segunda-feira, 28 de outubro de 2013

ORAÇÃO   DE   FRANCISCO

Podemos caminhar quanto quisermos. Podemos construir tudo que quisermos. Ma se não professarmos Jesus Cristo, alguma coisa vai mal! Nós nos transformaríamos  numa ONG, mas jamais na Igreja, esposa de Cristo. Que aconteceria se edificássemos  sobre uma rocha? Aconteceria o que ocorre  às crianças numa praia,  quando construissem  castelos sobre a areia: tudo se desmoronaria, falta de consistência.  Quando não confessamos Jesus Cristo,  vem-me à mente esta frase de Léon Bloy:  "Quem não reza ao Senhor invoca o diabo. E quando não confessa Jesus Cristo confessa a mundanidade do diabo, a mundanidade do demônio". Quando caminhamos sem a cruz, quando construímos sem a cruz, quando confessamos com Cristo mas sem a cruz, não somos os discípulos de Jesus. Somos mundanos. Somos bispos, padres, cardeais, papas, tudo, menos discípulos do Senhor! Gostariamos que nós todos, após esses dias de graças, tivéssemos a coragem , sim, a coragem,  de caminhar na presença do Senhor, com a cruz do Senhor, que tivéssemos a coragem  de edificar a Igreja sobre o sangue de Cristo derramado sobre a cruz, a coragem  de confessar a glória única, o Cristo Crucificado. Assim a Igreja pode andar para a frente!

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

TRISTÃO   EMPOLGA-SE   COM  O  PROGRESSO DA COMUNICAÇÃO

Dois fatos marcaram os 16 anos do jovem ALCEU (1893-1983).  Em 1909 ele estava  em Berlim no hotel Adlon, que se tornaria famoso como centro da luta final de Hitler, em 1945, contra as tropas soviéticas que afinal tomaram a cidade. Ao lado do hotel estava situado o famoso Branderburgger Thos, uma espécie de "arco do triunfo" alemão onde Alceu tivera conhecimento de que LOUIS BLÉRIOT (1872-1936, aviador francês) tinha atravessado  o Canal da Mancha de avião. "Foi um estrondo tão grande, escreveu Alceu em carta de 01/01/1969,  no mundo,  como quando Hindenburg, alguns anos depois atravessou sozinho o Atlântico com o dirigível alemão Zeppelin. ALCEU e o pai recordaram-se então de que em 1900 tinham visto pela primeira vez automóveis circulando pelas ruas de Paris, "já do tipo dos famosos "taxis" de 1909 e que "salvaram Paris" com a manobra envolvente do general Galiéri contra as forças do general alemão Voultludt que desviou suas tropas para o Mein, aparentemente de modo irresistível, e onde as  tropas alemãs foram contidas pelas  forças do marechal Joffre. E com isso a história do mundo tomou novo rumo, diferente do de 1870, com a derrota da Alemanha.  Sabe-se que, no período de 1870-1914, o mundo presenciara  o  fenômeno da ascensão da Alemanha a potência mundial. 

terça-feira, 22 de outubro de 2013

   JOÃO   XXIII   UM  BOM  HOMEM   OU   UM   HOMEM  BOM?

O papa JOÃO XXIII foi um "BOM HOMEM" ou um HOMEM BOM? Um  eminente purpurado da Cúria romana, quando inquirido por um culto católico brasileiro sobre o pontífice que acabara de falecer no dia 04/06/1963, deu a seguinte  resposta: "Ele FOI UM BOM HOMEM". O "sorriso ligeiramente enigmático" de que se revestiu a resposta levou TRISTÃO DE ATHAYDE a recordar que "a importância que possui, na  estilística  de todas as línguas, a colocação de uma palavra numa locução idiomática, por vezes cria a necessidade de deslocar-se na frase uma palavra" (como na resposta do citado cardeal)  para se obter a exata compreensão de um termo" (no caso o adjetivo BOM  empregado  na resposta obtida pelo TRISTÃO). De fato, a expressão "bom homem" , no contexto, qualificando João XXIII, equivale a dizer que ele era um homem fraco, ao passo que  "homem bom" significaria que ele era um homem  forte, de modo especial sob a ótica da vida orientada pelas lições de Cristo. Aliás, a diferença se comprova pelo dizer de São Paulo (II Cor. XII,9): "Virtus in infirmitate perficitur": é na fraqueza que a força manifesta todo o seu poder ou: a força é um fruto da fraqueza. Trata-se aqui de uma força moral e não de uma força física.  João XX III, comenta Tristão, é a própria expressão dessa força moral infinita que a autêntica bondade possui naqueles cujas forças físicas declinam e cujo prestígio ultrapassa porventura o de todos os seus predecessores. Com efeito, esse mistério talvez provenha de ter esse grande papa tomado realmente a sério aquela intenção com que convocou o Concílio  Vaticano II; rejuvenescer a face do Cristo, querendo fazer da IGREJA realmente o CRISTO VIVO entre os povos, e da Civilização Cristã uma realidade moral e política, e não apenas um slogan eleitoral ou oratório. Mistério esse que talvez provenha também do fato de que JOÃO XXIII lia diariamente os Santos Evangelhos, que vivia integralmente em nossos dias, tornando-se um dos maiores papas do mundo moderno, legando ao povo de Deus a imagem de UM HOMEM BOM. Atenção: quanto à questão linguística acima levantada, leia-se no "ARTE DA COMPOSIÇÃO E DO ESTILO", do padre Antônio da Cruz C.M., o cap.X, da Originalidade do Estilo: Escrever com relevo: um adjetivo. 

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

JOÃO   XXIII   SERÁ   CANONIZADO

Em carta de 08/06/1963 à sua filha Madre Tereza,  TRISTÃO de ATHAYDE escrevia:  "Assim  vão se passando as horas e os dias nesta vigília do novo Conclave (eleição do sucessor de João XXIII). O Arcebispo de  Boston, o Cardeal Cushing, declarou  que iria promover já o processo de canonização  do nosso bom Pai-João.. São João XXIII soa bem! Enquanto isso, vamos pedindo ao Espírito Santo não nos dê uma penitência muito grande, depois desses quatro anos e meio de escandalosa proteção.   Pois quando é que eu poderia esperar em 1958 (morte de Pio XII) que teria  um João XXIII no Vaticano?...e, com o apoio invisível do nosso João, me senti à vontade para voltar a ser  eu mesmo e continuar a evoluir à vontade,  sem me sentir impedido por escrúpulos. Há de custar muito a mudar  o ar parado que se respira dentro da Igreja.  Serão precisos muitos Joões!  E um só já é um milagre!  Há sempre mil meios de torcer o que dizem e fazem  os Papas.  Tanto num sentido como no outro. E o que prevalece em geral na Igreja é o medo de mudar, é a rotina, a repetição, a obsessão do passado. E foi essa a extraordinária aventura do que já hoje se chama "a linha roncaliana", isto é,  a linha que um obscuro pré-roncaliano exprimia há uns bons 20 anos, quando começou não sei que artigo dizendo: 'A Igreja está voltada para a Idade Nova e não para a Idade Velha'.  E ainda era no tempo de Pio XII apresentado hoje como sendo um conservador, o que só poderá ter um vislunbre de verdade, em face do espírito renovador do nosso velhinho que hoje estará conferindo suas contas lá por cima para ver se fez mesmo  tudo o que tinha de fazer ou mesmo um pouco mais...Se tiver avançado o sinal, então já se sabe: o próximo terá de retardar o sinal. Ninguém mais pastoral do que o nosso João. E no entanto ninguém se meteu mais a fundo em coisas da vida econômica, industrial e agrícola. Está se vendo  com que açodamento nosso Pai João quis promulgar as duas grandes encíclicas sociais ( Mater et Magistra e Pacem in Terris), justamente para mostrar que o seu pastoralismo  não era apenas do outro mundo mas também deste mundo. E graças a Deus o fez a tempo. Não é mais possível apagar o que está escrito nas duas grandes Encíclicas!"

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

A   EXPERIÊNCIA   DE   GOVERNO   DO   PAPA

O padre Antonio Spadaro, entrevistador de FRANCISCO,  perguntou-lhe:  "Acha que sua passada experiência de governo pode servir à sua atual  ação no governo da IGREJA UNIVERSAL?"O Papa, depois de uma breve pausa de reflexão, torna-se sério, mas muito sereno. " Na minha experiência de superior na Companhia, para dizer a verdade nem sempre me comportei assim, ou seja,  fazendo as necessárias consultas. E isso não foi uma coisa boa.  O meu governo como jesuíta no início tinha muitos defeitos.  Estávamos num tempo difícil para a Companhia: tinha desaparecido uma inteira geração de jesuítas. Por isso, vi-me nomeado Provincial ainda muito jovem. Tinha 36 anos; uma loucura. Era preciso enfrentar situações difíceis e eu tomava as decisões  de modo brusco e individualista. Sim, devo acrescentar, no entanto, uma coisa: quando entrego uma coisa a uma pessoa, confio totalmente nessa pessoa. Terá que cometer um erro verdadeiramente grande para que eu a repreenda.  Mas, apesar dissso,  as pessoas acabam  por se cansar do autoritarismo. O meu modo autoritário e rápido de tomar decisões levou-me a ter sérios problemas e a ser acusado de ser ultraconservador.  Vivi um tempo de grande crise interior quando estava em Córdova. Claro, não, não sou certamente como a Beata Imelda, mas  nunca fui de direita. Foi o meu modo autoritário de tomar decisões que criou problemas. Digo estas coisas como experiência de vida e para ajudar a comp   reender quais são os perigos. Com o tempo aprendi muitas coisas. O Senhor permitiu esta pedagogia de governo, mesmo através de meus defeitos e dos meus pecados. Assim, nas reuniões com os seis bispos auxiliares colocavam-se perguntas e abria-se espaço para a discussão. Isto ajudou-me a tomar as melhores decisões. E agora ouço algumas pessoas que me dizem: Não consulte demasiado e decida! Acredito, no entanto,  que a consulta é muito importante. Os Consistórios  e os Sínodos são lugares importantes para tornar verdadeira e ativa esta consulta. . Deve-se torná-los menos rígidos na forma. Quero consultas reais, não formais. A consulta dos 8 cardeais não é uma decisão simplesmente minha, mas é fruto da vontade dos cardeais, tal como foi expressa nas Congregações Gerais antes do Conclave. E quero  que seja uma consulta real, não formal".
ENTREVISTA   COM   O   PAPA   FRANCISCO

Da entrevista concedida ao Padre jesuíta Antonio Spadaro, dia 29/08/13,  pelo papa FRANCISCO, destaco o trecho abaixo, importante pela visão da maneira pela qual o pontífice está entrando em contato com os diferentes membros da IGREJA. Interrogado sobre que ponto da espiritualidade inaciana o guiará melhor a viver seu ministério, o papa disse o seguinte: "O  DISCERNIMENTO!" O discernimento é uma das coisas que Santo Inácio mais trabalhou interiormente.  Para ele o discernimento é um instrumento de luta para conhecer melhor o SENHOR e segui-lo mais de perto. Impressionou-me sempre uma máxima com que se descreve a visão de Inácio: "Non coerceri a maximo, sed contineri a minimo divinum est"(não estar constrangido pelo máximo e, no entanto, estar inteiramente contido no mínimo, isto é divino).  Refleti muito sobre esta frase a propósito do governo, de ser superior:  "não estarmos restringidos pelo espaço maior, mas sermos capazes de estar no espaço mais restrito". Esta virtude do grande e do pequeno é a MAGNANIMIDADE, que da posição em que estamos nos faz olhar sempre o  horizonte. É fazer as coisas pequenas de cada dia com o coração grande e aberto a DEUS e aos OUTROS. É  valorizar  as coisas pequenas no interior de grandes horizontes, OS  do  REINO de DEUS. Esta máxima oferece os parâmetros para assumir uma posição correta para o DISCERNIMENTO, para escutar as coisas de DEUS a partir  do seu ponto de vista. Para Santo Inácio os grandes princípios devem ser encarnados nas circunstâncias de lugar, de tempo e de pessoas. A seu modo, JOÃO  XXIII  colocou-se nessa posição de governo, quando repetiu a máxima "OMNIA   VIDERE (ver tudo), MULTA  DISSIMULARE (não dar importância a muito),  PAUCA  CORRIGERE  (corrigir pouco),  porque, mesmo vendo tudo, a dimensão máxima, João XXIII  preferia agir sobre pouco, sobre uma dimensão mínima. Pode-se ter grandes projetos e realizá-los agindo sobre poucas pequenas coisas. Ou pode-se usar meios fracos que se revelam  mais eficazes do que os fortes, como diz São Paulo na Primeura Carta aos Coríntios. Esse discernimento requer tempo. Muitos, por exemplo,  pensam que as mudanças e as reformas podem acontecer em pouco tempo. Será sempre necessário  tempo para lançar as bases de uma mudança verdadeira e eficaz. E esse é o tempo do discernimento. E, por vezes,  o discernimento, por seu lado,  estimula a fazer depressa aquilo que inicialmente se pensava fazer depois.  E foi isto  o que também me aconteceu nestes meses.  E o discernimento  realiza-se sempre na presença do  SENHOR, vendo-se os sinais, escutando-se as coisas que acontecem, o sentir das pessoas, especialmente dos pobres.  As minhas escolhas, mesmo aquelas ligadas à vida cotidiana, como usar um automóvel, estão ligadas a um discernimento espiritual que responde a uma exigência que nasce das coisas, das pessoas,  da leitura dos sinais dos tempos.  O DISCERNIMENTO  DO  SENHOR  GUIA-ME  NO  MEU  MODO  DE  GOVERNAR!". Pelo contrário, desconfio das decisões tomadas de modo repentino.  Desconfio sempre da primeira decisão, isto é, da primeira coisa que me vem à cabeça fazer, se tenho de tomar uma decisão. Em geral é a decisão errada.  Tenho de esperar, avaliar interiormente,  tomando o tempo necessário. A sabedoria do discernimento resgata a necessária ambiguidade da vida e faz encontrar os meios mais oportunos que nem sempre se identificam com aquilo que parece grande ou forte".

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

JAN   PALOCH

Em carta de 21/01/1969, TRISTÃO DE ATHAYDE,  noticiando a renúncia de dois ministros do STF diante da demissão do seu Presidente pela junta que comandava o país, ponderou que se tratava de "gestos que não tiveram, contudo, a dramaticidade do holocausto (e não suicídio) do jovem tcheco JAN PALOCH "que se autoimolou em Praga quatro  dias antes, em protesto contra a ocupação da Tchecoslovaquia por tropas soviéticas. Gesto este que "representa a prova mais dramática de que os valores espirituais continuam vivíssimos na Europa". O jovem estudante de letras (1948-1969) imolou-se pelo fogo, dia 16/01/1969, na Praça Venceslau em Praga. Assim agiu para fazer seus conterrâneos entenderem que se tornaram  indiferentes, seis meses depois da ocupação de seu país pelos russos em agosto de 1968. Na noite de 21 desse mês, por ordem de Leonid Brejnev, 300.000 homens, em paraquedas e poderosos blindados invadiram o país, sob o pretexto de consolidar o socialismo ameaçado, e ali recentemente implantado.  Somente vinte anos mais tarde os habitantes tchecos puderam saudar de volta a liberdade que lhes fora sequestrada. O protesto de JAN  PALOCH repercutiu bastante no país como no estrangeiro, tornando-se o jovem mundialmente conhecido e homenageado ("DIÁRIO de UM  ANO de  TREVAS").

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

ARMSTRONG   REGRESSA   DA   LUA

Em carta de 21/07/1969 à filha Maria Tereza TRISTÃO DE ATHAYDE, depois de falar da alunissagem, comenta o regresso de seus tripulantes à terra.  "Espero poder assistir ainda, às duas horas, na casa de "sêu"João, à decolagem, e será de novo um momento crucial. Imagine só se o bicho não sobe (no caso, o bicho calha como denigração, pois o chamam de águia ou de aranha).  Às 3 é que devem decolar. Agora já estão dentro do módulo, recomeçando a pressurizá-lo (colocar uma atmosfera respirável com capacetes, etc.) até que possam de novo, subir.  Momento de nova emoção. Espero que as tvs não nos iludam outra vez, mas penso que a transmissão será difícil, a não ser que deixem na lua (o que é provável) o aparelho que transmitirá a subida, o qual ficará lá até que o Apolo 12 e outros os encontrem, como os exploradores do Polo Sul encontraram o que a expedição de Scott, de trágica memória, deixou. Bom, a letra está virando aranha mesmo... Ciao". O capitão Robert Falcon Scott (1868-1912) com mais 4 membros comandou a "British Antartic Expedit" (1910-1913), conhecida como Terra Nova. No regresso da expedição faleceram num acidente "de trágica memória", como observa Tristão.  

terça-feira, 8 de outubro de 2013

FOI   FARSA    OU   FAZ  DE  CONTA?

Somente ha dez dias tomei conhecimento de um fato ocorrido dia 21/07/1969, narrado por Tristão de Athayde, em carta endereçada nessa mesma data à filha freira nos termos seguintes: Petrópolis, 21/07/1969. "...Você sabe que tudo isso era uma farsa? Ou pelo menos um simples faz de conta? É verdade.  Quando à noite voltamos à casa de "sêo" João para assistirmos à verdadeira alunissagem, a equipe das tvs (Tupi, Globo etc.) teve o topete de anunciar, cinicamente,   que o Centro Espacial de Houston não tinha transmitido a alunissagem, e que aquilo que eles, as tvs, tinham transmitido, era  um "make believe", uma "maquete", preparada com antecedência nos Estados Unidos para mostrar como provavelmente seria a descida. Tudo fita! Tudo farsa! Tudo mentira! Por conta fiquei eu, e mais uma vez  confirmado no que disse no Congresso de São Paulo: a imprensa é uma arma  de dois gumes, que tanto fere quanto cura, que tanto diz a verdade como a mentira, de modo que tudo depende do homem e das duas vertentes do seu espírito, para o mal e para o bem. Se as tvs tivessem sido honestas como deviam, o que tinham de fazer é comunicar o que de fato se passava: a NASA, por motivos técnicos, tinha suprimido a irradiação da alunissagem. Mas, para não perdeream  a oportunidade de um sensacionalismo, consentiram, descaradamente,  confirmando o nosso ceticismo ao que "vem nas folhas", como diz o matuto,  que crê, religiosamente, no que elas dizem. Eu estava deslumbrado com a transmissão. Especialmente aquelas duas posições sucessivas de dentro do módulo - ou pelo menos por trás dele, depois de frente, vendo-se a Àguia (como estão chamando o módulo, ou Aranha) descer mansamente, essa dupla focalização me invocava. Mas diante de tanta técnica espantosa, mais uma menos uma, era de menos. O que me irrita é a mentira. Sabendo que iam ser desmentidos hoje, então resolveram confessar a fraude! Eis como se empana o brilho de um feito como o de ontem, pois foi faltando cinco minutos para a meia-noite que o ARMSTRONG pisou o solo da LUA."

domingo, 6 de outubro de 2013

TEOLOGIA   DA   LIBRTAÇÃO

O OSSERVATORE ROMANO, órgão oficial do Vaticano , dedicou  grande espaço de sua publicação, no dia 04/10, à TEOLOGIA  DA  LIBERTAÇÃO. Esta escolha foi interpretada  como um efeito do pontificado argentino em direção a uma lenta reabilitação de uma teologia por muitos anos relegada pelo Vaticano. O lançamento, dia 04/10,  em italiano de um livro de 2004, publicado na Alemanha nessa data, deu ocasião  ao Vaticano de publicar longo texto com comentários dos autores: Gerhard Ludwig Muller, atual prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF, ex Santo Ofício) e o peruano Gustavo Gutierrez, um dos fundadores da importante corrente teológica da Igreja latino-americana. Entre a Teologia da Libertação e o Vaticano reina neste momento a PAZ, comentou quarta-feira passada o vaticanista Andrea Tornielli. Esta paz surgiu de um novo clima favorecido pela eleição do papa FRANCISCO  e pela retomada do processo de beatificação do bispo-mártir de São Salvador, OSCAR ROMERO, assassinado em 1980 por um comando de extrema-direita. Era defensor dos pobres, mas não pertencia à Teologia da Libertação. Foi o papa João Paulo II que em 1979 afirmou que "a concepção de CRISTO como um homem político, revolucionário, como o subversivo de Nazaré não correspondia à catequese da IGREJA" (Le Monde, 05/10/13).

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

DIA   DE   LÁGRIMAS  =   FRANCISCO

Hoje é um dia de lágrimas, assim se exprimiu o papa FRANCISCO em visita à cidade italiana de  ASSIS para homenagear o berço do santo que lhe inspirou o nome adotado como bispo de Roma, FRANCISCO. Em face do naufrágio de um barco com 600 emigrantes africanos perto de atingir terras italianas, assim falou o pastor dos cristãos: "O mundo não se importa se as pessoas fogem da escravidão, da fome, buscando a liberdade e muitas vezes encontrando a morte, como aconteceu ontem em Lampeduza, Itália, quando um barco com 6oo emigrantes naufragou, perecendo 111 pessoas e desaparecendo 2oo". Nada mais é isto do que a globalização da indiferença. Fecham-se os olhos sobre esse drama, porque abri-los equivaleria interrogarmo-nos sobre nossa responsabilidade com relação ao modelo econômico, aos encargos desiguais entre nossas sociedades e esses países, a uma globalização da injustiça que não acompanhou a globalização dos fluxos financeiros e de mercados", como se lê no LE MONDE de hoje, 04/10/13. Durante o dia em Assis, o papa falou sobre a necessidade de se construir uma Igreja simples. Na visita ao Instituto Católico de Atendimento aos Deficientes Físicos e Mentais Seráfico, ao pé do Monte Subíaco,  Francisco saudou 80 pacientes, um por um,  com palavras e gestos de carinho.  Presidiu um almoço com os sem-teto do Centro Caritas, perto da Estação Ferroviária da cidade de São Francisco de Assis. No aposento em que esse jovem rico renunciou a riqueza  de sua família, resolvendo servir os pobres,  FRANCISCO condenou o espírito mundano que chamou de lepra, câncer da sociedade,  que mata a IGREJA. Para ele, o Cristianismo sem Jesus e sem Cruz é como  numa padaria um lindo bolo e nada mais.
CERTEZAS   E   ERROS

Pode-se cometer erros nesse procurar e encontrar Deus em todas as coisas?  Sim, fica sempre uma zona de incertezas. Tem que ser assim. Se uma pessoa diz que encontrou Deus  com uma certeza total, sem aflorar uma zona de incerteza,  então não está bem. Para mim esta é uma chave importante.  Se se tem a resposta a todas as perguntas,  eis a prova de que Deus não está com essa pessoa. Quer dizer que é um falso profeta, que usa a religião para si próprio. Os grandes guias do povo, como Moisés, sempre deixaram espaço para a dúvida. Devemos deixar espaço ao Senhor, não às nossas certezas. É necessário ser humilde. A incerteza existe em cada discernimento verdadeiro que se abre à confirmação da consolação espiritual. O risco no procurar e encontrar Deus em todas as coisas é, pois, vontade de  explicar demasiado, de dizer com certeza humana e arrogância "Deus está na sua vida aqui!" Encontraremos somente um Deus à nossa medida. A atitude correta é a agostiniana.  Procurar a Deus para encontrá-lo e encontrá-lo  para  o procurar sempre. E muitas vezes procura-se por tentativas, como se lê na bíblia. É esta a experiência dos grandes pais da FÉ, que são o nosso modelo. É necessário reler o capítulo II da Carta aos Hebreus. Abraão partiu sem saber para onde ia, pela FÉ.  Todos os nossos antepassados da  FÉ morreram vendo os bens prometidos, mas longe...  A nossa vida não nos é dada  como um libreto de ópera onde está tudo escrito, mas é ir, caminhar, fazer, procurar, ver... Deve-se entrar na aventura da procura do encontro e do deixar-se procurar e  deixar-se encontrar por Deus. Porque Deus está antes, Deus está empre antes, Deus antecede. Deus é um pouco como a flor da amendoeira da Sic'lia que floresce sempre antes. Lemo-lo nos profetas. Portanto encontra-se Deus caminhando, no caminho.  E neste ponto alguém poderia dizer é relativismo.  É relativismo?  Sim, se é mal tado como espécie de panteísmo indistinto. Não, se é estado em sentido bíblico, onde Deus é sempre uma surpresa e portanto não sabes nunca onde e como o encontras, não és tu a fixar os tempos e os lugares do encontro com Ele. É necessário, portanto, discernir o encontro.  Portanto o discernimento é fundamental. Se o cristão é resrauracionista, legalista, se quer tudo claro e seguro,  então não encontra nada. A tradição e a memória do passado devem ajudar-nos a ter a coragem de abrir novos espaços para Deus.  Quem hoje procura sempre soluções disciplinares, quem tende de modo exagerado à "segurança doutrinal", quem procura obstinadamente recuperar o passado perdido, tem uma visão estática e involuntária. E deste  modo a FÉ torna-se uma ideologia entre tantas.  Tenho uma certeza dogmática: Deus está na vida de cada pessoa.  Deus está na vida de cada um.  Mesmo se a vida de cada pessoa foi um desastre, se se encontra destruído pelos vícios,  pela droga ou por qualquer outra coisa, Deus está na sua vida. Pode-se e deve-se  procurar na vida humana. Mesmo se a vida de uma pessoa é um terreno cheio de espinhos e hervas daninhas, há sempre um espaço onde a semente boa pode crescer.  é preciso confiar em Deus!"

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

PROCURAR  E  ENCONTRAR  DEUS  EM  TODAS  AS  COISAS

À pergunta "como  se faz para procurar e encontrar Deus em todas as coisas" o papa respondeu: "O que eu disse no Rio (JMJ) tem um valor temporal. Existe, de fato, a tentação de procurar Deus no passado ou no futuro. Ele está, sim, no passado nas pegadas que deixou. E está no futuro como promessa.  Mas o Deus "concreto", digamos assim, é hoje. Por isso os queixumes nunca, nunca nos ajudam a encontrar Deus. As queixas de hoje de como o mundo anda "bárbaro"acabam por fazer nascer dentro da Igreja desejos de ordem entendidos como pura conservação , defesa. Não. Deus deve ser encontrado no hoje. Deus manifesta-se numa revelação histórica, no tempo. O tempo inicia os processos, o espaço cristaliza-os. Deus encontra-se no tempo, nos processos em curso. Não é preciso privilegiar  os espaços de poder relativamente aos tempos, mesmo longos, dos processos. Devemos encaminhar processos, mais que ocupar espaços. Deus manifesta-se no tempo e está presente nos processos da História. Isto faz privilegiar as ações que geram dinâmicas novas. E exige paciência, espera. "Encontrar Deus em tudo não é um eureka empírico. No fundo, quando queremos Deus, quereríamos constatá-lo de imediato com um método empírico. Assim não se encontra Deus. Ele encontra-se na brisa ligeira sentida por Elias. Os sentidos que constatam Deus são os que Santo Inácio designa por "sentidos espirituais". Inácio pede para abrir a se nsibilidade para encontrar Deus para além de uma abordagem puramente empírica. É necessária uma atitude contemplativa: é o sentir que se vai pelos bons caminhos da compreensão e do afeto no que diz respeito às coisas e às situações. O sinal de que se está nesse bom caminho é o sinal da paz profunda, da consolação espiritual, do amor de Deus e de todas as coisas em Deus".
CONCÍLIO   VATICANO  II

Para o Papa Francisco o Concílio Vaticano II foi uma releitura do Evangelho à luz da cultura contemporânea. Produziu um movimento de renovação que vem simplesmente do próprio Evangelho.  Os frutos são abundantes. Basta recordar a liturgia. O trabalho de reforma litúrgica foi um serviço ao povo como releitura do Evangelho a partir de uma situação histórica  concreta.  Sim, existem linhas de hermenêutica de continuidade e de descontinuidade.Todavia, uma coisa é clara: a dinâmica da leitura  no hoje, que é própria do  Concílio, é absolutamente irreversível. Depois existem questões particulares como a liturgia segundo o "Vetus Ordo"(o rito litúrgico de São Pio V, usado até o Concílio Vaticano II). Penso que a escolha do papa Bento XVI foi prudente, ligada à ajuda a algumas pessoas que têm esta sensibilidade particular. Considero, no entanto,  preocupante o risco de ideologização do Vetus Ordo, a sua instrumentalização.
PAPEL   DA   MULHER   NA   IGREJA

 O papa Francisco referiu-se a este tema em várias ocasiões. Numa entrevista afirmara que  a presença feminina na Igreja Católica não emergiu mais porque a tentação do machismo não deixou espaço para tornar visível o papel que compete às mulheres na comunidade.  Retomou o assunto quando regressava do Rio de Janeiro depois da JMJ, afirmando que ainda não fora feita uma teologia profunda da mulher.  Qual deve ser o papel da mulher na Igreja? O que fazer para torná-lo hoje mais visível? É necessário ampliar  os espaços  de uma presença da mulher  mais incisiva na Igreja. Temo a solução do "machismo de saias", porque na verdade a mulher tem uma estrutura  diferente do homem.  E, pelo contrário, os argumentos que ouço sobre o papel da mulher são muitas vezes inspirados precisamente numa ideologia machista. As mulheres têm vindo a colocar perguntas profundas que devem ser tratadas. A Igreja nào pode ser ela própria sem a mulher e o seu papel. A mulher para a Igreja é imprescindível. Maria, uma mulher,  é mais importante que os bispos. Digo isto porque não se deve confundir a função com a dignidade. É necessário, pois,  aprofundar melhor a figura da mulher na Igreja. É preciso trabalhar mais para se ter uma teologia profunda da mulher. Só realizando esta etapa se poderá refletir melhor sobre a função da muher no interior da Igreja.  O gênio feminino  é necessário nos lugares em que se tomam as decisões importantes.  O desafio hoje é exatamente este: refletir sobre o lugar específico da mulher, precisamente  também onde se  exerce a autoridade nos vários âmbitos da Igreja.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

DICASTÉRIOS   ROMANOS

Os  DICASTÉRIOS (dicastério = subdivisão de governo comunitário)  ROMANOS estão a serviço do Papa e dos Bispos. Devem  ajudar tanto as igrejas particulares como as Conferências Episcopais. São mecanismos de ajuda. Nalguns casos, quando não são bem entendidos, correm o risco, pelo contrário,  de se tornarem organismos de censura. É impressionante ver as denúncias de falta de ortodoxia que chegam a Roma. Creio que os casos devem ser estudados pelas Conferências Episcopais locais, às quais pode chegar uma válida ajuda de Roma. De fato os casos tratam-se melhor no local. Os dicastérios romanos são mediadores, nem intermediários nem gestores. O papa afirmara no dia 29/07  o caminho da  sinodalidade como o caminho que leva a Igreja unida a "crescer em harmonia com o serviço do primado.  Como conciliar então  harmonia do primado petrino com sinodalidade? Que caminhos são praticáveis, também numa perapedive ecumênica?  Devemoss caminhar juntos:"as pessoas, os bispos e o Papa.  A sinodalidade vive-se a vários niveis. Talvez seja tempo de mudar a metodologia do sínodo, porque a atual  parece-me estática. Isto poderá ter também valor ecumênico, especialmente com os nossos irmãos ortodoxos.  Deles se pode aprender mais sobre o sentido da colegialidade episcopal  e sobre a tradição da sinodalidade. O esforço de reflexão comum, vendo o modo  como se governava a Igreja nos primeiros  séculos, antes da ruptura entre Oriente e Ocidente dará frutos a seu tempo. Nas relações  ecumênicas  isto é importante: não só conhecer-se melhor, mas também reconhecer o que o episcopado semeou nos outros  como um dom também para nós. Quero prosseguir a reflexão sobre como exercitar o primado petrino, já iniciada em 2007 pela Comissão, e que levou a assinatura do documento de Ravena. É preciso comntinuar neste caminho. Quanto ao futuro da unidade da Igreja, o papa disse: "Devemos caminhar unidos nas diferenças: não há outro caminho para nos unirmos. Este é o caminho de Jesus.                       
PAPEL  DOS  RELIGIOSOS  E  RELIGIOSAS  NA  IGREJA  HOJE

Oa Religiosos são profetas, são os que escolheram um seguimento de Jesus Cristo, que imitam sua vida com a obediência ao Pai, a pobreza,  a vida de comunidade  e a castidade.  Neste sentido os votos não podem cair em caricaturas; de outro modo, por exemplo,  a vida comunitária torna-se um inferno e a castidade um modo de viver como solteirões. O voto de castidade deve ser  um voto de fecundidade.  Na Igreja os Religiosos  são chamados em prticular a ser profetas que testemunham como Jesus viveu nesta terra e que anunciam como o reino de Deus será na sua perfeição. Um religioso nunca deve renunciar a profecia. Isto não significa contrapor-se à parte hierárquica da Igreja Católica, mesmo se a função profética e a estrutura hierárquica não coincidem.  Estou a falar de uma proposta sempre positiva, que, no entanto, não deve ser medrosa. Pensemos naquilo que fizeram tantos santos monjes, religiosos e religiosas, desde Santo Antão, abade. Ser profeta pode significar por vezes fazer ruído, não sei como dizer. A profecia faz ruido, alarido, alguns chamam chinfrim.Mas na realidade seu carisma é o de ser fermento:  a profecia anuncia o espírito do Evangelho.
CONTEÚDO  DE  NOSSAS  PREGAÇÕES

O que está escrito no blog "igreja que encontra novos caminhos" se aplica também nos conteúdos de nossas pregações. Uma homilia bela, verdadeira, deve começar com o primeiro anúncio: o da "salvação da humanidade".  Nada há de mais sólido e profundo e seguro para se tirar uma consequência moral, mas o salvífico amor de Deus precede a obrigação moral e religiosa.  A homilia é a pedra de comparação para calibrar, medir a proximidade e a capacidade de encontro de um pastor com o seu povo, pois quem  prega deve reconhecer o coração da sua comunidade para procurar saber onde está vivo e ardente o desejo de Deus. Mensagem evangélica não pode limitar-se a alguns de seus aspectos que,  mesmo importantes, sozinhos não manifestam o coração do ensinamento de Jesus Cristo.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

IGREJA   À   PROCURA   DE   NOVOS   CAMINHOS

A Igreja deve encontrar novos caminhos depois de acolher e receber de portas abertas, e ser capaz de sair de si mesma e ir ao encontro de quem não a frequenta, a abandonou ou lhe é indiferente. Quem assim fez foi levado por vezes  por razões que bem analisadas podem levar a um regresso. Quantos vivem em situações irregulares, complexas, com feridas abertas: divorciados, recasados, casais homosexuais etc.  Como deve ser uma pastoral  missionária em tais casos? Em que insistir? Devemos anunciar o evangelho  em todos os caminhos, pregando a boa nova, curando com a pregação  todo tipo de doença e de ferida, lembrando-se de que uma ingerência espiritual na vida pessoal não é possível. A religião tem o dieito de exprimir a própria opinião para serviço das pessoas, mas  Deus na criação nos criou livres; ingerência espiritual na vida pessoal não é possível. É preciso sempre considerar a pessoa. Aqui pisamos no mistério do homem. Na vida Deus acompanha as pessoas e nós devemos acompanhá-las a partir de sua condição. Acompanhar com misericórdia. Quando isto acontece o Espírito Santo inspira o sacerdote a dizer a coisa mais apropriada. O confessionário não é um lugar de tortura, mas de misericórdia ;é o lugar  de avaliar caso a caso e discernir qual o melhor caminho a tomarmos. Não podemos insistir somente sobre questões ligadas ao aborto, ao uso dos métodos contraceptivos. Quando se toca nisto, deve-se falar num contexto. O parecer da igreja é conhecido e eu sou filho da Igreja mas não se deve falar disso continuamente.  O ANÚNCIO  DE  carater missionário concentre-se no essencial que é aliás o que mais apaixona e atrai, o que faz arder o coração como aos discípulos de Emaús. A proposta evangélica deve ser mais simples, profunda, irradiante. Assim agindo,  virão depois as consequências morais.