sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

THOMAS MERTON - 96 ANOS DIA 31/01/11

THOMAS MERTON nasceu em Prades, França, no dia 31/01/1915. Faleceu no dia 10/12/1968 em Bancoc aos 53 anos. Monge trapista, escritor primoroso, ativista pelos direitos civis e contra a guerra, quem quiser conhecê-lo por dentro leia "Merton na Intimidade-Sua Vida em seus Diários". Daí é que extraio alguns de seus últimos pensamentos dois meses antes de falecer eletrocutado na Ásia. 10/o7/68: "Pode ser quem sabe que eu não volte. Não que espere que algo dê errado - embora seja possível. Seja como for, não espero estar aqui de volta antes de alguns meses. Desse ou daquele jeito, não me importo se eu não voltar. Se eu encontrar um lugar para desaparecer, ótimo. Se eu tiver de levar uma vida relativamente nômade, sem morada fixa, tudo bem também. O que realmente me intriga é partir para algo desconhecido, não pedindo nem esperando nada de muito especial, mas desejando tão-só fazer o que Deus exige de mim, seja lá o que for". Seu corpo foi sepultado no mosteiro de Gethsemane, EUA , onde viveu. 01/09/68: "O que se grava em minha mente é que em breve eu deixarei mesmo este lugar, para por muito tempo viver só com uma mala - tudo que tenho estará dentro dos 20 quilos que um avião carrega para a gente. Eu tinha em vista esse mosteiro (no Novo México) no fim de meu itinerário. Agora já nem sei se voltarei mesmo". 09/09/68: "É duro acreditar que esta é minha última noite em Gethsemane por algum tempo. Vou com a mente de todo aberta. Espero encontrar alguma coisa ou alguém que me ajude a avançar em minha própria busca espiritual. Mas continuo a ser um monge de Gethsemane. Se terminarei ou não aqui meus dias, não sei. A grande coisa é corresponder à vontade de Deus nessa ocasião providencial, seja lá o que for que ela traga!". 06/12/68: "Próxima parada Bancoc, depois a Indonésia onde começa toda uma nova jornada que não sei aonde me levará, nem o que eu posso ou devo planejar. Já estou farto de aviões e hotéis. Mas a jornada apenas começou, alguns dos lugares que eu realmente queria ver ainda nem foram tocados". Sua última frase nessa carta: "A maioria dos homens é incapaz de nadar antes de saber como" (Novalis). 08/12/68: Hoje é a festa da Imaculada Conceição. Daqui a pouco sairei do hotel. Vou celebrar na igreja de São Luiz, almoçar na Delegação Apostólica e depois, esta tarde, sigo para o lugar da Cruz Vermelha". Dia 11/12/68, depois de uma conferência que fizera, esperava-se a sessão da tarde, quando explanaria o assunto, para o que ia se preparar. Algum tempo depois, ouviu-se um grito vindo de sua cabana a que não se deu muita atenção, pensando tratar-se de impressão de alguns. No fim da tarde foi encontrado jazendo no chão, de costas, com o ventilador elétrico atravessado sobre o peito, funcionando ainda, havendo queimaduras no braço direito com a parte posterior da cabeça sangrando muito.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

ONDE ESTAVA DEUS?

Na "Folha" de 25/01/11, Rubem Alves perguntou onde está Deus. E um leitor mineiro hoje lhe oferece o que ele julga a melhor resposta: "Numa ocasião em que era prisioneiro num campo de concentração nazista, diante da agonia de uma criança judia na forca, Elie Wiesel foi indagado raivosamente por outro prisioneiro sobre o paradeiro de Deus naquele momento. E assim respondeu: Onde está Deus? Está pendurado ali, naquela forca!" O grande obstáculo à Fé na Providência Divina é a existência do mal físico e moral no mundo. Gabriel Marcel observa que "apesar de todos os argumentos aos quais recorrem teólogos e filósofos desde remotas épocas, é na existência do mal e do sofrimento dos homens que o ateísmo encontra sua permanente base de abastecimento". O mal, se fosse causado por Deus, ele não seria Deus, por definição santo e perfeito; Deus não santo e imperfeito não pode existir. Logo o mal só pode ser causado por CRIATURAS limitadas. Deus o permite, porque deixa as CRIATURAS seguirem seu CURSO NATURAL. Quanto ao SER HUMANO, possuídor de livre arbítrio, ele pode se desviar e desviar outros do caminho prescrito por Deus. Deus, respeitando a liberdade criada , não pode querer que o homem livre não seja livre, mas também não pode querer a falta. Ele permite à livre opção do homem cometer suas faltas, fazendo, porém reverter as faltas das criaturas em bem maior. O mal sempre supõe o bem, pois o mal é uma carência, ausência de algo que deveria existir; o MAL FÍSICO é a carência de algo no plano material; se for MAL MORAL, é a carência da finalidade adequada a que o homem deve tender. O MAL sempre supõe o BEM, só existe porque existe o bem, mas bem INACABADO, incompleto!. Sendo o MAL uma lacuna, não TEM CAUSA DIRETA, não é causado como tal. Tem uma causa indireta, causa esta que é capaz de não realizar seus efeitos até o fim ou de maneira perfeita. TAL CAUSA NÃO PODE SER DEUS, que é sempre perfeito em tudo o que faz. Mas pode ser a CRIATURA, QUE É LIMITADA E PORTANTO PODE PRODUZIR O BEM SEM CHEGAR A SEU REMATE! Não se esquecer de que toda criatura ( todo ser criado: pessoa, coisa etc.) por ter sido tirada do nada, é sempre ameaçada de cair no nada ou de falhar . Deus não pode criar algo infalível. Seria uma contradição à noção de criatura; Deus criaria então outro Deus, o que é ilógico.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O CELIBATO ECLESIÁSTICO

Folheando velhos recortes de jornais, detive-me num que tem como título "O Celibato Eclesiástico", de autoria de José Geraldo Vidigal de Carvalho. Pelo amarelado do papel parece-me contar uns 20 anos de existência, tendo sido publicado, portanto, depois do Vaticano II, logicamente quando ainda o assunto ocupava espaço frequente na imprensa. Li-o com interesse, sobretudo por causa dos escândalos levantados ultimamente em torno dos padres pedófilos, apontando alguns autores deccorrer esse fato da permanência da obrigação do celibato eclesiástico para quem receber o sacramento da ordem. Primeiro observo o seguinte: os defensores do celibato sacerdotal na sua maioria são aqueles que o assumiram na ordenação. E nesse caso está o o articulista, pois declara ele que "trata-se de uma disciplina da Igreja que, longe de ser uma imposição é um estado de vida abraçado LIVRE E CONSCIENTEMENTE por quem deseja o estado sacerdotal". Natural, pois, que sua defesa venha de quem assim o abraçou, isto é, do clero celibatário. Sabe-se, entretanto, que, já às vésperas do Vaticano II, a grita contra o celibato obrIgatório na Igreja de repente se levantou, pesadamente, NOS CURRAIS ECLESIÁSTICOS, repercutindo em discussões acaloradas no Vaticano II. E ainda hoje a matéria é objeto de discussões sérias nos meios eclesiásticos, embora fosse desejável que leigos católicos com conhecimento da doutrina católica, das verdades e valores cristãos, numa palavra: da IGREJA CATÓLICA, no Brasil, escrevessem e fossem ouvidos a respeito. Pessoalmente lamento a ausência em nosso meio de Tristão de Athayde em cujos escritos em vão procuro uma palavra sequer em defesa do celibato. Minto: numa carta a Jackson de Figueiredo, datada de 23/07/1928, ele toca, sim, no tema: "Como Ibsen tinha razão, que força a do homem só! Você preocupado com a família, você que tem alma de heroi! Eu, quando começo a sentir as prosaicas dificuldades financeiras da vida! E O PADRE FEIJÓ QUERIA SUPRIMIR O CELIBATO. QUE CRIMINOSO E COMO É SÁBIO O VATICANO ! SÓ O HOMEM SOLITÁRIO PODE SER HEROICO E SANTO MESMO!" Mas este pensar de Tristão traz a data de julho de 1928, um mês antes de sua conversão ao catolicismo, quando não passava de um iniciado nas coisas da Igreja. Sabe-se, por outro lado, que em preparação ao Vaticano II, os bispos brasileiros foram encarregados de sondar o clero a respeito do assunto. Mas antigamente o tema não merecia ser tratado com a transparência, pelo menos relativa, adquirida com o Vaticano II. Haja vista o caso de Dom Clemente Isnard, primeiro bispo de Nova Friburgo. O livro que escreveu REFLEXÕES DE UM BISPO, sobre as instituições eclesiásticas atuais teve sua circulação proibida no Rio de Janeiro. Em outro blog pretendo comentar o pensamento seguinte do articulista: "...ESTADO DE VIDA ABRAÇADO LIVRE E CONSCIENTEMENTE, etc."

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

DON CAMILLO E PEPPONI

A televisão mostrou ontem, dia 24/01/11, uma manifestação de moradores da cidade goiana de Descoberto, causada pelo aumento das passagens dos ônibus e pelo mau estado das rodovias. O comércio da cidade fechou, a polícia local foi reforçada, houve prisões e alguns feridos. A polícia confessou que houve excesso na repressão por parte de uns dois policiais que foram afastados para futuras investigações. O que.sobremodo, me chamou a atenção foi, no meio da população em correria sem destino, aos gritos, o aparecimento de uma batina preta - coisa rara em ruas de nossas cidades na atualidade - trajada por um sacerdote de meia idade, que desassombradamente, defensor zeloso e compenetrado de seu dever pastoral, de braços erguidos, apito na boca, conclamava o povo e se proteger no recinto da igreja paroquial, cuja porta principal foi imediatamente por ele aberta, enquanto de seus lábios e mais certamente de seu coração de autêntico representante de Cristo brotavam as seguintes palavras que traziam a minha mente episódios similares de perseguições da Igreja: " Como posso deixar meu povo sofrer deste jeito?" E a multidão logo atendeu ao chamado do pastor que de imediato me lembrou as figuras muito pitorescas de dois personagens, Don Camillo e seu rival Peppone , de romances escritos por Giovannino Guareschi, no final da segunda guerra mundial. Já antes, Guareschi se indispusera com Mussolini pelas críticas a seu movimento , tendo-lhe valido o ingresso forçado no exército e três anos de cadeia. Tendo com seus burlescos romances satirizado comunistas e democratas cristãos, muito contribuiu para a derrota do comunismo na eleição de 1948. Dom Camillo, pároco da aldeia de Reggio, e Pepponi, seu rival, prefeito comunista, eram os personagens bastante celebrados pelos milhares de leitores na Itália e no exterior. O moderador de seus embates violentos era o Cristo do altar da igreja local. O último diálogo violento entre os dois deu-se, creio, numa noite de natal, passada na casa paroquial de Reggio. Sentados junto de uma mesa, em misterioso silêncio, olhos fixos nas personagens do presépio, deram-se as mãos e a PAZ se fez. Parabéns ao sacerdote, que me despertou com o belo gesto a figura de Dom Camillo, pela atitude peregrina que suas ovelhas nunca hão de esquecer!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

EFEITOS DA DESOBEDIÊNCIA DE ADÃO E EVA

Toda falta contra as leis divinas consiste numa repulsa, num afastar-se de Deus e num apego desordenado às criaturas: pessoas, bens, etc,. Por causa desse apego desordenado às criaturas, mesmo quando a falta é perdoada, permanece um débito, um castigo ou pena que se apaga ou se paga por meio da SATISFAÇÃO que é uma reparação da injúria que nossas faltas causam a Deus ou do dano que causam ao próximo. Esta satisfação pode ser sacramental, se é imposta pelo sacerdote no confessionário; será voluntária, quando a impomos a nós mesmos em suplemento à satisfação sacramental. Quando alguém é batizado, não só se apaga a falta original como também a obrigação da satisfação, uma vez que sendo os merecimentos de Jesus Cristo de valor infinito, a satisfação ou reparação por ele efetuada foi usada na sua plenitude, donde o batizando, além de adquirir a graça santificante, fica isento da pena ou castigo decorrente da falta original. O mesmo pode ocorrer quando alguém é perdoado pela absolvição sacramental, pela confissão a um sacerdote, caso em que , porém, a aplicação da satisfação em virtude da paixão de Cristo dependerá das disposições do penitente. O sacramento da penitencia ou confissão não é, portanto, uma regeneração como é a do batismo em que se aplica na totalidade o mérito da paixão de Cristo, mas é como um remédio aplicado que tanto mais eficaz será quanto melhor for a disposição do penitente. A razão disto vamos buscar na história do que ocorreu, quando nossos primeiros pais ofenderam a Deus. Adão e Eva foram despojados da graça santificante e tiveram bastante enfraquecido o dom da integridade, que devia harmonizar perfeitamente os diversos elementos da natureza humana entre si e com o elemento superior, a saber, a justiça ou santidade. A integridade, que não é senão uma disposiçào para a graça santificante, sua descendência herdaria, mas bastante enfraquecida, pois herdaria o dever de suportar os efeitos da luta permanente contra os inimigos espirituais que são: a CONCUPISCÊNCIA, inimigo interior que trazemos sempre conosco, isto é, o amor desordenado dos prazeres dos sentidos; o MUNDO, isto é, o complexo daquelas pessoas que são opostas a Jesus Cristo e escravos da tríplice concupiscência, a saber: a CONCUPISCÊNCIA da carne, a CONCUPISCÊNCIA dos olhos e a SOBERBA da vida; e o DEMÔNIO, inimigos exteriores que atiçam o fogo da concupiscência. O demônio , sabemos, inimigo invejoso da felicidade de nossos primeiros pais, foi que os incitou ao mal.

domingo, 23 de janeiro de 2011

REFLEXÕES

1 - "Nossa liberdade é SOLIDÁRIA do equilíbrio do mundo, e é isso que é preciso compreender para não se ficar espantado com o profundo mistério da REVERSIBILIDADE, QUE É A DESIGNAÇÃO FILOSÓFICA DO GRANDE DOGMA DA comunhão dos santos. O bem que se faz ou que se deixa de fazer repercute, proporcionando um benefício ou, ao contrário, deixando de proporcionar um benefício para algum dos membros da Igreja, vivos ou mortos, da Igreja Militante ou da Igreja Padecente".
2 - "Quando praticas um ato bom ou mau, lembra-te que há almas incontáveis, almas de vivos e almas de pretensos mortos, que misteriosamente correspondem à tua, almas de escravos ou de imperadores, que podem ter animado corpos, há 5 mil anos, ou que os animam nesse momento, e que têm uma infinita necessidade de ti! Se teu ato é mau, essa multidão é repelida; se teu ato é bom como que a trazes de volta pela mão".
3 - "Não há ato isolado ou sem suporte, independente da Sintaxe Divina, que é um artigo de nossa Fé, um dogma, e que se chama "Comunhão dos Santos". Nossos atos todos são como que os termos de um período que analisamos sintaticamente; e sabemos que nele não há lugar para anacolutos!
4 - "Há uma lei de equilíbrio divino chamada a COMUNHÃO DOS SANTOS, em virtude da qual o mérito ou o demérito de uma alma, de uma única alma, é REVERSÍVEL (que reverte) sobre o mundo inteiro. Um homem que não reza causa um mal inexprimível em qualquer língua, humana ou angélica. O silêncio dos lábios é extremamente mais terrificante do que o silêncio dos astros".
5 - Ö que se chama livre arbítrio é semelhante a essas flores banais cujas penugentas sementes o vento leva a distâncias por vezes enormes, para fecundar não se sabe que montanhas ou vales. A revelação desses prodígios constituirá o espetáculo de um minuto quem sabe, mas que durará a eternidade". Pensamentos de Léon Bloy, tirados do livro LÉON BLOY, de Octavio de Faria.

"COMUNHÃO DOS SANTOS" - 3

Visto que: a) os MEMBROS da IGREJA CATÓLICA estão unidos entre si como MEMBROS de um MESMO CORPO de que JESUS é chefe: b) de que os que vivem na terra compõem a Igreja que milita, donde constituírem a GREJA MILITANTE; c) de que a IGREJA TRIUNFANTE compreende os fiéis que no céu gozam da visão de Deus, triunfam e reinam, com Cristo; de que os que formam a IGREJA PADECENTE são os que, morrendo sem culpa mortal, acabam de expiar e purificar-se no Purgatório, constituindo a IGREJA PADECENTE; embora esses fiéis estejam em três lugares ou estados diferentes, eles FORMAM UMA SOCIEDADE ÚNICA. Por que ÚNICA? PORQUE TÊM O MESMO CHEFE JESUS CRISTO; porque é um só o vínculo, a CARIDADE, que as une; PORQUE o CËU somente é seu termo final. Havendo uma perfeita SOLIDARIEDADE entre os membros dessa sociedade, donde o nome de COMUNHÀO DOS SANTOS, o relacionamento entre os fiéis desses três estados pode ser considerado sob 3 pontos de vista: a) a SOLIDARIEDADE dos fiéis da terra entre si; na IGREJA existe um TESOURO de BENS (depois isto será mais explicado) ESPIRITUAIS; cada membro lança nele os próprios lucros espirituais, podendo retirar o de que precisa; b) existe entre os fiéis da terra e os SANTOS do CÉU uma comunhão ou solidariedade de intercessão e de benefícios, pois os santos do céu intercedem a favor dos fiéis vivos, enquanto estes os honram, procurando imitá-los e procurando sua ajuda espiritual; c) existe uma comunhão de simpatia e de caridade entre os fiéis da terra e os santos do Céu para com as ALMAS do PURGATÓRIO; OS FIÉIS DO CÉU oram para o alívio das dores da expiação e para a diminuição de sua duração, enquanto os fiéis da terra oferecem para alívio das almas padecentes orações, esmolas e sobretudo o santo sacrfício da eucaristia, a santa comunhão e as indulgêencias de que depois falaremos. Por seu lado, as ALMAS do PURGATÓRIO saúdam e honram a Igreja Triunfante e rezam pela IGREJA MILITANTE. Consideração prática: temos a tendência de identificar a IGREJA com alguns de seus membros: um bispo, um sacerdote, geralmente para criticá-los, esquecidos de que são instrumentos efêmeros da mais bela e sublime das obras, de que a IGREJA é SANTA, mas não sem PECADORES!

sábado, 22 de janeiro de 2011

CANINÓPOLIS, 12/01/2061

Em 11/12 de janeiro de 2011, nas cidades de Teresópolis e Friburgo, Brasil, há 50 anos, as montanhas se derreteram e engoliram parcialmente as duas cidades. Chegou a mil o número de mortos e a mais de 200 o de desaparecidos. A populacão canina só não foi dizimada graças à fidelidade de seus donos. Um exemplar de nossa raça entre todos os demais se celebrizou pela complexidade das circunstâncias que envolveram sua vida nos três primeiros dias da catástrofe e que o farão para sempre lembrado nos anais de nossa história pátria. Chamavam-me de CARAMELO. Assustado depois de me salvar do dilúvio, vi a porta do cemitério dos humanos arrebentada, entrei e me deitei perto de uma sepultura recém utilizada. Olhos esbugalhados, alguém assim me fotografou. E logo correu a notícia: "Caramelo postou-se ao lado da sepultura de sua dona há dias, recusando alimentar-se. Vendo-me na televisão assim muito triste ao lado do corpo enterrado da pessoa que eu amava, uma pessoa do Rio de Janeiro dirigiu-se ao depósito dos cães na cidade maltratada pela natureza e me adotou. A contra-gosto, passei a dividir com ela os salões de belo apartamento. Um verdadeiro palácio! Tinha, porém, ouvido havia pouco, na televisão, de um ex-presidente da república, não sei se mineiro ou baiano, que mineiro não gosta de palácio. Como bisneto de pais daquelas montanhas, como tais definidas por José Simão na Folha de São Paulo como sendo um "monte de montanhas com um monte de gente dando adeus", compreendi que por esses acenos meus antepassados me aconselhavam dar o fora. Foi o que fiz. Verdade é que botaram minha fuga na mídia, interpretando-a mesmo como intenção de regressar para o lado de quem tudo fora para mim na vida. Em resumo, esta história, que correu mundo, foi a causa de terem querido até trocar o nome que me fora dado de CARAMELO pelo de HEROI, quando até então eu só ouvia chamarem-me de LEÃO. Verdade, sim, que passei três dias sobre os escombros da casa em que vivia. Donde só à força e com o uso de focinheira de lá me retiraram. Corri então para o cemitério onde me fotografaram, aparecendo na televisão. Mas logo voltei para os escombros, onde acompanhei o coveiro, entrevistado, declarar que LEÃO, e não CARAMELO, foi. é, por enquanto, e será sempre o SEU BICHO DE ESTIMAÇÃO!

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

COMUNHÃO DOS SANTOS - 2

Em COMUNHÃO DOS SANTOS" 1, vimos que o termo "SANTOS" designa todos os seres humanos, resgatados que foram pelo FILHO de DEUS feito homem, Jesus Cristo, através de sua Encarnação, Paixão e Morte de Cruz. Sentido do termo "COMUNHÃO": "COMUNHÃO" vem de "communicare", "communicatio" em latim = confraternidade íntima, solidariedade, "comunhão" (dá-se também o nome de "comunhão" ao ato de alguém receber a Hóstia Consagrada) entre todos os verdadeiros crentes da Igreja Católica, vivos e falecidos. Os VIVOS constituem a Igreja MILITANTE, os mortos já recebidos no céus pertencem à Igreja TRIUNFANTE, e os mortos na paz com Deus mas devedores ainda à justiça divina por faltas não graves estão no purgatório, preparando-se para o Céu, formando a igreja PADECENTE. Longe de viverem ilhados no individualismo, Cristo, na alegoria da videira (João, cap. 15,1-17) quis que seus fiéis constituíssem um organismo sobrenatural. Por isto é que o apóstolo São Paulo compara a Igreja com o corpo humano, sendo os fiéis os membros desse corpo. Em 1.Cor. 12, 25-26, ele indica a estreita solidariedade que une os membros da Igreja (nos 3 estágios: Militante, Padecente e Triunfante) e a maneira pela qual as atividades de cada fiel repercutem sobre os demais, de modo que os membros tenham os mesmos cuidados uns pelos outros; se um membro sofre, todos os membros sofram com ele; se um membro recebe glória, todos os demais se regozijam com ele, etc,. A leitura da primeira carta paulina aos habitantes de Corinto, cap. 12, merece uma leitura atenta. Esta noção pregada por São Paulo, de uma Igreja Invisível, difere da outra noção, também válida, que compara a Igreja a um reino, destacando-se então sobretudo o caráter visível, social e hierarquizado dela, lembrando-se, porém, que é um reino de Deus, de caráter religioso, espiritual, não um reino deste mundo, mas um reino que está dentro de nós (Lc 17,21). Distingue-se também da noção de que a Igreja é o "corpo místico" de Cristo. Esta noção, igualmente válida, põe em relevo as relações dos seus membros com a Divina Cabeça de Jesus Cristo; por estarem unidos a Cristo é que os membros da Igreja estão unidos entre si. Próxima vez: " Comunhão dos Santos" - 3.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O QUINTO CÃO É O CARAMELO

O primeiro foi a FUSARCA! Ela morreu nos meus cinco ou seis anos. 1936 ou sete. Levantamos-lhe eu e meus irmãos Anésia e Luiz um túmulo florido que até hoje não sai de meus olhos. No fundo do quintal de nossa casa em Minas. O segundo foi o PRÍNCIPE, o circo levantou barraca poucos dias depois de tantas vezes sairmos na rua atrás do palhaço, pulando e dansando e gritando "Hoje tem marmelada, hoje tem goiabada - e nós respondendo "Tem sim senhor! - O Palhaço o que é? - É ladrão de mulher!!!" Mas o PRÍNCIPE não gostou de abandonar a molecada da cidade mineira. E foi esconder-se no sobrado de minha mãe. E dela se tornou filho em substituição dos seis rebentos homens que a esta altura procuravam serviço no mundo cão. E o circo partiu e o PRÍNCIPE ficou fazendo companhia a minha mãe viúva e cujos doze filhos tinham esvaziado a casa. Mas ai de quem ousasse sequer tocar na saia da sua nova protetora! A quem fiel se dedicou até morrer. Do terceiro já deitei comentários aqui. Um viralatas da cidade de Tiradentes que, um dia, aceitou um pão-de-queijo meu. E na praça, defronte da pousada, numa fria manhã, enquanto distraído eu palestrava com Léa Maria se pôs a roçar-me o sapato com a patinha e lambê-lo. O quarto foi o cão chamado Veludo! Descobri-o numa antologia usada no meu curso primário. Poesia sublime, emocionante, de Luiz Guimarães Junior: "História de um Cão". O dono afinal acertou como se desfazer do bicho asqueroso: de uma barca alugada, lançou-o no mar e foi à noite dormir intranquilo, porque notara que perdera nas águas uma preciosa relíquia de sua mãe. E assim termina a poesia: "Duas vidas tivera, duas vidas, Eu arrancara àquela besta morta E àquelas vis entranhas corrompidas. Nisto senti uivar à minha porta. Corri. Abri...era VELUDO! Arfava: Estendeu-se a meus pés - e docemente Deixou cair da boca que espumava A medalha suspensa da corrente! Fora crível, ó Deus? ajoelhado Junto do cão - estupefato, absorto, Palpei-lhe o corpo: estava enregelado; Sacudi-o, chamei-o! Estava morto!" O quinto é o CARAMELO. QUEM NO BRASIL HOJE NÃO GOSTARIA DE ADOTÁ-LO?

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

TRISTÃO E GUIMARÃES ROSA

Em carta de 26/06/1964 à sua filha madre MARIA TERESA, Alceu Amoroso Lima (1893-1983) escreveu o seguinte: "A sessão de ontem trouxe para mim uma revelação - O GUIMARÃES ROSA como professor. Foi uma aula excelente sobre Coelho Neto. Julgava-o um sujeito caladão e chato. Foi uma aula - não um discurso - excelente mesmo, e confirmando a sentença de que, para falar, o que vale não é ser orador (ele não o é), mas, sim, conhecer bem o assunto. E está-se vendo que ele se movimenta em território coelho-netiano, com a facilidade de um peixe na água, não só porque tem lido todo o Coelho Neto para o discurso que vai ter de pronunciar quando for recebido na Academia (sucede a João Neves da Fontoura (1887-1962), político, advogado e jornalista que por sua vez sucedeu a Coelho Neto, mas ainda porque como romancista tem profunda afinidade com o Coelho Neto especialmente no amor da palavra, de que é um apaixonado, embora seu estilo seja totalmente diverso do outro. Foi realmente uma reabilitação do opositor do Graça Aranha em 1924, à luz de uma frase, entre outras: "Que pena que Coelho Neto não tenha sido modernista!" Foi uma frase de passagem, mas que disse bem a espécie de "reconciliação" a 40 anos de distância, que de certo modo também esteve latente no meu discurso. Os acadêmicos presentes,é engraçado, ainda conservam um inequívoco ressentimento contra o Graça. Até hoje! Mesmo não tendo estado presentes em 24! Senti bem isso pela efusão com que felicitaram o Guimarães Rosa. Não era apenas pela excelência da bela aula, e sim por sentirem o Coelho Neto, e portanto o espírito acadêmico que o Coelho Neto afinal representava. É engraçado. No fundo, só eu mesmo é que fiquei sempre antiacadêmico de coração..." Sabemos que JOÃO GUIMARÃES ROSA (1908-1967) que fora eleito para a Academia de Letras a 06/08/1963, só tomaria posse em 16/11/1967, falecendo três dias depois.

QUE É A FÉ ?

A FÉ é uma VIRTUDE, isto é, uma inclinação, um hábito da alma, que leva o homem a praticar o BEM. É uma VIRTUDE SOBRENATURAL, porque nem se adquire, nem pode praticar-se com as únicas foças humanas; ela nos é comunicada pelo BATISMO que nos transmite a GRAÇA SANTIFICANTE, tornando-nos filhos de Deus; esta graça nos enriquece de uma inclinação para praticar o BEM espiritual e eterno. A FË é uma VIRTUDE SOBRENATURAL infundida pelo Batismo pela qual CREMOS FIRMEMENTE ( sem nenhuma dúvida ) todas as VERDADES REVELADAS POR DEUS e PROPOSTAS PELA IGREJA CATÓLICA. Mas, por que CREMOS? É por causa da AUTORIDADE DA PALAVRA DE DEUS. NOSSA FË SE FIRMA NA VERACIDADE de DEUS que não pode iludir-nos nem tão pouco enganar-se a si mesmo. O TESTEMUNHO de DEUS é infalível. É nisto que se funda a CERTEZA ABSOLUTA da FÉ DOS CRISTÃOS. ESTE TESTEMUNHO ENCONTRA-SE NO CONJUNTO DAS VERDADES ENSINADAS POR JESUS CRISTO, PREGADAS PELOS APÓSTOLOS e propostas pela Igreja Católica. Por isto é que, para uma pessoa ser verdadeiramente CRISTÃ três condições são necessárias: a) ter sido BATIZADA; b) CRER, isto é, admitir como VERDADE tudo o que ensina a DOUTRINA CRISTÃ; c) PROFESSAR, ISTO É, PRATICAR, VIVENCIAR (claro que não somos perfeitos; se resvalamos nalgum ponto, Deus nos perdoa) o que está contido na Doutrina Cristã. Onde se acha a DOUTRINA CRISTÃ? Nos EVANGELHOS, nos ATOS DOS APÓSTOLOS, nas EPÍSTOLAS, no APOCALIPSE e no ENSINO TRADICIONAL da IGREJA CATÓLICA. Tradição aqui significa a entrega ou passagem de verdades, recebidas dos Apóstolos, à Igreja; também fazem parte do ensino tradicional da Igreja os esclarecimentos e desenvolvimentos de verdades contidas nos livros santos realizados através dos séculos por meio dos doutores e dos concílios. DOUTOR DA IGREJA é o nome que se dá a certos teólogos eclesiásticos de notável saber e reta ortodoxia cujos escritos foram tomados como modeladores da verdadeira doutrina cristã (Houaiss). Grandes Doutores da Igreja foram Santo Ambrósio, São Jerônimo, Santo Agostinho, Sào Gregório Magno, declarados assim por Bonifácio VIII. O título de doutor lhes é dado pela autoridade eclesiástica que assim quer honrar neles a eminência do saber, a ortodoxia da doutrina e a santidade de vida.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

SÍMBOLOS CATÓLICOS EM EDIFÍCIOS PÚBLICOS

Mais uma vez, é objeto de comentários na mídia o uso de símbolos católicos em estabelecimentos públicos, quase como uma consequêencia da separação entre Estado e Igreja. E então aparecem os partidários de um e de outro lado. Parece-me que se trata da discussão mais irrelevante, e, por ignorância, sem fundamento. Que é um símbolo? Numa perspectiva teológica, símbolo é aquilo que torna presente, com uma modalidade peculiar sua, a realidade de um fato religioso. Etimologicamente a palavra deriva da língua grega, "symballo" = compor-se, ajustar-se. Quando entre dois gregos nascia uma amizade, era costume quebrar-se um caco de vaso em duas partes, ficando cada um com uma das partes. Ao se encontrarem, poderiam verificar a persistência da amizade, desde que as duas partes se ajustassem ainda. Para quem é cristão, portanto crê e professa as verdades ensinadas por Jesus Cristo e reveladas pela Igreja, pelo batismo, como que um vaso foi quebrado, ficando, batizado e cristão, cada um com um dos dois cacos quebrados do vaso, podendo comprovar-se a todo momento a amizade reinante entre o cristão e Cristo Jesus. Além do mais, Santo Tomás de Aquino escreveu que "o ato de fé não atinge seu objeto nos símbolos, mas numa realidade que eles expressam (STh.II-II,1,2 ad 2). Focalizando-se o mundo católico, muito frequente é o uso de símbolos no sentido teológico, acima exposto. As imagens dos santos são símbolos, através dos quais prestamos homenagens àquelas pessoas que viveram com profundidade a fé católica. O crucifixo é um símbolo e dos mais representativos de um fato de valor infinito. A presença do crucifixo traz à mente do católico a pessoa de Cristo morto na cruz para nos resgatar. Como se trata de símbolos, não se perca o princípio, acima transcrito, que Santo Tomás de Aquino aplicou aos símbolos: a fé é um movimento do espírito humano sustentado pela graça e que não atinge diretamente seu objetivo no objeto-símbolo, mas na realidade que ele expressa. Isto posto, julgo, sim, irrelevante, uma discussão sobre se deve ou não afastar-se um símbolo religioso de um estabelecimento público, frente à separação entre Igreja e Estado. Um símbolo, tal qual acima descrito, só representa um valor para quem for católico. Mas como a percentagem elevada , por exemplo, de nossos parlamentares não crê e professa o catolicismo, o que se comprova no fato de repelirem a presença do crucifixo no ambiente de seus trabalhos, ou de um executivo no seu gabinete, a permanência de um símbolo católico em tais lugares não passa de um enfeite. O culto da tão decantada "transparência" funciona, ocupa uma posição muito privilegiada também na prática da religião. Por que conservar num ambiente um símbolo católico que, além de impróprio para o papel de enfeite, ainda pode ser alvo de escárnio ou de profanação ou de constrangimento, como se sua presença tivesse como missão frequentemente .coonestar tanta violação aos mais sagrados direitos humanos? A presença de símbolos católicos em escolas públicas será abordada em outra ocasião.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

"O ESTILO É O HOMEM"

Por duas razões busco assunto hoje na FOLHA de SÃO PAUL0. No PAINEL DO LEITOR a expressão latina "ad nutum" , usual no campo do direito, aparece traduzida para o vernáculo como " ao menor sinal". "Nutus" = aceno de cabeça, sinal, do verbo "annuere" (ou nuere) = fazer sinal afirmativo com a cabeça, consentir, aprovar, favorecer. Assim, nomear alguém ad nutum significa indicar alguém a um cargo ou função por vontade própria, permanecendo o nomeado vinculado apenas à vontade de quem o nomeou. Este pode demiti-lo quando racionalmente bem lhe aprouver. "Ad nutum", portanto, a meu ver é a indicação de uma pessoa por autoridade competente com o direito de demiti-la, quando julgar oportuno. A tradução "ao menor sinal" põe a ênfase na maneira simplificada pela qual ocorre o afastamento, ato da vontade de quem nomeou, sem que se faça referência à maneira como foi realizado o ato de nomeação. Nomear "ad nutum" é uma exceção aos princípios legais exigidos no caso de nomeações em geral. Por outro lado, e já agora referindo-me à coluna de Carlos Heitor Cony, apraz-me contar-lhe que, nos meus longínquos 14 anos, estudando na "Arte da Composição e do Estilo", de autoria do então diretor do Colégio do Caraça, Padre Antônio da Cruz, a parte referente especificamente ao Estilo, decorei e nunca mais esqueci o trecho referente a este assunto: "Otimamente, pois, se expressou BUFFON, quando disse que "o estilo é o homem, porque exige do homem a aplicação de todas as suas faculdades". Vou ao Petit Larousse: BUFFON (Georges-Louis Leclerc de) (1707-1788) e leio: "Le style est l`homme même (et NON le style c`est l`homme) signifie que si le fonds des découvertes scientifiques devient la propriété commune de l`humanité, la mani`ere`de les exprimer, le style, reste la marque personnelle de 1` écrivain.( Et NON que dans le style se refl`ete le caract`ere de l'ecrivain.) Lamento não dispor do discurso famoso de recepção de Buffon na Academia, para se desfazer agora em mim o mistério do conceito de estilo atribuído a Buffon e que ele recusa, conforme está no Larousse.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A SEGUNDA MORTE DO LATIM

Deu na FOLHA DE SÃO PAULO de hoje, 12/01/11: "Agora o novo delegado-geral de São Paulo comete o desatino de matar uma língua morta ao proibir o latim nos boletins de ocorrência". Pena que não se mencionou a causa da proibição, o que me leva a imaginar uma porção de suposições. Aguardemos, contudo, demos tempo ao tempo, até que a coisa se esclareça. Enquanto esperamos, lembro que a bandeira do Estado de São Paulo, proposta em 16/07/1888 por Júlio Ribeiro, logo depois da abolição da escravatura, foi adotada como símbolo dos paulistas às vésperas do Movimento Constitucionalista de 1932. Durante o Estado Novo, obra de Getúlio Vargas, seu uso foi suspenso, uma vez que se suprimiram no país os símbolos nacionais. Com o retorno do estado de direito, a bandeira de São Paulo foi oficializada em 27/11/1946. Existe também a bandeira da capital de São Paulo que traz uma CRUZ deitada e o brasão da cidade. É branca, com a CRUZ de Cristo em vermelho e o brasão do município no centro. A CRUZ evoca a fundação da cidade. Foi instituída por Janio Quadros, em 06/03/1987. Janio, autor de uma gramática da língua pátria, determinou que nela figurasse uma frase em latim: "DUCO, NÃO DUCOR", o que quer dizer: "CONDUZO, NÃO SOU CONDUZIDO". É toda branca. A frase, dizem, teve a felicidade de demonstrar que a capital não apenas ocupa a posição central, mas também a liderança do Estado. Como ignoro a razão da suspensão do latim nos boletins de ocorrência, pensei com meus botões: está-se discutindo muito sobre o emprego de símbolos religiosos nos próprios públicos. Irão em breve atacar a CRUZ na bandeira do Estado de São Paulo e a frase grandiloquente do Janio na bandeira da Capital do Estado, escrita em LATIM? Lembrem-se de que 25 de janeiro vem aí! Data de fundação da capital do Estado e que traz - et pour cause - o nome nada mais nada menos do que o do Apóstolo das Gentes, SÃO PAULO APÓSTOLO. Se o Latim desaparecesse, com ele desapareceria a língua que tem como lindo lema dado por Piccinello em seu Mundo Simbólico: "PROMIT INTIMA CORDIS", a saber: " Expõe, declara, as coisas íntimas do coração". Esqueceu-se o que escreveu Camões nos Lusíadas, canto I, v.33: "...E na língua na qual, quando imagina, com pouca corrupção crê que é LATINA"?

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

PACIENTE OU CLIENTE?

Despertou-me hoje,e bastante, a atencão o mini-diálogo mantido entre um médico e uma senhora numa clínica de fisioterapia. Ela não se conformava com o adjetivo "cliente" com que o médico se referia a ela. Teimava em dizer que ela não era cliente e, sim, paciente. Acabou aceitando a explicação dada: hoje não se diz mais "paciente", mas "cliente". Confesso: nunca li ou ouvi algo a respeito do assunto. Pensando bem, o termo "cliente", "na Roma antiga o indivíduo que estava sob a proteção de um patrono, modernamente designa a pessoa que confia seus interesses a um advogado ou que consulta habitualmente o mesmo médico, conforme se lê no dicionário de Houaiss, focalizando a palavra "cliente", onde nem alusão se faz à palavra "paciente". Por outro lado, o mesmo dicionário dá ao termo "paciente" o significado de "indivíduo que está sob cuidados médicos" EM OITAVO LUGAR na relação dos sentidos em que a palavra pode ser empregada. Procede assim até, quem sabe, no afã de atender à curiosidade ou necessidade de alguém que se veja diante dessa palavra num contexto em que ela se apresente no sentido antigo, de alguém sob cuidados médicos. É interessante observar que a língua francesa, salvo melhor juízo, só conhece o termo "cliente", o mesmo acontecendo com o italiano e o inglês, quando se referem a pessoa sob cuidados médicos. Claro que têm outros sinônimos, mas não com o sentido do nosso termo "paciente", do latim "pati"+ sofrer. O antigo uso do termo "paciente" no sentido de alguém sob cuidados médicos, etc., certamente sofreu influência do latim e de nossa gramática portuguesa, onde, tratando-se de verbos, fala-se em voz ativa e voz passiva: ativa, quando o sujeito pratica a ação, e passiva, quando o sujeito sofre, recebe o efeito da ação. Na filosofia, lembra Houaiss, na "escolástica" paciente é o ente que sofre uma ação em estado de inércia, por oposição a "agente". Como se vê, o emprego de "paciente" designando uma pessoa sob cuidados médicos, por exemplo, tomado no sentido etimológico da palavra em boa hora foi e é substituído pelo termo "cliente". Para Houaiss "client" é possivelmente de origem etrusca", chegando à nossa língua através do latim.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

APENAS UM MEIO DE PROTESTAR?

São 3 os sacramentos da Igreja que imprimem CARÁTER: o BATISMO, a CONFIRMAÇÃO e a ORDEM. A Igreja ensina que o caráter sacramental é um sinal distintivo, espiritual e indelével, impresso na alma, razão pela qual os 3 sacramentos referidos não podem ser repetidos. Todos os fieis assinalados com qualquer um desses 3 caracteres participam de alguma forma do sacerdócio de Cristo: pelo caráter batismal e pelo da Confirmação os fiéis são introduzidos no culto divino, como servos e soldados de Cristo. Mas a participação propriamente dita se realiza pelo caráter da ordem, em virtude do poder de se tornar ministro e dispensador dos mistérios de Deus pela configuração com Cristo Sacerdos et Pontifex. Consiste o caráter num poder espiritual pelo qual a pessoa recebe ou leva aos outros aquelas benesses que pertencem ao culto divino. Ora Cristo , como sacerdote, é o autor desse nosso culto, derivando todo poder espiritual em ordem ao culto divino do sacerdócio de Cristo que é por natureza indelével. Estou recordando estas verdades, por ter ouvido domingo, dia 09/01/11, o celebrante da eucaristia nos transmitir a notícia de que na Europa se tornou comum atualmente cristãos procurarem as igrejas paroquiais, solicitando sejam apagadas dos livros do registro competente as inscrições de seus nomes em decorrência de terem naquela igreja recebido o sacramento do batismo, uma vez que não querem mais ser cristãos, pertencerem à Igreja Católica. Esquecidas estão simplesmente de que tendo sido validamente batizadas, o sacramento lhes imprimiu na alma aquele sinal distintivo, espiritual, invisível mas real, que os fez cristãos. Que lhes apagou a falta original e todas as outras por ventura cometidas antes do batismo. Que lhes deu o poder de entrarem no reino dos céus terrestre, a Igreja Católica , em vista do Reino dos céus celeste, a conquistar pela utilização da graça batismal. Pelo batismo o cristão é introduzido na vida sobrenatural, cujo princípio é a graça , graça fundamental que qualifica a alma cristã para sua própria destinação, munindo-a para a viagem ao mesmo tempo que lhe abre o caminho.. O batismo incorpora o cristão a Cristo, f'á-lo revestir o Cristo, segundo a metáfora forte de São Paulo. Ser incorporado a Cristo é fazer parte daquilo que chamamos o seu Corpo Místico ou Espiritual, isto é, a Igreja. Uma vez batizados, batizados para sempre. Uma vez confirmados, confirmados para sempre. Uma vez sacerdotes, sacerdotes para sempre. Sendo assim, solicitar deixar de ser cristão pela simples supressão do nome que comprova ter sido batizado confirma o que tanto se lamenta: a profunda ignorância da doutrina cristã!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

EVANGELHOS

No PRESÉPIO, no Natal, a VERDADE se faz sorriso, para nos conquistar! Na CRUZ, na Quaresma, a VERDADE se faz SANGUE, para nos resgatar! Na HÓSTIA, a Verdade se faz pão, todos os dias do ano, todas as horas do dia, para nos alimentar! No EVANGELHO Jesus se faz LUZ para nos INSTRUIR! NO EVANGELHO está a perfeita fisionomia de Cristo, por Ele mesmo fotografada. Todos dizemos que conhecemos o Evangelho, um livrinho de que se lêem na celebração eucarística algumas páginas aos domingos. Coisa curiosa: o que impede de aprendê-lo, lendo-o, é porque julgamos conhecê-lo! Quantas vezes citamos pensamentos, palavras de homens importantes, mas nos esquecemos das palavras de Deus! Quantos nos deliciamos, nos enriquecemos diante da leituras de biografias - o que pessoalmente julgo uma fonte de aprendizado humano, de melhor conhecermos nossos semelhantes, de nos valorizarmos mutuamente - e no entanto nosso Evangelho muitas vezes continua uma peça de enfeite em nosso lar! O Papa São Pio X dizia que quanto mais lermos e conhecermos o Evangelho, meditando, tanto mais viva se torna a nossa fé. Léon Bloy, que costumo citar tanto, escreveu: "Que delicia a leitura do Evangelho, mesmo na mais profunda das angústias! Quantas vezes senti que minha pior penitência era não poder consagrar a seu estudo todos os meus dias! "O que há de mais admirável no Evangelho é que ele convém a todas as pessoas, aos grandes e aos pequenos, aos sábios como aos ignorantes. A todos e a cada um se adapta. Voltaire: "Conjuro todo pai de família a preparar uma posteridade que conheça o Evangelho, que considere as grandes verdades transmitidas por esse sublime livro e as grave no coração de seus filhos!". São Jerônimo (331-420), a quem se deve a tradução da Bíblia para o Latim, chamada Vulgata, escreveu que "ignorar o Evangelho é ignorar Jesus Cristo!" EVANGELHO, do latim EVANGELIUM, do grego EUANGUELION, quer dizer uma boa, uma alegre mensagem ou notícia. Embora nos primeiros tempos da Igreja vários homens tenham procurado escrever sobre Cristo e suas doutrinas, a Igreja só reconheceu como autênticos e canônicos os Evangelhos de São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João Evangelista.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

VELHO NÃO GOSTA DE CONSELHO

Narra o evangelista São Lucas (16.1a9) que um homem rico tinha um administrador de seus bens que foi um dia acusado de dissipá-los. Convocando-o, exigiu-lhe prestasse contas de sua função. Detestando o trabalho, com vergonha de mendigar, que fez o administrador para, perdendo o emprego, poder ser recebido nas casas de seus amigos? Reuniu os devedores de seu patrão e foi diminuindo a dívida de cada um. Sabedor do expediente inventado pelo espertinho, o patrão louvou-lhe a prudente atitude, concluindo que os filhos das trevas são mais prudentes que os filhos da luz. Mais inventivos, acrescento, conforme constatei no primeiro dia deste ano. Voltava eu tranquilo e feliz de uma visita ao cemitério São João Batista, meio-dia mais ou menos, caminhando pela rua Dona Mariana, duas quadras antes da São Clemente, quando vejo aproximar-se de mim, em sentido contrário, um rapaz moreno, de uns 2o anos, alto, de bermuda, e que ao passar por mim se detém e sem mais me avisa, apontando, que existe algo estranho na minha cabeça. Como sou agradecido aos amigos do além! Instintivamente liberto as mãos que trazia enlaçadas nas costas e sem nada dizer prossigo a caminhada, não sem, segundos depois, observar se o peregrino prosseguia seu destino. Logo passa por mim um senhor de uns trinta a quem peço me dizer o que há na minha cabeça. Sem me olhar, prossegue em frente, imitando exatamente meu procedimento de há pouco. Assustado, arrependido por ter desprezado o conselho de meu filho, lembrando o deserto das ruas do bairro em dias feriados, apertava os passos para afinal desvendar o misterioso objeto sobre minha cabeça. Podendo ter sido um presente de algum pássaro, não via o momento de em casa diante de uma torneira olhar-me no espelho. Investigando, tentando descobrir a intenção daquele gentil cidadão carioca, meu filho foi logo direto no óbvio. Pai, não se anda em dias como estes, fim e começo de ano, nas ruas desertas de Botafogo, sozinho, idoso como é, não se pode confiar, não, pai! Aquele cara queria saber se o senhor tinha relógio. Se levantasse o braço, dominava-o e adeus relógio, se o tivesse, e como o senhor não anda com ele, talvez o final da história fosse pior!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

REPUBLICANO

De vez em quando a memória levanta-me, lá do mais profundo do baú dos meus guardados, uma ou outra palavra ou expressão exilada do linguajar atual, numa gentil tentativa de me consolar dos meus mais de 80 anos corridos, pois pensa-se que só jovens têm boa memória. Lingua Pátria! Antes, muito antes, da partida de nossos bravos Pracinhas para na EUROPA dar um susto nos alemães e italianos nazistas e facistas, nas duas escolas que frequentei na minha terra mineira, livros didáticos, salvo " lapsus memoriae", desconheciam, se lhes chegasse ao conhecimento, o que seria "Língua Portuguesa"! O nome que constava nos livros que manuseávamos e nos cadernos do "prá casa" era "Língua Pátria", de uma suavidade feminina no pronunciar, num pesado e amedrontador contraste com o som de "Língua Portuguesa". Alfabetizar, alfabetização não me lembro se ouvi estes sons alguma vez. Ouvi, sim, "Aprender o Beabá". Outrora, no meu tempo, o que hoje se chama "análise sintática" era tida e havida e detestada "análise lógica". Até o nosso país de então mudou de nome: chamava-se "República dos Estados Unidos do Brazil". E por aí vai! Corre hoje nos currais políticos e com bastante ênfase, basta esforçar-se algum membro dos poderes do Estado tentar defender-se de alguma falcatrua, o emprego do adjetivo "republicano" atrelado a algum substantivo indicador do modo de agir com a coisa pública, para se tentar coonestar a maneira de lidar com valores sagrados da pátria nem sempre por ele amada. Será que tais embusteiros julgam que algum brasileiro cai tão infantilmente na onda? Surpreendi-me, há um mês, ouvindo em Petrópolis um sacerdote, fazendo a homilia, empregar o advérbio "direitamente" na expressão "proceder direitamente" (do adjetivo direito = correto). Parabéns!