quinta-feira, 4 de abril de 2013

PAPINI O ESCRITOR CATÓLICO CONVERTIDO

Desde o lento agonizar melancólico do "JORNAL DO BRASIL",  antes do fim da última ditadura militar  -  e como me lastima a presença nela do "BRIGADEIRO DA LIBERTAÇÃO", Eduardo Gomes!  -  ocupou -lhe a vaga,   EM MIM,  a "FOLHA DE SÃO PAULO". Com o correr do tempo venho percebendo que,  entre as colunas mestras que  fornecem à FOLHA um material  intelectual de primeira qualidade,  uns três ou pouco mais de nomes, consciente ou inconscientemente, ou, quem sabe até por orientação da empresa, têm o costume em suas elucubrações, DE NÃO  silenciarem a própria  identidade com relação ao problema da existência de Deus, e de  maneira tão perceptível que leva acrer, às vezes,  que "se força a barra", como se costuma dizer. Longe de mim, claro, censurá-los pela manifestação explícita ou  velada de seus  modos  de pensar sobre este ou aquele assunto. Em virtude do dom da Fé, recebido no batismo, creio e professo  que Deus, ao criar o mundo,  dotou o ser humano de inteligência, da razão, e de liberdade,  do livre arbítrio.  Como, porém, um desses colunistas ou articulistas durante a infância, adolescência e juventude se nutriu intelectual,  cultural e religiosamente em fontes idênticas às que tive no Colégio do Caraça, durante e após a segunda guerra mundial,  minha atenção se voltou particularmente sobre os escritos dele, nascendo daí uma empatia graças à qual pus-me a ler seus livros, a me interessar por tudo quanto lhe caisse da pena privilegiada. Mas sempre mais me inquietava o desejo de saber  a razão de tão insistente confissão de seu ateísmo, quando, por outro ângulo, vez ou outra descobria certos lampejos de uma fé adormecida em frases ou palavras que lhe escapuliam no que escrevia.  Desde adolescente nutro profunda admiração  pelo escritor italiano GIOVANNI PAPINI por influência de um comentário feito por um sacerdote do Caraça, Pe. Dermeval Montalvão, sobre sua  "STORIA di  CRISTO" (criança  me marcou a definição de dinheiro dada pelo escritor: "A moeda é o sinal visível de uma transubstanciação; é a hóstia infame do demônio...são seus excrementos corruptíveis...quem apalpa o dinheiro com  volúpia, apalpa, sem saber, o esterco do diabo").  Nesta Semana Santa caiu-me nas mãos "PAPINI  Meu Encontro com Deus". E no capítulo xxxii, "O DEUS  DOS  ATEUS", encontrei a confirmação de tudo que considerava a explicação do que acreditava ser o motivo  que movia ateus a se declararem ateus com frequência, mesmo quando aparentemente desnecessário. Vamos na próxima postagem reproduzir o pensamento de GIOVANNI  PAPINI.  Eis um deles: " Há muitos que provam Deus  com os raciocínios e os silogismos.  Ouço-os e venero-os, porque as provas são úteis aos esquecidos, mas para mim os argumentos mais convincentes da existência de Deus estão contidos nas palavras dos ateus".

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