sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

RACISMO   NOS   EUA   E   TRISTÃO

Em 1970, TRISTÃO numa entrevista com  Medeiros Lima  ("Memórias Improvisadas"), contou-lhe que, nos anos 51 a 53, residindo nos EUA,  colocou os filhos num colégio. Um dia, a professora fez longa preleção  contra a discriminação racial. Terminando, voltou-se para a classe de meninos e meninas com a idade média entre 12 e 13 anos, e perguntou-lhes: "Gostaria de conhecer a opinião de vocês. Aqueles que estiverem de acordo com a tese de que a discriminação racial é um mal e que portanto deve ser  combatida queiram levantar-se!" Numa classe de 30 alunos, apenas dois se levantaram: um menino e uma menina, meus filhos!" THOMAS  MÉRTON  compreendeu a gravidade do problema num país da importância  dos EUA. Donde ter exigido uma mudança de  comportamento  completo, radical   por parte da maioria branca. Disse inclusive que essa maioria branca teria muito a aprender com os negros, sendo tal afirmação de um monge católico, num país de católicos conservadores, um escândalo, como de fato foi. Sofreu terrível reação, donde  a censura a muitos de seus escritos, inclusive ao que sua ordem proibiu fosse publicado contra o uso da bomba atômica por ocasião do bloqueio de Cuba pela Rússia, no governo de Kennedy. "Quaando escrevi sobre a influência de Mao para o futuro da China, declarei que sua imagem se projetará através dos séculos naquela civilização milenar. E atribuo esta minha impressão  à sua poesia. É o caso de MÉRTON, cuja obra poética não está devidamente estudada. Poesia e mística  estão intimamente relacionadas, ligadas ao mistério das coisas.   A poesia liga-se ao mistério das coisas criadas, enquanto a mística se prende ao mistério das coisas incriadas. Quem desconhece o mistério não tem vocação poética ou mesmo gosto poético, nem vocação religiosa. Quem como Mérton foi capaz de operar uma transformação espiritual tem dentro de si o senso do mistério, e por isto o senso do poético" ("Memórias Improvisadas", diálogos com Medeiros Lima). "Sua vertente poética representa  tudo aquilo que está para lá da palavra, da lógica, da compreensão do fenômeno  do mundo, do homem e do pensamento humano.  Mérton colocou na sua poesia uma incomunicabilidade com o mistério, com a essência das coisas".

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