quarta-feira, 13 de abril de 2011

VOTO DOS MARMITEIROS

Claro que se trata de coisas sexagenárias. Mas a expressão me voltou à mente nestes últimos dias. Logo que caiu a ditadura Vargas, em 1945, com o renascer do espírito democrático em nossas plagas sob a influência sobretudo da vitória dos aliados sobre o nazismo e fascismo, candidataram-se à presidência da república o General Eurico Dutra, o brigadeiro Eduardo Gomes, Yedo Fiuza e Rolim Teles. Sagrou-se nas urnas o General Eurico Gaspar Dutra, apoiado pelo PSD e pelo PTB, comandado por Getúlio Vargas. Durante o período eleitoral eram vendidos doces para angariar fundos para apoiar a candidatura de Eduardo Gomes, candidato da UDN. Esses doces ficaram conhecidos posteriormente com o nome do candidato: "brigadeiro". Findo o mandato de Dutra, de novo Eduardo Gomes se candidatou à presidência, tendo sido derrotado pelo ex-presidente Getúlio Vargas, em1950. Com a morte de Getúlio em 1954, o vicepresidente empossado, Café Filho, nomeou Eduardo Gomes ministro da aeronáutica (1954-1955). Foi durante a campanha de Eduardo Gomes, pela segunda vez, disputando a presidência com Getúlio Vargas, o eleito, que surgiu a expressão "voto dos marmiteiros". Ele teria declarado num comício que não precisava dos votos dos trabalhadores, dos operários, dos marmiteiros. Algum político contrário ao candidato não perdeu tempo: soltou pela imprensa e pelo rádio e pelo tititi a notícia-bomba de que o BRIGADEIRO HAVIA DECLARADO QUE PARA GANHAR AS ELEIÇÕES NÃO PRECISAVA DOS VOTOS DOS MARMITEIROS! E assim. e pela segunda e derradeira vez, escapou-se aos brasileiros a chance de colocar no Palácio do Catete, no Rio, o tenente-brigadeiro Eduardo Gomes, um dos 18 herois do levante do Forte de Copacabana. A expressão que por certo muito contribuiu para a derrota de Eduardo Gomes, como se tratando de um candidato elitista e antipopular, foi a ele atribuída por um político da época num gesto de baixo espírito de cidadania. Mas, porque estou recordando esses fatos levados de roldão pelo tsuname dos tempos? Porque vislumbro na declaração de importante político atual em artigo na Folha de São Paulo de hoje, 13/04/11, propondo "que (membros de determinado partido) desistam do "povão" para investir na nova classe média", uma deixa que pode ser guardada como preciosidade para futuros embates partidários e eleitoreiros, a exemplo do que ocorreu em 1950. "Gato escaldado tem medo de água fria!"

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