sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

SÍMBOLOS CATÓLICOS EM EDIFÍCIOS PÚBLICOS

Mais uma vez, é objeto de comentários na mídia o uso de símbolos católicos em estabelecimentos públicos, quase como uma consequêencia da separação entre Estado e Igreja. E então aparecem os partidários de um e de outro lado. Parece-me que se trata da discussão mais irrelevante, e, por ignorância, sem fundamento. Que é um símbolo? Numa perspectiva teológica, símbolo é aquilo que torna presente, com uma modalidade peculiar sua, a realidade de um fato religioso. Etimologicamente a palavra deriva da língua grega, "symballo" = compor-se, ajustar-se. Quando entre dois gregos nascia uma amizade, era costume quebrar-se um caco de vaso em duas partes, ficando cada um com uma das partes. Ao se encontrarem, poderiam verificar a persistência da amizade, desde que as duas partes se ajustassem ainda. Para quem é cristão, portanto crê e professa as verdades ensinadas por Jesus Cristo e reveladas pela Igreja, pelo batismo, como que um vaso foi quebrado, ficando, batizado e cristão, cada um com um dos dois cacos quebrados do vaso, podendo comprovar-se a todo momento a amizade reinante entre o cristão e Cristo Jesus. Além do mais, Santo Tomás de Aquino escreveu que "o ato de fé não atinge seu objeto nos símbolos, mas numa realidade que eles expressam (STh.II-II,1,2 ad 2). Focalizando-se o mundo católico, muito frequente é o uso de símbolos no sentido teológico, acima exposto. As imagens dos santos são símbolos, através dos quais prestamos homenagens àquelas pessoas que viveram com profundidade a fé católica. O crucifixo é um símbolo e dos mais representativos de um fato de valor infinito. A presença do crucifixo traz à mente do católico a pessoa de Cristo morto na cruz para nos resgatar. Como se trata de símbolos, não se perca o princípio, acima transcrito, que Santo Tomás de Aquino aplicou aos símbolos: a fé é um movimento do espírito humano sustentado pela graça e que não atinge diretamente seu objetivo no objeto-símbolo, mas na realidade que ele expressa. Isto posto, julgo, sim, irrelevante, uma discussão sobre se deve ou não afastar-se um símbolo religioso de um estabelecimento público, frente à separação entre Igreja e Estado. Um símbolo, tal qual acima descrito, só representa um valor para quem for católico. Mas como a percentagem elevada , por exemplo, de nossos parlamentares não crê e professa o catolicismo, o que se comprova no fato de repelirem a presença do crucifixo no ambiente de seus trabalhos, ou de um executivo no seu gabinete, a permanência de um símbolo católico em tais lugares não passa de um enfeite. O culto da tão decantada "transparência" funciona, ocupa uma posição muito privilegiada também na prática da religião. Por que conservar num ambiente um símbolo católico que, além de impróprio para o papel de enfeite, ainda pode ser alvo de escárnio ou de profanação ou de constrangimento, como se sua presença tivesse como missão frequentemente .coonestar tanta violação aos mais sagrados direitos humanos? A presença de símbolos católicos em escolas públicas será abordada em outra ocasião.

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