domingo, 11 de março de 2012

QUEM É VISADO NA CRISE DA CÚRIA ROMANA?

A seguir a parte final da mensagem transcrita no blogue anterior. "Alguns atribuem ao secretário de estado todas as desfunções (dysfonctionnements) DO PONTIFICADO DE BENTO XVI. O que é um absurdo. Desde uns sete anos, o pontificado não foi senão uma sequência de passos falsos. Como o sucesso ou fracasso de um governo não depende só do primeiro ministro, a pesada máquina do Vaticano não depende apenas do secretário de estado. Do mesmo modo considerar que só um antigo núncio, digamos "enarque", é capaz de representar competentemente o Vaticano seria um exagero! É necessário nesse posto um homem de experiência, um político tarimbado, grande administrador, dotado de uma visão aberta dos negócios da Igreja e do mundo. Reduzir, em todo caso, essa crise a uma disputa entre os "ënarques" (os núncios mais antigos) da Igreja e os indicados que seriam os bispos oriundos da "entourage" não convence. Mesmo se, é verdade, os núncios têm uma experiência interna da Igreja que os prepara melhor para essas elevadas funções. O problema atual tem outra causa. A questão crucial não é tanto quem é visado, mas o que é visado! E a respeito as coisas não estão ainda decantadas. Um indicador contudo: muitos comentários significativos, publicados desde um mês na imprensa italiana, caminham no mesmo sentido: seria necessária mais democracia na Igreja Católica, mais transparência no Vaticano e uma reforma de base da adminisração central da Igreja Católica. As questões sérias estào pois no início. O homem que se enfraquece não é TARCÍSIO BERTONE, mas o próprio BENTO XVI. Em abril fará 85 anos. O após BENTO XVI que não dá ainda sinais inquietantes de saúde mas não esconde o peso da idade é presentemente iniciado. Detalhes disto eu já pude explicar depois da reportagem em Roma que publiquei sobre o consistório de 18 de fevereiro último. O episódio "Vatileaks" não é pois senão uma faceta da habitual guerra de facções e de visões da Igreja que precedem sempre as sucessões papais. O que se observa, contudo, é que essas agitações recorrentes = subterrâneas ou públicas = jamais exerceram a influência que se lhes atribui sobre as evoluções profundas da Igreja Católica. Esta instituição, ciosa de sua independência, tem horror a publicação de escândalos e de consequentes pressões sobre a opinião. Ela tem a tendência de se proteger de tudo isto. Este não é o caminho para a evolução básica das coisas. Sobre a forma, em revanche, essa instituição não é só romana e italiana. E o excesso de disputas ítalo-italianas reveladas por essa crise poderia comprometer a possibilidade de um futuro papa italiano". Observação: o autor declara, ao final, que a última nota suscitou um largo debate, o que ele agradece, pois a seu ver seu blogue tem esta finalidade.

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