quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O CELIBATO ECLESIÁSTICO

Folheando velhos recortes de jornais, detive-me num que tem como título "O Celibato Eclesiástico", de autoria de José Geraldo Vidigal de Carvalho. Pelo amarelado do papel parece-me contar uns 20 anos de existência, tendo sido publicado, portanto, depois do Vaticano II, logicamente quando ainda o assunto ocupava espaço frequente na imprensa. Li-o com interesse, sobretudo por causa dos escândalos levantados ultimamente em torno dos padres pedófilos, apontando alguns autores deccorrer esse fato da permanência da obrigação do celibato eclesiástico para quem receber o sacramento da ordem. Primeiro observo o seguinte: os defensores do celibato sacerdotal na sua maioria são aqueles que o assumiram na ordenação. E nesse caso está o o articulista, pois declara ele que "trata-se de uma disciplina da Igreja que, longe de ser uma imposição é um estado de vida abraçado LIVRE E CONSCIENTEMENTE por quem deseja o estado sacerdotal". Natural, pois, que sua defesa venha de quem assim o abraçou, isto é, do clero celibatário. Sabe-se, entretanto, que, já às vésperas do Vaticano II, a grita contra o celibato obrIgatório na Igreja de repente se levantou, pesadamente, NOS CURRAIS ECLESIÁSTICOS, repercutindo em discussões acaloradas no Vaticano II. E ainda hoje a matéria é objeto de discussões sérias nos meios eclesiásticos, embora fosse desejável que leigos católicos com conhecimento da doutrina católica, das verdades e valores cristãos, numa palavra: da IGREJA CATÓLICA, no Brasil, escrevessem e fossem ouvidos a respeito. Pessoalmente lamento a ausência em nosso meio de Tristão de Athayde em cujos escritos em vão procuro uma palavra sequer em defesa do celibato. Minto: numa carta a Jackson de Figueiredo, datada de 23/07/1928, ele toca, sim, no tema: "Como Ibsen tinha razão, que força a do homem só! Você preocupado com a família, você que tem alma de heroi! Eu, quando começo a sentir as prosaicas dificuldades financeiras da vida! E O PADRE FEIJÓ QUERIA SUPRIMIR O CELIBATO. QUE CRIMINOSO E COMO É SÁBIO O VATICANO ! SÓ O HOMEM SOLITÁRIO PODE SER HEROICO E SANTO MESMO!" Mas este pensar de Tristão traz a data de julho de 1928, um mês antes de sua conversão ao catolicismo, quando não passava de um iniciado nas coisas da Igreja. Sabe-se, por outro lado, que em preparação ao Vaticano II, os bispos brasileiros foram encarregados de sondar o clero a respeito do assunto. Mas antigamente o tema não merecia ser tratado com a transparência, pelo menos relativa, adquirida com o Vaticano II. Haja vista o caso de Dom Clemente Isnard, primeiro bispo de Nova Friburgo. O livro que escreveu REFLEXÕES DE UM BISPO, sobre as instituições eclesiásticas atuais teve sua circulação proibida no Rio de Janeiro. Em outro blog pretendo comentar o pensamento seguinte do articulista: "...ESTADO DE VIDA ABRAÇADO LIVRE E CONSCIENTEMENTE, etc."

Um comentário:

  1. Caro amigo Jair:
    Sei que Tristão de Athayde é muito respeitado por você, mas quero manifestar minha posição contrária à infeliz frase: "...só o homem solitário pode ser heróico e santo mesmo..."
    (se é que ele se referia ao celibato dos padres católicos). Parece-me que não é condição sine-qua (para usar o latim, do seu agrado) para o padre ser heróico e muito menos santo. Não é assim? Numa próxima viagem ao Rio, poderemos discutir o assunto, se V. quiser, é claro.
    Abraços,
    Vicente (Guimarães)

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