terça-feira, 2 de dezembro de 2014


ALCEU   VISITA    THOMAS   MÉRTON

ALCEU  AMOROSO  LIMA  (1893-1983) sempre alimentou o desejo de conhecer THOMAS  MÉRTON (1915-1968) por ter sido um convertido, um homem que de repente se viu, como ele,  em face de uma difícil opção diante da vida. MÉRTON entrou no pensamento de ALCEU  na década de 1940, lendo, 20 anos depois da própria conversão, "A Montanha dos Sete  Patamares", de  Mérton. Curioso por encontrar alguém  de categoria superior à dele e que tivesse vivido o mesmo drama que ele, nasceu-lhe a curiosidade de conhecê-lo. De férias em 1951, ALCEU em companhia da esposa e de filhos  foi visitar THOMAS  MÉRTON na Abadia de Getsêmani nos EUA.   Aí chegando, entregou ao monge encarregado dos hóspedes o seu cartão. A resposta veio rápida: "Father Louis está à sua espera. Aguarde-o". Apresentando-se, justificou a demora por estar trabalhando no campo, barbado e suado. Avisou que a esposa passaria a noite numa aldeia ao lado, podendo o visitante ficar com os filhos e que no dia seguinte conversariam. Tristão diante da fala do monge externou-se surpreso, pois aprendera que  os trapistas só abriam a boca quando se encontravam  e para dizerem: "Memento mori" (lembra-te que vais morrer). MÉRTON revelou-lhe tratar-se de uma lenda falsa. Depois de um jantar bastante frugal, foi ALCEU  procurado por um médico jovem que lhe confessou achar-se diante de um dilema: tornar-se trapista ou ser médico fora dos EUA. E nesta hipótese, pensava em viver no Brasil, lendo inclusive uma gramática portuguesa. Conta então TRISTÃO terem sido acordados às duas da matina para as orações noturnas, voltando depois a dormir mais duas horas. Mais tarde, perguntando por curiosidade a  MÉRTON a razão que o movera a recebê-lo: "Eu o recebi por causa de BERNANOS. Eu lera na revista "Esprit" algumas cartas que  Bernanos escrevera com o título de "Lettres à Amoroso Lima". Fiquei interessado em conhecê-lo por ter sido também convertido e por ter demonstrado simpatia por minha  obra". Confessou-me que via na América Latina  uma espiritualidade e uma dimensão religiosa  e mística profunda. Revelou-me também não se sentir no momento muito satisfeito   na Trapa. "Agora gostaria  de viver  numa solidão ainda maior. Estou pensando em ser  cartuxo. Ou, se possível,  missionário, mas solitário, numa diocese latinoamericana". 

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