terça-feira, 5 de abril de 2011

CRISTO CRIOU A IGREJA - 2

Chegando Jesus um dia ao território de Cesareia de Filipe (Mt.16, 13-16), perguntou aos discípulos: "Quem dizem os homens ser o FILHO DO HOMEM? Esta pergunta de Cristo constitui o mais claro sinal das intenções dele de fundar a Igreja. Esta pergunta ele a fez a Pedro, na presença dos demais discípulos, sabendo que iria ouvir dele uma resposta que lhe forneceria a ocasião de lançar a segunda peça dos lineamentos da sociedade religiosa que começava a criar. Tomando a palavra, falando em nome dos companheiros, Pedro reconheceu e solenemente proclamou que Jesus era o CRISTO, o Messias, o FILHO DE DEUS VIVO. Ao que, Jesus, com palavras não menos solenes, assim lhe disse: "Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela!" Até então o chefe dos apostolos chamava-se SIMÃO. Foi em razão do papel que Ele pretendia atribuir-lhe que Jesus, nesse momento de sua escolha, lhe dá o nome de KEPHAS, isto é, PEDRO, ou ROCHEDO. Ali estava a prova da intenção inicial e persistente de Cristo relativa à construção regular, durável, da sociedade que tinha em mente. A afirmativa de Cristo era como se lhe tivesse dito que a partir de agora, quando o chamava de PEDRO, ele edificava sobre aquela pedra, que era ele, Pedro, a sua Igreja. Por outras palavras: "Eu te constituo o fundamento, o alicerce, do edifício que pretendo levantar". Desta forma, Cristo se declarou e se nomeou o arquiteto que tinha planejado e agora continuava o levantamento da referida casa: "sobre esta casa edificarei a minha Igreja". Passou entào Pedro, filho de Jonas, a ser o fundamento, o principio de estabilidade e de firmeza da sociedade humana sobre a qual lhe caberia o exercício da autoridade. Pelas palavras de Cristo claramente se infere que Ele conferiu a Pedro o principado da Igreja. E esticando os dizeres Cristo completou, explicando a funçào de Pedro: "E eu te darei as chaves do reino dos céus e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus". Pelo uso bíblico, a expressão "dar as chaves" não confere apenas o múnus de um simples porteiro, mas o de administrador da família, de dispenseiro, de mordomo. Desfeita a metáfora, é como se Cristo lhe tivesse dito: "Eu te confiro a suprema administração do reino". Pedro seria na Igreja o ecônomo, o ministro do rei sob cujas ordens tudo administraria. Usando outra imagem, Cristo indica até onde esse poder de administrar se estenderá: "E tudo que ligares na terra será ligado nos céus e tudo que desligares na terra será desligado nos céus", significando isto um supremo poder legisferante e universal, abrangendo um poder disciplinar e doutrinal e até o de perdoar pecados. Através dessa tríplice metafora: pedra, chaves e poder de ligar e desligar, Cristo designa e ilustra o primado de Pedro e de seus sucessores no Pontificado. "E as portas do inferno não prevalecerão contra ela". Em hebraico, por metonímia, PORTA é empregada no sentido de cidade. INFERNO (SHEOL) significa a morada dos mortos, o cárcere em que os condenados padeciam. "Portae inferi" admite duplo sentido: ou o "poder da morte", ou a "morte", frente à qual nada no mundo é mais forte, excetuando-se o poder da Igreja, pois esta será imortal, nunca perecerá. Ou interpretando-se por "os poderes diabólicos ou das trevas" (Lc. 22, 53) que jamais, nas palavras de Cristo, prevalecerão contra a Igreja. Interessante, terminado esse diálogo com os discípulos, Cristo proibiu-lhes dizerem a quem quer que fosse que ele era o Cristo, isto é, o Filho de Deus Vivo, como confessara Pedro. A razão era que os apóstolos ainda não tinham sido instruídos pelo Espírito Santo a respeito da maneira de falar aos ouvintes sobre este dogma. Ademais, como pouco depois iriam comentar sobre a paixão e morte de Cristo, possivelmente a revelação sobre a natureza da pessoa dele produziria mais escândalo e prejuízo na mente dos ouvintes.

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