quinta-feira, 14 de abril de 2011

MARIO CASASSANTA, UMA DAS VOZES DE MINAS

Quando criança - nos anos quarenta do século vinte - era frequente ouvir nomes de pessoas importantes de Minas. Uns, entre os mais ouvidos e sobretudo por mais bem falados, eram objeto de minha simpatia e admiração e de marcante circulação em meu emergente conhecimento social, político e religioso. MARIO CASASSANTA, talvez pelo sobrenome evocativo de habitantes de paragens cultas e religiosas, eu o colocava mais ou menos no mesmo pé de igualdade de, por exemplo, um Ozanã ou São Luiz de Gonzaga "mutatis mutandis". Quase 30 anos mais tarde logrei vê-lo, apenas isto, sentado, lendo, ao pé de um dos centenares coqueiros defronte do Colégio do Caraça. Mas só em março último, folheando páginas escritas por ocasião do falecimento dele em Belo Horizonte, em 1963, tive a prova, aos oitenta anos, de que não me enganara, reverenciando-o desde a infância. Fiquei só então sabendo que, "quando teve o primeiro ou um dos ataques sérios de coração, ao sentir-se mal, na rua, pediu a um amigo que não o levasse nem para casa nem para uma clínica, mas para uma igreja, pois "queria morrer na Casa de Deus". "Por aí, terminou Tristão sua crônica, se pode julgar que alma tinha esse mestre" Casassanta, nascido em Camanducaia, Minas, mestre de Pedagogia, de Direito, de Filosofia, de crítica literária, de política com P grande, que pertenceu ao grupo de "pioneiros da Escola Nova", de 1931. Foi esse grupo que lançou, logo depois da Revolução de 30, a Revolução Educativa em nosso meio, em seguida à Revolução Literária que se antecipara, em 1922, à Revolução Política. Casassanta constituiu-se na figura mais representativa da ala espiritualista do grupo que nasceu com o intuito de modernizar a educação nacional sem prejuízo de sua cristianização. Humanista, formado na disciplina das humanidades clássicas, foi defensor intransigente dos direitos humanos, bem como invejável cultor do bom gosto literário. Por ocasião da Revolução de 30, escreveu "As Razões de Minas", justificando a entrada de Minas no conflito que levou Getúlio Vargas à Presidência da República. "Foi esse um dos mais perfeitos intérpretes da VOZ DE MINAS que nunca silenciará, por mais que vão silenciando pouco a pouco as melhores vozes da MINAS do meu tempo" ("Alceu Amoroso Lima, em Companheiros de viagem").

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