domingo, 22 de agosto de 2010

PALAVRÃO EM LIVRO PARA CRIANÇAS

Como há poucos dias correu na mídia o assunto: "PALAVRÃO  EM  LIVRO  INFANTIL  É  FALTA  DE  RESPEITO  À  CRIANÇA",  fui desenterrar do velho baú o pensamento de Vicente de Paulo Guimarães - o sempre idolatrado e nunca esquecido guru  dos anos de minha infância e adolescência,  VOVÔ  FELÍCIO. Pelos seus 73 anos o Jornal do Brasil, de 19/05/1979, estampou sintética e abrangente reportagem sobre o tio de Guimarães Rosa de autoria da  colunista Beatriz Bonfim. Citando o entrevistado, escreveu: "Acho que o palavrão deve ser evitado. Quando menino, também o conhecia, mas só xingava alguém quando estava na briga feia, para valer.  Acho que o autor deve respeitar a criança, como respeita um adulto em um discurso ou  em uma reunião familiar. Gostaria que me dissessem  como uma professora que recomenda a leitura de um desses livros "realistas" pode depois proibir seus alunos de se tratarem em classe por palavrões". Da correspondência com Monteiro Lobato Vovô Felício extrai  o seguinte: "Pouca gente acerta com a arte para escrever para crianças. Muitos forçam a nota da simplicidade, só conseguindo vulgaridade e pieguice. Mas você alcançou a justa medida. Está aprovado com grau 10". E voltando ao tema, Vicente  acrescentou que em "Menino de Rua", livro que escreveu, cujos personagens eram crianças carentes, nascidas de seu trabalho  no "Lar dos Meninos", em BH, a linguagem se modifica, mas não agride ninguém. Finalmente lembra que " em certas ocasiões  pediu a Monteiro Lobato retirasse algumas expressões de seus herois, mas Lobato não cedia. Tratava-o como discípulo amado, mas não transigia em seus pontos de vista".

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