sábado, 6 de abril de 2013
O DEUS DOS ATEUS 2
"Há muitos que provam DEUS com os raciocínios e os silogismos. Ouço-os e venero-os, porque as provas são úteis aos esquecidos, mas para mim os argumentos mais convincentes da existência de Deus estão contidos nas palavras dos ATEUS. Os que se chamam ateus não negam Deus: confessam terem perdido Deus. Têm medo de Deus e se gabam de tê-lO morto com a esperença de matar a seu temor. Não O sentem mais dentro de si e esta solidão interior os deixa exasperados. Têm pavor de seus mandamentos, de seu poder, da sua onividência. Ou eles estão de tal modo obnubilados por dentro, e tanto se envolveram na sensualidade turva que não mais O sentem, não sabem mais que O possuem, não sabem reencontrá-LO no íntimo fundo do sentimento espiritual. E então como livres de um olhar, de uma vigilância, de um peso, vão dizendo que Deus não existe. Mas Deus está neles também, como em todos, e alguém tem o pressentimento desta silenciosa e paciente Presença. São os que dasabafam dizendo, proclamando, demonstrando que Deus está abolido, superado, morto. Treme à ideia de uma sua volta: desse tremor é feito o seu ateismo. Nem Santo Anselmo nem Santo Tomás jamais excogitaram argmentos mais formidáveis do que aquela assustadora e assustada negação. Você não me procuraria, se não me tivesse achado, diz o Deus de Pascoal. Você não me mataria, se não me sentisse viver, diz o Deus dos ateus! O homem a quem deceparam as mãos afirma que não existem carícias; outro ao qual encheram os ouvidos de lodo sustenta que não existe música. Um terceiro foi encerrado num esgoto e proclama que o sol se apagou. Vocês podem dizer que eles não têm razão? Mas, por outro lado, onde encontraremos, a não ser nessas negações, uma prova mais segura e sólida de que as carícias, a música, o sol existem para aquele que tem mãos, ouvidos, olhos livres, e vive em cima e não embaixo da terra? As excogitações dos negadores para a razão da existência das coisas e de nós - mesmo feita toda de espírito - são os mais válidos contrafortes da fortaleza tomista!"(fim no próximo blogue).
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