quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

INSCRIÇÃO BEM BOLADA

A mando de LUIZ XIV construíram em Paris um CHAFARIZ em cuja base gravaram o seguinte pensamento atribuído ao poeta latinista JEAN DE SANTEUIL (1630-1697): "QUAE DAT AQUAS SAXO LATET HOSPITA NYMPHA SUB IMO SICUT, CUM DEDERIS, DONA LATERE VELIS". No século passado um jornal de Lisboa publicou essa inscrição traduzida para a língua portuguesa: " A NINFA ACOLHEDORA QUE DÁ ESTAS ÁGUAS ESTÁ ESCONDIDA NO MAIS PROFUNDO DESTA ROCHA, ASSIM COMO DEVES QUERER FICAREM OCULTAS AS DÁDIVAS QUANDO DERES". Em outras palavras: "Não deve saber a mão direita o que dá a mão esquerda". O referido jornal português publicou também a tradução francesa, de autoria de BOSQUILLON: "LA NYMPHE QUI DONNE CETTE EAU AU PLUS CREUX DU ROCHER SE CACHE; SUIVEZ CET EXEMPLE SI BEAU DONNEZ SANS VOULOIR QU`ON LE SACHE" ("Dominus Tecum", de Artur Bivar, Porto).

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

"AOS HOMENS POR ELE AMADOS"

Comentando ainda o artigo de Carlos Heitor Cony na Folha de São Paulo de 27/12/09, esclareço que a justificativa que apresentei no blog anterior para a substituição das palavras "aos homens de boa vontade" pelas atuais "aos homens por Ele amados" no cântico dos anjos anunciando o nascimento de Jesus Cristo, eu a encontrei nas "Praelectiones Biblicae", vol.1, Novum Testamentum, da autoria dos redentoristas R.P.Hadriano Simón e R.P. Guglielmo G. Dourado, ano 1947, Itália, pág. 315, n. 226. Se tal substituição teve origem de natureza exegética ou machista ou até de natureza exegético-machista não sei dizer, pois me faltam meios de aprofundar a questão. Aproveitando a ocasião e corroborando em parte o pensamento de Cony, lembro que tanto no latim como em nossa língua, as palavras HOMO e HOMEM têm o sentido de "gênero humano", de "humanidade". Quando queremos especificar o ser humano de sexo masculino, temos em latim a palavra "vir" e em português a palavra "varão" ", (donde "varonil", "virilidade" etc.); quando queremos referir-nos ao ser humano de sexo feminino, usamos o termo "mulier"em latim e "mulher"em português. Reflita sobre estas palavras pronunciadas pela Igreja na quarta-feira de cinzas: "Memento, HOMO, quia pulvis es et in pulverem reverteris!" Embalados numa "onda de modernismo bobo", segundo expressào de Cony, os dirigentes do país, de uns quinze anos para cá, adoram dizer "brasileiros e brasileiras". Ah! como me soa muito mais enfaticamente e profundamente e inesquecivelmente a saudação de Getúlio Vargas dirigindo-se à nação no dia 19 de abril de cada ano, dia de seu aniversário natalício, naquele típico sotaque gauchesco: "BRASILEIROS!!!"

domingo, 27 de dezembro de 2009

" AOS HOMENS DE BOA VONTADE"

Na "FOLHA DE SÃO PAULO", de 27/12/09, na página A2, CARLOS HEITOR CONY, no artigo HOMENS E MULHERES, confessa: "não aprecio a mudança que a igreja introduziu no cântico "Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade", canto litúrgico este que refere a saudação dos anjos aos pastores de Belém, anunciando a Boa-Nova do nascimento de Cristo. Segundo me consta, houve, sim, uma alteração na interpretação do termo grego "eudoxias" constante daquele cântico (que era traduzido por: "de boa vontade") mas que, na atualidade liturgica, foi traduzido pela expressão "por ele amados. É que alguns autores referem a palavra "eudoxías" ("en antrópois eudoxias" = "aos homens por Ele amados") a DEUS ("eudoxías"= beneplácido divino), interpretando-a no sentido objetivo-universal (paz a todos os homens que JÁ não são filhos da ira, mas da graça, que Deus ama e acompanha com benevolência); mas ha outros autores que interpretam a palavra "eudoxías" num sentido subjetivo-restritivo (pax àqueles homens que são de boa vontade para com DEUS ("eudoxías"= aos homens DE BOA VONTADE" para com Deus).

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

SEGUIDORES MUI AMIGOS

FIEIS, SIMPÁTICOS, GENEROSOS, SOLIDÁRIOS, PATRIÓTICOS, PACIENTÍSSIMOS SEGUIDORES DESTE VELHO MINEIRO DA DIÁSPORA, aceitem meu abraço natalino e minha prece ao DEUS MENINO para que "LEVE O VELHO ANO OS DESENGANOS E O NOVO TRAGA ESPERANÇAS". JAIR BARROS.

N A T A L

Natal! Natal! Que alegria!
Que noite cheia de luz!
Em humilde estrebaria
Nasceu Menino Jesus!

Senhor de toda grandeza
A linda criancinha loura
Teve com muita pobreza
Como berço a manjedoura!

Todo luxo recusou,
Não quis pompas, não quis nada;
Ricos palácios trocou
Por humilde água-furtada.

Mas teve JESUS no entanto
Tesouro de mais valia:
O beijo mais puro e santo,
Doce beijo de MARIA!

Com a licença do VOVÔ FELÍCIO, aos netos Gael e Giovanna nesta Noite Feliz ofereço este poema ("ANEL DE VIDRO"por Vicente Guimarães, 1956, Rio de Janeiro).

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A ESTREBARIA NA VISÃO DE PAPINI

Jesus nasceu numa estrebaria de verdade. Numa Estrebaria real que é a casa dos animais, a prisão dos animais que trabalham para os homens. Não o pórtico com pilastras e capiteis, não a cavalariça científica dos ricos ou a choupana elegante das vésperas de Natal. A Estrebaria são quatro paredes grosseiras, um lugarejo sujo e um teto de traves e de lastres. Escura, imunda e fétida. De limpo só tem a mangedoura onde o patrão prepara o feno e a alfaia. Esta a verdadeira Estrebaria onde Jesus viu a luz. Lugar o mais sujo do mundo foi o berço do único Homem puro entre os nascidos de mulher. Não foi por acaso que Ele nasceu numa Estrebaria. Não é o mundo uma imensa estrebaria onde os homens deglutem e defecam? Sobre a terra, pocilga efêmera para a qual não valem embelezamentos e perfumes, certa noite apareceu Jesus, nascido de uma Virgem sem mácula , e vinha armado só de inocência. Seus primeiros adoradores foram animais e não homens. E entre esses os simples,e entre os simples as crianças, e mais simples e mais dóceis do que as crianças os Animais domésticos, os asno, o boi... Até então reis e povos se haviam inclinado diante de Bois e de Asnos. Jesus, porém, não nascia para reinar sobre a terra nem para amar a Matéria. Com Ele acabará a adoração do Animal. Os brutos de Jerusalém hão de matá-lo, mas por enquanto os de Belém o aquecem com o seu hálito. Quando Jesus chegar para a última páscoa Ele montará um asno. Mas Ele que veio para salvar todos os Homens não retrocederá de seu caminho, ainda que todos os asnos de Jerusalém relinchem contra Ele!
Esta a Estrebaria na visão de Giovanni Papini em seu livro "HISTÖRIA DE CHRISTO", A. Tisi & Cia. - Editores - 1924 - São Paulo.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

VIRGÍLIO, DA ENEIDA, UM PROFETA?

VIRGÍLIO, célebre poeta latino, nascido em Mântua, Itália, no ano 71 antes de Cristo, é autor: das "BUCÓLICAS", obra mística, escrita em 42 antes de Cristo, e dedicada ao imperador Otávio pela promessa por este feita de não ser espoliado de sua propriedade em Mântua, depois da batalha de PHILLIPES no ano 41 antes de Cristo; das "GEÓRGICAS", obra filosófica e religiosa, fundada na ideia da luta do homem contra a natureza, escrita no ano 37 antes de Cristo; da "ENEIDA", 29 antes de Cristo, obra inacabada em 12 cantos, com base num tema supostamente nacional, narrando o combate de Eneias contra os gregos no cerco de Troia.
VIRGÍLIO, embora não cristão, pois morreu 19 anos antes de Jesus Cristo nascer, costuma ser lembrado nesta época natalina, porque no século XVI o padre português PEDRO ÂNGELO SPERA publicou a PAIXÃO DE N.S.JESUS CRISTO, escrita com versos extraídos das obras escritas por VIRGÍLIO e que começam justamente com os fatos ocorridos na época do nascimento de Jesus Cristo ("Dominus Tecum", escrito por Artur Bivar, edições ouro ltda., Porto):
"Ó TU QUE NASCESTE DO ETERNO PAI, ENQUANTO OS ASTROS TRAZIAM A NOITE; TU QUE NASCESTE AO MESMO TEMPO DE UMA VIRGEM DIVINA, A ÚNICA QUE DE TI FOI DIGNA; TU QUE COM A LEI ETERNA MODERAS O MAR, A TERRA E TODAS AS COISAS DOS HOMENS E DOS CELÍCOLAS, CONCEDE FÁCIL CAMINHO AO MEU CANTO E PROTEGE A MINHA AUDACIOSA EMPRESA DE MODO QUE ME SEJA LÍCITO FAZER CONHECIDOS OS TEUS GLORIOSOS FEITOS".
A vinda dos magos e adoração deles guiados por uma estrela:
"CONHECERAM VESTIDO DE CORPO O DEUS QUE DEU ÀS ESTRELAS O NÚMERO E O ESPLENDOR; ALGUNS PRÍNCIPES DO ORIENTE TRAZEM E OFERECEM DONATIVOS PRECIOSOS. A MÉDIA TRAZ PARA O REI A SUA MIRRA, OS SABEUS OS SEUS INCENSOS E O OURO OFERECE AQUELE QUE ESTÁ PRÓXIMO AO FARETRADO PERSA. E EM CLARO ESPLENDOR REFULGIU UMA ESTRELA COMO SE FOSSE FAROL CONDUTOR. E OS OLHOS QUANTO PODIAM COM A PRÓPRIA AGUDEZA A OBSERVARAM E TOMARAM O CAMINHO DE TERRAS REMOTAS.
Morte dos inocentes:
Ö CRUEL ÓDIO DE UM TIRANO TEME DE TUDO, AINDA DAS COISAS MAIS INOFENSIVAS; NEM SUA PERFÍDIA DIVULGADA POR TODO O ORBE PÔDE PERMANECER OCULTA, QUANDO UM INFAUSTO DIA VOLVEU EM HORRÍVEL MORTE INOCENTES QUE AINDA NÀO TINHAM CONSCIÊNCIA DA PRÓPRIA VIDA E ARRANCADOS DO SEIO MATERNO, CRUENTOS UNS NO MUITO SANGUE DOS OUTROS".
E tu, seguidor que leste, que comentário tens a respeito?

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

CIDADE MARAVILHOSA

Posso ou não poso afirmar que Saint-Exupérry, além de piloto e de poeta, é também um místico, um filósofo, um psicanalista, e a caminho até de um místico? Senão, leia o que ele escreveu para você em "Cidadela":" Acabo de escrever o meu poema. Resta-me corrigi-lo". Meu pai ficou zangado! " Acabaste de escrever teu poema e depois disto o corrigirás! Pergunto-te eu: escrever o poema não é o mesmo que corrigi-lo? Que é esculpir, modelar a argila senão corrigir a argila? Por isso digo: de correção em correção sai o rosto, e a primeira dedada já era correção ao bloco de argila! Escuta: quando eu construo, levanto uma cidade, outra coisa não faço senão corrigir o terreno, a areia. Em seguida continuo a corrigir a minha cidade. E é assim que, de correção em correção, vai-se armando a minha cidade e EU CAMINHO PARA DEUS!" Deus começou e eu o vou substituindo, cidadão que sou, no soerguimento dessa cidade. Por isso é que de repente ouço a me sussurrar o poeta beneditino, tradutor do "PEQUENO PRÍNCIPE", Dom Marcos Barbosa: 'VARREDOR QUE VARRES A RUA TU VARRES O REINO DE DEUS!" Sim, todo cidadão é responsavel pela conservação e progresso da cidade que lhe põe à disposição os meios de sobrevivência. E você, Carioca, privilegiado habitante desta joia engastada na sombra do Cristo Redentor, internacionalmente admirada e não sem razão batizada de CIDADE MARAVILHOSA, cheia de encantos mil, jardim florido de amor e saudade, ninho de sonho e de luz, coração do meu Brasil!", não se esqueça de quem a fez, de quem assim lhe assentou as bases, do criador de sua moldura, de sua topografia, enfim de seus encantamentos mil! A resposta está plantada no pico do Corcovado! Foi Deus! Por isso é que nosso filósofo pontificou que, enquanto nossa cidade progride, EU CAMINHO PARA DEUS, e eu completo: EU VOLTO PARA DEUS. Conservá-la, porém, transmiti-la como o criador no-la confiou e com as correções necessárias aos nossos filhos e netos exige-se que haja o HOMEM e que este HOMEM ponha as mãos responsáveis na massa. Ha dias nosso prefeito deu uma de Moisés. Ergueu o seu diploma de alcaide desta maravilha de natureza, por Deus a nós legada, e soltou o verbo do cimo da Pedra da Gávea: "Tão logo amanheça o mais radiante sábado deste mês, muito vos assustará o seu "lendemain"! A COMLURB não vai acordar. As nossas praias disputarão com o lixo por nós ali abandonado, espalhado, cada centímetro de areia visível. Então, quem sabe, despertará em cada um de nós o HOMEM (o ser humano, isto é, o "vir", o macho, e a "mulier", isto é, a "femina"). A cidade nos foi dada, cabe a nós, ao HOMEM, cultivá-la, corrigi-la. Acompanhe de novo o nosso piloto e filósofo e místico: "Lembrei-me de que meu pai tinha dito: para construir a laranjeira, sirvo-me de adubos e de estrume e de enxadas na terra. Pouco depois surgem os ramos, e a árvore sobe, pronta para receber flores. E eu, o jardineiro, revolvo a terra sem me preocupar com as flores nem com a felicidade. Para que haja uma árvore florida é preciso haver antes uma árvore, e para haver um homem feliz é preciso haver em primeiro lugar um HOMEM. Ó cidadela! eu bem te construí, diz o Senhor, como um navio. Preguei-te, aparelhei-te e depois te abandonei ao tempo, que afinal não passa de um vento favorável. Navio dos HOMENS sem o qual eles não acertariam com a ETERNIDADE. Não ignoro as ameaças que pesam sobre o meu navio, sempre atormentado pelo mar escuro lá de fora. E pelas outras possíveis imagens, como por exemplo, a ingratidão , a desfaçatez, a preguiça, a negligência, a estupidez, a bestialidade, a maldade, a ignorância vencível ou invencível, a cegueira moral, a falta do senso de solidariedade, de respeito à natureza, enfim, a eficiente e consciente e indispensável colaboração do ser humano a quem a natureza confiou a tarefa de sem quebra de continuidade ser o CAMINHO DE DEUS PARA DEUS. "VARREDOR QUE VARRES A RUA, TU VARRES O REINO DE DEUS"!