terça-feira, 11 de janeiro de 2011

PACIENTE OU CLIENTE?

Despertou-me hoje,e bastante, a atencão o mini-diálogo mantido entre um médico e uma senhora numa clínica de fisioterapia. Ela não se conformava com o adjetivo "cliente" com que o médico se referia a ela. Teimava em dizer que ela não era cliente e, sim, paciente. Acabou aceitando a explicação dada: hoje não se diz mais "paciente", mas "cliente". Confesso: nunca li ou ouvi algo a respeito do assunto. Pensando bem, o termo "cliente", "na Roma antiga o indivíduo que estava sob a proteção de um patrono, modernamente designa a pessoa que confia seus interesses a um advogado ou que consulta habitualmente o mesmo médico, conforme se lê no dicionário de Houaiss, focalizando a palavra "cliente", onde nem alusão se faz à palavra "paciente". Por outro lado, o mesmo dicionário dá ao termo "paciente" o significado de "indivíduo que está sob cuidados médicos" EM OITAVO LUGAR na relação dos sentidos em que a palavra pode ser empregada. Procede assim até, quem sabe, no afã de atender à curiosidade ou necessidade de alguém que se veja diante dessa palavra num contexto em que ela se apresente no sentido antigo, de alguém sob cuidados médicos. É interessante observar que a língua francesa, salvo melhor juízo, só conhece o termo "cliente", o mesmo acontecendo com o italiano e o inglês, quando se referem a pessoa sob cuidados médicos. Claro que têm outros sinônimos, mas não com o sentido do nosso termo "paciente", do latim "pati"+ sofrer. O antigo uso do termo "paciente" no sentido de alguém sob cuidados médicos, etc., certamente sofreu influência do latim e de nossa gramática portuguesa, onde, tratando-se de verbos, fala-se em voz ativa e voz passiva: ativa, quando o sujeito pratica a ação, e passiva, quando o sujeito sofre, recebe o efeito da ação. Na filosofia, lembra Houaiss, na "escolástica" paciente é o ente que sofre uma ação em estado de inércia, por oposição a "agente". Como se vê, o emprego de "paciente" designando uma pessoa sob cuidados médicos, por exemplo, tomado no sentido etimológico da palavra em boa hora foi e é substituído pelo termo "cliente". Para Houaiss "client" é possivelmente de origem etrusca", chegando à nossa língua através do latim.

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