sábado, 24 de março de 2012

24/03/12 = BENTO XVI NO MÉXICO

Jornalista credenciado junto à Santa Se', JEAN-MERIE GUÉNON, pousando no México ontem ao lado de BENTO XVI, deixou hoje no LE FIGARO (24/03/12) algumas de suas impressóes sobre essa histórica visita do pontífice à América. "Sem pretensão de objetividade, mas com "parti pris", o da impressão subjetiva para transmitir algo que se distinga de uma viagem oficial, escreveu que foi notório o contraste entre o discurso do presidente Calderon que se apresentava aos sufrágios de julho próximo e o de BENTO XVI de olhos bastante cansados após 14 horas de voo; o presidente bastante orquestrado, muito político em torno do México unido na dificuldade da crise econômica, bem posto diante das televisões; o outro, BENTO XVI, bem modesto sob o ponto de vista do efeito da mídia, de vox baixa, ligeiramente rouca, e com pronúncia espanhola em polimento. No PAPA, o homem de DEUS. QUASE UMA PARÁBOLA DAS DUAS NATUREZAS DESSAS VISITAS PAPAIS: atitude política, inevitável e assumida de um lado em busca de recuperação, atitude eclesial e espiritual explícita e procurada, do outro lado, mas com vistas a entreter bons relacionamentos com os Estados. Não se pode impedir de pensar aproximmando-se de BENTO XVI, cujo sorriso e humildade não são fingidos, de acreditar-se que o homem reza. Quando se acha ao lado de um casal presidencial ou quase sumido em seu papa-móvel, aclamado por milhares de pessoas = 600.000 ao se crer na mídia colocadas entre a cidade e o aeroporto = Ele parece PRESENTE e ao mesmo tempo AUSENTE ou HABITADO por outra PRESENÇA... sem dúvida a pequena, essencial diferença entre e um PAPA e um PRESIDENTE.

ACORDO COM OS LAFREBVISTAS?

JEAN-MARIE GUÉNON, comentarista credenciado junto à SANTA SÉ, comentando a razão pela qual o VATICANO não desespera de um acordo com o O SUPERIOR GERAL DA FRATERNIDADE SACERDOTAL SÃO PIO X declara no LE FIGARO, 16/03/12, que pessoas há que falam de um "ultimatum" lançado pelo VATICANO na busca de uma solução antes de um mês com relação à crise entre BENTO XVI e MONS.FELLAY dirigente daquela sociedade. GUËNON SUPÕE que a palavra "ultimatum" nasceu de um entendimento equivocado das palavras do porta-voz do VATICANO, Padre Lombardi, respondendo a uma pergunta de um jornalista. No dia 12/01/12 o SANTO PADRE, em resposta a uma carta de MON. FELLAY, fê-lo saber que a posição por ele expressa não era suficiente para remover os problemas doutrinários que estão na base da cisão entre a SANTA SÉ e a dita FRATERNIDADE, convidando-o a bem esclarecer sua posição, a fim de se chegar à redução da fratura existente, como o deseja o Papa. Esta "cortesia" do Papa indica que o Santo Padre quer sempre um ACORDO. Julga, contudo, o comentarista GUËNON que a negociação mudou de natutrza: não é mais de natureza DOUTRINAL mas de natureza ECLESIAL. E explica-se: desde 3 anos, poder-se-ia dizer, os engenhosos sistemas, do lado dos lefrebvistas e do lado do Vaticano trabalharam para tornar compatíveis duas versões de um mesmo "logiciel catholique", mas datados de duas épocas muito diferentes. Concluiu-se tratar-se de uma incompatibilidade técnica e definitiva, isto é, teológica entre o Concílio Vaticano I e o Concílio Vaticano II. Roma procura um acordo baseado numa visão larga do catolicismo, capaz de integrar várias famílias algumas das quais muito distantes umas das outras, um espírito capaz de admitir um debate interno, uma "disputatio", que pertence contudo à grande tradição intelectual = e atualmente perdida = da IGREJA CATÓLICA. Breve, uma saída pelo alto e não por baixo, o que não é o estilo de Bento XVI em quem rigor intelectual e precisão rimam com largueza de visão e sopro espiritual e intelectual . Por último, não se há de excluir até um convite a esse filho rebelde para um reencontro como ele havia feito no início de sua eleição. E que ele lhe ponha como um pai a seu filho, isto é, de homem a homem, e não de técnico a técnico da teologia a questão de confiança. É o próprio da audácia dos discípulos de Cristo, como tanbém a característica dos grandes homens que sabem tomar chegado o momento uma verdadeira decisão.

sexta-feira, 16 de março de 2012

PENSAMENTO PARA ESTE MÊS DE MARÇO

O autor de "HOMEM ALGUM É UMA ILHA", o monge THOMAS MÉRTON", convertido ao catolicismo, mundialmente conhecido, escreveu a página seguinte, objeto de meditação oportuna para este mês de março: "Se somos CHAMADOS ao lugar em que DEUS deseja fazer-nos o maior bem, somos CHAMADOS para o lugar onde melhor podemos DEIXAR-NOS (FICAR) para achá-LO. A MISERICÓRDIA de Deus exige que A compreendamos e reconheçamos, e A separemos de tudo o mais para ser LOUVADA e ADOTADA alegremente. Cada VOCAÇÃO (CHAMADO) é, pois, simultaneamente uma vocação ao sacrifício e à alegria. É um convite a conhecer a Deus, a reconhecê-LO como PAI, a gozar da INTELIGÊNCIA de sua MISERICÓRDIA. A nossa VOCAÇÃO individual é a nossa OPORTUNIDADE de achar esse lugar ÚNICO em que podemos mais perfeitamente receber os benefícios da MISERICÓRDIA DIVINA, CONHECER O AMOR DE DEUS por nós, e responder a esse amor com todo o nosso ser. Isso não significa que a nossa VOCAÇÃO individual tornará DEUS visível aos olhos da nossa natureza humana, e accessível aos sentimentos do nosso coração de carne. Ao contrário, se somos CHAMADOS ao lugar onde O encontraremos, devemos ir aonde a carne e o sangue não O perdem, porque a carne e o sangue (nossas paixões) não podem possuir o REINO DE DEUS (I. Cor. 15,50). DEUS às vezes se entrega a nós onde ELE parece mais distante" ("HOMEM ALGUM É UMA ILHA", pag.143). E mais: Ä IGREJA não é obrigada a receber-me como padre só porque precise de sacerdotes, nem sou eu forçado a ordenar-me padre pela pressão das minhas próprias aspirações espirituais. A liberdade que transparece no chamado ao sacerdócio é um mistério de Deus, um mistério que brota da obscuridade da PROVIDÊNCIA DIVINA, que escolhe algumas pessoas às vezes indignas para serem "outros Cristos", e às vezes rejeita os que são, aos olhos dos semelhantes, os mais dotados para tal vocação!" (idem, ibidem, pág. 145).

quarta-feira, 14 de março de 2012

EU, ANGELI E O JORNAL NACIONAL

Desde meses venho aguardando em vão a charge do caricaturista ANGELI na página A2 da FOLHA DE SÃO PAULO. Por acaso, ela apareceu uma ou duas vezes. E senti que as férias dele haviam terminado! Mas como cada leitor de um jornal , em regra, só se liga aos assuntos que lhe interessam, jamais me detenho na página da ILUSTRADA E7 - QUADRINHOS. Exceto hoje, 14/03/12, porque a ILUSTRADA se referiu à "tirinha" ali mantida por ANGELI, sem que eu soubesse. E li com interesse o que o colaborador Marcos Dávila escreveu: "Essa tirinha hipotética bem poderia fazer parte da série "Angeli em Crise", do cartunista da FOLHA. Afinal, é assim que Angeli, 55, tem se sentido nos últimos três anos: trocando de pele aos olhos dos leitores. Diariamente". E Angeli se explica: "Tudo o que andava fazendo tinha virado uma fórmula. Senti que estava começando a colocar o pé na cova. Resolvi mudar. Abandonei personagens e fiquei sem nada. Entrei numa crise real, não só a brincadeira do personagem Angeli em Crise". Mais adiante, o colaborador acrescenta : "E preparem-se fãs: Angeli e Laerte estão planejando lançar uma nova revista...Nem mesmo ele sabe como e quando vai terminar essa crise, mas de uma coisa Angeli está seguro: "Busco um humor mais porrada". Há pouco, ouvindo o Jornal Nacional uma jornalista , referindo-se a ANGELI, me deu a entender que andava tão ignorante quanto eu com relação ao sumisso do caricaturista, pois por certo não tivera ocasião de folhear a FOLHA de hoje.

segunda-feira, 12 de março de 2012

SENSAÇÃO E AMOR = DUAS REALIDADES DISTINTAS

Um de meus autores prediletos que, nascido nos Estdos Unidos, se expressa em francês, escreveu no dia 14/11/93 as linhas seguintes: "Eis a verdade sobre mim mesmo: FUI FEITO PARA O AMOR! Ponto. A SEXUALIDADE EM MIM jamais pôde invadir o AMOR. Trata-se de duas realidades sem correlação entre si. A FRENESI sexual que eu vivi, de que tomei parte, jamais pôde fazer-se passar por AMOR. FAZER AMOR é uma expressão que a meus olhos nada significa. O AMOR nasce em nós. Mas não se fabrica. Pode-se cair de AMOR por alguém à primeira vista porque na vista se lê e se narra o AMOR, a grande história do AMOR que muitos não conhecem. O aparelho sexual nada tem a nos oferecer senão a SENSAÇÃO. Pedir à SENSAÇÃO que nos narre o que ultrapassa tudo seria uma maneira de se brincar de comédia consigo mesmo. E contudo ROMEU mistura amor e prazer, quando JULIETA está em seus braços. Mas é um que faz nascer o outro. E a mística tem por certo uma palavra própria a dizer. DEUS criou UMA SENSAÇÃO QUE PERMANECE IMPOSSÍVEL DE SER VERDdeiramente descrita!"

domingo, 11 de março de 2012

QUEM É VISADO NA CRISE DA CÚRIA ROMANA?

A seguir a parte final da mensagem transcrita no blogue anterior. "Alguns atribuem ao secretário de estado todas as desfunções (dysfonctionnements) DO PONTIFICADO DE BENTO XVI. O que é um absurdo. Desde uns sete anos, o pontificado não foi senão uma sequência de passos falsos. Como o sucesso ou fracasso de um governo não depende só do primeiro ministro, a pesada máquina do Vaticano não depende apenas do secretário de estado. Do mesmo modo considerar que só um antigo núncio, digamos "enarque", é capaz de representar competentemente o Vaticano seria um exagero! É necessário nesse posto um homem de experiência, um político tarimbado, grande administrador, dotado de uma visão aberta dos negócios da Igreja e do mundo. Reduzir, em todo caso, essa crise a uma disputa entre os "ënarques" (os núncios mais antigos) da Igreja e os indicados que seriam os bispos oriundos da "entourage" não convence. Mesmo se, é verdade, os núncios têm uma experiência interna da Igreja que os prepara melhor para essas elevadas funções. O problema atual tem outra causa. A questão crucial não é tanto quem é visado, mas o que é visado! E a respeito as coisas não estão ainda decantadas. Um indicador contudo: muitos comentários significativos, publicados desde um mês na imprensa italiana, caminham no mesmo sentido: seria necessária mais democracia na Igreja Católica, mais transparência no Vaticano e uma reforma de base da adminisração central da Igreja Católica. As questões sérias estào pois no início. O homem que se enfraquece não é TARCÍSIO BERTONE, mas o próprio BENTO XVI. Em abril fará 85 anos. O após BENTO XVI que não dá ainda sinais inquietantes de saúde mas não esconde o peso da idade é presentemente iniciado. Detalhes disto eu já pude explicar depois da reportagem em Roma que publiquei sobre o consistório de 18 de fevereiro último. O episódio "Vatileaks" não é pois senão uma faceta da habitual guerra de facções e de visões da Igreja que precedem sempre as sucessões papais. O que se observa, contudo, é que essas agitações recorrentes = subterrâneas ou públicas = jamais exerceram a influência que se lhes atribui sobre as evoluções profundas da Igreja Católica. Esta instituição, ciosa de sua independência, tem horror a publicação de escândalos e de consequentes pressões sobre a opinião. Ela tem a tendência de se proteger de tudo isto. Este não é o caminho para a evolução básica das coisas. Sobre a forma, em revanche, essa instituição não é só romana e italiana. E o excesso de disputas ítalo-italianas reveladas por essa crise poderia comprometer a possibilidade de um futuro papa italiano". Observação: o autor declara, ao final, que a última nota suscitou um largo debate, o que ele agradece, pois a seu ver seu blogue tem esta finalidade.

sexta-feira, 9 de março de 2012

QUEM É VISADO NA CRISE DA CÚRIA ROMANA?

No dia 06/03/12 o jornalista francês JEAN-MARIE GUÉNON publicou no LE FIGARO a seguinte mensagem: "A única novidade real na crise interna da CÚRIA ROMANA é que ela é PÚBLICA. Como em todas as tergiversações do PODER, o mundo fechado da CÚRIA ROMANA está sempre agitado por rumores e ressentimentos, mas também por fidelidades tenazes e de raro sentido de abnegação em prol da suprema missão. Tudo isto, contudo, não transpirava jamais. Era necessária uma séria experiência para se lhe encontrar o claro sentido sem risco de um engano! Desde dois meses o que se convencionou chamar-se de "vaticanleaks"ou "vatileaks"permitiu ler algumas notas internas da SANTA SÉ na imprensa italiana. É inédito, mas não revolucionário. E mesmo grotesco falar falar de "glasnost"com referência a essa política de transparência que marcou o começo do fim da era soviética. O VATICANO é e permanece um dos lugares mais secretos e discretos do mundo. Esses poucos documentos nada mudarão. É previsísel que essas evasões para o momento incontroláveis - por virem do coração do sistema - vão reforçar essa cultura do segredo. A longa enquete que publiquei na página 2 do FIGARO -- "malaise au Vatican" -- no último dia 18 de fevereiro em nada se alterou. O sentido de tudo isto situa-se em outra paragem. Essas revelações são premeditadas, têm alvo reconhecível. Nada têm de uma história de uma lixeira descoberta donde se retiraram, por acaso, páginas preciosas amarrotadas de madrugada. Elas fazem parte objetivamente de uma manipulação no sentido técnico do termo: em nada desordenadas, são coerentes e sabidamente distribuídas. Visam a um objetivo bem preciso cujo recuo de várias semanas permite ver o contorno. Quem cuidou de fazer publicar essas notas internas -- violando o juramento do segredo pontifício passível de excomunhão -- sabe enfraquecer o atual secretário de estado, o cardeal TARCÍSIO BERTONE, número dois do papa a quem acusam, para simplificar, de autoritarismo e incompetência. É verdade que o homem não se originou da orestigiosa escola dos núncios, a IENA DA IGREJA CATÓLICA. ELA FORMA OS EMBAIXADORES DO PAPA. E PARA OS MELHORES DENTRE ELES, os mais altos responsáveis do Vaticano. O cardeal BERTONE é um religioso salesiano feito bispo italiano que o cardeal alemão Joseph Ratzinger teve durante sete anos como número dois, quando era prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (onde permaneceu 24 anos). TARCÍSIO BERTONE, como outros, foi o indispensável cuja cultura italiana foi uma chave para fazer envolver o primeiro dos ministérios do Vaticano, cuja chave era mantida pelo bávaro. Mas as qualidades deste segundo elemento não se reproduziram do mesmo modo à frente da Igreja. NOTA: A segunda e última parte desta mensagem sairá no próximo blogue!