sexta-feira, 11 de outubro de 2013

ENTREVISTA   COM   O   PAPA   FRANCISCO

Da entrevista concedida ao Padre jesuíta Antonio Spadaro, dia 29/08/13,  pelo papa FRANCISCO, destaco o trecho abaixo, importante pela visão da maneira pela qual o pontífice está entrando em contato com os diferentes membros da IGREJA. Interrogado sobre que ponto da espiritualidade inaciana o guiará melhor a viver seu ministério, o papa disse o seguinte: "O  DISCERNIMENTO!" O discernimento é uma das coisas que Santo Inácio mais trabalhou interiormente.  Para ele o discernimento é um instrumento de luta para conhecer melhor o SENHOR e segui-lo mais de perto. Impressionou-me sempre uma máxima com que se descreve a visão de Inácio: "Non coerceri a maximo, sed contineri a minimo divinum est"(não estar constrangido pelo máximo e, no entanto, estar inteiramente contido no mínimo, isto é divino).  Refleti muito sobre esta frase a propósito do governo, de ser superior:  "não estarmos restringidos pelo espaço maior, mas sermos capazes de estar no espaço mais restrito". Esta virtude do grande e do pequeno é a MAGNANIMIDADE, que da posição em que estamos nos faz olhar sempre o  horizonte. É fazer as coisas pequenas de cada dia com o coração grande e aberto a DEUS e aos OUTROS. É  valorizar  as coisas pequenas no interior de grandes horizontes, OS  do  REINO de DEUS. Esta máxima oferece os parâmetros para assumir uma posição correta para o DISCERNIMENTO, para escutar as coisas de DEUS a partir  do seu ponto de vista. Para Santo Inácio os grandes princípios devem ser encarnados nas circunstâncias de lugar, de tempo e de pessoas. A seu modo, JOÃO  XXIII  colocou-se nessa posição de governo, quando repetiu a máxima "OMNIA   VIDERE (ver tudo), MULTA  DISSIMULARE (não dar importância a muito),  PAUCA  CORRIGERE  (corrigir pouco),  porque, mesmo vendo tudo, a dimensão máxima, João XXIII  preferia agir sobre pouco, sobre uma dimensão mínima. Pode-se ter grandes projetos e realizá-los agindo sobre poucas pequenas coisas. Ou pode-se usar meios fracos que se revelam  mais eficazes do que os fortes, como diz São Paulo na Primeura Carta aos Coríntios. Esse discernimento requer tempo. Muitos, por exemplo,  pensam que as mudanças e as reformas podem acontecer em pouco tempo. Será sempre necessário  tempo para lançar as bases de uma mudança verdadeira e eficaz. E esse é o tempo do discernimento. E, por vezes,  o discernimento, por seu lado,  estimula a fazer depressa aquilo que inicialmente se pensava fazer depois.  E foi isto  o que também me aconteceu nestes meses.  E o discernimento  realiza-se sempre na presença do  SENHOR, vendo-se os sinais, escutando-se as coisas que acontecem, o sentir das pessoas, especialmente dos pobres.  As minhas escolhas, mesmo aquelas ligadas à vida cotidiana, como usar um automóvel, estão ligadas a um discernimento espiritual que responde a uma exigência que nasce das coisas, das pessoas,  da leitura dos sinais dos tempos.  O DISCERNIMENTO  DO  SENHOR  GUIA-ME  NO  MEU  MODO  DE  GOVERNAR!". Pelo contrário, desconfio das decisões tomadas de modo repentino.  Desconfio sempre da primeira decisão, isto é, da primeira coisa que me vem à cabeça fazer, se tenho de tomar uma decisão. Em geral é a decisão errada.  Tenho de esperar, avaliar interiormente,  tomando o tempo necessário. A sabedoria do discernimento resgata a necessária ambiguidade da vida e faz encontrar os meios mais oportunos que nem sempre se identificam com aquilo que parece grande ou forte".

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