quinta-feira, 25 de abril de 2013

GUTENBERG    VAI    SER    DESBANCADO?


  • Na Folha de SÃO  PAULO  de ontem, 25/04/13, o seu colaborador ALDO  PEREIRA, no artigo "Adeus Gutenberg?", julgou que não.  O articulista afirma que técnica de carimbar escritos existiu na China 5 séculos antes de Gutenberg. Que no século VIII os coreanos usavam tipos móveis de metal e a prensa usada era a mesma que esprimia uvas na fabricação do vinho havia séculos. A gória de Gutenberg foi a de ter integrado esses elementos num sistema eficiente e na inteligente transposição de técnicas de ourivesaria para artes gráficas: com martelo, punção, buril e cinzel, origens dos primeiros moldes para fundição de tipos, isto é, para produção em série dos tipos até então entalhados em madeira um a um. Que com ponto de fusão sua liga de chumbo, antimônio e estanho deu aos tipos dureza suficiente para não se deformarem quando premidos contra o papel, além, de permitir uma ductibilidade para assumir precisão de forma na fun dição. Mas antes  de Gutenberg, acrescenta Aldo Pereira o livro já ter evoluído do seu formato "volumen" para o de "códex", isto é, do rolo contínuo para a pilha de folhas costuradas na margem.  O que permitindo a impressão, correu-se atrás dos "volumina"que foram transubstanciados  em "codices" (codex do latim). O códex outra coisa no era senão o livro de hoje nas mãos inteligentes de Gutenberg. Para Aldo Pereira, Gutenberg! democratizou o saber, afrouxando o privilégio aristocrático e clerical de acesso a ideias e fatos. Ele como que antecipou o vendaval intermédico que hoje desfolha jornais e revistas e os confina a refúgios de acesso pago. Então se pergunta: "hora  do adeus às variantes do sistema  de carimbar papel?"O cinema diz-se que matou o teatro; cinema não matou o teatro, televisão não matou cinema nem rádio, discos e iPod não mataram o show. Diante, porém, do consenso de que, passado algum empurra-empurra de acomodação, uma seleção de jornais, revistas e livros de papel  continuaria a ser impressa por prazo indeterminado!... em virtude de quê?  E ele responde: "porque a confraria anônima da maioria dos leitores sempre incluirá aquele que, mesmo sem repelir engenhocas, abre um livro novo e cheiroso com expectativa juvenil de quem abre de par em par uma janela para o mundo das ideias, do sonho, da poesia e do saber, mundo de todos os mundos, reais e maginários. Fetiche? Ah, volúpia do pecado inocente! Seu lugar continua seu, caro Gutenberg  -  basta chegar um pouquinho para lá". Um artista o nosso ALDO  PEREIRA, 80, ex-editorialista e colaborador especial da Folha.

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