quarta-feira, 30 de junho de 2010

ATEÍSMO

A "FOLHA DE SÃO PAULO" de 30/06/2010 publica o seguinte: "Bento 16 vai instituir  um órgão para  combater a secularização e para reevangelizar países do ocidente, ameaçados pelo eclipse de um sentido de Deus". Pouco mais de um mês atrás, 0 mesmo jornal ( ou o Estado de Minas de Belo Horizonte?) trouxe uma longa reportagem sobre a migração de habitantes da África para a Europa, sendo que muitos desses elementos estão contribuindo bastante para o crescimento ali da igreja universal do reino de Deus.  Chamou-me a atenção no final da reportagem a afirmação de uma emigrante africana,  adepta da referida igreja, de ter chegado à constatação de que na Europa há bastante preocupação em se apagar a crença na existência de Deus! Aliás, outra não foi a afirmação do padre jesuíta, Henri Boulad, reitor do Colégio dos Jesuítas no Cairo em carta enviada ao Papa  cerca de 2 meses atrás, na qual ele escreve que "os países mais católicos de antes - França, Canadá -caíram no ateísmo, no anticlericalismo, no agnosticismo, na indiferença". Disse mais ainda: "A prática religiosa está em constante declive. Número cada vez maior de pessoas da 3a. idade, que desaparecerão logo, são as que frequentam as igrejas da Europa e do Canadá". Mas vem a dúvida: a simples criação de mais um órgão no Vaticano com finalidade pastoral produzirá algum efeito? "Praeceptor, perimus!" (Lucas, 8,24).

quarta-feira, 23 de junho de 2010

DIAS DA SEMANA

Por que os nossos dias da semana têm uma nomenclatura diferente dos de outras nações? Os antigos romanos só a partir da época dos imperadores começaram a dividir  o tempo por semanas, a exemplo dos egípcios. Os dias da semana ganharam nomes de planetas, tidos como deuses: dies Solis (domingo); dies Lunae (2a. feira); dies Martis (3a. feira); dies Mercurii (4a. feira); dies Jovis (5a. feira); dies Veneris (6a. feira); dies Saturni (sábado). Em Latim FERIA, no plural FERIAE, era derivado do verbo FERIARI=cessar do trabalho, guardar as festas. FERIA tem a mesma raiz que FASTUS, de FARI, em latim: dies fastus=dia de festa.  Com o costume de cessar o trabalho em certos dias e ao mesmo tempo de santificá-los, no século IV o Papa Silvestre ordenou que todos os dias na Igreja se chamassem FÉRIAS (feiras) para os cristãos se lembrarem do dever de os santificar. Daí: FERIA PRIMA ou domingo, dies dominicus, dia do Senhor;  FERIA SECUNDA (2a. feira); FERIA TERTIA (3a. feira); FERIA QUARTA (4a. feira); FERIA QUINTA (5a. feira); FERIA SEXTA (6a. feira).  Para o dia da semana que seria Feria Sétima conservou-se o nome usado pelos judeus, SÁBADO. Foi a influência eclesiástica que explica a exclusiva designação que sempre tiveram os dias da semana nos primórdios da nacionalidade portuguesa ("Dominus Tecum", de Artur Bivar, edições ouro, Porto).

terça-feira, 22 de junho de 2010

PENITÊNCIA OU CONFISSÃO

Ao terceiro dos 7 sacramentos instituídos por Jesus Cristo dá-se o nome de PENITÊNCIA ou SACRAMENTO DA PENITÊNCIA, pelo fato de que a prática desse sacramento resulta de um sentimento de dor, de arrependimento,  que nos leva a odiar nossas faltas ou culpas e a expiá-las para obtermos o perdão de Deus. Este SACRAMENTO foi instituído por Jesus Cristo para perdão das faltas que cometemos depois do nosso batismo. Chama-se também CONFISSÃO ou SACRAMENTO DA CONFISSÃO pelo fato de se realizar externamente, declarando-se ou acusando-se das faltas a um sacerdote,  para se obter o perdão, donde o nome também de SACRAMENTO DA RECONCILIAÇÃO.  Aplica-se também a esse sacramento o nome de SACRAMENTO DA ABSOLVIÇÃO: esta se obtém através das palavras proferidas pelo sacerdote que recebeu de Cristo o poder de perdoar pecados. Esta absolvição tem por efeito o perdão das faltas cometidas depois do batismo,  donde dizer São Jerônimo que esse sacramento é como se fosse uma segunda tábua de salvação depois do naufrágio; a primeira tábua é o batismo que apaga a falta de nossos primeiros pais, o chamado pecado de origem ou original com que nasce a criança, bem como as faltas ou pecados cometidos antes do batismo. Antes da ABSOLVIÇÃO dos pecados,  o sacerdote impõe ao penitente, como reparação da injuria causada a Deus pelo pecado ou do dano causado ao próximo, aquilo que a doutrina cristã chama de SATISFAÇÃO SACRAMENTAl ou "penitência"; isto ocorre quando o sacerdote diz ao penitente que reze, por exemplo, tantas ave-marias  como penitência de seus pecados. Esse sacramento foi instituído por Jesus Cristo no dia da Páscoa, quando, aparecendo aos apóstolos no Cenáculo, lhes disse: "Recebei o Espírito Santo: os pecados serão perdoados a quem os perdoardes, e serão retidos a quem os retiverdes"(S. João, XX,22,23). Anteriormente já lhes havia dito: "Em verdade vo-lo digo: tudo quanto ligardes na terra será ligado no céu, e tudo quanto desligardes na terra será desligado no céu" (. Mat., XVIII, 13).

domingo, 20 de junho de 2010

ANJOS DA GUARDA

Aprendi no catecismo, em 1938, que "0s entes mais perfeitos que Deus criou foram os ANJOS e os HOMENS. E que os anjos são puros espíritos que Deus criou para sua glória e seu serviço". A palavra "anjo" é designação de encargo, não de natureza. Por aquilo que faz é um anjo, um enviado, um mensageiro.  Por aquilo que é, é um espírito. Conhece-se a existência dos anjos pela revelação divina e por suas manifestações no antigo e no novo testamento. Trata-se de uma verdade de fé pelo ensino positivo de Moisés, dos profetas, dos apóstolos e principalmente pelas palavras de Jesus Cristo. Foi proclamada dogma de fé no quarto concílio de Latrão (1215) e no concílio do Vaticano I (1870). A crença na existência do "ANJO DA GUARDA" baseia-se, por exemplo,  no salmo 90: " Ele ordenou a seus anjos que te guardem em teus caminhos todos".  Jesus Cristo, pedindo aos discípulos não darem escândalos às crianças acrescentou: "Eu vo-lo declaro: seus anjos contemplam sem cessar a face de meu pai".  Em quase todas as páginas da Sagrada Escritura a existência dos anjos é atestada, o que levou alguém a escrever que para nos desembaraçarmos dos anjos, teríamos que sacrificar toda a Escritura e com ela a História da Salvação" (A. Winklofer). São Vicente de Paulo gostava de pedir a proteção de seu anjo da guarda dizendo-lhe várias vezes ao dia a seguinte jaculatória: "Angele sancte Dei, sit tibi cura mei!", isto é: "Meu santo anjo da guarda, tome conta de mim!" A Igreja celebra a festa dos Anjos da Guarda no dia 02 de outubro.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

50 ANOS DE GUARDA DO SÃO JOAO BATISTA

Por precisar de uma informação, quebrei ontem o gelo que há dois anos quase me queimava o desejo de abordar aquela figura que se costuma apelidar de ALVES. Alternando com outro colega a função de guarda do portão de entrada daquele extenso dormitório de uso da comunidade, sempre responde ao meu cumprimento, quando por lá apareço,  com sutil sorriso na face enrugada. De terno cáqui e aspecto discreto, reveladores de um funcionário público, sem gravata, bonezinho cinza à inglesa, toda vez encontro -o  ou medindo o chão em lentos e descompromissados passos ou escorando seus oitenta verões nalgum dos requietórios do ambiente, alvos constantes de sua atenção. Sempre lhe foi sagrado o dever de abrir e encerrar em horários britanicamente cronometrados o pesado portão do recinto, com arte antiga e em ferro composto. Flagrei-o ontem amparando uma velhinha ao descer os degraus de saída do imóvel, fronteiriço à Rua Dona Mariana, muito perto do Pró-cardíaco. Ontem, afinal, trocamos figurinhas. E me contou chamar-se ANTÔNIO ALVES. Ao completar 18 anos, recebeu ordem de seu pai para deixar o torrão natal, Portugal, e embarcar para o Brasil. Seu genitor em breve ia aposentar-se e a vaga estava reservada aqui para ele. Aportando, em 1952, no Brasil, pouco tempo esperou até ser chamado para ocupar o lugar do pai no ofício. Função esta que, exercida até hoje, ornou-lhe de branco os cabelos e lhe permitirá celebrar, daqui a alguns dias, as BODAS DE OURO como um dos guardas do Cemitério São João Batista do Rio de Janeiro. Cidade com que por certo "mantém uma relação de amor e ódio; amor por ser o Rio "um deslumbramento"; ódio por ser uma cidade com muitos problemas", segundo dizeres de Zuenir Ventura, escritor e jornalista mineiro, em entrevista ao"Estado de Minas"no dia 12/06/2010. E um desses problemas convive com esse guardador de nossos irmãos cujas ossos repousam no Campo Santo à espera da Ressurreição Final. Dizem que se mede o grau de educação e cultura dos habitantes de uma cidade pela preocupação com a limpeza, atenção e carinho que se dedica às nossas necrópoles. E como destoa da beleza de nosso Rio a administração reservada ao nosso São João Batista! Agradecido, Antônio Alves, pela proteção que há 50 anos dispensa aos nossos irmãos que dormem.

terça-feira, 15 de junho de 2010

"CORRIGENDA"

No fato narrado que a seguir se lerá, o blogueiro esqueceu-se de escrever que foi o administrador da paróquia que reservou na sua igreja o lugar de distinção para o tal general! OK? "Error corrigitur ubi corripitur"!

"CATÓLICO NÃO PRATICANTE"

Ilustrando 0 narrado anteriormente no blog, trago-lhes um fato que ouvi, ainda durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), de um professor de religião, quando eu estudava no Colégio do Caraça. Um general brasileiro, comandante dos soldados que se preparavam no EUA para combaterem na Europa contra o fascismo e o nazismo, hospedou-se lá num hotel e, preenchendo a ficha de entrada, declarou-se "católico". Sabedor da presença na paróquia do tão importante católico proveniente do Brasil, reservou-lhe na igreja paroquial um lugar de distinção. Não tendo, contudo,  no domingo participado de missa alguma na paróquia, foi ao hotel interessado em notícias sobre o general brasileiro que em sua ficha de hospedagem se intitulara "católico".  Com surpresa, o pároco ouviu dele que, na verdade, ele era católico, mas "não católico praticante". Restou saber se o eclesiástico conhecia esse tipo de "católico não praticante", bastante em moda no Brasil. É que ser católico é crer e praticar a doutrina cristã. Não existe um duplo tipo de católico. Alguém é "católico" ou não é! Assim como uma pessoa do sexo feminino está grávida ou não está (se for o caso!). O que não pode é estar, por exemplo, meio grávida ou 20% grávida. A gravidez ou existe ou não existe! Julien Green, escritor francês (1900-1989), em seu livro "Vers l`Invisible", conta que um seminarista catequizava um jovem que se preparava para ser batizado. Recomendou-lhe um dia que lesse os Santos Evangelhos. Passado um tempo, o moço veio dizer-lhe que já estava na "Ceia"  "(ocasião em que Cristo instituiu a Eucaristia). O catequista lhe respondeu: "Estamos todos nós também na "Ceia". Um dia estaremos  na "Cruz" e então se saberá quantos cristãos haverá, pois seremos contados. Os cristãos, não havia mais bastantes na primeira Sexta-Feira Santa (ao morrer Cristo na cruz)!!! 

quarta-feira, 9 de junho de 2010

INVEJÁVEL SER CATÓLICO!

Há quase 1 ano a porta principal da igreja do Colégio Santo Inácio, em Botafogo, Rio, permanece o dia todo aberta à maneira de silente convite a quem quiser nela penetrar. O sacerdote que assim agiu deve ter sentido o tal "estalo de Vieira"! E se perguntou: não é católica 75% da populacão do Brasil? Então crê e pratica ou deve crer e praticar o que crê. E como tal não acredita que no sacrário está realmente presente (embora invisível sob as espécies de pão) com seu corpo e sangue e alma e divindade este mesmo Deus Uni e Trino, que há  2.000 anos nasceu da Virgem Maria e viveu visivelmente entre nós? Ou pensamos ser isto apenas um conto da carochinha? ou o "ópio do povo", como disse um filósofo?  Se não cremos, ou não temos fé nessa verdade, por que nos dizemos  católicos? Ser cristão continua a ser o que aprendemos no catecismo: "é ser batizado, crer e professar (ser convicto, seguir) a doutrina de Cristo Jesus contida nos Evangelhos ou transmitida pelos apóstolos". A Eucaristia é o sacramento que contém o verdadeiro corpo e o verdadeiro sangue de Jesus Cristo (Segunda Pessoa do mistério da Santíssima Trindade), real e substancialmente presente debaixo das espécies de pão e de vinho para nosso alimento espiritual, o que ocorreu através da maravilhosa, misteriosa,  conversão chamada transubstanciação! Se assim é, pois dizemo-nos e somos cristãos e católicos, por que não entrarmos na igreja de porta aberta para visitarmos nosso criador, nosso redentor, o Deus que, além de nos criar e redimir, ainda não quis deixar-nos órfãos na terra  ao subir aos céus na ascensão,  mas quis ficar junto de nós, invisível aos nossos olhos do corpo mas visível pela nossa fé  ao nosso espírito, na hóstia consagrada (ou dentro de nós quando comungamos) no sacrário de nossos templos, (ou de nosso ser ao recebermos a hóstia consagrada) dia e noite, onde podemos conversar com ele, visitando-o quando quisermos e pudermos. E tão vazias são nossas igrejas! E tanto temos para agradecer e pedir e adorar a nosso Deus! Santo Tomás de Aquino diante do sacrário assim rezava: "adoro te devote (adoro-vos devotamente) latens deitas (ó Deus que te ocultas sob as santas espécies do pão e do vinho! ó Divindade que se esconde!)".  Lembremo-nos:  A porta da igreja está aberta (porta patet) mas muito mais aberto está o coração de nosso Deus (magis cor) no sacrário de nossos templos católicos!  

terça-feira, 1 de junho de 2010

VIVER OU SER FELIZ?

Em carta a Tristão de Athayde, Jackson de Figueiredo escreveu:  "Alceu, o que me admira em você é a preocupação da FELICIDADE.  Você de certa forma a materializou ou, pelo menos, a quer como um estado ou como um plano em que você se desenvolvesse.  Não sei como lhe fale de mim, tão incompreensível lhe deve ser o meu modo de ser.  Parece incrível, mas é a verdade: não tenho a menor preocupação da felicidade, pelo menos não sinto que tenha. Sinto-me impelido a VIVER, a viver o quanto possa viver, o mais possível,  entre sofrimentos ou entre alegrias, e sinto, sim, adiante de mim, invisível mas adivinhado, ou um dardo ou uma lança, qualquer coisa que vibra e atrai e me pede que não descanse, que avance o mais que me for possível. Sei que neste avanço contínuo, todo desvio é perda de esforço e pode levar ao abismo  Às vezes são tantos os meus horrores, meus espantos, meus vexames, erros e desvios interiores, e vejo de um lado e outro tantas misérias, desgraças, provocações e novos erros que tenho a sensação de que vou enlouquecer, sobretudo porque não compreendo a razão de tudo isso! Até hoje o que tenho feito é, quase sem remorsos, passado adiante, gemendo ou chorando, pouco importa, mas passando adiante. E muito sensível a toda limitação ou sofrimento, mas quase liberto da ideia de ser feliz! o que desejo é realizar minha tarefa e compreendê-la o mais que me for possível. Não procurei a Igreja como asilo de felicidade. Busquei-a como "templo de definição dos deveres", como cátedra da verdade, como aquela que me diz, rude ou mansamente, conforme a ocasião, a verdade amarga... Adeus, meu querido Alceu. O dia já aí está" (carta escrita no dia o1/06/1928: do livro "Correspondência-Harmonia dos Contrastes, tomo II).  Tristão de Athayde converteu-se ao catolicismo no dia 15/08/1928, e Jackson faleceu afogado na praia do Joá, Rio, no dia 04/11/1928).