalho - até o final, foi a conclusão de um ciclo. O grande cedro tombou, tendo dado o fruto a seu tempo, escreveu Dom Clemente Isnard, OSB, ex-bispo de Friburgo. Aguardando a convocação do Mestre Divino, seu corpo repousa no cemitério São João Batista, em Botafogo, no Rio, ao lado de sua esposa, Maria Thereza, também falecida em Petrópolis, aos 22 de outubro de 1981. Depois de sua morte, foram publicados dois livros seus, "Cartas do Pai" (2003) e "Diário de Um Ano de Trevas"(2013), pelo Instituto Moreira Sales. Segundo Frei Beto, Tristão escreveu cartas quase diárias para sua filha Maria Tereza, do Mosteiro Santa Maria de São Paulo. Essas cartas, conteúdo dos livros citados, eram levadas à agência dos correios de Petrópolis pelo pai que sempre reclamou da inexistência de um corrimão na escadaria de acesso ao prédio. Comentário de Frei Beto: "Ele morreu em 1983 sem ver o corrimão instalado - e sem assistir à volta da democracia no Brasil. Em sua obra "Voz de Minas", Tristão deixou o seguinte: "A educação mineira é menos obra de arte que obra da natureza. Não é uma técnica, é um costume. Não é uma ciência, é uma tradição. Passa de pais a filhos com a naturalidade das transmissões hereditárias. Basta dizer que o paradigma da mais autêntica educação mineira já data de mais de um século. Vamos encontrá-lo no Regulamento do velho Colégio do Caraça que Elisée Reclus chamava "um dos baluartes do catolicismo no Brasil".
Nasceu no Rio de Janeiro no dia 12 de dezembro de 1893 ALCEU AMOROSO LIMA, mais conhecido entre nós como TRISTÃO DE ATHAYDE. Faleceu em Petrópolis no dia 14 de agosto de 1983 em plena lucidez, tendo manejado a pena - seu grande instrumento de trabalho - até o final, foi a conclusão de um ciclo. O grande cedro tombou, tendo dado o fruto a seu tempo, escreveu Dom Clemente Isnard, OSB, ex-bispo de Friburgo. Aguardando a convocação do Mestre Divino, seu corpo repousa no cemitério São João Batista, em Botafogo, no Rio, ao lado de sua esposa, Maria Thereza, também falecida em Petrópolis, aos 22 de outubro de 1981. Depois de sua morte, foram publicados dois livros seus, "Cartas do Pai" (2003) e "Diário de Um Ano de Trevas"(2013), pelo Instituto Moreira Sales. Segundo Frei Beto, Tristão escreveu cartas quase diárias para sua filha Maria Tereza, do Mosteiro Santa Maria de São Paulo. Essas cartas, conteúdo dos livros citados, eram levadas à agência dos correios de Petrópolis pelo pai que sempre reclamou da inexistência de um corrimão na escadaria de acesso ao prédio. Comentário de Frei Beto: "Ele morreu em 1983 sem ver o corrimão instalado - e sem assistir à volta da democracia no Brasil. Em sua obra "Voz de Minas", Tristão deixou o seguinte: "A educação mineira é menos obra de arte que obra da natureza. Não é uma técnica, é um costume. Não é uma ciência, é uma tradição. Passa de pais a filhos com a naturalidade das transmissões hereditárias. Basta dizer que o paradigma da mais autêntica educação mineira já data de mais de um século. Vamos encontrá-lo no Regulamento do velho Colégio do Caraça que Elisée Reclus chamava "um dos baluartes do catolicismo no Brasil".
terça-feira, 9 de dezembro de 2014
VIAGEM DE MÉRTON A BANGKOK 4
Última postagem sobre esta viagem. Diário de 06/11/68: Amanhã parto para Cingapura, cidade dos transistores, camisas de seda, levando comigo um estoque de filmes Plus X de 35mm. Próxima parada BANGKOK. Depois a Indonésia onde começa toda uma nova jornada. Ainda não sei com certeza aonde ela me levará, nem o que posso ou devo planejar. Estou farto de aviões e hotéis. Mas a jornada apenas começou. Alguns dos lugares que eu realmente queria ver desde o início nem foram tocados". Trechos da carta do Abade Burns aos irmãos de Getsêmani: "Na manhã do dia em que morreu, ele nos fizera uma conferência e todos esperávamos a sessão da tarde quando devia responder a perguntas sobre o texto e sobre assuntos monásticos em geral. Depois do almoço recolheu-se ao quarto. Algum tempo depois, ouviu-se um grito vindo de sua cabana, mas depois de uma troca de impressões, pensou-se que o grito teria sido imaginado. Foi encontrado no fim da tarde e jazia no chão, deitado de costas, com o ventilador elétrico ligado atravessado sobre o peito. Uma das religiosas com experiência médica logo o atendeu, mas ele já estava morto. O rosto do Padre Louis expressava grande profunda paz e era evidente que ele encontrara Aquele que tão diligentemente havia buscado". En 4 das postagens anteriores as últimas palavras deixadas por escrito em seu diário pelo piedoso monge THOMAS MÉRTON.
Última postagem sobre esta viagem. Diário de 06/11/68: Amanhã parto para Cingapura, cidade dos transistores, camisas de seda, levando comigo um estoque de filmes Plus X de 35mm. Próxima parada BANGKOK. Depois a Indonésia onde começa toda uma nova jornada. Ainda não sei com certeza aonde ela me levará, nem o que posso ou devo planejar. Estou farto de aviões e hotéis. Mas a jornada apenas começou. Alguns dos lugares que eu realmente queria ver desde o início nem foram tocados". Trechos da carta do Abade Burns aos irmãos de Getsêmani: "Na manhã do dia em que morreu, ele nos fizera uma conferência e todos esperávamos a sessão da tarde quando devia responder a perguntas sobre o texto e sobre assuntos monásticos em geral. Depois do almoço recolheu-se ao quarto. Algum tempo depois, ouviu-se um grito vindo de sua cabana, mas depois de uma troca de impressões, pensou-se que o grito teria sido imaginado. Foi encontrado no fim da tarde e jazia no chão, deitado de costas, com o ventilador elétrico ligado atravessado sobre o peito. Uma das religiosas com experiência médica logo o atendeu, mas ele já estava morto. O rosto do Padre Louis expressava grande profunda paz e era evidente que ele encontrara Aquele que tão diligentemente havia buscado". En 4 das postagens anteriores as últimas palavras deixadas por escrito em seu diário pelo piedoso monge THOMAS MÉRTON.
VIAGEM DE MÉRTON EM BUSCA DE BANGKOK 4
Diário de 24/11/68: " Que é uma VOCAÇÃO? É um chamado e uma resposta. Conceber o chamado de Deus como uma ORDEM EXPRESSA para realizar uma tarefa nem sempre com certeza é um engano, mas só se torna verdade depois de um longo esforço interior pelo qual passa a ser óbvio que nunca tal coerção foi manifesta. Mas pode também acontecer que a ordem chegue a maturidade junto com a pessoa que a deve executar e que ela de certo modo se transforme nessa própria pessoa que já atingiu agora a maturidade plena. O processo de amadurecimento pode ser enfim uma misteriosa maneira de morrer, desde que a tarefa se inicie com a morte. É preciso haver uma escolha vertiginosa, uma ruptura definitiva pela qual a certeza que se adquiriu de ser chamado é despedaçada. O que consagra uma vocação - e a palavra é usada adequadamente aqui - e a eleva à altura do sacrifício que ela se torna é o rompimento com essa aparente ordem de ser, com seu pleno desenvolvimento formal ou sua eficácia visível" (Pierre Emmanuel, La Loi déxode). Aproxima-se o fim da viagem. Mérton se encanta com a natureza da região: vistas imprevisíveis, com o mar por perto, as palmeiras. "Bem que gostaria de ter vagado em meio às pedras, admirável a praia, o azul -brilhante da baía de Bengala. O templo junto à costa, batido pelas intempéries. Conversa com o Dr. Raghavan sobre a diferença entre experiência estética e experiência religiosa; a estética só perdura estando presente o objeto; o conhecimento religioso dispensa tal presença. Conhecendo-se "brahman", a vida é permanentemente transformada de dentro para fora. Foi arrastado por uma onda de gratidão e consolo ante a clareza das figuras da diversidade dos Budas. "Quero dizer que sei e vi aquilo de que andava obscuramente à procura. Esta é a Asia em sua pureza. Não precisando de nada, pode-se permitir ficar calada, sem precisar ser descoberta".
Diário de 24/11/68: " Que é uma VOCAÇÃO? É um chamado e uma resposta. Conceber o chamado de Deus como uma ORDEM EXPRESSA para realizar uma tarefa nem sempre com certeza é um engano, mas só se torna verdade depois de um longo esforço interior pelo qual passa a ser óbvio que nunca tal coerção foi manifesta. Mas pode também acontecer que a ordem chegue a maturidade junto com a pessoa que a deve executar e que ela de certo modo se transforme nessa própria pessoa que já atingiu agora a maturidade plena. O processo de amadurecimento pode ser enfim uma misteriosa maneira de morrer, desde que a tarefa se inicie com a morte. É preciso haver uma escolha vertiginosa, uma ruptura definitiva pela qual a certeza que se adquiriu de ser chamado é despedaçada. O que consagra uma vocação - e a palavra é usada adequadamente aqui - e a eleva à altura do sacrifício que ela se torna é o rompimento com essa aparente ordem de ser, com seu pleno desenvolvimento formal ou sua eficácia visível" (Pierre Emmanuel, La Loi déxode). Aproxima-se o fim da viagem. Mérton se encanta com a natureza da região: vistas imprevisíveis, com o mar por perto, as palmeiras. "Bem que gostaria de ter vagado em meio às pedras, admirável a praia, o azul -brilhante da baía de Bengala. O templo junto à costa, batido pelas intempéries. Conversa com o Dr. Raghavan sobre a diferença entre experiência estética e experiência religiosa; a estética só perdura estando presente o objeto; o conhecimento religioso dispensa tal presença. Conhecendo-se "brahman", a vida é permanentemente transformada de dentro para fora. Foi arrastado por uma onda de gratidão e consolo ante a clareza das figuras da diversidade dos Budas. "Quero dizer que sei e vi aquilo de que andava obscuramente à procura. Esta é a Asia em sua pureza. Não precisando de nada, pode-se permitir ficar calada, sem precisar ser descoberta".
AVIAGEM DE MÉRTON A BANGKOK 3
Em 08/11/68: "Consultei Dalai Lama sobre a questão marxismo, objeto de minha palestra em Bangkok. Disse-me ser impraticável monges e comunistas se entenderem, mas que isso talvez não fosse totalmente impossível, se o marxismo significasse apenas o estabelecimento de uma justa estrutura social e econômica. Talvez houvesse alguma verdade na crítica de Marx à religião, tendo em vista o fato de líderes religiosos já se haverem unido ao poder secular. Mesmo assim, por outro lado, o ateismo militante se empenhou de fato por suprimir todas as formas de religião, boas ou más. Tenho grande afeição e respeito por ele como pessoa, crendo além disso que entre nós há um verdadeiro vínculo espiritual. Ele observou que eu sou um "gesbe católico", o que, segundo Harold, era o mais alto elogio possível partido de um "Gelugpa", como um doutorado honorário!" Diário em 17/11/68: "Sinto que a falta de tranquilidade interior e exterior em Getsêmani é indício de que eu deveria mudar-me. Mudar-me temporária ou definitivamente? Separando-me, creio dever manter lá uma residência oficial. Como me faz falta, creio dever terminar meus dias lá mesmo. O problema de eu simplesmente querer "sair de Getsêmani" nem sequer se coloca. É o meu mosteiro e o fato de eu estar longe ajudou-me a vê-lo em perspectiva e amá-lo mais! Tanto quanto posso ver, tudo é verdadeiro, embora muita coisa aqui, sem dúvida alguma, tenha sido corrompida pelo Ocidente."Próximo blog 4: 24/11/68. AGUARDE!
Em 08/11/68: "Consultei Dalai Lama sobre a questão marxismo, objeto de minha palestra em Bangkok. Disse-me ser impraticável monges e comunistas se entenderem, mas que isso talvez não fosse totalmente impossível, se o marxismo significasse apenas o estabelecimento de uma justa estrutura social e econômica. Talvez houvesse alguma verdade na crítica de Marx à religião, tendo em vista o fato de líderes religiosos já se haverem unido ao poder secular. Mesmo assim, por outro lado, o ateismo militante se empenhou de fato por suprimir todas as formas de religião, boas ou más. Tenho grande afeição e respeito por ele como pessoa, crendo além disso que entre nós há um verdadeiro vínculo espiritual. Ele observou que eu sou um "gesbe católico", o que, segundo Harold, era o mais alto elogio possível partido de um "Gelugpa", como um doutorado honorário!" Diário em 17/11/68: "Sinto que a falta de tranquilidade interior e exterior em Getsêmani é indício de que eu deveria mudar-me. Mudar-me temporária ou definitivamente? Separando-me, creio dever manter lá uma residência oficial. Como me faz falta, creio dever terminar meus dias lá mesmo. O problema de eu simplesmente querer "sair de Getsêmani" nem sequer se coloca. É o meu mosteiro e o fato de eu estar longe ajudou-me a vê-lo em perspectiva e amá-lo mais! Tanto quanto posso ver, tudo é verdadeiro, embora muita coisa aqui, sem dúvida alguma, tenha sido corrompida pelo Ocidente."Próximo blog 4: 24/11/68. AGUARDE!
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
VIAGEM DE MÉRTON A BANGKOK NA TAILÂNDIA 2
MÉRTON no diário de 15/10/68: "ALEGRIA. Saímos do chão - eu com mantas cristãos e um grande senso de destino, de estar por fim em meu verdadeiro caminho, após anos de esperança e indagação e perda de tempo. Que eu não volte sem haver resolvido a grande questão. Nem sem haver também descoberto a grande compaixão, "makakaruna". Estou indo para casa, a casa onde jamais estive com este corpo, onde jamais estive com este terno lavável, onde jamais estive com estas malas (É preciso que em Bangkok haja uma catarse das malas), onde jamais estive com estes livros dignos de nota, "Tibetan Yoga and Secret Doctrines, de Evans-Wentz, e outros". Em 17/10/68: "Gente bonita e atenciosa, excetuados os que estão aprendendo depressa demais com os americanos". 04/11/68: "Tive audiência hoje cedo com o Dalai Lama em sua nova residência. Passaportes vistoriados por um funcionário hindu. Vários monges em volta - como em volta de qualquer lugar ficam monges, talvez à espera de alguma parte. Dalai Lama impressiona muito como pessoa. Ativo, forte, mais alto do que eu esperava. De política nem uma palavra. Toda conversa em torno de religião, filosofia e, particularmente, a meditação e seus métodos. Ele me disse contente por me ver, que já ouvira falar muito de mim. Falei de minhas preocupações pessoais, meu interesse pelo misticismo tibetano. Aconselhou-me ter uma boa base de filosofia Madhyamika. Dispôs-se a me atender de novo depois de amanhã e que tinha algumas perguntas a me fazer. Tenho grande confiança nele como pessoa carismática. A experiência está sendo ótima. Ótimo não estar recebendo cartas. Ninguém agora sabe onde me alcançar. Próxima postagem: 3.
MÉRTON no diário de 15/10/68: "ALEGRIA. Saímos do chão - eu com mantas cristãos e um grande senso de destino, de estar por fim em meu verdadeiro caminho, após anos de esperança e indagação e perda de tempo. Que eu não volte sem haver resolvido a grande questão. Nem sem haver também descoberto a grande compaixão, "makakaruna". Estou indo para casa, a casa onde jamais estive com este corpo, onde jamais estive com este terno lavável, onde jamais estive com estas malas (É preciso que em Bangkok haja uma catarse das malas), onde jamais estive com estes livros dignos de nota, "Tibetan Yoga and Secret Doctrines, de Evans-Wentz, e outros". Em 17/10/68: "Gente bonita e atenciosa, excetuados os que estão aprendendo depressa demais com os americanos". 04/11/68: "Tive audiência hoje cedo com o Dalai Lama em sua nova residência. Passaportes vistoriados por um funcionário hindu. Vários monges em volta - como em volta de qualquer lugar ficam monges, talvez à espera de alguma parte. Dalai Lama impressiona muito como pessoa. Ativo, forte, mais alto do que eu esperava. De política nem uma palavra. Toda conversa em torno de religião, filosofia e, particularmente, a meditação e seus métodos. Ele me disse contente por me ver, que já ouvira falar muito de mim. Falei de minhas preocupações pessoais, meu interesse pelo misticismo tibetano. Aconselhou-me ter uma boa base de filosofia Madhyamika. Dispôs-se a me atender de novo depois de amanhã e que tinha algumas perguntas a me fazer. Tenho grande confiança nele como pessoa carismática. A experiência está sendo ótima. Ótimo não estar recebendo cartas. Ninguém agora sabe onde me alcançar. Próxima postagem: 3.
MÉRTON EM BUSCA DE BANGKOK NA TAILÂNDIA 1
Em 29/07/1968 THOMAS MÉRTON escreve : "Dentro de 8 semanas devo partir daqui. Pode ser quem sabe que eu não volte. Não que espere que alguma coisa dê errado - embora seja possível. Seja como for, não espero estar aqui de volta antes de alguns meses. Desse ou daquele jeito realmente não me importo se eu não voltar. Porém se eu conseguir achar um lugar para "desaparecer", ótimo. Se eu tiver de levar uma vida relativamente nômade, sem moradia fixa, tudo bem também. O que realmente me intriga é a idéia de partir para algo desconhecido, não pedindo nem esperando nada de muito especial, mas desejando tão só fazer o que Deus exige de mim, seja lá o que for". Em carta de 01/09/68 escreve: "O que se grava em mim é que em breve eu deixarei mesmo este lugar, para por muito tempo viver só com uma mala. Largando meus livros, o casebre, a segurança, o tempo para escrever, o tempo para estar só e indo não sei aonde, tendo apenas pela frente alguns planos todos passíveis de modificação. O que não me será nada fácil. Isso me deixa confuso e só faz sentido de um jeito: rezando. Sobrevoando Novo México, um dos lugares onde eu poderia acabar me fixando. Agora já nem sei se voltarei mesmo. Se quiser posso viver lá como eremita". No diário de 09/08/68: "É duro acreditar que esta é a minha última noite em Gethsemani por algum tempo - pelo menos por vários meses. Vou de mente bem aberta, sem ilusões especiais, espero talvez encontrar alguma coisa ou alguém que me ajude a avançar em minha própria busca espiritual. Mas continuo a ser um monge de Gethsemani. Se terminarei ou não aqui meus dias, não sei. Talvez isto não seja tão importante. A grande coisa é corresponder perfeitamente à Vontade de Deus nessa ocasião providencial, seja o que for que ela traga". Em 20/08/68: "Hoje entre outras coisas queimei as cartas de M. Incrível estupidez em 1966! Nem mesmo dei uma olhada em nenhuma delas. As altas chamas dos galhos dos pinheiros, quentes ao sol!" ATENÇÃO! ESTOU RESUMINDO O DIÁRIO DE MÉRTON até ao dia da morte dele, 10/12/68. Na próxima postagem, diário do dia 15/10/68. Aguarde!
Em 29/07/1968 THOMAS MÉRTON escreve : "Dentro de 8 semanas devo partir daqui. Pode ser quem sabe que eu não volte. Não que espere que alguma coisa dê errado - embora seja possível. Seja como for, não espero estar aqui de volta antes de alguns meses. Desse ou daquele jeito realmente não me importo se eu não voltar. Porém se eu conseguir achar um lugar para "desaparecer", ótimo. Se eu tiver de levar uma vida relativamente nômade, sem moradia fixa, tudo bem também. O que realmente me intriga é a idéia de partir para algo desconhecido, não pedindo nem esperando nada de muito especial, mas desejando tão só fazer o que Deus exige de mim, seja lá o que for". Em carta de 01/09/68 escreve: "O que se grava em mim é que em breve eu deixarei mesmo este lugar, para por muito tempo viver só com uma mala. Largando meus livros, o casebre, a segurança, o tempo para escrever, o tempo para estar só e indo não sei aonde, tendo apenas pela frente alguns planos todos passíveis de modificação. O que não me será nada fácil. Isso me deixa confuso e só faz sentido de um jeito: rezando. Sobrevoando Novo México, um dos lugares onde eu poderia acabar me fixando. Agora já nem sei se voltarei mesmo. Se quiser posso viver lá como eremita". No diário de 09/08/68: "É duro acreditar que esta é a minha última noite em Gethsemani por algum tempo - pelo menos por vários meses. Vou de mente bem aberta, sem ilusões especiais, espero talvez encontrar alguma coisa ou alguém que me ajude a avançar em minha própria busca espiritual. Mas continuo a ser um monge de Gethsemani. Se terminarei ou não aqui meus dias, não sei. Talvez isto não seja tão importante. A grande coisa é corresponder perfeitamente à Vontade de Deus nessa ocasião providencial, seja o que for que ela traga". Em 20/08/68: "Hoje entre outras coisas queimei as cartas de M. Incrível estupidez em 1966! Nem mesmo dei uma olhada em nenhuma delas. As altas chamas dos galhos dos pinheiros, quentes ao sol!" ATENÇÃO! ESTOU RESUMINDO O DIÁRIO DE MÉRTON até ao dia da morte dele, 10/12/68. Na próxima postagem, diário do dia 15/10/68. Aguarde!
domingo, 7 de dezembro de 2014
A IMACULADA E A EUCARISTIA
"CORPUS CHRISTI"... O Corpo de Cristo Jesus Maria Imaculada o gerou, por isto o culto de Nossa Senhora não se separa do culto de Jesus Eucarístico. Pois nós não separamos a Mãe do Filho! Lourdes, onde um herege imaginou que damos a MARIA um lugar indevido, é sem dúvida o lugar do mundo em que CRISTO na EUCARISTIA é mais glorificado! É o único lugar do mundo onde, sob o véu da hóstia, ELE passa no meio dos doentes. ELE é pressionado por eles como durante sua vida mortal. Sua MÃE ao mesmo tempo intercede por esses corpos e por essas almas, e é ELE que cura a todos. A procissão do SANTÍSSIMO SACRAMENTO em Lourdes sai da Gruta, para significar que é a VIRGEM que nos deu JESUS. É ELA que foi vista de pé no Gólgota, ao pé da cruz do condenado à morte, aí permaneceu firme ao lado do Rei da glória eterna. Se tivesse estado no Jardim das Oliveiras, o Filho não teria conhecido o abandono! apenas teria sentido a traição de Judas! Se ELA estivesse lá, ELA teria estado vigilante com ele e não teria sucumbido ao sono dos amigos! ELE não teria sido o único a carregar os pecados do mundo! ELA teria enxugado da face do FILHO o suor de sangue. O cálice não teria sido todo bebido. A VIRGEM não aparece no drama do calvário senão quando seu FILHO crucificado nenhum socorro mais pode receber dela, quando ELE não pode mais estar ao alcance de sua mão. Talvez os pés dele estivessem pregados tão embaixo que ELA não pode apoiar neles seus lábios! Em contrapartida, no dia seguinte ao da Ascensão ELA estava sentada junto dos Apóstolos, os novos discípulos estavam ansiosos participando da fração do pão e das orações, o coração fiel se consolando dos sofrimentos da VIRGEM, meditando sobre o abismo de alegria que lhe deveu ser a EUCARISTIA: A ÚNICA MÃE A QUEM FORA DADO CARREGAR UMA SEGUNDA VEZ O SEU FILHO! À Santa Gertrude que, no momento de receber a hóstia santa, perguntou a Jesus: "Ó Senhor, que dom ides vós me conceder?" O próprio Senhor lhe respondeu: "O dom de todo o meu ser com minha virtude divina tal qual outrora a VIRGEM MINHA MÃE O RECEBEU!"("Le Jeudi-Saint", François Mauriac).
"CORPUS CHRISTI"... O Corpo de Cristo Jesus Maria Imaculada o gerou, por isto o culto de Nossa Senhora não se separa do culto de Jesus Eucarístico. Pois nós não separamos a Mãe do Filho! Lourdes, onde um herege imaginou que damos a MARIA um lugar indevido, é sem dúvida o lugar do mundo em que CRISTO na EUCARISTIA é mais glorificado! É o único lugar do mundo onde, sob o véu da hóstia, ELE passa no meio dos doentes. ELE é pressionado por eles como durante sua vida mortal. Sua MÃE ao mesmo tempo intercede por esses corpos e por essas almas, e é ELE que cura a todos. A procissão do SANTÍSSIMO SACRAMENTO em Lourdes sai da Gruta, para significar que é a VIRGEM que nos deu JESUS. É ELA que foi vista de pé no Gólgota, ao pé da cruz do condenado à morte, aí permaneceu firme ao lado do Rei da glória eterna. Se tivesse estado no Jardim das Oliveiras, o Filho não teria conhecido o abandono! apenas teria sentido a traição de Judas! Se ELA estivesse lá, ELA teria estado vigilante com ele e não teria sucumbido ao sono dos amigos! ELE não teria sido o único a carregar os pecados do mundo! ELA teria enxugado da face do FILHO o suor de sangue. O cálice não teria sido todo bebido. A VIRGEM não aparece no drama do calvário senão quando seu FILHO crucificado nenhum socorro mais pode receber dela, quando ELE não pode mais estar ao alcance de sua mão. Talvez os pés dele estivessem pregados tão embaixo que ELA não pode apoiar neles seus lábios! Em contrapartida, no dia seguinte ao da Ascensão ELA estava sentada junto dos Apóstolos, os novos discípulos estavam ansiosos participando da fração do pão e das orações, o coração fiel se consolando dos sofrimentos da VIRGEM, meditando sobre o abismo de alegria que lhe deveu ser a EUCARISTIA: A ÚNICA MÃE A QUEM FORA DADO CARREGAR UMA SEGUNDA VEZ O SEU FILHO! À Santa Gertrude que, no momento de receber a hóstia santa, perguntou a Jesus: "Ó Senhor, que dom ides vós me conceder?" O próprio Senhor lhe respondeu: "O dom de todo o meu ser com minha virtude divina tal qual outrora a VIRGEM MINHA MÃE O RECEBEU!"("Le Jeudi-Saint", François Mauriac).
sábado, 6 de dezembro de 2014
FALECEU FABÍOLA, RAINHA DA BÉLGICA
A viúva do rei da Bélgica, FABÍOLA de MORA Y ARAGÓN, faleceu ontem, sexta-feira, em Bruxelas, no castelo de Stuyvenberg, aos 86 anos de idade. FABÍOLA nasceu em Madri (11/06/1928) e casou-se em 1960 com o rei da Bélgica BALDUÍNO que faleceu em 1993. Não tendo deixado descendentes, substituiu-o no trono o sobrinho PHYLLIPE. De constituição frágil, ultimamente locomovia-se em cadeira de rodas. Exercia inegável influência sobre o marido e o conjunto da família real. Dizia-se que "O rei da Bélgica era a Rainha", devido à sua autoridade moral e seu papel em casa. Seus valores espirituais atraíam parentes e amigos para a órbita da renovação carismática, movimento em favor de um despertar da autêntica prática do catolicismo. Formada em enfermagem, na juventude prestou serviços em hospitais, ocasião em que se filiou à ASSOCIAÇÃO DAS LUÍZAS, uma reunião de moças que, sob a inspiração da espiritualidade vicentina (de São Vicente de Paulo) se dedicavam ao cuidado dos idosos. Eis o que dela escreve uma revista vicentina da Holanda: "Dona FABÍOLA , UMA RAINHA DEVOTA DA MEDALHA MILAGROSA. Era aluna da Escola de Enfermagem das Filhas da Caridade da Espanha. Quis estudar a fundo as funções de enfermeira, para adquirir maior e melhor direção dos doentes. Toda noite ela ficava uma hora a mais no hospital para ensinar inglês a uma enferma. Por essa intimidade com as vicentinas, no dia 08/09/60 dirigiu-se às Filhas de São Vicente de Paulo pedindo orações para uma intenção muito particular, de grande interesse para a glória de Deus. No dia 16/09/60 divulgou-se a notícia do noivado com o Rei Balduíno. Seu desejo era casar-se no dia 27/11, a grande festa de MARIA. A superiora deu-lhe de presente uma estátua da Virgem Da Medalha Milagrosa que foi colocada em lugar de destaque na sua capela de Bruxelas.
sexta-feira, 5 de dezembro de 2014
RACISMO NOS EUA E TRISTÃO
Em 1970, TRISTÃO numa entrevista com Medeiros Lima ("Memórias Improvisadas"), contou-lhe que, nos anos 51 a 53, residindo nos EUA, colocou os filhos num colégio. Um dia, a professora fez longa preleção contra a discriminação racial. Terminando, voltou-se para a classe de meninos e meninas com a idade média entre 12 e 13 anos, e perguntou-lhes: "Gostaria de conhecer a opinião de vocês. Aqueles que estiverem de acordo com a tese de que a discriminação racial é um mal e que portanto deve ser combatida queiram levantar-se!" Numa classe de 30 alunos, apenas dois se levantaram: um menino e uma menina, meus filhos!" THOMAS MÉRTON compreendeu a gravidade do problema num país da importância dos EUA. Donde ter exigido uma mudança de comportamento completo, radical por parte da maioria branca. Disse inclusive que essa maioria branca teria muito a aprender com os negros, sendo tal afirmação de um monge católico, num país de católicos conservadores, um escândalo, como de fato foi. Sofreu terrível reação, donde a censura a muitos de seus escritos, inclusive ao que sua ordem proibiu fosse publicado contra o uso da bomba atômica por ocasião do bloqueio de Cuba pela Rússia, no governo de Kennedy. "Quaando escrevi sobre a influência de Mao para o futuro da China, declarei que sua imagem se projetará através dos séculos naquela civilização milenar. E atribuo esta minha impressão à sua poesia. É o caso de MÉRTON, cuja obra poética não está devidamente estudada. Poesia e mística estão intimamente relacionadas, ligadas ao mistério das coisas. A poesia liga-se ao mistério das coisas criadas, enquanto a mística se prende ao mistério das coisas incriadas. Quem desconhece o mistério não tem vocação poética ou mesmo gosto poético, nem vocação religiosa. Quem como Mérton foi capaz de operar uma transformação espiritual tem dentro de si o senso do mistério, e por isto o senso do poético" ("Memórias Improvisadas", diálogos com Medeiros Lima). "Sua vertente poética representa tudo aquilo que está para lá da palavra, da lógica, da compreensão do fenômeno do mundo, do homem e do pensamento humano. Mérton colocou na sua poesia uma incomunicabilidade com o mistério, com a essência das coisas".
Em 1970, TRISTÃO numa entrevista com Medeiros Lima ("Memórias Improvisadas"), contou-lhe que, nos anos 51 a 53, residindo nos EUA, colocou os filhos num colégio. Um dia, a professora fez longa preleção contra a discriminação racial. Terminando, voltou-se para a classe de meninos e meninas com a idade média entre 12 e 13 anos, e perguntou-lhes: "Gostaria de conhecer a opinião de vocês. Aqueles que estiverem de acordo com a tese de que a discriminação racial é um mal e que portanto deve ser combatida queiram levantar-se!" Numa classe de 30 alunos, apenas dois se levantaram: um menino e uma menina, meus filhos!" THOMAS MÉRTON compreendeu a gravidade do problema num país da importância dos EUA. Donde ter exigido uma mudança de comportamento completo, radical por parte da maioria branca. Disse inclusive que essa maioria branca teria muito a aprender com os negros, sendo tal afirmação de um monge católico, num país de católicos conservadores, um escândalo, como de fato foi. Sofreu terrível reação, donde a censura a muitos de seus escritos, inclusive ao que sua ordem proibiu fosse publicado contra o uso da bomba atômica por ocasião do bloqueio de Cuba pela Rússia, no governo de Kennedy. "Quaando escrevi sobre a influência de Mao para o futuro da China, declarei que sua imagem se projetará através dos séculos naquela civilização milenar. E atribuo esta minha impressão à sua poesia. É o caso de MÉRTON, cuja obra poética não está devidamente estudada. Poesia e mística estão intimamente relacionadas, ligadas ao mistério das coisas. A poesia liga-se ao mistério das coisas criadas, enquanto a mística se prende ao mistério das coisas incriadas. Quem desconhece o mistério não tem vocação poética ou mesmo gosto poético, nem vocação religiosa. Quem como Mérton foi capaz de operar uma transformação espiritual tem dentro de si o senso do mistério, e por isto o senso do poético" ("Memórias Improvisadas", diálogos com Medeiros Lima). "Sua vertente poética representa tudo aquilo que está para lá da palavra, da lógica, da compreensão do fenômeno do mundo, do homem e do pensamento humano. Mérton colocou na sua poesia uma incomunicabilidade com o mistério, com a essência das coisas".
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
ÚLTIMA SEMANA DE MÉRTON NA TERRA
Anualmente, estes primeiros dias de dezembro a figura misteriosa de THOMAS MÉRTON me ocupa e conforta. Faz pouco, deixei-o com TRISTÃO que o visitou no mosteiro em Getsêmani, nos EUA, em 1951. Nascido na França, 1915, de mãe americana vivendo em Paris e de pai pintor escocês, nascido Mérton passaram um ano em Prades, transferindo-se para os Estados Unidos em virtude da guerra de 1914. De volta à França e falecendo-lhe a mãe, passou a viver na Inglaterra. Frequentou a Universidade de Cambridge até se transferir definitivsmente para os EUA. No contato mantido aí com Mérton, em 1951, Tristão soube que na Universidade de Colúmbia, influenciado pelo meio, ingressara na Liga dos Jovens Comunistas, embora numa rápida passagem. Sempre em busca de novos conhecimentos, depois de dedicar-se à leitura de Freud e de Jung, aflorou-lhe a religiosidade vivida no ambiente familiar. Percebe-se no seu "Diário Secular" uma tendência acentuada a uma transformação interior que culminou na conversão ao catolicismo, quando pretendeu ingressar na Ordem dos Franciscanos. Do "primado da prática do marxismo alça-se à meditação, à contemplação, donde seu batismo em 1938 e seu ingresso em 10/12/1941 em Nossa Senhora de Getsêmani, uma abadia cisterciense no Estado de Kentucki. Começa a escrever, surgindo sua autobiografia "A Montanha dos Sete Patamares", best-seller, milhões de exenplares vendidos. Tornou-se o monge mais famoso, o livro foi traduzido em 15 idiomas. Em 1949 ordenou-se sacerdote com 35 anos. Em 1965, época da visita de Tristão, começa a vida de ermitão dentro do bosque que rodeia a abadia. Em 15/10/68 sai de Getsêmani para assisitir ao Encontro Internacional dos Representantes de Mosteiros Beneditinos em Bangkok onde faleceu no dia 10/12/1968. Com 53 anos de idade.
Anualmente, estes primeiros dias de dezembro a figura misteriosa de THOMAS MÉRTON me ocupa e conforta. Faz pouco, deixei-o com TRISTÃO que o visitou no mosteiro em Getsêmani, nos EUA, em 1951. Nascido na França, 1915, de mãe americana vivendo em Paris e de pai pintor escocês, nascido Mérton passaram um ano em Prades, transferindo-se para os Estados Unidos em virtude da guerra de 1914. De volta à França e falecendo-lhe a mãe, passou a viver na Inglaterra. Frequentou a Universidade de Cambridge até se transferir definitivsmente para os EUA. No contato mantido aí com Mérton, em 1951, Tristão soube que na Universidade de Colúmbia, influenciado pelo meio, ingressara na Liga dos Jovens Comunistas, embora numa rápida passagem. Sempre em busca de novos conhecimentos, depois de dedicar-se à leitura de Freud e de Jung, aflorou-lhe a religiosidade vivida no ambiente familiar. Percebe-se no seu "Diário Secular" uma tendência acentuada a uma transformação interior que culminou na conversão ao catolicismo, quando pretendeu ingressar na Ordem dos Franciscanos. Do "primado da prática do marxismo alça-se à meditação, à contemplação, donde seu batismo em 1938 e seu ingresso em 10/12/1941 em Nossa Senhora de Getsêmani, uma abadia cisterciense no Estado de Kentucki. Começa a escrever, surgindo sua autobiografia "A Montanha dos Sete Patamares", best-seller, milhões de exenplares vendidos. Tornou-se o monge mais famoso, o livro foi traduzido em 15 idiomas. Em 1949 ordenou-se sacerdote com 35 anos. Em 1965, época da visita de Tristão, começa a vida de ermitão dentro do bosque que rodeia a abadia. Em 15/10/68 sai de Getsêmani para assisitir ao Encontro Internacional dos Representantes de Mosteiros Beneditinos em Bangkok onde faleceu no dia 10/12/1968. Com 53 anos de idade.
terça-feira, 2 de dezembro de 2014
ALCEU VISITA THOMAS MÉRTON
ALCEU AMOROSO LIMA (1893-1983) sempre alimentou o desejo de conhecer THOMAS MÉRTON (1915-1968) por ter sido um convertido, um homem que de repente se viu, como ele, em face de uma difícil opção diante da vida. MÉRTON entrou no pensamento de ALCEU na década de 1940, lendo, 20 anos depois da própria conversão, "A Montanha dos Sete Patamares", de Mérton. Curioso por encontrar alguém de categoria superior à dele e que tivesse vivido o mesmo drama que ele, nasceu-lhe a curiosidade de conhecê-lo. De férias em 1951, ALCEU em companhia da esposa e de filhos foi visitar THOMAS MÉRTON na Abadia de Getsêmani nos EUA. Aí chegando, entregou ao monge encarregado dos hóspedes o seu cartão. A resposta veio rápida: "Father Louis está à sua espera. Aguarde-o". Apresentando-se, justificou a demora por estar trabalhando no campo, barbado e suado. Avisou que a esposa passaria a noite numa aldeia ao lado, podendo o visitante ficar com os filhos e que no dia seguinte conversariam. Tristão diante da fala do monge externou-se surpreso, pois aprendera que os trapistas só abriam a boca quando se encontravam e para dizerem: "Memento mori" (lembra-te que vais morrer). MÉRTON revelou-lhe tratar-se de uma lenda falsa. Depois de um jantar bastante frugal, foi ALCEU procurado por um médico jovem que lhe confessou achar-se diante de um dilema: tornar-se trapista ou ser médico fora dos EUA. E nesta hipótese, pensava em viver no Brasil, lendo inclusive uma gramática portuguesa. Conta então TRISTÃO terem sido acordados às duas da matina para as orações noturnas, voltando depois a dormir mais duas horas. Mais tarde, perguntando por curiosidade a MÉRTON a razão que o movera a recebê-lo: "Eu o recebi por causa de BERNANOS. Eu lera na revista "Esprit" algumas cartas que Bernanos escrevera com o título de "Lettres à Amoroso Lima". Fiquei interessado em conhecê-lo por ter sido também convertido e por ter demonstrado simpatia por minha obra". Confessou-me que via na América Latina uma espiritualidade e uma dimensão religiosa e mística profunda. Revelou-me também não se sentir no momento muito satisfeito na Trapa. "Agora gostaria de viver numa solidão ainda maior. Estou pensando em ser cartuxo. Ou, se possível, missionário, mas solitário, numa diocese latinoamericana".
segunda-feira, 1 de dezembro de 2014
MÉRTON, UM ANO ANTES DA MORTE
Faleceu em 10/12/68 em Bangkok. Um ano antes, em 23/12/67, deixou escrito o seguinte: "A ANTE-VÉSPERA DO NATAL vai ser uma noite fria. Um dia atrás, pensei nela (enfermeira que cuidou dele quando operado da coluna), de repente: foi quando este cartão foi posto no correio! Sinto-me menos real, sem ao menos a impressão de estarmos em comunhão. A monotonia, os silêncios, esta vida artificial, embora eu saiba que o casamento me seria terrível! Mas...está tudo acabado. Daqui a um mês farei 53 anos e ninguém em sã consciência se casaria pela primeira vez em tal idade! Esta tarde pensava: tinha de fato perdido o melhor de minha vida? Idéia horrorosa! Boa a noite de natal. Simples, comovente o sermão de Dom James. Tive várias horas de sono leve, curioso, cheio de sonhos, de nenhum me lembro. Após o almoço com três colegas neste meu abrigo bebemos todo o vinho de missa. Assunto: Flavian deve ser o abade? que fazer desta minha morada? (Em 1965 começara vida de ermitão dentro dos bosques que rodeiam a Abadia). De regresso, à tarde, da casa dos Gannon, o cachorro deles me acompanhou sem vontade de me deixar. Muito frio, abri a porta e ele entrou. Morto de fome, correu em triunfo pela casa e pulou na minha cama, balançando o rabo com o qual me dizia: "Te adoro, me dá comida!" Lá pelas oito, levei-o de volta, todo mundo atrás dele! Pouco mais de 11 meses depois, dia 10/12/68, MÉRTON eletrocutado se despedia de nós em Bangkok, não sem antes ter-nos lembrado o seguinte: dia 08/12: FESTA da IMACULADA CONCEIÇÃO. Saindo do hotel, VOU CELEBRAR MISSA NA IGREJA DE SÃO LUÍS, almoçar na Delegação Apostólica e, depois, seguirei para o lugar da Cruz Vermelha". E TRISTÃO deveria escrever no Jornal do Brasil de 10/12/14: "46 ANOS SEM MÉRTON", prometendo estar presente nas páginas do JB, no centenário de seu nascimento (15/01/2015).
Faleceu em 10/12/68 em Bangkok. Um ano antes, em 23/12/67, deixou escrito o seguinte: "A ANTE-VÉSPERA DO NATAL vai ser uma noite fria. Um dia atrás, pensei nela (enfermeira que cuidou dele quando operado da coluna), de repente: foi quando este cartão foi posto no correio! Sinto-me menos real, sem ao menos a impressão de estarmos em comunhão. A monotonia, os silêncios, esta vida artificial, embora eu saiba que o casamento me seria terrível! Mas...está tudo acabado. Daqui a um mês farei 53 anos e ninguém em sã consciência se casaria pela primeira vez em tal idade! Esta tarde pensava: tinha de fato perdido o melhor de minha vida? Idéia horrorosa! Boa a noite de natal. Simples, comovente o sermão de Dom James. Tive várias horas de sono leve, curioso, cheio de sonhos, de nenhum me lembro. Após o almoço com três colegas neste meu abrigo bebemos todo o vinho de missa. Assunto: Flavian deve ser o abade? que fazer desta minha morada? (Em 1965 começara vida de ermitão dentro dos bosques que rodeiam a Abadia). De regresso, à tarde, da casa dos Gannon, o cachorro deles me acompanhou sem vontade de me deixar. Muito frio, abri a porta e ele entrou. Morto de fome, correu em triunfo pela casa e pulou na minha cama, balançando o rabo com o qual me dizia: "Te adoro, me dá comida!" Lá pelas oito, levei-o de volta, todo mundo atrás dele! Pouco mais de 11 meses depois, dia 10/12/68, MÉRTON eletrocutado se despedia de nós em Bangkok, não sem antes ter-nos lembrado o seguinte: dia 08/12: FESTA da IMACULADA CONCEIÇÃO. Saindo do hotel, VOU CELEBRAR MISSA NA IGREJA DE SÃO LUÍS, almoçar na Delegação Apostólica e, depois, seguirei para o lugar da Cruz Vermelha". E TRISTÃO deveria escrever no Jornal do Brasil de 10/12/14: "46 ANOS SEM MÉRTON", prometendo estar presente nas páginas do JB, no centenário de seu nascimento (15/01/2015).
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