terça-feira, 24 de agosto de 2010

GETÚLIO VARGAS SUICIDOU! FAZ 56 ANOS!

Pela agitação política reinante naquele ano de 1954, qualquer tipo de desfecho desagradável era previsível, menos o que de fato ocorreu. O país se dividia  em duas correntes apaixonadas, cada uma das quais contava com sua mídia aguerrida, liderada por dois nomes influentes: Carlos Lacerda, na sua Tribuna da Imprensa, e Samuel Wainer, na Última Hora. De um e de outro lado, políticos bastante conhecidos tanto na situação como na oposição. De volta, a democracia mal engatinhava. De repente, acende-se uma faísca: em Copacabana, Rua Toneleros, no dia 05/08/54, um atentado em que perece um membro da Aeronáutica, Rubens Vaz, e é atingido na perna o jornalista Carlos Lacerda. Instaura-se o que se chamou a República do Galeão. Assustado, o país ainda não tinha visto tudo: na manhã do dia 24/08/54, terça-feira, com um tiro na cabeça o presidente Getúlio Vargas suicida!  Ao seu lado, uma carta-testamento, peça que merece ser lida hoje, lida e meditada. Do seu livro "O Salão dos Passos Perdidos" colho o que escreveu o brilhante jurista Evandro Lins e Silva: "A melhor explicação que achei para o suicídio de Getúlio foi um artigo na revista "Esprit", de Paris, que tinha o título "O suicídio como arma política", em que o autor mostrava que, com seu gesto,  Getúlio Vargas tinha conseguido dominar, paralisar, desmoralizar a conspiração que pretendia alijá-lo do poder". Ao escritor o episódio surpreendeu , "partindo  de uma pessoa que, normalmente,  pelo seu comportamento em todos os atos da vida, era um homem calmo, sereno, que tinha enfrentado muitas intempéries políticas sem praticar um gesto impensado, de verdadeiro desespero, como esse, de tirar a vida". Pessoalmente lembro-me, embora criança de oito anos, do golpe de 10 de novembro de 1937, bem como da alegria de meus pais, quando no discurso que Getúlio pronunciou no seu dia natalício, 19/o4/42, anunciou o decreto pelo qual criava um abono para os pais de famílias numerosas, éramos 12 irmãos vivos. De minha falecida mãe, guardo na mesinha de cabeceira o porta-retrato daquele que desde então ela cultuava com devoção tal que deu ao filho caçula o nome do insquecível gaúcho que Minas ajudou a colocar na presidência do país em 1930.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A JUMENTA DE BALAÃO FALOU!

Os 5 primeiros livros da Bíblia, a saber: o Gênesis, o Êxodo, o Levítico, o Números e o Deuteronômio constituem o Pentateuco ("Pentateuco = 5 volumes). A FALA da JUMENTA de BALAÃO  está no livro dos NÚMEROS, capítulo 22. Este livro continua a narrar a volta dos Israelitas  do Egito para a Palestina. Os israelitas, na sua caminhada de retorno, chegavam a Moab. Com medo deles, o rei de Moab, BALAC, mandou buscar BALAÃO, um adivinho, para amaldiçoar  os israelitas. Balaão, contudo, foi proibido por Deus de ir amaldiçoar os israelitas. BALAC de novo manda outra expedição buscar BALAÃO. Ele aceitou, mas Deus lhe disse que só fizesse o que Ele, Deus, lhe mandasse. No caminho a jumenta que ele montava, com medo de um anjo com a espada desembanhada tomou um desvio. Balaão a espanca para ela voltar. A jumenta toma outro caminho, mas de novo o anjo impede a passagem. Pela segunda vez a jumenta é espancada. Forçando outra passagem muito estreita, a jumenta, vendo o anjo, caiu debaixo de Balaão que, furioso a espancou a golpes de bordão. A jumenta então falou: "Que te fiz eu para me teres espancado já por três vezes?" Balaão: " É porque zombaste de mim.  Se eu tivesse uma espada na mão, já te teria matado". A jumenta: "Não sou eu a tua jumenta, que te serve de montaria toda a vida até o dia de hoje? Tenho o costume de agir assim contigo?" Balaão: "Não!". Então Balaão vendo o anjo prostrou-se  na terra. Disse-lhe o anjo: "Por que espancaste assim a tua jumenta? A jumenta me viu e por isto se desviou, o que me impediu de te matar".   Balaão respondeu: "Pequei. Não sabia que tu estavas parado diante de mim. Agora, se isto não te agrada, voltarei". E o anjo respondeu a Balaão:  "Vai com estes homens. Somente não digas coisa alguma além daquilo que eu te mandar dizer". O espaço não permite continuar a narração do capítulo. Continue você a leitura. Concluirá, ao final, que se trata de uma de tantas das mais belas páginas da Bíblia! Conclusão: a fala entre os humanos como entre os animais admite múltiplas modalidades!

domingo, 22 de agosto de 2010

PALAVRÃO EM LIVRO PARA CRIANÇAS

Como há poucos dias correu na mídia o assunto: "PALAVRÃO  EM  LIVRO  INFANTIL  É  FALTA  DE  RESPEITO  À  CRIANÇA",  fui desenterrar do velho baú o pensamento de Vicente de Paulo Guimarães - o sempre idolatrado e nunca esquecido guru  dos anos de minha infância e adolescência,  VOVÔ  FELÍCIO. Pelos seus 73 anos o Jornal do Brasil, de 19/05/1979, estampou sintética e abrangente reportagem sobre o tio de Guimarães Rosa de autoria da  colunista Beatriz Bonfim. Citando o entrevistado, escreveu: "Acho que o palavrão deve ser evitado. Quando menino, também o conhecia, mas só xingava alguém quando estava na briga feia, para valer.  Acho que o autor deve respeitar a criança, como respeita um adulto em um discurso ou  em uma reunião familiar. Gostaria que me dissessem  como uma professora que recomenda a leitura de um desses livros "realistas" pode depois proibir seus alunos de se tratarem em classe por palavrões". Da correspondência com Monteiro Lobato Vovô Felício extrai  o seguinte: "Pouca gente acerta com a arte para escrever para crianças. Muitos forçam a nota da simplicidade, só conseguindo vulgaridade e pieguice. Mas você alcançou a justa medida. Está aprovado com grau 10". E voltando ao tema, Vicente  acrescentou que em "Menino de Rua", livro que escreveu, cujos personagens eram crianças carentes, nascidas de seu trabalho  no "Lar dos Meninos", em BH, a linguagem se modifica, mas não agride ninguém. Finalmente lembra que " em certas ocasiões  pediu a Monteiro Lobato retirasse algumas expressões de seus herois, mas Lobato não cedia. Tratava-o como discípulo amado, mas não transigia em seus pontos de vista".

DEUS NOS FALA AINDA PELOS ANIMAIS

1. Globo online, 21/08 - Na Índia em plena rua uma mota atropela um filhote de macacos. Transeuntes atônitos veem um cão eufórico disparar em direção do acidentado, estirado no asfalto.  A macaca mãe não perde tempo. O instinto materno lhe triplica a coragem, lhe acelera as passadas. E num salto heroico, julgando-se com "toda a macaca" ,  monta no cangote do dito "amigo do homem", e aplica-lhe surpreendente dentada na jugular, salvando assim a vida da filhinha  recém-nascida. "Res mirabilis!"  2. Há cerca de 10 anos, oito da matina, ouço, da cozinha de minha casa em Minas, guinchos angustiados, repetidos sem pausa, por certo de  animal em apuros no interior de meu quintal. Da porta da cozinha, correndo de um lado para outro,  sobre o muro divisor do terreno vizinho, um senhor gambá que só podia ser um macho. Subo o terreno inclinado e descubro nítida, com o pescoço enganchado na forquilha de um galho de sabugueiro, a debater-se em desespero, a fêmea do macho em deplorável situação. Aproximando-me... cena de nunca se esquecer: o companheiro, de momento a momento, saltava sobre o galho que enforcava a agonizante e com uma das patinhas dianteiras acariciava a cabeça da amiga.  Com o auxílio de uma vara suspendi-a de imediato e o casal tomou rumo ignorado.  3. Foi na cidade de Tiradentes, Minas Gerais, onde  eu e minha esposa   esquecemos por uns dias a vida agitada do Rio. Pela manhã, depois de algumas voltas, retornávamos à pousada na praça principal. E aí, aguardando-nos na porta de entrada,  sempre nos assediava um vira-lata já habituado por nós a um petisco diário.  Um dia houve em que regressamos bem mais tarde à pousada. E além do mais nos detivemos na praça defronte, batendo, em pé, animado papo. De repente, sinto no sapato uns nervosos arranhões. Assustado, que vejo?  Os olhos do conhecido vira-lata, num brilho de enternecida súplica, feliz por me ter achado e mais ainda por  antegozar o habitual pãozinho de queijo!  "Canis panem somniat". Estou me lembrando de um poema de conhecido escritor brasileiro que fez tudo que pôde para se livrar de um cão chamado Veludo. Por fim  arrastou-o num barco, fora da barra,  e abandonou-o em meio às ondas. Chegando a casa, deu falta de preciosa joia, presente  de sua mãe. Na manhã seguinte, batem-lhe à porta. Assustado, abre-a. Era o Veludo que lhe solta da boca, aos pés,  a joia perdida no mar, caindo morto em seguida. Tenho uma irmã que sabia de cor toda a poesia que, por sinal, constava de quase vinte estrofes! 

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

"O  DIARIO" -  Belo Horizonte, 10/03/1945:  OS  SUBÚRBIOS  DE BERLIM  SOB  O  FOGO  DOS  CANHÕES  RUSSOS  --  Cabeça de ponte soviética no Oder - HITLER  visitou a frente oriental - ZHUKOV a 30 milhas da Capital Alemã - MOSCOU, 9/03 (Reuters) - A emissora local divulgou às primeiras horas de hoje que BERLIM está à vista das bocas de fogo da artilharia do marechal Zhukov, que ultima os preparativos para o ataque inicial à capital alemã  -  INICIADA  A  BATALHA  DE  BERLIM:  Londres, 09/03/1945 (A.P.) - Notícias chegadas de Moscou indicam que a batalha de  Berlim foi reiniciada com uma fúria sem precedentes ao longo de uma faixa de 175 milhas no Oder e no Niesse  --  ATAQUES  AMERICANOS  NA  HUNGRIA:  ROMA, 09 (AP)  -   Anuncia-se que formações de aviões pesados de bombardeio norte-americanos da 15. Força Aérea americana atacaram as comunicações alemãs ontem, concentrando-se na cidade húngara de Komaron, a pouco mais de 30 kms. das linhas soviéticas.  Todos os pátios ferroviários foram destruídos ou bloqueados, e a destruição de 40 composições ferroviárias.  Em Hgyashalon, na Hungria, e a 90 milhas a oeste de Budapest, os americanos destruíram linhas ferroviárias em numerosos pontos, danificando ainda diversos materiais rodantes.   COM  A  FORÇA  EXPEDICIOÁRIA  BRASILEIRA, 09 (AP) - Os alemães continuam a canhonear ocasionalmente o território recentemente ocupado pelos BRASILEIROS , mas a frente permanece relativamente calma. Vergato, apenas a 4 klm. a noroeste  de Castel Nuovo, parece ser o seu próximo objetivo.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

DOUTOR LEÔNIDAS CÔRTES

Faleceu na Casa de Saúde São José, no Rio,  no mês de junho de 2010,  o médico Dr. Leônidas Côrtes, natural de Curitiba onde nasceu em 1907. Veio para o Rio em 1927, concluindo aí o curso de medicina. A partir de 1929 começou a trabalhar na casa de saúde São José onde conheceu Dulce Monjardin com quem se casou em 1934. "Dulce foi uma dádiva de Deus em minha vida, não entendo como posso viver há mais de 10 anos sem sua presença física". Pela passagem de seu centenário de nascimento, em 2007, as irmãs da Congregação que tiveram a honra de conviver com ele no hospital, pelo período de 78 anos, puderam afirmar que "todos os dias, antes de ir para sua sala, doutor Côrtes faz uma pequena parada na capela de São José, na entrada do hospital. Ele conta que a relação com o hospital e com as irmãs fortaleceu sua fé que sempre foi grande". O Dr. Hélio Aguinaga, por 70 anos em contatos diários com o homenageado, no centenário da existência do Dr. Côrtes, assim se expressou, na saudação que lhe dirigiu: "Somos nós dois de uma era em que os homens eram movidos pelos mais nobres ideais, eram extraordinariamente éticos e cientificamente capacitados. É isto que está se tornando cada vez mais raro entre os homens de liderança deste país, o que faz temer que pessoas como Leônidas Côrtes estejam em fase de extinção". Conheci dois médicos obstetras de reconhecido valor moral e de invejável senso de humanidade que, em vida, sempre falavam com respeito e admiração sincera do tempo, e foi bastante longo, em que na Casa de Saúde São José conviveram com o Dr. Côrtes:  o Dr. Mario Melo e o Dr. Luiz Augusto Costa Guimarães, conveniados do Banco do Brasil. Por ocasião de seu centenário de nascimento, alguém se lembrou do jequitibá, árvore a maior da flora brasileira, planta de personalidade, de raízes com 30 metros de profundidade, irrigando e nutrindo a área ao redor do caule, para a saúde de toda a floresta. O jequitibá altivo, sólido, profundo, é símbolo de entrega, de caráter e de perseverança...  como o homenageado Dr. LEÔNIDAS  CÔRTES.  Desde o dia 25 de junho de 2010 seu corpo descansa, até o advento da ressurreição dos mortos, no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, na sepultura 7827 x A  -  Q. 7 - i.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

SERIA UM ADEUS À POLÍTICA?

Em seu artigo "Adeus À Política", na Folha de São Paulo de 18/o8/2010, Marco Antonio Villa expõe seu pensamento sobre a marca característica do atual processo eleitoral do país. Para ele "teremos desta vez a escolha do presidente da república através de eleições plenamente democráticas".  Com efeito, "a despolitização é uma marca da campanha" atual, sendo "o enfrentamento ideológico substituído pelas propostas de gerir uma casa, como se o espaço doméstico fosse a reprodução em miniatura do país. O liguajado familiar, prossegue o articulista, invadiu a política. Pai, mãe e filhos substituíram os temas clássicos", pauperizando-se assim o debate político. Tem procedência na realidade a descoberta nascida dos debates dos candidatos em geral de que o "vocabulário da casa grande, autoritárioi e coercitivo, tendo tomado conta dos dirigentes, iniciou-se um verdadeiro processo de despolitização  encabeçada pelo presidente Lula. Com isto, "eliminaram-se as fronteiras ideológicas. "As pesquisas qualitativas são mais importantes, para os candidatos, do que a política stricto sensu.  Villa julga que, por outro lado,  a oposição não foi capaz de construir  um discurso político, optando pelo conformismo. Ironicamente o mestre do Departamento de Ciências Sociais da UFSCar  atribui a ela até uma admiração pela despolitização. O trecho final de Villa é admirável: "Lula, entusiasmado, quis levar o "método" para o mundo. Foi um desastre, como no Oriente Médio.  O lulismo, como forma de fazer política, só dá no Brasil, como a jabuticaba".

terça-feira, 17 de agosto de 2010

A SEGUNDA GUERRA COMEÇA A 20/08/1939?

FOLHA  DE  MINAS, BH, 17/08/1939:  "A  GUERRA SERÁ INICIADA  A  20/08?"OSLO, 16 (U.P.)  -  O congressista norte-americano Hamilton Fish, que voou até aqui, depois de viajar a Alemanha, onde esteve com o ministro do exterior  do Reich, disse recear que a guerra europeia seja iniciada no dia 20 de agosto. As empresas industriais e comerciais receberam instruções para porem as suas organizações  em bases de eficiência tal que permita a conservação da capacidade de produção em caso de ser a Suissa isolada do resto do mundo por um bloqueio militar".  BERNA, 16 (A. N.) - O governo suisso pôs em prática medidas extraordinárias, estabelecendo o armazenamento de reservas alimentícias, como em tempo de guerra.  O Conselho Federal decretou hontem "em virtude  da gravidade da situação internacional, que todos os chefes de família deverão fazer abastecimentos especiais".  LONDRE, 16 (AN) - A OPINIÃO GERAL NOS CÍRCULOS DIPLOMÁTICOS É QUE HÁ  ALGUMA COISA NO AR, FAZENDO PREVER ALGUM PRÓXIMO DESENVOLVIMENTO, CONTRASTANDO, ASSIM, COM OS RUMORES DE UM PLANO DE PAZ.  VARSÓVIA, 16 (AN) - Uma fonte política disse que o fechamento de um trecho da fronteira  silesiana é apenas um  passo para a agitação e para a guerra de nervos que HITLER necessita para consecução dos seus objetivos.  Quinze dias depois, no dia 03/09/1939, o mundo já não seria o mesmo!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

ASSUNSÃO DA MÃE DE DEUS

15/08, Nossa Senhora da Glória, domingo  bastante frio no Rio, 18 horas. Da porta da igreja do Colégio Santo Inácio, em procissão, o celebrante deu partida para o altar. Eu conheço aquele sacerdote. Neto de um desembargador mineiro ex-caracense, tive certeza, quando na prática aludiu a viagens frequentes que faz a Friburgo. É, sim, o Padre Eduardo que conheci. O caminhar modesto, sem as mesuras de cumprimentos de cabeça  e sorrisos numa como que substituição da água benta preliminar ao sacrifício, dá início à eucaristia. Que piedosa, eloquente, cativante, produtiva aula de catecismo recebemos! Numa dicção de mestre tarimbado, atraiu logo a atenção da comunidade que não se desgrudou, silenciosa, atenta, das lições que transmitia numa linguagem simples mas rica de proveito doutrinal para os ouvintes. A seu pedido, acompanhamos no folheto as explicações  inteligentes e oportunas de palavras da Escritura com que ia erguendo aos nossos olhos a figura ímpar e privilegiada da Mãe de Deus. Com ele fomos à casa dos pais de São João Batista, este a seis meses  concebido saltando no ventre de Isabel,  prima da Mãe de Jesus. O casal e Maria num tititi sobre o futuro dos misteriosos nascituros. Mostrou-nos a Arca da Aliança com as tábuas da lei aí depositadas por Moisés, comparando a Mãe de Deus com a Arca  da Nova Aliança já portadora do Deus Humanado. Ensinou-nos  -  como nas aulas de catecismo de nossas infâncias  -  que o "Senhor" citado na Bíblia é Deus, não um puro título respeitoso aplicado aos idosos. Lembrou-nos que "bem-aventurada" quer dizer "feliz" e Ela era feliz porque era santa. Deteve-se bastante na explicação dos privilégios de Maria: concepção sem a mancha original, assunção aos céus sem a humilhação da morte. Padre Eduardo, anos passados o "Le Monde" levou na primeira página a homília feita por um padre, no dia da "Acensão do Senhor",  creio que na igreja de "Notre- Dame". Até hoje, quando me dá de encontrar  o jornal entre  velhos traços,  de novo me vejo relendo e meditando as benditas   lições improvisadas, mas adredemente com certeza preparadas, o que me fez pensar que sua homilia bem que merecia ser  guardada pelo redil para posterior meditação. Muito surpreendente e cristã e humana a recomendação que nos dirigiu no momento da paz: "Ao saudar  quem estiver à sua  direita e esquerda, lembre-se que é um filho ou filha de Maria!" E nem faltou no final da eucaristia o cântico mariano  de nossas rezas saudosas do mês de maio, do mês de Maria, das igrejinhas de nosso interior mineiro: "Com minha Mãe starei na santa glória um dia, junto à Virgem Maria no céu triunfarei! O DOGMA DA ASSUNSÃO  DE  MARIA  foi definido pelo Papa Pio XII no dia primeiro de novembro de 1950.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

SOU CATÓLICO, APOSTÓLICO, ROMANO

No Brasil, número considerável de pessoas, interrogadas sobre a religião que professam, respondem quase sempre: "Sou CATÓLICO, apostólico, romano".  O vocábulo "CATÓLICO" significa etimologicamente  "universal".  Encontramos a expressão no Símbolo dos Apóstolos, cantado na celebração da Eucaristia: " Creio na Igreja:  una, santa , CATÓLICA  e apostólica".  De tal modo essa nota caracteriza a religião pregada por Cristo que Santo Agostinho (354) , em seus escritos, em vez de "a Igreja", usava a palavra "A  CATÓLICA" por lhe parecer tão bem definir  essa qualidade, a universalidade, característica perfeita da sociedade cristã.  A catolicidade ou universalidade, com efeito, várias vezes foi empregada por Jesus para descrever o seu reino como universal, como católico portanto. "Recebereis, disse Ele,  a virtude do Espírito Santo que descerá sobre vós e me sereis testemunhas em Jerusalém e em toda a Judeia e na Samaria e até as extremidades da terra" (At.1,8).  A catolicidade ou universalidade é uma das notas ou características do "redil estabelecido por Jesus Cristo a cujas ovelhas ele conferiu meios bastantes e seguros de lhe encontrarem a porta", diz o Pe. Penido ("O Mistério da Igreja", pg. 197). "Cristo balizou o itinerário das almas em busca do aprisco, dotando a sua Igreja de qualidades bem manifestas, e além do mais, privativas dela, de sorte que é fácil o discernimento" (Leão XIII, Enc. "Libertas praestantissimum"), sendo uma dessas qualidades ou notas  a CATOLICIDADE. Quem diz que é CATÓLICO  está afirmando que pertence à Igreja fundada por Jesus Cristo e fundada,  por sua natureza,  para abranger absolutamente todos os homens, a humanidade inteira. Dizendo-se,  ademais, que é "APOSTÓLICO, o católico afirma que a Igreja Católica foi fundada por Jesus Cristo sob o pastoreio do APÓSTOLO  PEDRO e de seus SUCESSORES. "Se PEDRO  é o fundamento visível da Igreja, o APÓSTOLO e suas funções hão de se perpetuar em seus SUCESSORES, pois um edifício que perca seu fundamento desaba fragorosamente" (Dom Estêvão Bettencourt"). Finalmente o católico se afirma "ROMANO" ," porque São Pedro, chefe visível designado por Cristo, morreu em Roma como bispo desta cidade. Seus sucessores, bispos de Roma, continuam a desempenhar funções do primado (Dom Estêvão  Bettencourt, Curso de Teologia Fundamental). "IGREJA  ROMANA" e  "JESUS NAZARENO " são dois títulos paralelos entre si, que não restringem o âmbito do Cristianismo, mas vêm a ser genuínos ecos do mistério da Encarnação, que está no âmago da mensagem cristã". 

domingo, 8 de agosto de 2010

MECUM = ME + CUM = CUMECUM = COMIGO

MECUM  =  ME +CUM.  Todos conhecem estas expressões em latim: DOMINUS  (sit) MECUM,   DOMINUS  (sit)  VOBISCUM,  isto é,  o SENHOR  (ESTEJA ,sit, subentendido)  COMIGO,  o SENHOR  (ESTEJA, sit,  subentendido) CONVOSCO. Toda língua tem suas excentricidades ou esquisitices. A nossa língua pátria - na época da ditadura Vargas dizíamos Língua Pátria em vez de Língua Portuguesa - não foge da regra geral!  Assim sendo,  fenômeno estranho sempre me pareceu a tradução de MECUM,  TECUM,  SECUM,  NOBISCUM,  VOBISCUM, do latim,  pelas nossas expressões pronominais correspondentes COMIGO, CONTIGO, CONSIGO, CONOSCO, CONVOSCO. Explico-me:  tomemos a forma pronominal MECUM. O comentário sobre ela vale também para as duas formas pronominais  TECUM  e  SECUM; depois comentarei o caso das formas pronominais NOBISCUM  e  VOBISCUM.  MECUM compõe-se de ME  (em latim,  pronome pessoal oblíquo da primeira pessoa do singular)  com a preposição  CUM (que em latim, no caso da expressão MECUM,  é uma preposição regendo ME no caso ablativo).  Tem-se então MECUM  =  ME + CUM. Pela sua índole o Latim tem muita liberdade de distribuir as palavras numa frase, embora atendendo a certas regras. Daí na expressão MECUM, diferentemente de nossa língua, o pronome pessoal ME precede  a preposição CUM à qual se aglutina.  Nos primórdios de nossa língua era usada a expressão MIGO, tradução exata de MECUM, o C abrandando-se  em G.  O dicionário Houaiss observa que à expressão MIGO sucedeu a expressão "COMIGO",  possivelmente por ter ocorrido um uso pleonástico, repetido,  da preposição CUM (sob a forma de CO)  na posição prepositiva,  devido ao apagamento ou abrandamento da noção do CUM aglutinado pospositivamente sob a forma abrandada de G; é possível que tal uso pleonástico tenha ocorrido no latim vulgar CUMECUM,  dado o fato de ocorrer também no espanhol COMIGO e  no italiano antigo COMMECO . Assim se explica  por que MECUM, TECUM e SECUM nossa língua traduza por COMIGO, CONTIGO e CONSIGO. Resta explicar a origem de CONOSCO e CONVOSCO. Existiram as formas  nos começos de nossa língua NOSCO e VOSCO resultadas de NOS (em vez de NOBIS) + CUM  e  de VOS (em vez de VOBIS)   + CUM. Talvez por influência do que ocorreu com MECUM, TECUM e SECUM, embora não tenha  acontecido o abrandamento do C em G,  repetiu-se a preposição CUM antes daquelas  formas pronominais  NOSCO  e  VOSCO.  Daí:  CONOSCO, CONVOSCO. Em COMIGO, CONTIGO,  CONSIGO,  CONOSCO  e  CONVOSCO  o acento tônico  recai sobre a penúltima sílaba por serem sílabas longas em latim.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A PORTA ESTÁ ABERTA

De volta à casa, vejo a porta de um templo católico  aberta. Tremeluzindo lá no fundo, a minúscula lâmpada avermelhada me confirma a presença real ali de meu Deus. "PORTA  PATET", a porta está aberta!  Preciso, pois, falar-lhe, ouvi-lo. Ajoelho-me, benzo-me, procuro como que ocultar-me todo entre as minhas mãos espalmadas de um e outro lado do rosto. Não importa o lugar, se mais perto, se mais distante do sacrário. Sentado, em pé, de joelhos, entre Ele e nós não existe cerimônia.  Nem hora marcada. Nem lugar apropriado. Desligado de tudo em redor, meu espírito, minhalma O enxerga onde está, no sacrário, com seu corpo, sangue, alma e divindade como está no céu,  realmente presente, embora invisível aos meus olhos, mas milagrosamente ao alcance da fé que lhe voto.   "ADORO  TE  DEVOTE"... Com Santo Tomás me apresento, prestando-lhe o  tipo de  homenagem a que Ele, somente Ele, tem direito como senhor absoluto e único: meu ato de ADORAÇÃO!  A Ti, ó meu Deus,  me consagrando, "DEVOTE", humilde criatura  que sou!  Creio em Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo, na Trindade enfim, ali presente invisível, oculta,  "LATENS", que se esconde nas indumentárias que para redimir-nos tomou no seio virginal de tua e nossa Mãe, MARIA SANTÍSSIMA, a saber: o corpo, o sangue, a alma, tornando-Te um DEUS HUMANADO. Bem sei que, ressuscitando ao terceiro dia, e quarenta dias depois subindo aos céus transfigurado, não quiseste, contudo,  deixar-nos órfãos de Tua presença na terra. E criaste a EUCARISTIA!  E com as palavras "ESTE É MEU CORPO", "ESTE É MEU SANGUE" ,  pelo milagre da TRANSUBSTANCIAÇÃO  Tu Te Escondeste, "LATENS", deixando-Te, ocultando-Te na Eucaristia, sob as espécies do pão e do vinho,  em alimento para nossa vida espiritual e como nosso companheiro real mas invisível em nosso peregrinar em busca da pátria celeste. Daí nosso grito espontâneo e reconhecido depois da consagração na celebração da Eucaristia: "MISTERIUM  FIDEI!" "Mistério da Fé!"  Por isso é que Santo Tomás assim nos ensinou a rezar:  "Adoro Te devote, latens Deitas quae SUB HIS FIGURIS vere latitas". ESTAS  FIGURAS  são as espécies de pão e de vinho que pelo poder, concedido por Cristo, NAQUELE MOMENTO,  aos seus DISCÍPULOS,  de fazer o que Ele acabara de fazer, escondem, desde então,  o Deus Humanado, o Deus feito homem. Daí, repito, a exclamação espontânea de nossa fé: "MISTERIUM  FIDEI!"  Daí porque, enquanto permanecerem as espécies de pão e  de vinho (sabor, cheiro, tato, visão), "sob tais espécies"  Deus feito Homem está realmente ali presente. "MISTERIUM  FIDEI!",  mistério da Fé! Extasiado diante de nunca imaginados rasgos de amizade ou amor pelos seres humanos, a estes outra atitude não resta senão reconhecerem sua pequenez diante do todo poderoso e, se pudessem, aniquilarem-se diante de tanta generosidade por parte de DEUS. Esta a razão do final da prece do santo que nos ensina a meditar, a viver, a usufruir da presença real da JESUS CRISTO  no SACRAMENTO  DA  EUCARISTIA.  "Eu Te adoro, ó Latente Divindade, Que sob estas figuras bem Te escondes; a Ti meu coração todo se rende, Porque no contemplar-Te desfalece". "PORTA  PATET" lembra-nos a FÉ; "MAGIS COR", mais o coração de Deus, sussurra-nos um anjo!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

V I V E R É A D A P T A R - S E

ÁPERE , em Latim, é o infinitivo de um verbo que quer dizer  LIGAR. O SUPINO, forma nominal de todo verbo latino,  donde em português derivam várias palavras, é APTUM.  Está-se vendo que o nosso verbo  ADAPTAR  é composto de APTUM, supino de ÁPERE  (LIGAR),  e da preposição latina  AD que tem o sentido de JUNTO DE.  Em resumo: o verbo português  ADAPTAR  quer dizer AJUSTAR ou ACOMODAR uma coisa a outra (Houaiss): ad+aptum, donde o nosso verbo ADAPTAR. Cícero, em seu Diálogo sobre a Velhice, escreveu que "a velhice, longe de ser inativa e indolente, é ao contrário laboriosa, agindo sempre e retornando  com prazer às ocupações  de sua vida passada". Na esteira de seu dito e de seu exemplo, e tentando imitá-lo, tenho por vezes a veleidade de explorar certas ideias.  Quando aluno do Caraça, 14 anos de idade, fui um dos quatro ou cinco indicados pelo padre procurador (ecônomo) para podar uns pés de ficus-benjamins. A vaidade da honra não me deu, contudo, o dom da sabedoria para de pronto entender o que ouvi do orientador do serviço: "Jair, adapte bem o serrote!" Um colega mais velho e tarimbado na vida,  o João Saraiva,  veio de pronto ao socorro de minha cara de tacho e me ensinou na prática o que significava a ordem do Padre MontÀlvão. Nunca ouço ou leio esse verbo "adaptar", sem que me veja naquela embaraçosa situação. Este o preâmbulo - um terno muito folgado, por demais, para um corpo muito franzino - do que pontifiquei no título: "VIVER É ADAPTAR-SE" e que  logicamente deveria comentar agora.  O saudoso Padre Antônio da Cruz, nosso lente de Literatura no Colégio do Caraça, citando em seu livro "ARTE DA COMPOSIÇÃO E DO ESTILO", na seção Filosofia e Crítica Literária, o Padre Leonel Franca (1893-1948), transcreve o que deste sábio e santo jesuíta deixou-nos Jackson de Figueiredo (1891-1928):  "Tem cabeça filosófica tão segura como as melhores do velho mundo. Na sua "Historia da Filosofia" dá-nos um estudo da evolução da filosofia no Brasil". Como aos meus generosos seguidores cabem os ditos de Jackson de Figueiredo sobre o Padre Franca, fundador da PUC do RIO, confio-lhes a missão de, com exemplos, confirmarem a verdade do que consignei no título: "VIVER  É  ADAPTAR-SE". 

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O MARGINAL SUICIDOU!

Costuma-se fazer acompanhar esse verbo SUICIDAR do pronome pessoal SE:  "O MARGINAL  SUICIDOU-SE!"  Que há de estranho no caso? Parece-me que o emprego do pronome pessoal SE,  acompanhando o verbo,  constitui uma redundância, um pleonasmo. O verbo SUICIDAR, em sua composição, já traz embutido, em si,  o referido pronome pessoal sob a forma SUI:  SUIcidar. A outra parte do vocábulo, CIDA, deriva do verbo da língua latina  CAEDERE,  que significa MATAR.  SUICIDAR, portanto, quer dizer  MATAR A SI MESMO!  Mais lógico me parece, segundo esse raciocínio, dizer-se: "O MARGINAL SUICIDOU!", isto é, o marginal se matou. Não se justifica, assim, o emprego do pronome pessoal SE como complemento do verbo SUICIDAR que não requer um complemento para lhe completar  o sentido. SUICIDAR,  repito,  quer dizer: MATAR-SE!   Este verbo, por sinal, tem ainda algo  original: se  várias pessoas resolvem pôr fim à vida, não poderão dizer: "NÓS  vamos SUICIDAR ou SUICIDAR-NOS!"  ou "TU vais SUICIDAR ou  SUICIDAR-TE?" ou "EU ME SUICIDAREI".  Dar-se-ia um curto-circuito gramatical: NÓS ou NOS, TU ou TE, EU e ME  não se casam com SUI.  Sabemos que o pronome pessoal reto  correspondente a EU é ME; que o correspondente a TU é TE; que o correspondente a VÓS é VOS!  São esses aqueles  casos em que os citados pronomes  "hurlent de se trouver ensembles"! O dicionário "HOUAISS" classifica o verbo SUICIDAR como um verbo PRONOMINAL. Creio, porém,  que, empregado divorciado de qualquer tipo de pronome-complemento, ele deve ser classificado como um verbo intransitivo. São  considerações que exponho, SALVO MELHOR JUÍZO!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

SUPER DOMUM DOMINI GALLUS.

"MULTI   SUNT   PRESBYTERI  QUI   IGNORANT   QUARE  SUPER   DOMUM  DOMINI  GALLUS   SOLET   STARE.   QUOD   PROPONO   BREVITER   VOBIS EXPLANARE,   SI   VULTIS   BENEVOLAS   AURES   MIHI   DARE.   GALLUS   EST MIRABILIS   DEI   CREATURA   ET  RARA   PRESBY TERI   ILLIUS   EST  FIGURA  QUAE   PREEST   PAROCHIAE   ANIMARUM   CURA,   STANS  PRO   SUIS    SUBDITIS   CONTRA   NOCITURA.   SUPER   ECCLESIAM    POSITUS,   GALLUS   CONTRA   VENTUM   CAPUT   DILIGENTIUS   ERIGIT   EXTENTUM.   SIC   SACERDOS   UBI   SCIT   DEMONIS   ADVENTUM,   ILLUC   SE    OBJICIAT   PRO   GREGE   BIDENTUM.   GALLUS   INTER   CAETERA   ALTILIA   COELORUM   AUDIT  SUPER   AETERA   CONCERTUM    ANGELORUM.    TUNC   MONET   NOS   EXCUTERE    VERBA   MALORUM,   GUSTARE   ET  PERCIPERE    ARCANA   SUPERNORUM". " LÀMI  DU  CLERGÉ ", lembrando que, segundo os poetas, sendo o campanário  como um dedo a apontar para o céu, e  os sinos que ele abriga  como a voz de Deus, da Igreja, julgou oportuno, comentando um livro a respeito dos campanários, juntar  ao  texto o poema acima, peça curiosa do folclore das torres .

GALOS NAS TORRES DAS IGREJAS!

O  falecido jornal dos católicos mineiros "O DIARIO", de  13/08/1939, 20 dias antes do início da Segunda Guerra Mundial, perguntava na oitava página de seu Suplemento: "Por que há galos nas torres das igrejas?"  "L Àmi du Clergé", revista eclesiástica francesa, prontamente deu a resposta: a significação do galo de ferro, encimando os campanários, vem contada num poema latino da idade-média, de autor desconhecido. No galo o poeta descobriu o emblema do pároco vigilante, esclarecendo que na comparação  " parece não faltar um pouco de sal, apesar de terem os versos um sabor bem pouco virgiliano". Aqui vai a tradução do poema feita pelo Padre Aventino Machado. Aos interessados ofereceremos o texto latino, se desejarem. Eis a tradução: "Muitos padres ignoram por que se acha o galo sobre a casa do Senhor. Por isto me proponho explicar-vos brevemente se quiserdes dar-me atenção benévola. O galo é uma admirável criatura de Deus e uma rara figura do sacerdote que preside à cura das almas na paróquia, defendendo seus súbditos dos males iminentes. Colocado sobre a igreja, o galo tem a cabeça erguida atentamente contra a direção do vento. Assim o sacerdote, onde percebe  a vinda do demônio, ali se apresenta para defender o rebanho inexperiente. O galo é, entre as demais aves,  a que percebe o concerto dos anjos nas celestes regiões. E então nos ensina  a fugir dos maus conselhos, para ouvir as inspirações do alto!"

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

50 ANOS BEM MINEIROS E MARIANOS

Vindos de Portugal, por razões tão enigmáticas quanto são os deuses mineiros, um dia foram dar na Vila Nova da Rainha do CAETÉ dois misteriosos portugueses: ANTÔNIO DA  SILVA  BRACARENA  e  LOURENÇO  DE  NOSSA  SENHORA. Os habitantes "contaram-lhes o milagroso fato que se dera na vizinha povoação da Penha: uma menina, muda de nascença, vira, no topo da serra, a Virgem Mãe com o seu lindo Jesusinho nos braços e, vendo-a, começou  logo a falar. E a menina muda continuou a falar e a Virgem aparecida continuou a aparecer" ("Guia Sentimental do Caraça", p. 43). Movidos pela gratidão a Deus por terem chegado incólumes ao Brasil, deliberaram erguer um templo à Virgem nas alturas da serra que dominava a região. BRACARENA  queria o templo no pico da montanha. "Planejava um recolhimento de monges. Tinha a alma de um cartuxo. LOURENÇO   opinava pelo lugar chamado Cavalhada. Sonhava um centro de irradiação apostólica. Queria estabelecer  uma comunidade de missionários. Tinha a alma de um São Vicente de Paulo" ("Guia Sentimental do Caraça", p.44).  Separaram-se.  LOURENÇO  foi para a Serra do Caraça. BRACARENA  ficou na Serra  da Piedade.  A  BRACARENA  se deve o templo ali erguido bem como a imagem da Senhora da Piedade  que fizera vir de Portugal. Aberto em 13/04/1784 o testamento por ele deixado, soube-se que era viúvo de Maria da Conceição e pai de Ana Maria, casada com Manuel Rosa. Por ilação julga-se que o templo foi concluído pelo ano de 1770, pois o sino da igreja, em geral coroamento de semelhantes construções, registra essa data. Tantas foram as graças obtidas por intercessão de Nossa Senhora da Piedade desde a época em que Ela ali passou a atender maternalmente os romeiros que,sacramentando o  pedido dos bispos de Minas, o papa João XXIII (1881-1960) no dia 31 de julho de 1960 declarou NOSSA SENHORA DA PIEDADE  PROTETORA  DE MINAS GERAIS.