sábado, 30 de abril de 2011

CARLOS LACERDA - 30/04/1914

Faz hoje 97 anos que nascia no Rio de Janeiro CARLOS LACERDA, embora tenha sido registrado em Vassouras. Filho de político, iniciou o curso de direito que não concluiu, alegando que a advocacia lhe era incompatível, pois no exercício da profissão "os casos que me interessavam não davam dinheiro, e os que davam dinheiro não me interessavam". Simpatizando-se com a ideologia comunista por algum tempo, rompeu com o partidão em 1939. Findo o Estado Novo de Getúlio Vargas em 1945, elegeu-se vereador pelo Distrito Federal, registrado que fora na União Democrática Nacional. Fundou em 1949 o jornal "Tribuna da Imprensa" onde travou um duelo de guerra contra Samuel Wainer entrincheirado na "Última Hora". No dia 24 de agosto de 1954, regressando de um comício no Colégio São José, na Tijuca, foi alvo de sério atentado político em Copacabana, levando um tiro no pé, enquanto falecia o amigo, da Aeronáutica, Rubens Vaz. Eleito governador da Guanabara em 1960, aderiu ao movimento político-militar que derrubou João Goulart da presidência da República, em 1964. Pouco tempo depois, lançou-se abertamente candidato à Presidência da República. Apresentou sua plataforma através de pequenos opúsculos denominados REFORMA E REVOLUÇÃO. Somente há meses atrás encontrei num sebo um destes exemplares. E como os tempos eram outros! Transcrevo aqui o que se lê na penúltima página: "Circule este livro entre seus amigos, para que eles também tomem conhecimento das ideias de CARLOS LACERDA. Cada um que ler este livro deve anotar abaixo seu nome e endereço, se desejar receber outras publicações". E mais: "Nossa campanha é feita com pouco dinheiro. Por isso precisamos utilizar ao máximo o pouco de que dispomos. Quando a lista acima estiver completa, devolva este livro ao Comitê Central Carlos Lacerda, caixa postal 884, Rio de Janeiro, para que POSSAMOS ENVIÁ-LO a outros brasileiros interessados em conhecer as ideias de CARLOS LACERDA". Um dos expoentes do movimento golpista de 64, teve seus direitos civis e políticos cassados por aqueles mesmos que ele, governador da Guanabara, tanto ajudou a guindar ao poder. A cidade do Rio de Janeiro lhe é devedora de justo reconhecimento pelas obras que aqui realizou.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

"TASSO DA SILVEIRA" E "CONY "

Ontem, 28/04/11, o nosso imortal CARLOS HEITOR CONY, ainda em muito boa hora, lembrou aos brasileiros, e mais especificamente aos cariocas (A2 opinião, da Folha de São Paulo) a figura do escritor paranaense TASSO DA SILVEIRA (1895/1968), cujo nome merecidamente foi dado a uma das escolas do bairro carioca do REALENGO, teatro, um mês atrás, da chacina que tanto entristeceu nossa cidade. Por coincidência eu lia na época "COMPANHEIROS DE VIAGEM", de Tristão de Athayde. Desta obra do "mestre' escreveu Gilberto Amado: "Na apreciação de MEIO SÉCULO DE PRESENÇA LITERÁRIA ninguém disse tanto até hoje sobre temas diretamente literários, estéticos e correlatos ou conexos, morais ou sociais...Ele não só procura a alma do autor como comunica a sua com a do autor.... Não é possível julgar uma obra sem a ter compreendido.... Por esta capacidade de compreensão é que ao longo de 50 anos Tristão e Alceu criticaram e compreenderam todas as obras e todos os autores do seu tempo". A análise encomiástica de Gilberto Amado ao citado livro de Tristão, que nas pp. 270/271 recorda a figura de TASSO DA SILVEIRA, "uma das figuras mais nobres, mais puras, mais dignas da história de nossas letras", levou-me a buscar algo na imprensa local a respeito da pessoa que emprestara o nome ao estabelecimento de ensino do bairro de Realengo. E agora o artigo de Cony me salvou da frustração da inútil procura. Parabéns, Cony! Às palavras consagradoras que diretamente Tristão tece ao autor curitibano, e indiretamente Giberto Amado, temos com seu estilo lépido, leve, surpreendente e culto a palavra de um carioca que resgatou o esquecimento da pessoa de Tasso da Silveira que "no encontro com Deus não compareceu nem de mãos vazias, nem de corpo mutilado ( Tristão alude à cegueira que tanto o afligiu em plena maturidade, obrigando-o anos seguidos a depender de uma Cordélia conjugal que o levava com fidelidade tocante às aulas matutinas da PUC) nem de alma triste. A alegria que ele tanto procurou na terra, tudo terá vencido na eternidade" ("Companheiros de Viagem", Tristão de Athayde).

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Ó POVO QUERIDO DA RÚSSIA!

Numa fria noite de fevereiro de 1950, FULTON SHEEN, bispo auxiliar de Nova Iorque, dirigindo-se diretamente à RÚSSIA, falou o seguinte: "Ó povo querido da Rússia, nós te amamos. Oramos por ti, para que tua terra volte a usar o nome de "SANTA RÚSSIA". Os teus comunistas têm aqui entre nós uma QUINTA COLUNA. Mas é maior a que hoje se esconde nas tuas cidades, nas tuas estepes, constituída por enamorados de CRISTO, dos que buscam a DEUS. Coragem! Todas as manhãs os sacerdotes católicos, depois da missa, recitam novas orações por TI. Temos de sacudir aquela falsa tolerância que contribuiu para Te apertarem as algemas nos pulsos. "Cumpre instar com CRISTO para que permita seja restituída aos aflitos filhos da RÚSSIA a tranquilidade, a liberdade de professar a FÉ, e para que todos possam insistir, com um módico esforço e pequeno sacrifício, queremos que as orações que Nosso Predecessor LEÃO XIII, em 1884, ordenou rezem os sacerdotes com o povo, depois de terminada a Missa, sejam ditas nesta mesma intenção, quer dizer: pela RÚSSIA. Os bispos e ambos os cleros (diocesano e religioso) advirtam cuidadosamente a seu povo e a todos os que assistam ã Missa, e repetidas vezes lhes recordem essa intenção" (Pio XI, alocução consistorial de 30/06/1930). A mesma recomendação já tinha sido repetida por Pio X em 1904, por Bento XV em 1915. No término da alocução, FULTON SHEEN acrescentou: "Talvez vos agrade saber que diariamente, no santo sacrifício da missa, me sirvo de um cálice fabricado na RÚSSIA, utilizado outrora pelos sacerdotes daquele país. Os comunistas russos venderam-no a um meu amigo hebreu, o qual, conhecendo meu interesse espiritual pelo povo russo, mo ofereceu para celebrar pela Rússia. Meu vivo desejo é poder um dia restituí-lo à Rússia, para que os russos possam rezar por nós, como rezamos hoje por eles. Eles estão menos afastados de Nosso Senhor do que estão alguns dos homens do mundo ocidental".

quarta-feira, 20 de abril de 2011

SÃO JOÃO GABRIEL PERBOYRE

O Padre Lazarista, SÃO JOÃO GABRIEL PERBOYRE, martirizado na China no meado do século XIX, enviou à sua irmã francesa a seguinte carta: "Minha irmã, não vos preocupeis com minha saúde, nem com os perigos por que passo. Não julgueis que só os chineses procuram minha perda. São homens que mais amo do que temo. Asseguro-vos não recear nem mesmo o Imperador com seus mandarins e satélites. Tenho, porém, neste país um inimigo particular, a causa única de minhas desconfianças. É realmente temível! É o pior inimigo que conheço. Não é chinês, mas europeu. Batizado dese a infância, foi depois ordenado padre. De França para a China navegou conosco no mesmo navio. Ele me persegue e seria realmente minha ruína, se eu caisse em seu poder. Não direi seu nome, porque vós o conheceis. Se obtivésseis de Deus a sua conversão, prestar-lhe-
íeis grande obséquio e vosso irmão voa deveria sua felicidade!" "OS SANTOS SÓ FORAM SANTOS, PORQUE TIVERAM A CORAGEM DE RECOMEÇAR SEMPRE" (PADRE BAETMAM").

FILME: "HOMENS E DEUSES"

Termino agora o assunto prometido ontem: o filme dos 7 padres cistercienses martirizados em Argel no fim do século XX, o país envolvido numa guerra civil. Eram eles 8, franceses todos. Mas um foi poupado e guardou o mosteiro até o falecimento, poucos anos atrás. O mais novo passava dos 60. Dedicavam-se ao cuidado dos pobres bastante necessitados, desassistidos. Um era médico, constantemente requisitado. E a provação não tardou. Um filme que faz pensar, que sacode, que mexe com o indiferentismo católico. Oportuno assunto para meditação nesta semana santa. Imagino que provavelmente muitos dos sete missionários conheceram Thomas Merton, que aos 25 anos, em 1945, se converteu ao catolicismo e depois de muita escolha providencial vestiu o hábito branco dos monjes cistercienses, nos Estados Unidos. Primeiro bateu nas portas dos Franciscanos. Depois pensou nos Trapistas. Depois sonhou com a Companhia dos Jesuítas. Foi atrás dos Camaldulenses. Por fim abraçou a Ordem Cisterciense, decisão de que participara Santa Terezinha do Menino Jesus, cuja vida havia lido num livro escrito por Ghéon. Aliás, lembra-se? Uma noite, em Paris, voltando ao hotel de madrugada e subindo a escada em direção ao quarto, de repente voltou-se e perguntou ao porteiro quem era aquela freira que lhe sorriu e o cumprimentou, quando ele chegara. E muito intrigado ficou, ao saber que freira alguma estivera por ali, ainda mais naquela hora da noite. E uns dias depois, diante de um quadro com a fisionomia da freira que o saudou no hotel, exclamara: " É ela!" Indagando, chegou facilmente a Santa Terezinha de Lisieux. E foi ela que o ajudou a finalmente encontrar o que tanto procurava. Thomas Merton professou, ordenou-se sacerdote e viveu na Abadia de Getsêmani, Estados Unidos, sob o nome de Fr. M.Louis, O.C.S.O. Faleceu em dezembro de 1968 durante encontro com monjes budistas em Bancoc, Ásia. Merton narrou sua vida no livro "A MONTANHA DOS SETE PATAMARES".

terça-feira, 19 de abril de 2011

FILME SOBRE O REI JORGE VI

Acabo de chegar da "Estação Botafogo" . Satisfiz afinal o desejo de ver reproduzido na tela do cinema o drama cristão dos 7 monges trapistas que, na década de 90 do século findo, ofereceram a Deus suas vidas, em holocausto, em favor do povo de Argel, na África. Dois meses atrás, deixei neste nosso canto breve comentário sobre o gesto santo e heróico desses apóstolos dos tempos atuais. Fazia já mais de cinco anos que não punha os pés numa sala de cinema. Há dois meses, em São Paulo, meu filho conseguiu dobrar-me e que presente recebi dele, comovendo-me até às lágrimas diante do rei da Inglaterra se esforçando para aprender a falar em público, sem gaguejar. Lacrimejei, sim, mas explico-me, senão para quem me lê, pelo menos para meu mundo íntimo, surpreendido quem sabe!. E mais: desejo para você, quando atingir a minha idade, sinta os olhos umedecidos, quando reviver passados do tipo do que me foi dado ver sobre o Rei Jorge VI. Apesar de criança-adolescente, vivi com intensidade, à altura da idade e dos meios de comunicação da época, os mais importantes acontecimentos da segunda guerra mundial, um pouco pelo "repórter-esso" e outro tanto pelo jornal diário católico da arquidiocese de Belo Horizonte. Na minha minúscula aldeia, era eu o vendedor dele na rua. E estudando no Colégio do Caraça, de 1941 a 1946, além do "repórter esso", o papel higiênico disponível eram os recortes retangulares do Jornal do Comércio". E mais ainda: tal era nosso interesse em acompanhar a conflagração que formamos um QG, batizando-nos com nomes dos principais articuladores da guerra: Zucov (era eu), General Mascarenhas de Moraes, Patton, Eisenhower, REI JORGE VI, Montgomery, vencedor da Batalha de El-Alamein, etc. Daí a razão de minha emoção: assistindo ao filme do Rei da Inglaterra, paralelamente acompanhava meus dias no Caraça no tempo da guerra, 60 anos passados, numa unidade de épocas ultra distantes compondo um consórcio bastante emotivo, recheado de recordações que me subiram à tona da alma e da saudade. E de não se comover quem há-de? Eu sei que o filme dos 7 trapistas ficou só no desejo meu de comentá-lo.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

CARACTERÍSTICAS DIVINAS DA IGREJA CATÓLICA

No dia de PENTECOSTES A IGREJA FUNDADA POR CRISTO, DEUS E HOMEM, se completou com a descida SOBRE OS APÓSTOLOS do ESPIRITO SANTO que se tornou a ALMA DA ORGANIZAÇÃO FUNDADA pela SEGUNDA PESSOA DA SANTÍSSIMA TRINDADE. Dois mil anos volvidos, a conclusão é de que sua ALMA só pode ser DIVINA. Centro de verdade e de santidade no mundo, fermento de uma pobre massa humana sempre pronta a cair e a levantar-se, uma sociedade tão espantosa no seu estabelecimento, na sua expansão, na sua intocável sucessão, na sua fecundidade espiritual, na sua perpetuidade, na sua unidade a despeito de tantas fissuras seculares na sua estabilidade em meio a tudo que desmorona, que de argumentos em favor de sua missão e de sua divindade! Analisando-se as condições de seu estabelecimento e de sua permanência, atentando-se para sua estrutura visível e sobretudo espiritual, a IGREJA é, em verdade, como disse BOSSUET, "um edifício levantado do nada, uma criação, a OBRA de uma mão todo poderosa". Sua existência passou por cataclismas aparentemente mortíferos: perseguições logo na sua infância, heresias, cismas, tentativas de absorção por chefes políticos, fraquezas e crimes de seus membros, pastores seus tantas vezes, invasões dos bábaros que pareciam submergê-la, pressões de Impérios, grande cisma do Ocidente, Reforma, Filosofismo, Revolução Francesa! E eis a conclusão a que chegou São Vicente de Paulo no século XVII: se a Igreja não fosse divina, os próprios padres já a teriam destruído! Em meio a tantos obstáculos, ela vem tirando tudo de letra, sem se corromper, sem sucumbir. É que ela é santa, embora constituída de pecadores. Lembra Cristo no barco com os Apóstolos sobrevindo um tsuname. Esquecidos da presença de Cristo - e, depois de Pentecostes, do Espírito Santo - pedem socorro, homens ainda de fé emergente. A razão de ser assim a IGREJA está no germe donde brotou e na sua adaptação ao meio onde desenvolve sua vida. Como um ser vivo que é, a IGREJA encontra em si mesma forças de criacão, de crescimento, de defesa, de reparação, de progresso. Com o ser que lhe pertence, tudo isso lhe é natural, pois sua existência é um fato divino.A Igreja foi. é e será sempre fiel ao germe divinamente concebido donde desabrochou. O cardeal NEWMAN recentemente beatficado pelo Papa BENTO XVI empreendeu vasto trabalho para contestar a divindade da Igreja. À medida que avançava nas suas pesquisas, crescia-lhe a prova em contrário. No fim, converteu-se ao catolicismo.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

MARIO CASASSANTA, UMA DAS VOZES DE MINAS

Quando criança - nos anos quarenta do século vinte - era frequente ouvir nomes de pessoas importantes de Minas. Uns, entre os mais ouvidos e sobretudo por mais bem falados, eram objeto de minha simpatia e admiração e de marcante circulação em meu emergente conhecimento social, político e religioso. MARIO CASASSANTA, talvez pelo sobrenome evocativo de habitantes de paragens cultas e religiosas, eu o colocava mais ou menos no mesmo pé de igualdade de, por exemplo, um Ozanã ou São Luiz de Gonzaga "mutatis mutandis". Quase 30 anos mais tarde logrei vê-lo, apenas isto, sentado, lendo, ao pé de um dos centenares coqueiros defronte do Colégio do Caraça. Mas só em março último, folheando páginas escritas por ocasião do falecimento dele em Belo Horizonte, em 1963, tive a prova, aos oitenta anos, de que não me enganara, reverenciando-o desde a infância. Fiquei só então sabendo que, "quando teve o primeiro ou um dos ataques sérios de coração, ao sentir-se mal, na rua, pediu a um amigo que não o levasse nem para casa nem para uma clínica, mas para uma igreja, pois "queria morrer na Casa de Deus". "Por aí, terminou Tristão sua crônica, se pode julgar que alma tinha esse mestre" Casassanta, nascido em Camanducaia, Minas, mestre de Pedagogia, de Direito, de Filosofia, de crítica literária, de política com P grande, que pertenceu ao grupo de "pioneiros da Escola Nova", de 1931. Foi esse grupo que lançou, logo depois da Revolução de 30, a Revolução Educativa em nosso meio, em seguida à Revolução Literária que se antecipara, em 1922, à Revolução Política. Casassanta constituiu-se na figura mais representativa da ala espiritualista do grupo que nasceu com o intuito de modernizar a educação nacional sem prejuízo de sua cristianização. Humanista, formado na disciplina das humanidades clássicas, foi defensor intransigente dos direitos humanos, bem como invejável cultor do bom gosto literário. Por ocasião da Revolução de 30, escreveu "As Razões de Minas", justificando a entrada de Minas no conflito que levou Getúlio Vargas à Presidência da República. "Foi esse um dos mais perfeitos intérpretes da VOZ DE MINAS que nunca silenciará, por mais que vão silenciando pouco a pouco as melhores vozes da MINAS do meu tempo" ("Alceu Amoroso Lima, em Companheiros de viagem").

quarta-feira, 13 de abril de 2011

VOTO DOS MARMITEIROS

Claro que se trata de coisas sexagenárias. Mas a expressão me voltou à mente nestes últimos dias. Logo que caiu a ditadura Vargas, em 1945, com o renascer do espírito democrático em nossas plagas sob a influência sobretudo da vitória dos aliados sobre o nazismo e fascismo, candidataram-se à presidência da república o General Eurico Dutra, o brigadeiro Eduardo Gomes, Yedo Fiuza e Rolim Teles. Sagrou-se nas urnas o General Eurico Gaspar Dutra, apoiado pelo PSD e pelo PTB, comandado por Getúlio Vargas. Durante o período eleitoral eram vendidos doces para angariar fundos para apoiar a candidatura de Eduardo Gomes, candidato da UDN. Esses doces ficaram conhecidos posteriormente com o nome do candidato: "brigadeiro". Findo o mandato de Dutra, de novo Eduardo Gomes se candidatou à presidência, tendo sido derrotado pelo ex-presidente Getúlio Vargas, em1950. Com a morte de Getúlio em 1954, o vicepresidente empossado, Café Filho, nomeou Eduardo Gomes ministro da aeronáutica (1954-1955). Foi durante a campanha de Eduardo Gomes, pela segunda vez, disputando a presidência com Getúlio Vargas, o eleito, que surgiu a expressão "voto dos marmiteiros". Ele teria declarado num comício que não precisava dos votos dos trabalhadores, dos operários, dos marmiteiros. Algum político contrário ao candidato não perdeu tempo: soltou pela imprensa e pelo rádio e pelo tititi a notícia-bomba de que o BRIGADEIRO HAVIA DECLARADO QUE PARA GANHAR AS ELEIÇÕES NÃO PRECISAVA DOS VOTOS DOS MARMITEIROS! E assim. e pela segunda e derradeira vez, escapou-se aos brasileiros a chance de colocar no Palácio do Catete, no Rio, o tenente-brigadeiro Eduardo Gomes, um dos 18 herois do levante do Forte de Copacabana. A expressão que por certo muito contribuiu para a derrota de Eduardo Gomes, como se tratando de um candidato elitista e antipopular, foi a ele atribuída por um político da época num gesto de baixo espírito de cidadania. Mas, porque estou recordando esses fatos levados de roldão pelo tsuname dos tempos? Porque vislumbro na declaração de importante político atual em artigo na Folha de São Paulo de hoje, 13/04/11, propondo "que (membros de determinado partido) desistam do "povão" para investir na nova classe média", uma deixa que pode ser guardada como preciosidade para futuros embates partidários e eleitoreiros, a exemplo do que ocorreu em 1950. "Gato escaldado tem medo de água fria!"

terça-feira, 12 de abril de 2011

VIA SACRA DE THOMAS MERTON

Era junho de 1940. Voltando de Cuba, THOMAS MERTON , 25 anos, soube em Nova Iorque que seu pedido para entrar no convento tinha sido aceito. "Por este tempo as divisões alemãs estavam invadindo e penetrando França adentro. No dia de seu desembarque em Nova Iorque, o exército alemão fizera sua primeira grande brecha entre as linhas francesas, tornando-se claro que a inexpugnabilidade da Linha Maginot era um mito. Em poucos dias as vigorosas divisões blindadas dos nazistas, sob a proteção da Luftwaff, retalharam o desmoralizado exército francês e apertaram a nação traída com suas tenazes de aço. Por essa época descobri um lugar onde podia ficar sentado numa tora ou numa sebe ao longo do caminho empedrado, olhando para as montanhas distantes, rezando o terço. Senti que fora chamado para o claustro. Escolhi os franciscanos por achar que poderia seguir sua regra sem dificuldades e porque era atraído pela vida de ensino e de escritor que ela poderia me proporcionar. Não ia ser assim, porém.O meu próprio gosto em selecionar um modo de vida não era de todo merecedor de confiança. Era uma noite fresca de verão. Senti que havia algo de profundo e aflitivo numas linhas do livro de Jó. Achava que apenas me comoviam como poesia. No entanto, também sentia que havia algo de pessoal nelas. Deus às vezes planta na Escritura palavras cheias de verídicas graças, e de repente significados encobertos se abrem em nossos corações, lendo com a mente em atitude de oração. No que lia havia uma espécie de aviso prévio duma acusação que me traziam realidades esquecidas: "Mesmo que eu fosse sincero, Ele provaria que sou perverso. E multiplicaria as minhas feridas mesmo sem causa". Fechei o livro. Certo dia percebi que toda a paz adquirida com os Franciscanos por mais de 6 meses havia sumido. Vi-me do lado de fora do convento, nu e sozinho. Tudo começou a desmoronar, sobretudo minha vocação monástica. Terei realmente essa vocação? Esquecera-me de todo que já havia sido pecador e que nenhuma das pessoas com quem conversara sobre minha vocação sabia o que eu tinha sido. Aceitaram-me porque eu era mais ou menos apresentável, parecia sincero, franco. Pareceu-me que uma pessoa em seu perfeito juízo não poderia ver em mim um material adequado ao sacerdócio. Parti pra Nova Iorque onde na casa dos capuchinhos procurei um amigo, o frei Edmundo. Pensou cuidar do caso, quando minha convicção era que resolveria o problema. A seu pedido, voltei no dia seguinte. E pus-me a rezar mais. Frei Edmundo entendeu que eu era um convertido recente, não havendo nem dois anos que me convertera. Viu que eu tinha levado uma vida irregular e que num noviciado com tal acúmulo de gente cumpria cuidar não sucedesse que alguns poucos, menos desejáveis, flutuassem na maré alta, arrastando os demais. Aconselhou-me escrever ao Provincial dos Franciscanos, despedindo-me. Fiquei calado, pendendo a cabeça e olhandp à minha volta as ruínas da minha vocação. Descendo os degraus do convento, atravessando a Seventh Avenue, enveredei-me na igreja dos capuchinhos. Pus-me na fila dos penitentes e chegando minha vez ajoelhei-me e vi no confessionário um frade magro e barbado. O confessor me pareceu não disposto a ouvir tolices de um espírito instável, emotivo e estúpido. Disse-me que eu não dava para a vida monacal, quanto mais para a do sacerdócio. Levantei-me sem conseguir deter as lágrimas que me escorriam pelos dedos, enquanto escondia o rosto. Diante de um crucifixo de pedra por cima do altar, só entendia uma coisa: deixar de vez de considerar que tinha vocação para o claustro".

DE COMO SE TIRA DO MAL UM BEM

LEI ou PENA DO TALIÃO: Qualquer vingança em proporção igual ou considerada equivalente ao mal sofrido, retaliação. Foi a aplicação, uma vez mais, desta pena ou lei o sentimento que levou alguns poucos concidadãos cariocas a atirar pedras, destruir portão, a quebrar vidraças, a pichar as paredes da casa na Rua Cacau,escrevendo as palavras a ässassino, covarde" no muro da casa onde morava o autor dos disparos praticados semana passada na Escola Tasso da Silveira, no bairro do Realengo. Alguém chegou mesmo a levantar o povo para botar fogo no domicílio do pranteado rapaz, domingo passadp, levando a polícia a protegê-lo para evitar depredações. Esqueceram-se de que no fundo da casa reside uma das irmãs de Wellington. Não pensaram que depredando ou invadindo a casa estavam violando, causando danos ao patrimônio da família dele, um lar de tanto valor sentimental? Não lhes passou pela cabeça que os cinco irmãos do acusado, além do drama familiar em que vivem, como parentes tão próximos, são no momento prisioneiros do receio de linchamento, de saírem de casa, como se fossem coautores do ato insano praticado pelo irmão? Somos seres humanos, criados à imagem de Deus, e como tais a nós se aplicam as seguintes palavras escritas pelo poeta latino Terência (194-159 A.C.): "Homo sum: humani nihil a me alienum est". Somos humanos e, no uso de nossa razão, de nossa inteligência, de nossa origem divina, somos responsáveis por tudo que se refere a nossos semelhantes. Ainda bem que bem pensaram e agiram aqueles nossos patrícios que, ouvindo no interior de suas consciências as vozes inquietas da solidariedade, se apressaram em adquirir tinta branca , escovas, brochas e baldes e escovas, e foram apagar a ignomínia das pichações cravadas no muro frontal da casa do jovem autor do lastimável episódio da escola Tasso da Silveira. "Nihil humani a me alienum est!" E ademais pergunto: "Por quem estarão hoje dobrando os sinos?"

segunda-feira, 11 de abril de 2011

JOÃO XXIII E JOÃO F. KENNEDY

O ano de 1963 ficou gravado na história universal, no século XX, como o ano do falecimento de duas personalidades, internacionalmente veneradas, cujo nome, João, os ligou "providencialmente a uma dupla missão de ordem profética. Missão no plano SOBRENATURAL, com a MORTE de João XXIII. Missão no plano NATURAL, político, com O FALECIMENTO de JOÃO KENNEDY" (Tristão de Athayde). No dia 03/06/1963 faleceu em Roma o PAPA JOÃO XXIII, apesar do receio do teólogo protestante Karl Barth, que dias antes escrevera: "Seria terrível se João XXIII morresse agora!" É que se torcia que tal não ocorresse antes do fim do "Concílio Ecumênico Vaticano II" por ele anunciado no dia 25/01/1959 e iniciado em 11/10/1962. Seria ele a continuação do "Concílio do Vaticano" ou de 1870, que passou a ser designado "Vaticano I". Missão no plano natural e político, com o assassinato do presidente dos Estados Unidos, JOÃO F. KENNEDY, em Dallas, no dia 22/11/1963, aos 46 anos, vítima do preconceito religioso. Julgava-se que jamais um católico ascenderia à cadeira presidencial nos Estados Unidos. Venceu o preconceito financeiro, lutando contra o poder do dinheiro e da plutocracia. E venceu o fanatismo racial, tendo sido assassinado num dos centros onde mais predominava esse preconceito, em Dallas. Coincidência ou melhor dizendo manipulação divina, poucos meses antes de morrer, eis o que escreveu JOÃO XXIII, na encíclica Mater et Magistra: "Os acontecimentos ocorridos em nosso tempo, que acarretaram tantos desenganos e semearam tanto luto, sem dúvida confirmam a veracidade da Escritura: 'SE O SENHOR NÃO EDIFICAR A CASA, EM VÃO TRABALHAM OS QUE A CONSTROEM". Na mesma linha de João XXIII, assim se expressou KENNEDY na sua última oração de despedida: "Pedimos, portanto, a Deus que possamos ser dignos do nosso poder e responsabilidade e alcançar em nossa época e para sempre a antiga visão da PAZ NA TERRA AOS HOMENS DE BOA VONTADE. ELE DEVERÁ SER SEMPRE A BASE DA NOSSA FORÇA. PORQUE, COMO FOI ESCRITO HÁ MUITO TEMPO: SE O SENHOR NÃO GUARDA A CIDADE, EM VÃO VIGIA A SENTINELA" ("Companheiros de Viagem", Alceu Amoroso Lima).

domingo, 10 de abril de 2011

POLÍTICA EM JULGAMENTO - 2

No blogue de ontem, POLÍTICA EM JULGAMENTO, por negligência imperdoável pulei uma importante parte da citação do pensamento de Simone Weil. Por favor, na oitava linha, contada de baixo para cima, depois da palavra "LUCIDEZ..." encaixe o seguinte: "A ordem social, embora necessária, é essencialmente má, qualquer que seja. Não se pode acusar aqueles que ela esmaga de miná-la tanto quanto podem; quando eles SE RESIGNAM, não é por virtude, mas, ao contrário, é pelo efeito de UMA HUMILHAÇÃO que extingue neles as VIRTUDES VIRIS. NÃO SE PODE TAMBÉM ACUSAR ÀQUELES QUE A ORGANIZAM DE DEFENDÊ-LA, NEM REPRESENTÁ-LOS COMO FORMANDO UMA CONJURAÇÃO CONTRA O BEM GERAL. AS LUTAS ENTRE CONCIDADÃOS NÃO RESULTAM DE UMA FALTA DE COMPREENSÃO OU DE BOA VONTADE; ELAS TÊM A VER COM A NATUREZA DAS COISAS E NÃO PODEM SER APAZIGUADAS, MAS APENAS ABAFADAS PELO CONSTRANGIMENTO. Para qualquer um que ame a LIBERDADE, não é desejável que aquelas desapareçam, mas somente que PERMANEÇAM AQUÉM DE UM CERTO LIMITE DE VIOLÊNCIA" (Simone Weil em "Impressão e Liberdade", pp.181). É de SIMONE o pensamento seguinte expresso numa carta de 1938 a Georges Bernanos: "Je ne suis pas catholique, bien que rien de catholique, rien de chrétien ne màit jamais paru étranger. Tenho -me dito algumas vezes que se por acaso se fixasse nas portas das igrejas que a entrada nelas estivesse proibida à pessoa que auferrisse uma renda superior a tal ou tal importância, pouco elevada, eu me converteria imediatamente". No início dessa declaraçào, SIMONE esclarecera: "O que eu vou dizer deve sem dúvida parecer presunçoso a qualquer católico, saído da boca de um não-católico, mas eu não posso exprimir-me de outra maneira" ("OEUVRES", Simone Weil, pp.403).

sábado, 9 de abril de 2011

POLÍTICA EM JULGAMENTO

Tenho um amigo, cujo caminhar pelas montanhas alterosas acompanho desde alguns anos, que, julgando um belo dia ter-se encontrado de frente com a oportunidade de se engajar na política, não hesitou um instante. Mesmo sabendo que trabalharia de graça pois a ditadura proibira remunerar vereadores de municípios com um número de eleitores inferior a determinado teto - e era o caso dele - topou a parada. Como professor e morando com a genitora aposentada, não morreria de fome. Com os votos de amigos, obteve o quorum suficiente para ser o nono vereador eleito. A cidade tinha direito a nove. Moral da história: o amigo, dois anos ali passados, perdeu a ilusão, muito tempo alimentada, de, como político, dedicar-se ao bem da sociedade. A meio caminho do mandato, porém, "foi procurar outro mar". Dezoito anos passados, Tristão de Athayde, vislumbrando o nascimento do partido dos trabalhadores, dedicou-lhe dois artigos no Jornal do Brasil. E meu amigo de novo se empolgou. No fundo do poço faiscaram-lhe luzentes pintas de dormida ilusão. E votou no candidato desse partido para presidente da república por algumas vezes, menos na última. Tinha-se-lhe esgotado para sempre o cabedal de ilusão, à vista do "mensalão" e quejandos. Estando eu no momento empolgado com a leitura da filósofa francesa Simone Weil ( 1909-1943), enviei ao meu amigo o seguinte trecho do livro "OPRESSÃO E LIBERDADE" para sua meditaçào: "...De tal situação resulta para todo homem amante do bem público uma ruptura cruel e irremediável. PARTICIPAR, mesmo de longe, do JOGO DE FORÇAS que movem a história não é possível sem se sujar ou sem se condenar de antemão à derrota. Refugiar-se na INDIFERENÇA ou NUMA TORRE DE MARFIM também não é possível sem muita INCONSCIÊNCIA. A fórmula do "MAL MENOR", tão desacreditada pelo uso contínuo que dela fazem os social-democratas, permanece então a única aplicável, com a condição de que seja aplicada com a MAIS FRIA LUCIDEZ...As lutas entre concidadãos não resultam de uma FALTA DE COMPREENSÃO ou de boa vontade; elas têm a ver com a natureza das coisas, e não podem ser apaziguadas, MAS APENAS ABAFADAS PELO CONSTRANGIMENTO. Para qualquer um que ame a liberdade não é desejável que aquelas desapareçam, mas somente que permaneçam aquém de um certo limite de violência".

CRISTO INAUGURA SUA IGREJA - 5

Do grego "poietés" = poeta,do verbo grego "poiéu"= fabricar, confeccionar, fazer. Deus, portanto, é o POETA MÁXIMO, o artista por excelência.O Universo = sua obra prima! Nosso planeta = genial criação divina. A IGREJA CATÓLICA = O POVO DE DEUS = O POEMA DOS POEMAS brotado na sexta-feira da Paixão, no altar da CRUZ, do coração alanceado do POETA SUPREMO que artisticamente se fez homem para restaurar a obra que as criaturas violaram, manipulando impericialmente o dom do livre arbítrio. PENTECOSTES= QUINQUAGÉSIMO DIA depois da Ressurreição de Jesus Cristo, ou da Páscoa, dia anualmente celebrado pelos Judeus, lembrando-lhes a promulgação da LEI dada a seus antepassados no Monte Sinai, em meio do trovão e dos relâmpagos, 50 dias depois da primeira PÁSCOA que coincidira com a saída do Egito. No mesmo instante em que esse memorável acontecimento judaico era celebrado, os apóstolos rezavam, reunidos no cenáculo. De repente se ouviu um como que ruído de impetuoso vento, vindo do alto e enchendo o salão onde se achavam. Viram aparecer línguas de fogo que se dividiram e descansaram em cada um deles. LOGO todos foram cheios do ESPÍRITO SANTO e começaram a falar várias línguas, conforme o ESPÍRITO SANTO os inspirava (At.,II, 1-6). Tendo saído do cenáculo, São Pedro falou ao povo e, naquele dia, converteram 3.000 Judeus. No dia eguinte, ao ouvir a sua palavra, mais 5.000 acreditaram e receberam o batismo. FOI O INÍCIO DA IGREJA CRISTÃ. O aniversário desses poéticos fatos sempre foi celebrado sob o nome de PENTECOSTES: para nós = promulgação da sublime LEI DO AMOR e não mais em meio da tempestade, mas na efusão da LUZ. "Tais coisas sucederam após a Páscoa santa: não mais a lei do TEMOR, mas a lei do AMOR se implanta". Na oração: 'vinde, Espírito Santo, enchei o coração dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor!" se resume todo o mistério e todas as graças do PENTECOSTES.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

ALÔ, ALÔ, REALENGO!!! AQUELE ABRAÇO!!!

Não te zangues, CHACRINHA, se te tomo de empréstimo esse bordão que te marcou tantos anos nas domingueiras tardes cariocas e que hoje solfeja meu espírito! ALÔ< ALÔ< REALENGO!!! AQUELE ABRAÇO!!! Por mais profundo tenha sido teu amor e paixão pelo REALENGO, nunca por certo pensaste que no dia 07/04/11 tão depressiva tragédia me acorreria numa presteza sem intervalo de tempo entre a notícia infausta e a voz característica tua, brandindo no ar um metro de bacalhau, e salmodiando teu preferido bordão. ALÔ,ALÔ, REALENGO!!! Roubou hoje teu bairro cem por cento dos olhares curiosos e aflitos e solidários de teus patrícios cariocas e alienígenas, transformando-te no centro de sua incontida e misteriosa e silenciosa estupefação diante do que a mídia nos feria os ouvidos e nos ofuscava os olhos, congelando-nos a capacidade de sequer balbuciar as emoções. ALÔ, ALÔ, REALENGO!!! AQUELE ABRACO!!! Abraço neste final do dia mais triste para vós, pais e mães, irmãos e avós, parentes e amigos dos "brasilerinhos e brasileirinhas", promissoras e primaveris existências prematuramente colhidas pela divina Providência, que jamais ignora as razões do que faz, ou vitimadas inocentemente, o que nos abre lacunas doridas e nos deixa na companhia de uma saudade lacrimejante no canto dos olhos. ALÔ, REALENGO, ALÔ! Aquele abraço-guarda-chuva, de solidariedade, da dimensão dos contornos de teu bairro, que te quer dar esta cidade que hoje caiu em tristeza sem tamanho, e que te deseja uma noite de PAZ, de confiança em Deus que em tudo que nos ocorre é sempre o PAI NOSSO QUE ESTÁ NO CÉU.

CRISTO INAUGURA SUA IGREJA - 4

Foi no dia de PENTECOSTES que a IGREJA nasceu. MALEBRANCHE, oratoriano, metafísico francês (1638-1715), escreveu que Jesus, apenas entrado na glória no dia da Ascensão, abriu o cofre de suas "liberalidades". Suas máximas, a doutrina que seria o conteúdo da entidade que fundara ele já havia transmitido aos seus. Faltava apenas a apresentação oficial da nova sociedade religiosa. Para alguns entendidos, o natal da IGREJA se deu no DIA DE PENTECOSTES que marcaria a sua exteriorização, acentuando-se nela a instituição jurídico-social. Para outros, como Pio XII, ela nasceu no CALVÁRIO, colocando-se sua fundação sobre a Cruz, porquanto, dizem, só por sua morte "nosso Salvador foi feito Cabeça da Igreja no pleno sentido da palavra", quando se teria dado o ponto culminante do processo gradativo de sua fundação. Ela teria nascido como NOVA EVA do lado alanceado de seu esposo adormecido. O certo é que foi no dia de PENTECOSTES que Cristo enviou seu ESPÍRITO para que se compreendessem e se aplicassem as verdades que ensinara. Cristo havia plantado o embrião. Depois colocou uma primeira pedra, um rochedo, um alicerce, PEDRO, mas o monumento não podia ser inaugurado como habitação espiritual, sobrenatural, sem seu principal habitante que é o ESPÍRITO SANTO. Claro que os discípulos individualmente já possuíam esse Espírito, pois tinham o estado de graça. Não o tinham, contudo, como grupo, faltando portanto à IGREJA, à sociedade que se fundava uma alma própria, que seria o ESPÍRITO SANTO que Cristo prometera enviar. Com efeito, escreve o Padre Teixeira Leite Penido, o brilhante teólogo patrício, "o Senhor deu à igreja o poder de perdoar pecados, encarregou Pedro de apascentar o rebanho, dá aos 12 apóstolos a missão de doutrinar e batizar; em Pentecostes a Igreja se manifesta visivelmente com todo o esplendor. O ESPÍRITO SANTO ensina a verdade, dá força para se testemunhar esta verdade. Abrasa os corações de muito amor. Preliba-se a glória celeste". Note-se, porém, que o seu nascer sobre a cruz é a marca de seu caráter sobrenatural e invisível, bem assim como a sua vida crucificada através dos séculos. Os cristãos conjunta e individualmente só se salvam pela CRUZ de CRISTO e o reviver em si da PAIXÃO DE CRISTO.

CRISTO CRIOU A SUA IGREJA - 3

Durante 40 dias contados a partir de sua Ressurreição, Jesus se apresentou a seus discípulos algumas vezes. Numa delas, no decurso de uma refeição com eles, pediu-lhes não se afastassem de Jerusalém, aguardando, para breve, a promessa do Pai por ele transmitida, ocasião em que eles seriam batizados com o Espirito Santo. Quarenta dias depois da Ressurreição ( Atos, 1, 1-12), no Monte das Oliveiras, depois de prometer aos discípulos a força do Espirito Santo que desceria sobre eles para serem testemunhas dele em Jerusalém, na Judeia e na Samaria e até os confins da terra, Jesus se elevou aos céus, oculto numa nuvem. Enquanto se erguia, dois homens vestidos de branco, postados ao lado dele, disseram-lhes: "Homens da Galileia, por que estais aí a olhar para o céu? Este Jesus, que foi arrebatado dentre vós, assim virá, do mesmo modo como o vistes partir para o céu!". Então, do Monte das Oliveiras voltaram a Jerusalém, encaminhando-se para a sala superior onde costumavam ficar. Com eles estavam algumas mulheres, como MARIA, a Mãe de Jesus. Num dos dias seguintes, PEDRO , comentando a deserção de Judas, guia daqueles que prenderam Jesus, contou-lhes que com o dinheiro da iniquidade comprara um terreno e, caindo de ponta-cabeça, arrebentou-se pelo meio, derramando-se todas as suas entranhas. Disse que era preciso preencher o lugar dele, tendo-se apresentado dois candidatos: José, chamado BARSABÁS, e MATIAS. Lançada a sorte sobre eles, esta caiu em MATIAS que foi então contado entre os 12. Tendo-se completado o dia de Penteecostes, todos estavam reunidos no mesmo lugar. "Pente Kostê"= "hemera" = 50 dias, era o quinquagésimo dia depois da Páscoa, 10 dias depois da Ascensão. Historicamente e simbolicamente a data estava ligada ao festival judaico da colheita, dia em que se comemorava a proclamação da LEI MOSAICA no Sinai; o Pentecostes cristão festeja a proclamação da LEI DO AMOR: "Ama e faze o que queres", dirá Santo Agostinho. O amor tudo vivifica e tudo transfigura. Eis por que vivificou e transfigurou os 120 Apóstolos e discípulos no dia de PENTECOSTES. O único obstáculo, diz o Padre Teixeira Leite Penido em "O MISTÉRIO DOS SACRAMENTOS", que embaraça o caminhar da Igreja e explica o seu aparente malogro após 20 séculos de cristianismo, provém da resistência dos homens ao Amor. Porque nada há de mais difícil do que abrir ao Amor o coração empedernido do homem". Continua: PENTECOSTES.

terça-feira, 5 de abril de 2011

CRISTO CRIOU A IGREJA - 2

Chegando Jesus um dia ao território de Cesareia de Filipe (Mt.16, 13-16), perguntou aos discípulos: "Quem dizem os homens ser o FILHO DO HOMEM? Esta pergunta de Cristo constitui o mais claro sinal das intenções dele de fundar a Igreja. Esta pergunta ele a fez a Pedro, na presença dos demais discípulos, sabendo que iria ouvir dele uma resposta que lhe forneceria a ocasião de lançar a segunda peça dos lineamentos da sociedade religiosa que começava a criar. Tomando a palavra, falando em nome dos companheiros, Pedro reconheceu e solenemente proclamou que Jesus era o CRISTO, o Messias, o FILHO DE DEUS VIVO. Ao que, Jesus, com palavras não menos solenes, assim lhe disse: "Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela!" Até então o chefe dos apostolos chamava-se SIMÃO. Foi em razão do papel que Ele pretendia atribuir-lhe que Jesus, nesse momento de sua escolha, lhe dá o nome de KEPHAS, isto é, PEDRO, ou ROCHEDO. Ali estava a prova da intenção inicial e persistente de Cristo relativa à construção regular, durável, da sociedade que tinha em mente. A afirmativa de Cristo era como se lhe tivesse dito que a partir de agora, quando o chamava de PEDRO, ele edificava sobre aquela pedra, que era ele, Pedro, a sua Igreja. Por outras palavras: "Eu te constituo o fundamento, o alicerce, do edifício que pretendo levantar". Desta forma, Cristo se declarou e se nomeou o arquiteto que tinha planejado e agora continuava o levantamento da referida casa: "sobre esta casa edificarei a minha Igreja". Passou entào Pedro, filho de Jonas, a ser o fundamento, o principio de estabilidade e de firmeza da sociedade humana sobre a qual lhe caberia o exercício da autoridade. Pelas palavras de Cristo claramente se infere que Ele conferiu a Pedro o principado da Igreja. E esticando os dizeres Cristo completou, explicando a funçào de Pedro: "E eu te darei as chaves do reino dos céus e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus". Pelo uso bíblico, a expressão "dar as chaves" não confere apenas o múnus de um simples porteiro, mas o de administrador da família, de dispenseiro, de mordomo. Desfeita a metáfora, é como se Cristo lhe tivesse dito: "Eu te confiro a suprema administração do reino". Pedro seria na Igreja o ecônomo, o ministro do rei sob cujas ordens tudo administraria. Usando outra imagem, Cristo indica até onde esse poder de administrar se estenderá: "E tudo que ligares na terra será ligado nos céus e tudo que desligares na terra será desligado nos céus", significando isto um supremo poder legisferante e universal, abrangendo um poder disciplinar e doutrinal e até o de perdoar pecados. Através dessa tríplice metafora: pedra, chaves e poder de ligar e desligar, Cristo designa e ilustra o primado de Pedro e de seus sucessores no Pontificado. "E as portas do inferno não prevalecerão contra ela". Em hebraico, por metonímia, PORTA é empregada no sentido de cidade. INFERNO (SHEOL) significa a morada dos mortos, o cárcere em que os condenados padeciam. "Portae inferi" admite duplo sentido: ou o "poder da morte", ou a "morte", frente à qual nada no mundo é mais forte, excetuando-se o poder da Igreja, pois esta será imortal, nunca perecerá. Ou interpretando-se por "os poderes diabólicos ou das trevas" (Lc. 22, 53) que jamais, nas palavras de Cristo, prevalecerão contra a Igreja. Interessante, terminado esse diálogo com os discípulos, Cristo proibiu-lhes dizerem a quem quer que fosse que ele era o Cristo, isto é, o Filho de Deus Vivo, como confessara Pedro. A razão era que os apóstolos ainda não tinham sido instruídos pelo Espírito Santo a respeito da maneira de falar aos ouvintes sobre este dogma. Ademais, como pouco depois iriam comentar sobre a paixão e morte de Cristo, possivelmente a revelação sobre a natureza da pessoa dele produziria mais escândalo e prejuízo na mente dos ouvintes.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

CRISTO CRIOU A IGREJA

A IGREJA é um dom, uma GRAÇA feita aos HOMENS, por isto uma GRAÇA SOCIAL. É uma entidade sobrenatural de comunicação de mistérios. Foi e está encarregada de fazer chegar a VIDA DIVINA à HUMANIDADE. Instituição visível, embora de natureza espiritual, essa "sociedade das almas com Deus" manifesta aos nossos olhos que ela é a RELIGIÃO. A IGREJA é uma MEDIADORA entre nós e Deus. É uma ASSEMBLEIA HUMANA, graças à qual a religião constitui uma VIDA de FAMÍLIA que tem à sua frente, como cabeça, JESUS CRISTO, e que se perpetua através dos procedimentos próprios à vida: geração espiritual, educação, nutrição, proteção exterior e íntima, etc. Pode assim caminhar através deste mundo e dirigir-se ao outro como uma coletividade, nunca sozinha. Como sociedade é a que menos chance tem de permitir a formação de grupos entre seus membros. Em seu caminhar, avança não em grupos distintos, pois forma uma unidade compacta, indissolúvel. O ideal aqui é e CATOLICIDADE. Ela é a OBRA-PRIMA criada por CRISTO. Constitui um sistema de proteção, de difusão e de utilização inventada por Cristo para pôr a serviço do universo e dos séculos as verdades que ele deixou para os grandes e pequenos, para os sábios e as criancinhas. Todos encontram nela os meios sobrenaturais de matar sua fome, sua sede, de conservarem sua vida sobrenatural. A base dessa sociedade religiosa é a IGREJA que, da parte de Cristo e sob sua salvaguarda, comunica e administra os dons divinos. Em razão de seu princípio, o catolicismo é um agente de UNIDADE, de FIXIDEZ, de PERENIDADE como a própria vida, mas rígida como a vida em suas leis eternas. Cristo, em suas pregações na terra, previu um futuro para sua obra-prima, futuro que ele organizou, tendo estabelecido por si próprio para lhe garantir a existência um embrião de sociedade religiosa. Por que um embrião? Porque é assim que nascem todos os seres vivos. Se criando a natureza esse foi o procedimento de Deus, por que o modificaria na criacão da "sobrenatureza"? Sabe-se que Jesus Cristo deixou a IGREJA nos seus lineamentos, ou melhor dizendo, estabeleceu a IGREJA nos seus lineamentos, constituindo inicialmente o primeiro grupo de Apóstolos, com PEDRO à frente a quem confiou poderes definidos a exercer. Continuaremos.

domingo, 3 de abril de 2011

SOLIDARIEDADE

"O mineiro só é solidário no câncer" ! Ainda bem que é mineiro o autor da afirmação. Atribui-se o dito e escrito a Oto Lara Resende, filho do fundador do Colégio Padre Machado, transferido de São João Del Rei para Belo Horizonte. Que com Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino e Hélio Pelegrino, além de outros muitos mais, tanto elevou a elegância e o amor das letras oriundas das sístoles e diástoles do "coração de ouro no peito de ferro" (Gorceix) = Minas Gerais. Solidariedade, um vocábulo capaz de aceitar uma multiplicidade de significados. Se existisse uma "venda" de palavras, para qualificação de idéias ou expressões ou movimentos encerrando determinada iniciativa humana, aí está uma que nunca rejeitará ser convocada: solidariedade. Que sempre se encontraria numa loja "Multi-Uso". Lembro-me bem de que, após a segunda guerra mundial, levantando a cabeça o movimento comunista numa arregimentação dos operários, aqui como no mundo todo, a Igreja logo apelou para a ideia do Solidarismo Cristão. Fala-se em doutrina social e moral, baseada na solidariedade. Em teoria política, solidariedade designaria uma coexistência democrática. O que, porém, me traz aqui e agora a palavra solidariedade é o comentário de Luiz Felipe Pondé na Folha de S.Paulo de ontem. Escreveu ele: "Se o mineiro só é solidário no câncer, é porque sua solidariedade não passa de um gozo secreto pela miséria do "amigo" doente. Se a única solidariedade possível é essa, então não há solidariedade de fato, logo, não há esperança para o mundo". Este modo de interpretar a frase otolariana me despertou o desejo de saber de outros o que quis Oto Lara expressar com o célebre dito. Procurava eu sempre o sentido real dele sem jamais ficar satisfeito. Agora tudo se me tornou mais complicado. Quando minha sobrinha dentista me afirmou que em minha terra natal "só há há solidariedade no velório", entendi perfeitamente. Lá, de fato, em velórios desaparecem os partidos políticos, as desigualdades sociais, constituindo eles acontecimentos sociais conhecidamente sem convites. E as noites são prazerosas, quase uma como que celebração natalícia. Embora cristãmente falando, de fato o sejam, pois para um membro do Povo de Deus o "dies natalis", o verdadeiro dia do nascimento de um cristão é o dia da sua morte: "a vida começa com a morte", como gravado está na lousa que recobre o túmulo de meu genitor, no único cemitério local, conhecido antigamente e ecologicamente pelo nome das sentinelas que o guardavam: "Os quatro coqueiros", o qual a cidade julgou não carecer mais de substitutos.