terça-feira, 30 de abril de 2013

ciclista  morto  no  trânsito  

Lamentou-se muito no Rio, em Ipanema,  a morte de um ciclista atropelado por um ônibus, quando  treinava para as Olimpíadas. Depois de muito blá-blá-blá, chega-se à conclusão de que há necessidade de se ensinar às crianças, e isto nas escolas, e com urgência, as regras básicas do trânsito em nossas cidades. Tenho aqui em mãos, publicado em Belo Horizonte, e distribuído pela Caixa Econômica de Minas Gerais a todas as escolas primárias do Estado, um livro de algumas poucas dezenas de páginas, escrito por um tio do imortal João Guimarães Rosa, chamado VICENTE GUIMARÃES (1906-1981). "O  PEQUENO   PEDESTRE", para as crianças de minha terra, ilustrações de Elza Coelho Junior, publicado em Belo Horizonte em 1938! Obra primorosa, com desenhos coloridos, reproduzindo figuras infantis em diversas situações no perambular pelas ruas das cidades, enriquecida com historietas alusivas ao problema, com poesias ao alcance de qualquer criança. É pena que um instrumento tão útil, com tanto amor construído por um escritor idolatrado pelas crianças de então, a ponto ser por elas apelidado de "VOVÔ   FELÍCIO", nunca mais mereceu de qualquer de nossos governantes, uma publicação de conteúdo semelhante e apresentado com tanto atrativo gráfico! Se me fosse permitido, sugeriria a quem se interessasse procurar o livro "O  PEQUENO  PEDESTRE", pois deve encontrar-se na nossa Biblioteca Nacional. Dois versinhos de introdução à obra: "Prudência, calma, atenção, // Quando a rua atravessar: // Olhe com atenção // Se algum carro vai passar. //  É de seu próprio interesse // seguir sempre este conselho: // as ruas nunca atravesse // estando o sinal vermelho". Terminando: num desenho figurando várias pessoas andando numa calçada ou passeio de uma rua, umas atropelando as outras, com irritação geral: "Se, na rua, toda gente// desobedecesse "a mão" (andasse na contra-mão portanto), // teríamos ,certamente, // esta horrível confusão!" VOVÔ   FELÍCIO fundou e dirigiu por mais de uma década em Minas Gerais a revista infantil conhecida por "ERA  UMA  VEZ", e no Rio de Janeiro a revista infantil do Sesi, intitulada "SESINHO".



segunda-feira, 29 de abril de 2013

universalistas  e   curialistas   no   vaticano  II

Tristão  de Athayde, comentando o Concílio Vaticano II, observa que duas correntes se revelaram entre os 2870 padres conciliares. Duas correntes não no sentido de partidos antagônicos de princípios, embora com respeito à mesma fidelidade democrática ao pluralismo partidário. O Vaticano II, visto como um parlamento espiritual, mesmo universal, numa unidade  de princípios substancial, foi palco daquela pluralidade de posições, psicológicas ou sociológicas, num reforço à unidade com o elemento insubstituível da liberdade. Nesse sentido, duas vertentes muito diferenciadas, claramente se manifestaram:  a da maioria absoluta, de sentido universalista ou ecumênico, e a da minoria, de sentido curialista. A primeira, por uma autonomia maior da unidade episcopal e portanto de uma sensível descentralização da autoridade e da administração eclesiástica. A outra, de sentido centralizador, defendendo a manutenção da autoridade da Cúria Romana sem qualquer atenuante. A primeira corrente, de caráter renovador. A segunda,  de caráter conservador. A primeira apontando para a variedade dos ambientes sociais em que crescentemente atua a missão apostólica da Igreja e a necessidade  de levar muito em conta as particularidades continentais, raciais, nacionais. A outra, a curialista, insistindo na necessidade de se manter de modo intransigente e intocável a fixidez e a imutabilidade da Igreja num mundo em estado de fluidez e de mudança. A vertente universalista, de caráter democrático. A curialista, de caráter aristocrático. Se a primeira acredita numa Igreja de todos e para todos, a segunda parece acreditar mais nas elites e nas minorias que nas massas e no povo.  Um dos pontos em que muito se manifestou essa dualidade de pensamento foi na questão do uso do latim. Para os curialistas mister se faz conservar o latim, língua oficial da Igreja, tanto nos ritos mais sagrados como em todas as cerimônias litúrgicas e ainda no ensino da Filosofia e da Teologia nos seminários. Para os ecumênicos essa intolerância latinocêntrica é que contribui em grande parte cada vez mais para o número crescente dos "irmãos separados", visto que o protestantismo e a ortodoxia há muito se valem das línguas nacionais. Ademais, impedindo o surto das filosofias cristãs e fechando o ensino escolásttico em fórmulas anacrônicas. Esquece-se que o latim, quando foi adotad como língua oficial da Igreja, era  uma língua viva, substituindo o grego e o aramaico, línguas primitivas da Igreja patrística, mas tornadas línguas mortas em face do latim. Como hoje ocorre com o latim em face das línguas vivas, muitas delas neolatinas. Esquece-se que os Evangelhos foram traduzidos, na chamada Vulgata, precisamente para permitir que o vulgo, o povo, tomasse parte mais direta na vida profunda do Crstianismo. Esses e outros argumentos tornaram a corrente dos latinistas intolerantes bastante minoritária no seio do próprio Vaticano II, mostrando, assim, que aqueles que queriam o latim, em tudo e a todo transe, estão perdendo o seu latim... como escreve Alceu Amoroso Lima,  terminando a secão O  LATIM, no livro que dedicou ao papa JOÃO  XXIII,  que há meio século providencialmente deu o chute inicial para a abertura do Concílio Vaticano II.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

COMPARTILHANDO!!!

Sempre me acompanha a memória de um poema, feito por um colega, há 3 anos no céu, para meditação de quem se encontrar no meu modesto caminhar.

  "AS  MÃOS   DO  PADRE".

 QUANDO  MORRE  UM  PADRE, a gente / devia piedosamente/  CORTAR-LHE  DO  BRAÇO  A  MÃO /  e depô-la, qual tesouro, /  num RELICÁRIO de ouro, / exposta à VENERAÇÃO!

Quantas almas, indefesas, / sem Batismo, gemem presas  / do demônio tentador... / PADRE, vossas MÃOS  sagradas / delas vão  fazer moradas  para DEUS NOSSO  SENHOR!

Se, porém, pelo PECADO / Deus das almas for DEIXADO, / vós o célico PERDÃO / fareis que sobre eles desça, / lhes traçando na cabeça, / uma CRUZ  com vossa  MÃO!

E, se fracas, titubeantes, / VÊM  as  almas, suplicantes, / pedir força, alívio, e LUZ, / PADRE, vossa  MÃO  ungida /  dar-lhes-á o PÃO da VIDA / na HÓSTIA  SANTA:  JESUS!

SOB A BÊNÇÃO PRECIOSA / de vossa MÃO carinhosa / é que se funda o LAR, / onde JESUS vai um dia, / radiante de alegria, / colher FLORES  para o altar...

E as almas a vós confiadas / são também abençoadas // pela VOSSA santa MÃO, / quando ao leito do doente / vos levar o ZELO ardente, / para dar a EXTREMA UNÇÃO.

Que DEUS  deite em vossa vida / a sua bênção querida, / bênção do MELHOR  dos pais, / para que vossas MÃOS SAGRADAS,/ PADRE, verguem cumuladas / de riquezas celestiais.../

QUANDO  MORRE  UM  PADRE, a gente / devia  PIEDOSAMENTE / CORTAR-LHE  do braço  a  MÃO, / e depô-la qual TESOURO, / num RELICÁRIO  DE  OURO, /  EXPOSTA À  VENERAÇÃO..."

Autor:  Nélio da Silva,  tradutor  do Português para o Latim de alguns poemas de nosso Carlos Drumond de Andrade e de Fernando Pessoa.

   

quinta-feira, 25 de abril de 2013

GUTENBERG    VAI    SER    DESBANCADO?


  • Na Folha de SÃO  PAULO  de ontem, 25/04/13, o seu colaborador ALDO  PEREIRA, no artigo "Adeus Gutenberg?", julgou que não.  O articulista afirma que técnica de carimbar escritos existiu na China 5 séculos antes de Gutenberg. Que no século VIII os coreanos usavam tipos móveis de metal e a prensa usada era a mesma que esprimia uvas na fabricação do vinho havia séculos. A gória de Gutenberg foi a de ter integrado esses elementos num sistema eficiente e na inteligente transposição de técnicas de ourivesaria para artes gráficas: com martelo, punção, buril e cinzel, origens dos primeiros moldes para fundição de tipos, isto é, para produção em série dos tipos até então entalhados em madeira um a um. Que com ponto de fusão sua liga de chumbo, antimônio e estanho deu aos tipos dureza suficiente para não se deformarem quando premidos contra o papel, além, de permitir uma ductibilidade para assumir precisão de forma na fun dição. Mas antes  de Gutenberg, acrescenta Aldo Pereira o livro já ter evoluído do seu formato "volumen" para o de "códex", isto é, do rolo contínuo para a pilha de folhas costuradas na margem.  O que permitindo a impressão, correu-se atrás dos "volumina"que foram transubstanciados  em "codices" (codex do latim). O códex outra coisa no era senão o livro de hoje nas mãos inteligentes de Gutenberg. Para Aldo Pereira, Gutenberg! democratizou o saber, afrouxando o privilégio aristocrático e clerical de acesso a ideias e fatos. Ele como que antecipou o vendaval intermédico que hoje desfolha jornais e revistas e os confina a refúgios de acesso pago. Então se pergunta: "hora  do adeus às variantes do sistema  de carimbar papel?"O cinema diz-se que matou o teatro; cinema não matou o teatro, televisão não matou cinema nem rádio, discos e iPod não mataram o show. Diante, porém, do consenso de que, passado algum empurra-empurra de acomodação, uma seleção de jornais, revistas e livros de papel  continuaria a ser impressa por prazo indeterminado!... em virtude de quê?  E ele responde: "porque a confraria anônima da maioria dos leitores sempre incluirá aquele que, mesmo sem repelir engenhocas, abre um livro novo e cheiroso com expectativa juvenil de quem abre de par em par uma janela para o mundo das ideias, do sonho, da poesia e do saber, mundo de todos os mundos, reais e maginários. Fetiche? Ah, volúpia do pecado inocente! Seu lugar continua seu, caro Gutenberg  -  basta chegar um pouquinho para lá". Um artista o nosso ALDO  PEREIRA, 80, ex-editorialista e colaborador especial da Folha.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Resolvi celebrar amanhã, 24/04/13, o dia natalício de  SÃO  VICENTE  DE  PAULO.  Resolvi, porque o santo, ao que tudo indica, jamais falou da data de seu nascimento. Nem mesmo do ano. Apenas, interrogado sobre sua idade no processo de beatificação de São Francisco de Salles,  declarou que tinha "mais ou menos 48  anos"; como fosse o ano de 1628,  Vicente teria nascido por volta de 1580.  Esta informação colhi  na vida do Pai dos Pobres, escrita por J.Calvet. Para o Padre Jerônimo de Castro, autor de "S.Vicente de Paulo", Vicente nasceu na terça-feira de Páscoa, a 21/04/1581, na pequena cidade de Pouy, sul da França.  Na pia batisml desta igreja, demolida em 1913,  para ser construída a atual,  há a seguinte inscrição numa placa de mármore: "Nesta pia foi batizado S.Vicente de Paulo". No cemitério, em redor da igreja descansam pai, mãe e irmãos do Santo.  Interessante a observação do monje cisterciense, Thomas Merton (1915-1978), quando lia  "aces de Santos"e se deparou  com o rosto mortuário  de Vicente de Paulo. Escreveu que  este santo  lhe pareceu bastante real: tem  muito de um camponês gascão, rude como sabia ser,  com terrível eergia refletida na face, ferozes olhos negros, e uma boca  como armadilha para pegar ursos!. Para o referido monje Santa Luísa de Marillac lembrava a figura de uma mãe de família francesa ( Osigno de Jonas, pg. 118). O biógrafo de Vicente,  J.Calvet,  imaginou que a Rainha Ana de Áustria,  bastante presente na vida de Vicente, deve ter sido visitada pelo nosso santo para dele se despedir, visto pressentir breve o dia de sua morte. Interessante teria sido a cena dos adeuses naqueles primeiros dias de setembro de 1660, depois da entrada  triunfal de Luiz XIV, de sua esposa  Maria-Tereza e de Ana de Áustria que se tinha enfeitado  como a aurora de uma nova era, um extusiante erguer-se de sol ( J,Calvet).  São Vicente, sabe-se, faleceu pouco tempo depois da fundadora das Irmãs de Caridade, Luísa de Marillac, 14/03/1660, ano em que também morreram o cardeal Mazarino, Pascal e Ana de Áustria. Com tais personagens, termina sua obra J.Calvet, o século XVII teve seu termo: a França alcançou ao preço de heroicos esforços seu equilíbrio político  e seu equilíbrio espiritual. Podia vir um grande rei que desse ao gênio francês sua chance, de que, aliás, parece que largamente se aproveitou.  Mas não foi somente para uma geração  privilegiada que algumas personalidades haviam trabalhado. O caráter da obra de VICENTE  DE  PAULO,  eis o que resta ainda em nossos dias bastante aceso nos corações e nas instituições.

MENSAGEM   DE   FREDERICO   OZANÃ

"A questão que divide os homens hoje em dia  não é uma questão de formas políticas, é uma QUESTÃO  SOCIAL, é saber quem ganhará, se o espirito de egoísmo ou o espírito de sacrifício; se a sociedade será apenas  uma GRANDE  EXPLORAÇÃO em proveito  dos mais fortes ou uma CONSAGRAÇÃO de cada um  no BEM de todos e, mais que nunca,  para a  PROTEÇÃO  DOS MAIS  FRACOS.  Há muitos homens  que possuem demais e ainda querem mais.  Há outros muitos em muito maior quantidade que não têm o bastante, que nada têm e querem tomá-lo à força, se não se lhes dá.  Entre ambas as classes de homens se prepara uma luta  e essa luta ameaça SER terrível.  Por um lado, o PODER do OURO. Por outro,  o PODER do DESESPERO.  Entre esses dois lados inimigos deveríamos PRECIPITAR-NOS senão para impedir, ao menos para  atenuar os golpes!  A nossa IDADE de JOVENS, a nossa condição OBSCURA tornam-nos mais fácil esse papel de MEDIADORES  que o nosso título de CRISTÃOS  torna obrigatório!  (Carta de 13/11/1836, in "Cartas de Ozanã", vol. 1, pg. 221). "Somos servidores inúteis mas, enfim, servidores e o salário  nos será dado de acordo com o trabalho que tivermos feito na vinha do Senhor, no lugar  que nos tenha sido designado. Sim, a vida é desdenhável considerando-se  pelo uso que dela se faz, mas não se a considerarmos pelo USO QUE DELA podemos fazer, se a considerarmos como a obra mais perfeita do CRIADOR, como o vestuário  sagrado  com o qual se pode recobrir o Salvador Nesse caso a vida é digna de respeito e de amor.  Rezemos um pelo outro meu mui querido amigo, descinfiemos dos nossos fastios, das nossas tristezas, das nossas desconfianças (Ozanã sempre  sempre teve o culto da amizade), (Carta de 05/11/1836).  Escrevendo sobre o poeta DANTE, OZANÃ  diz que foi o universalismo e o humanismo dele que  mais o encantaram. No termo da Divina Comédia, escreveu,: "O que nela vemos não é só  uma súmula filosófico-poética, mas  uma nova concepcão da PESSOA: avistamos o VERBO ETERNO  unido à natureza humana. Esta  já não é apenas como diziam os antigos um microcosmo, um resumo do universo. Ela enche o próprio universo, ela ultrapassa-o e se perde no infinito"("Dante et la philosso[hie catholique", pg. 331).

Faz HOJE, 23 de abril de 2013, duzentos anos que nasceu em MiLão  ANTONIO  FREDERICO  OZANÃ!  Nunca como hoje a palavra "HOZANNA" me assenta tão bem nos lábios! Foi assimque saudaram a Jesus Cristo, quando entrou em Jerusalém, como recordamos sempre na Semana Santa. Frederico Ozanã seja por mim também assim acolhido nesta data. Data que me lembra a infância , quando das reuniões aos domingos pela manhã na igreja de Nossa Senhora do Rosário frequentava a reunião  dos nossos caros VICENTINOS, da Conferência de Nossa Senhora doRosário, sob a presidência do SÔ  CHIQUINHO. Depositava num saquinho que corria de mãos em mãos umas duas  fracas moedinhas para ajudar a pobreza de nossos irmãos de então. Eu não podia visitá-los, era apenas  aspirante, como então éramos as crianças assim quassificados. Mais tarde fui conhecer a vida do homem culto e patriota e SANTO, hoje BEM-AVENTURADO  ANTONIO  FREDERICO OZANÃ! Como me senti feliz cerca de oito anos atrás lendo na Notre Dame de Paris a grande placa marcando indelevelmente as palavras do Sumo Pontífice de então, João Paulo II, elevando aos altares o santo fundador junto com outros insignes intelectuais que se juntaram a ele numa obra que hoje pontilha nosso BRASIL em benefício da pobreza e na evangelização da Santa Igreja.  Escrevendo no centenário da morte de OZANÃ, em 08/09/1953, assim se expressou ALCEU  AMOROSO  LIMA:  "Ozanã foi acima de tudo um homem de FÉ, nota dominante de toda sua vida. Fé que permaneceu viva e inteira em todos os atos de sua vida, todos a ela expressamente subordinados, que cresceu incessantemente até os últms dias, poucos meses antes de morrer, aos 40 anos: "Senhor,  estou pronto a acudir ao vosso chamado sem queixar-me.  Destes-me 40 anos de vida. Por isso, Senhor, quando repasso os dias que vivi e as graças  com as quais enriquecestes minha existência, ceito vossa vontade, não com a amargura, mascom o agradecimento.  E se estas págnas fossem as derradeiras que escrevesse,  sejam elas um HINO à Vossa BONDADE". Ao fechar os olhos, inquirido pela esposa qual dom mais agradeceria a Deus, respondeu:  A paz da alma com a qual tudo se pode suportar! Tenho certeza de haver trabalhado toda a minha vida não para receber apausos ou elogios, mas para fazer triunfar a BOA CAUSA".

sábado, 13 de abril de 2013

"SÓ FALTA O CORAÇÃO!"

"SÓ  FALTA  O  CORAÇÃO!" conforme  a FOLHA encerrou ontem, 13/04/13, a narração do casamento no INCOR  de  Gislene com o mecânico Willian Marques, celebrado pelo capelão do Hospital das Clínicas, padre Anísio Baldessin. Ele com 37 anos, ela com 32,  gente especialissimamente  mui boa e honesta mineiros que são, o que não desmerece todo brasileiro, naturais de Sete Lagoas, MG. Juntando-se, tornaram-se moradores da vizinha Extrema,  berço natal do primogênito quando Willian, mecânico,  garantiu casar-se tão logo conseguisse casa própria. O que ocorreu passado um lapso de tempo minúsculo como um  "ai que mal soa" no cantar de um poeta luso: 17 anos. Passado um bom tempo, Willian foi vítima de  uma bronquite inexistente, três meses apenas depois outro médico acertara: coração. Chances de sobrevida: 90% em 1 ano; em 10 anos, 55 a 60%. No dia 27/02/13 Willian foi internado no Instituto do Coração de São Paulo, aguardando  um novo coração. E de repente Willian sabe que ano passado um paciente se casara no InCor em situação idêntica à dele.  "Antes que ele desista, e me faça esperar mais 17 anos", Gislene compra as alianças.  Médicas residentes decoraram o quarto de corações coloridos, pintaram os brigadeiros e Regina Vaz, mulher do paciente vizinho, faz o bolo. A equipe se cotiza e oferece uma geladeira nova aos nubentes. "A nossa estava bem velhinha, amarrada com um  elástico, porque a porta já não fecha mais", sorriu Gislene que chorou, quando recebeu a aliança no dedo anular da esquerda.  "Agora vocês podem se beijar, mas com moderação", alertou o sacerdote após o "sim". "Beleza, padre", completou Willian.  Padre Anísio acabava de celebrar o sexto casamento  num leito de hospital,  comentando que já celebrara o casamento de uma senhora de 70 anos. E ajuntando que, além de ser  um desejo encrustado, as pessoas em situação de fragilidade querem ficar de bem com Deus. E a reportagem se fecha, narrando  Cláudia Collucci que "no ano passado Willian realizou o sonho da casa própria. Agora SÓ  FALTA  UM  CORAÇÃO!"

sexta-feira, 12 de abril de 2013

101 ANOS DO PADRE JOSÉ PAULO SALES

Amanhã o PADRE  JOSE  PAULO  SALLES  JUNIOR  comemora no céu 101 anos de existência. Pelos excelentes empreendimentos  que realizou, sobretudo como Visitador da Província Brasileira da Congregação da Missão, cargo que ocupou por dois mandatos: o primeiro, de 1952 a 1964; o segundo, de 1967 a 1971.  Ordenado sacerdote em dezembro de 1935 em Petrópolis, teve como primeira colocação o Seminário de São Luiz do Maranhão. Aí se dedicava aos seus afazeres como professor, quando estourou a Segunda Guerra Mundial. Em seu eu livro "MEMÓRIAS" escreve o seguinte: "Se eu não fui à guerra, ela de crto modo veio a mim, quando os Americanos obtiveram a permisssão de  construir e de se servirem  de bases militares no Brsil, como descrevi  a respeito das bases em São Liz do Maranhão em 1945".  Como conhecesse o inglês, o arcebispo Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota nomeou-o capelão dos americanos que operavam  duas bases aéreas na cidade. De sua atuação conta que levou saudades, deixando bons amigos.  Substituiu-o o padre Eliseu Sampaio que também falava bem o inglês. Tinha  os oficiais da Marinha e do Exército além de bons católicos, modelos  de respeito e atenção aos  sacerdotes. Como Visitador, chama-me a atenção a maneira caridosa com que agiu com seu grande colaborador durante o primeiro período, o Padre Joaquim Horta. Por alguns desentendimentos, o primeiro diretor do Colégio São Vicente de Paulo,  pelos dois sacerdotes exitosamente construído, se afastou da Congregação para tristeza geral da Província. Graças, porém, á maneira cordial e à profunda amizade que unia os dois sacerdotes, o adre Sales convidou-o  para uma conversa amiga, ao ser nomeado novamente Visitador da Província em 1967. "Afinal, escreve o Padre Sales, mais cordato e humilde, ele voltou ao redil, como o filho pródigo, em 1969, terminando seus dias de exímio realizador de obras merecedoras de eterna gratidão. Os dois foram sempre muito queridos de todos os coirmãos.  Pessoalmente, sou extremamente grato ao Padre Sales por ter-me facilitado bastante e com muita compreensão (fui um dos primeiros a deixar a Congregação na Província), durante as tratativas de meu afastamento, como minuciosamente narrei em meu "ANTES  QUE AMANHEÇA". Parabéns, Padre Sales!

ATENÇÃO, VOVÓS E... VOVÔS (PODE SER?)

Eu digo "pode ser", porque o assunto agora,  sendo específico  (religioso e cristão),  por certo será descartado pelos "machões", por muitos dos avôs! Da importância da influência benéfica e missionária dos avós na formação cristã e católica dos netinhos: voltando 15 dias atrás do aniversário de dois netinhos em São Paulo, a netinha ao lado meu e dos pais  falou e se divertiu a viagem toda, ida e volta.  Mas, quando o avião pousou no Santos Dumont, isto depois de inquirir se ele já havia "baixado os pés", ela numa espontaneidade angelical falou bem alto: "Graças a Deus!"   Tem mais: antes de completar dois anos, montando o presepe em minha casa, costume nosso mineiro, ela tomou as personagens todas e a bicharada, e foi posicionando cada coisa em seu lugar, um por um! Em Petrópolis, costumamos ela e seus pais e este avô a participar da missa na capela do Menino Jesus de Praga, no Bingen, pertencente à paróquia de Santa Rita de Cássia cujo administrador a batizou.  Com que devoção acompanha todo o ritual! Pois bem, percebendo o descalabro reinante no nosso meio católico no tocante ao conhecimento da doutrina cristã, omissão esta que desde anos e anos vem engrossando o número dos católicos chamados "não praticantes" (uma denominação sem pé nem cabeça) e que atualmente um jornal denominou  como adeptos de um "catolicismo cultural",  pensei em dirigir uma sugestão às nossas VOVÓS e também aos nossos VOVÔS, caso estes  me permitam uma intromissão em suas personalidades machistas e inquinadas de um vício conhecido com o nome elegante de RESPEITO  HUMANO. A identificação deste jeito de se expressar dado à  falta que leva tal "qualificação" (?)  é o mínimo que sei usar, pois na prática o que ocorre mesmo é um efeito da ignorância da doutrina trazida à terra por Jesus Cristo e ensinada pelos apóstoloes e contida no depósito da revelação. Se desejarem saber a causa disso, dirijam-se ao papa FRANCISCO que aí está desejoso de lutar pela colocação em seus lugares de origem de tudo aquilo que tristemente ignoramos! Chego assim a acreditar que cabe aos nossos AVÓS, lembrados de que quando nossos netos foram batizados o Espírito Santo, isto é DEUS, incrustou em suas almas a semente, o germe, da FÉ, ficando os PAIS e PADRINHOS responsáveis pelo desenvolvimento paulatino dos valores pregados por Jesus Cristo para o crescimento religioso de nossos netos e afilhados e filhos. E de quanta receptividade é dotado o espírito, o cérebro, o coração de nossas crianças! Sob o influxo da FÉ como são sensíveis na alma, no espírito das criancas as palavras, os ensinamentos, as noções ou melhor os valores cristãos transmitidos a elas!   As primeiras lições da doutrina cristã já devem ser inoculadas, de certa forma,  antes até do nascimento dum filho. E continuarem depois do parto. É o que tenho percebido ser feito pelas pais de minha netinha. Se agirem dessa forma, estarão cumprindo sua missão de formadores de membros da Igreja Católica, de legítimos seguidores da doutrina pregada por Jesus Cristo, e de pais e avós e padrinhos cumpridores de sua dupla missão: de formadores de cidadãos da pátria terrestre e da pátria celeste.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

PAPINI PERDIDO NUMA NOITE DE ESTRELAS

"Ó adormecidos, o que é o SONO? Nunca lhe aconteceu passar, à noite,  pelas ruas de uma cidade, com a alma desejosa de amor, e presente a você mesmo,  numa comovida lucidez?  Por aquelas ruas apenas iluminadas por um pouco de lua ou de lâmpadas, através de barreiras e obliquidades de sombras; por aquelas ruas compridas, eternas, retas, onde você só encontra gatos a remexer nos montes,  e apenas ouve o tocar de um relógio que continua marcando, naqueles vazio silêncio,  a igualdade das horas?  Entre aquelas duas filas infinitas de casas altas, pretas, mudas, fechadas, muradas, não provou piedade ou desgosto por todos aqueles corpos deitados lá dentro, um sobre o outro,  um perto do outro,  de andar em andar, de quarto em quarto,  como mortos em um cemitério em camadas e gavetas?  Milhares de abandonados, de imóveis, de trancados por muralhas  e janelas, milhares e milhares  de corpos que respiram  na escuridão dos quartos e da inconsciência, deitados de costas como animais cansados, agachados como animais medrosos,  encolhidos como animais friorenttos.  Você não provou como eu  nesses trajetos de paixão andarilha um misto de repugnância e de melancolia?  E não teve uma vontade repentina de gritar, de cantar  a plenos pulmões, de acordar, a fim de gozarem  as últimas horas  os condenados a um sono muito mais longo? Olhe, antes, as estrelas:  as estrelas são maravilhosas.  As estrelas dizem a  quem sabe lê-las uma palavra mais certa do que os pedantes e do que os vendedores de vaidade.  O montinho de lodo  extinto sobre o qual  pisa nada mais é do que um grão de estrelas em um precipício sem margens.  Não se deixe inchar ao sopro da soberba, não pense que é um deus patrão, um rei terrestre;  confesse que não é cridor, sim criatura.  As nossas filosofias são como a erva dos tetos que seca antes de florescer  -  sentenças de cinza e razões de vento.  Estamos sozinhos à beira do infinito: por que haveremos de recusar a mão de um pai? Somos levados, nós efêmeros,  pelo hálito da eternidade:  por que haveremos de recusar um amparo,  nem que seja com a condicão de sermos a ele cravados com os pregos de uma cruz campestre?" ("PAPINI MEU ENCONTRO  COM  DEUS", pp. 37).

sábado, 6 de abril de 2013

O DEUS DOS ATEUS - 3

 As confissões, as contradições, o contínuo  recorrer ao impensável  ou ao prodígio barato e contínuo,  são as pedras que os próprios  inimigos põem  com suas mãos para levantar bastiões e barbacãs que serviram a defender  a nossa velha cidade contra eles.  Os ateus, de qualquer estirpe e escola,  são os mais galhardos e  fieis auxiliares dos teólogos.  Todas as estradas que escavam  com impaciência, atormentados pelo medo de Deus,  levam todos ao absurdo, ao niilismo do pensamento, à morte da alma.  Quem o segue e vê não tem  outra escolha a não ser entre  o nada e a volta.  Muitos, não hábeis  em reconhecer o nada e a morte  sob os trapos franjados  das palavras,  brincam à beira dos abismos e arriscam-se até a dançar  -   baile de espectros bêbedos de ventosidades doutas; os outros, os que têm olhos e vêem, que têm ouvidos e ouvem,  voltam para o único abrigo, para a Porta Estreita:  estreita abertura que dá acesso a uma divina cidade de viventes, de verdades viventes e eternas.  Por isso devemos grandíssima gratidão aos ATEUS: são  os Ilotas da Jerusalém Cristã.  E de que maneira manifestar  melhor a nossa gratidão  senão chamá-los à verdadeira pátria da qual, embora desertores e fugitivos,  são cidadãos?  Tornando-os conhecedores da certeza sobrenatural que está envolvida em seus "não"?   Livrando-os do medo  que faz com que os pobres olhos transtornados se enganem,  vendo uma sombra naquele que os persegue por amor?  Por que não tenho eu dessas palavras fulgurantes que são por si mesmas  ultrapoderosos eencantamentos?  Há outra língua além dessa, muito terrosa ainda,  para formar cantos que ligam, que chamam,  que dissolvem as durezas dos corações, as relutâncias dos intelectuais? A língua que devia falar Adão  no Paraíso, impregnada de luz e de odores, que pode exprimir apenas verdade, amor, adoração;  com palavras válidas para a terra e para o céu misturadas de céu e de terra, que volteiam as almas e dão asas, movimentos, respiro a quem as ouve e o transportam  ao Paraíso em uma firme iluminação de esperança e de concórdia. Mas Deus, que já me prodigalizou por demais,  não me insuflou o gênio com o seu respiro, e as línguas dos terrestres, que se ressentem, como toda obra humana, do enfraquecimento  da primeira terra, são apenas engastes de chumbo para diamantes sonhados.  Só tenho areia nas mãos:  passo-a entre os dedos ao sol e parece brilhar.  Menos, porém,  do que as lágrimas que ninguém viu!" (fim do cap. xxxii do "PAPINI  MEU  ENCONTRO  COM  DEUS").

O DEUS DOS ATEUS 2

"Há muitos que provam DEUS com os raciocínios e os silogismos.   Ouço-os e venero-os, porque as provas são úteis aos esquecidos,  mas para mim os argumentos  mais convincentes  da existência de Deus estão contidos nas palavras  dos ATEUS.   Os que se chamam ateus  não negam Deus: confessam  terem perdido Deus.  Têm medo de Deus e se gabam de tê-lO morto com a esperença de matar a seu temor.  Não O sentem mais dentro de si e esta solidão interior os deixa exasperados. Têm pavor de seus mandamentos, de seu poder,  da sua onividência.  Ou eles estão de tal modo obnubilados por dentro,  e tanto se envolveram  na sensualidade turva que não mais O sentem,  não sabem mais que O possuem, não sabem reencontrá-LO no íntimo fundo  do sentimento espiritual.  E então como livres de um olhar, de uma vigilância, de um peso,  vão dizendo que Deus não existe.  Mas Deus está neles também, como em todos,  e alguém tem o pressentimento desta  silenciosa e paciente Presença.  São os que dasabafam  dizendo, proclamando,  demonstrando que Deus  está abolido, superado, morto.  Treme à ideia de uma sua volta:  desse tremor é feito o seu ateismo.  Nem Santo Anselmo  nem Santo Tomás jamais excogitaram argmentos mais formidáveis do que aquela assustadora e assustada negação.  Você não me procuraria,  se não me tivesse achado, diz o Deus de Pascoal.  Você não me mataria, se não me sentisse viver, diz o Deus dos ateus! O homem a quem deceparam as mãos afirma que não  existem carícias; outro ao qual  encheram os ouvidos de lodo sustenta que não existe  música.  Um terceiro foi encerrado num esgoto e proclama que o sol se apagou.  Vocês podem dizer que eles não têm razão?  Mas, por outro lado,  onde encontraremos, a não ser nessas negações,  uma prova mais segura e sólida de que as carícias, a música, o sol existem para aquele que tem mãos, ouvidos, olhos livres, e vive em cima e não embaixo da terra?  As excogitações dos negadores para a razão  da existência das coisas e de nós  -  mesmo feita toda de espírito  -   são os mais válidos contrafortes da fortaleza tomista!"(fim no próximo blogue).

sexta-feira, 5 de abril de 2013

O DEUS DOS ATEUS

Na postagem anterior falei sobre GIOVANNI PAPINI.  Porque prometi a vocês o capítulo xxxii do livro dele "PAPINI  MEU ENCONTRO COM DEUS", três páginas de primorosa literatura que, para meu paladar,  me explicariam por que certas pessoas não se cansam de se dizerem ATEUS. Assim escreveu Giovanni Papini:  "Estou no meu  alpestre quarto de trabalho.  Por dois lados me cercam os livros; pelos outros dois, os montes.  Imagem de minha vida solitária e antiga,  passada entre as palavras dos mortos e o murmurar das plantas.  A noite se encaminha para apagar o mundo: cada dia diversa, cada dia mais bonita.  O cinzento ferruginoso dos crepúsculos do outono já ocupa as cadeias de montanhas  voltadas para o norte, mas no topo, que munificência de cinzas, de rosados, de cerúleos! Não fossem os golpes surdos do machado que tanto me fazem doer o coração (porque amanhã haverá uma árvore viva a menos),  não teria com que nutrir minha voraz melancolia. A muita gente o mundo parece feio.  Somos nós que somos feios. Somos nós que somos feios por dentro, às vezes,  e vemos nossa feiura triste refletida no mundo.  Um dia um ser com aparência de homem, mas que antes parecia um verme morto,  disse-me que ODIAVA  O  CAMPO.  Que é o mesmo que odiar a obra de Deus, porque somente as cidades são obra do homem - percebe-se!  Desconfiem daquele que odeia a solidão: significa que a sua companhia lhe é odiosa e que não sabe como encher a sua miserável vacuidade. Desconfiem daquele que não ama o campo:  quer dizer que tem medo de Deus. Tem medo de um testemunho, patente demais para ser facilmente refutado. Tem medo de ser obrigado a reconhecer Deus também em si mesmo, naquele silêncio dilatado e reverente que não permite fingimentos, subterfúgios, fugas.  Nos tumultos, nos barulhos, nas confusões das sociedades  amontoadas,  a hipocrisia para com nós mesmos e para com os outros nos concede, ano após ano,  alimentos e moratórias.  Mas querem vocês mentir ao céu, ao deserto, à noite? Experiente negar quando estiver sozinho, frente a frente com o universo. Ponha de lado as filosofias  do espírito  -   pobres sinais sem substância, sem conexão com o respiro da alma, com a riqueza infinita do ser  -  e experimente dizer bem alto, diante de uma peça qualquer da criação,   que Deus não existe, que esta maravilhosa máquina do universo não teve nem princípio nem autor e se rege  sem um   supremo patrão, por um milagre constante de   coincidências, de átomos, de mônadas, de espíritos.  Responde Deus:  você não procuraria matar-me se não soubesse  que sou vivo, o Deus dos viventes. Se Deus não existisse, você mesmo que O quer negar não existiria. Para negá-LO, você deve usar seu pensamento, pronunciar palavras: mas no primeiro ato do seu pensamento Deus já está presente, e logo que você pronunciou a primeira palavra ela contém , sem que você perceba,  a afirmação de Deus.  De Deus não se foge: se você O afirma, ama-O; se quiser suprimi-LO, reconhece-O.  Qualquer coisa que diga nada mais faz do que falar de Deus.  E de que se poderia falar se não de Deus?  Qualquer outra conversa é ininteligível, porque onde não se pressupõe o ser e a lei,  emitem-se sons sem sentido, e o ser e a lei não são pensáveis fora da Divindade"(termina na próxima postagem).

UM POUCO DA VIDA DE GIOVANNI PAPINI

GIOVANNI  PAPINI  nasceu em Florença, Itália,  no dia 09/01/1881, e aí faleceu no dia 08/07/1956. Embora pouco conhecido no Brasil,  foi sempre tido como um brilhante escritor, dramaturgo, filósofo e intelectual italiano. Depois de se ter ligado por muitos anos a correntes céticas de pensamento, como São Paulo passou por um processo violento de conversão ao catolicismo cujas doutrinas professou e viveu até a morte.  Foi a partir de então que a temática de espiritualidade marcou seus escritos, dentre os quais citam-se  História de Cristo,  Cartas do Papa Celestino, O Juízo Final, O Juízo Universal, obra póstuma, Santo Agostinho, Deus Vivo, Memórias de Deus. Deixou também um livro, O Diabo, obra bastante controvertida na ocasião do lançamento na Europa, e  GOG, autobiográfico, considerado sua melhor produção literária pela crítica  europeia.  Uma terceira obra póstuma de PAPINI  foi "Meu Encontro com Deus", publicada no Brasil em 1960. Foi escrito  em pouco mais de um mês no ano de 1923, pouco depois de ter  publicado a História de Cristo. Um livro acabado que o autor renunciou a publicar e que jamais comentou. Fato, para alguns, que acrescenta aos não poucos problemas  de sua biografia espiritual mais o seguinte:  por que seria que não quis publicar essa obra? Julga-se que Meu Encontro com Deus seria como que uma continuação ideal de outra obra sua "UM Homem Acabado". Este livro teria sido o romance autobiográfico de sua juventude, a narrativa de uma experiência humana e intelesctual que permaneceu dramaticamente interrompida, sendo  "Meu Encontro com Deus" um romance autobiográfico da maturidade, quando  aquela experiência encontrou seu fim  na paz consciente da verdade cristã.  É o livro, portanto, da sua conversão, vindo à luz, como o "CONFITEOR"de Paulo Setúbal, obra também póstuma, complementada pelo Padre Leonel Franca.  "Meu Encontro com Deus" contém páginas de beleza ímpar em que Papini quis confiar o segredo daquilo que continua a ser o aspecto mais relevante do seu itinerário espiritual, constituindo  um elemento essencial para o exato conhecimento do HOMEM e não apenas do homem mas também do POETA. "Meu encontro com Deus", conforme se lê na orelha desta obra em português, editada em 1960 pela Civilização Brasileira, onde colhi os comentários até aqui aduzidos,  parece destinado a colocar-se ao lado de "Um Homem Acabado"como uma das mais belas e importantes obras de GIOVANNI  PAPINI.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

PAPINI O ESCRITOR CATÓLICO CONVERTIDO

Desde o lento agonizar melancólico do "JORNAL DO BRASIL",  antes do fim da última ditadura militar  -  e como me lastima a presença nela do "BRIGADEIRO DA LIBERTAÇÃO", Eduardo Gomes!  -  ocupou -lhe a vaga,   EM MIM,  a "FOLHA DE SÃO PAULO". Com o correr do tempo venho percebendo que,  entre as colunas mestras que  fornecem à FOLHA um material  intelectual de primeira qualidade,  uns três ou pouco mais de nomes, consciente ou inconscientemente, ou, quem sabe até por orientação da empresa, têm o costume em suas elucubrações, DE NÃO  silenciarem a própria  identidade com relação ao problema da existência de Deus, e de  maneira tão perceptível que leva acrer, às vezes,  que "se força a barra", como se costuma dizer. Longe de mim, claro, censurá-los pela manifestação explícita ou  velada de seus  modos  de pensar sobre este ou aquele assunto. Em virtude do dom da Fé, recebido no batismo, creio e professo  que Deus, ao criar o mundo,  dotou o ser humano de inteligência, da razão, e de liberdade,  do livre arbítrio.  Como, porém, um desses colunistas ou articulistas durante a infância, adolescência e juventude se nutriu intelectual,  cultural e religiosamente em fontes idênticas às que tive no Colégio do Caraça, durante e após a segunda guerra mundial,  minha atenção se voltou particularmente sobre os escritos dele, nascendo daí uma empatia graças à qual pus-me a ler seus livros, a me interessar por tudo quanto lhe caisse da pena privilegiada. Mas sempre mais me inquietava o desejo de saber  a razão de tão insistente confissão de seu ateísmo, quando, por outro ângulo, vez ou outra descobria certos lampejos de uma fé adormecida em frases ou palavras que lhe escapuliam no que escrevia.  Desde adolescente nutro profunda admiração  pelo escritor italiano GIOVANNI PAPINI por influência de um comentário feito por um sacerdote do Caraça, Pe. Dermeval Montalvão, sobre sua  "STORIA di  CRISTO" (criança  me marcou a definição de dinheiro dada pelo escritor: "A moeda é o sinal visível de uma transubstanciação; é a hóstia infame do demônio...são seus excrementos corruptíveis...quem apalpa o dinheiro com  volúpia, apalpa, sem saber, o esterco do diabo").  Nesta Semana Santa caiu-me nas mãos "PAPINI  Meu Encontro com Deus". E no capítulo xxxii, "O DEUS  DOS  ATEUS", encontrei a confirmação de tudo que considerava a explicação do que acreditava ser o motivo  que movia ateus a se declararem ateus com frequência, mesmo quando aparentemente desnecessário. Vamos na próxima postagem reproduzir o pensamento de GIOVANNI  PAPINI.  Eis um deles: " Há muitos que provam Deus  com os raciocínios e os silogismos.  Ouço-os e venero-os, porque as provas são úteis aos esquecidos, mas para mim os argumentos mais convincentes da existência de Deus estão contidos nas palavras dos ateus".

quarta-feira, 3 de abril de 2013

ESPEREM GAROTAS!!!

Conselhos dados por ALEXANDRE VIDAL PORTO na  FOLHA de 30/03/13:"Das 37 mil meninas com menos de 18 anos que se casam diariamente muitas têm no casamento a única opção de vida. No entanto, para grande parte, o matrimônio equivale a uma CONDENAÇÃO. Os males associados ao casamento precoce reduzem as possibilidades existenciais dessas mulheres. A maioria das meninas que se casa para de frequentar a escola. Sem estudos, deixarão de receber capacita
'cão profissional e se tornarão incapazes de prover o próprio sustento. Viverão em situação de eterna dependência econômica. Terão sua vontade desrespeitada e sua dignidade ameaçada. O casamento de meninas prejuduca o curso normal de seu desenvolvimento. Rouba-lhes a infância e interrompe-lhes a adolescência, ao exigir comportamento e impor responsabilidades para os quais nem sempre estão preparadas psicologicamente ou fisicamente.  Complicações decorrentes de gravidez e parto são a  maior causa de óbito entre adolescentes de 15 a 19 anos nos países em desenvolvimento. Mães com pouca educação são mais propensas a retirar as filhas da escola.  Cria-se um círculo vicioso de ignorância e exploração. A história se repete. A maldição está garantida por mais uma geração. A relação do casamento infantil com a pobreza é clara. Entre os 20% mais pobres, 54% das meninas se casam antes dos 18 anos. Entre os 20% mais ricos, apenas 16% têm esse destino. Como de hábito, o obscurantismo se aproveita da miséria. A taxa de meninas casadas no país (36%) é mais alta que a média da América Latina (29%) e de países relativamente mais pobres como Senegal (33%) e Sudão (34%). Ou seja, é um problema mundial, mas é um problema nosso também".

terça-feira, 2 de abril de 2013

MORTE DO PADRE RENZO ROSSI

Como me sinto infante, apesar de passado dos oitenta.  E a sensação que me envolve no momento sabendo da morte na Itália, em Florença, no dia 25/03/13, sete dias atrás, do PADRE RENZO ROSSI, é semelhante à que me assalta quase a seguir, assistindo na TV ao acidente na Avenida Brasil, com um ônibus de pernas pra cima, caído de uma altura de 10 metros, matando sete pessoas! Como doi saber só agora da existência que se encerrou oito  dias atrás de um sacerdote italiano que, filho de uma doméstica com um operário socialista se ordenou sacerdote, como pároco em sua cidade natal, Florença,  numa dedicação aos pobres, deixa pai, mãe, três irmãos e se atira de corpo e alma num país encalacrado numa ditadura, chamado Brasil, em 1965. Recebido o "salvo conduto"do arcebispo de Salvador, Bahia,  Dom Avelar Brandão, de repente descobre o papel que lhe cabia: visitar, consolar, mitigar a solidão de presos torturados, massacrados pelos agentes do Estado, no afã de conquistar um ideal sonhado. E como se realizou nessa função! Lamentável apenas que tenha sido excluída de suas peregrinações de uma obra de misericórdia - visitar os doentes, enfermos, encarcerados (obras de misericórdia) - a arquidiocese do RIO DE JANEIRO! Se desejarem conhecer melhor a vida desse missionário dos tempos modernos, recorram à internet.  Na Bahia publicou-se um livro de sua biografia que pretendo ler:  "As Asas Invisíveis de Padre Renzo".   Com parcos recursos viajou pelo país de ônibus para falar aos presos políticos que  simpatizavam com ele. Sabe-se de um que com os dez mil dólares recebidos dele se safou da masmorra e depois tornou-se juiz do trabalho no nordeste  Em 1997, com problemas cardíacos, regressou à cidade natal,  Florença, que,  apenas refeito, logo deixou partindo para idênticas funções na África. Diagnosticado com câncer no pâncreas, faleceu aos 87 anos, no início da manhã do dia 25 de março em Florença. Repito: possuído de dois sentimentos nesta tarde-noite carioca, chuvosa, o que  mais a torna revestida do roxo de algo que se foi  ontem e de algo que há  pouco mais de três horas  no sacrifício de três mortes enluta os corações de tantos familiares e amigos e conhecidos, num momento da paz  de um dia de trabalho a caminho de casa, sou grato a Deus por me recordar que, como pessoa, "homo sum et nihil humani a me alienum puto" (Terêncio, poeta latino), isto é: "Sou homem, e nada que interessa ao homem me é alheio".

segunda-feira, 1 de abril de 2013

DOM SILVÉRIO GOMES PIMENTA

Nomeado bispo de MARIANA, MG, em 1897, DOM SILVERIO GOMES PIMENTA publicou em 1899 uma Carta Pastoral em que pôs em evidência uma das maneiras mais práticas de se combater  no país o chamado CATOLICISMO CULTURAL de que falamos num dos blogues anteriores.  "Outro assunto que de modo algum pode ficar esquecido é o ENSINO   DA  DOUTRINA  CRISTÃ  AOS  MENINOS, e aos  mesmos adultos que a ignoram  por NUNCA  HAVEREM  APRENDIDO  ou por a terem DESAPRENDIDO  COM  O  ESQUECIMENTO.  Sem doutrina não há conhecimento de JESUS CRISTO; e sem conhecimento  da lei divina nem dos sacramentos não há observância dos preceitos, não é possível  amar a JESUS nem alcançar  a salvação eterna para a qual nos criou DEUS e veio JESUS ao mundo  REMIR-NOS com o seu preciosíssimo sangue. Daqui se vê  a imprescindível necessidade dessa obra para a vida cristã em geral.  Tudo o mais: festas, discursos, músicas, fogos, iluminação, esmolas e quanto pudermos engenhar e executar, EM  FALTANDO  A  DOUTRINA, nada significa, nada vale.  Quando muito serão passatempos honestos, sem alcance  para o fim que levamos em mira.  Haja, porém, doutrina, isto é, o conhecimento de JESUS CRISTO, e de sua lei,   tudo tem significação e vulto.  E se procuramos plantar  nos coraçõezinhos dos MENINOS o conhecimento e amor de N.S. JESUS CRISTO, o desejo de lhe agradar e o propósito firme de observar os seus preceitos, a homenagem a Cristo REDENTOR NÃO SERÁ COISA  TRANSITÓRIA, mas se prolongará no futuro com frutos copiosos. A falta de doutrina experimentada em muitos lugares é uma das coisas  que nos mais lastimam  e que mais ao vivo  devem falar  ao coração dos que  lhe podem dar algum remédio.  Não só MENINOS, mas ADULTOS, velhos e até famílias se encontram  que não sabem quem é JESUS CRISTO, nem se existe o ESPÍRITO  SANTO, se há céu, inferno, vida futura". DADA  EM  MARIANA  AOS 02/09/1899,  SOB  NOSSO  SINAL E  SELO.   SILVERIO, BISPO  DE  MARIANA.