domingo, 24 de novembro de 2013

" O   CONCÍLIO   DA   ÚLTIMA   CHANCE"

Em seu livro "Paz na era pós-cristã" Thomas Merton conta que, tão logo se pensou nos preparativos do Concílio Vaticano II, a Revista Francesa "Realités" apelidou-o num artigo repleto de intuições perspicazes de "O Concílio da Última Chance". Meio século passado constatamos que esse título provocativo talvez tenha até encorajado os católicos a se entregarem  ao grande movimento de renovação que o Papa João XXIII inaugurou com a abertura das janelas do Vaticano. Verdade é que propósitos ali elaborados encontraram obstáculos através dos caminhos percorridos, o que não é novidade pois a Igreja, embora divina, é constituída de seres humanos. Felizmente, para "gaudium magnum"o que no presente momento se vê é uma sadia conexão daquilo  que o papa Francisco vai realizando franciscanamente com o  pensamento do papa João XXIII que se diria "reincarnado" no atual papa. Seja como for, escreve Tristão (carta de 07/06/1963): "o que fez o nosso João XXIII ninguém poderá desfazer. Foi um novo Pio X mas voltado para o futuro e  não para o passado. UM SANTO  QUE  ABRIU O SÉCULO  XXI! E que deu a nota, o LÁ, para os sucessores, se quiserem ser fieis ao que ficou demonstrado ser a GRANDE  VIA  DA  IGREJA no mundo moderno, a da SANTIDADE com todas as suas implicações de participação na vida e não de evasão". A propósito: quão distante ficou desse pensamento profético de TRISTÃO a frase que  ele deixou gravada em carta sua de 16/06/1963 pronunciada pelo  cardeal Siri de Gênova sobre o pontificado de JOÃO XXIII:  "Serão precisos 40 anos para a Igreja recuperar o que perdeu em 4!" Comentário de Tristão (idem, ibidem): "Quando ouço uma frase dessas compreendo que esforço infinito é preciso para não odiar o próximo... E para cumprir a palavra e a lição de Jesus e de seu servo JOÃO... " O certo é que 40 anos se contam entre a época da morte de JOÃO  XXIII e a eleição do nosso papa FRANCISCO!

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

49   ANOS   SEM   KENNEDY   e   SEM   JÂNIO

Rio, 20/01/1964. Eis o que escreveu à filha  TRISTÃO  de ATHAYDE  dois meses depois da morte de Kennedy:  "Na data de hoje (20/01/1964), no ano de 1961, foi a posse de KENNEDY e foi também o dia da chegada do JÂNIO, que iria tomar posse no dia 31! Que coincidência!  E eu escrevi no meu diário nesse dia apenas a palavra "ESPERANÇA", duas vezes, assim: "Posse Kennedy! Esperança!!""Chega JÂNIO! Esperança!" Tenho até um arrepio quando, apenas três anos depois, penso em tudo o que houve. Kennedy assassinado, Jânio deposto por si mesmo (na frase que tanto irritou o meu eminente ex-amigo (Corção), hoje no Index...):  "Por terra as duas grandes esperanças desse dia 20 de janeiro de 1961! "Que tremenda lição! Lição de revolta  ou de conformidade? Evidentemente nem uma nem outra. Lição de aceitação plena da vontade de Deus e consciência de que todas as "esperanças" terrenas são frágeis e vãs como nuvens sem chuva... Tudo vão, vão, inútil. Por terra. O vento passou, a morte e a loucura levaram  as duas esperanças políticas do dia  20 de janeiro de 1961 e aqui estamos a 20 de janeiro de 1964, com os dois sucessores constitucionais  dessas duas grandes esperanças políticas, ambos medíocres, ambos legais, ambos vulgares, ambos de boa vontade, males menores - se quisermos -  mas sem nada, nada, nada daquilo que, nos horizontes universais, despertou o KENNEDY, com toda a sua juventude aberta e solar. E, no plano nacional,  esse moralizador imoral, que no auge da luta é apeado pelo clamor dos seus partidários da véspera, que esperavam nele um aliado a serviço dos seus  ideais retrógados e o desceram do pedestal onde ele não teve coragem de ficar, mostrando que realmente nào tinha a fibra que o jovem  assassinado de ontem tinha para dar! Tudo isso é o veu da decepção  que desceu sobre este meu fim de vida e só não altera a minha equanimidade porque há já muito (desde 1928) que não espero nada nem dos homens nem das instituições humanas e por isso mesmo vivo em perpétua  disponibilidade e numa paz interior que me consola do afastamento total de todos os meus amigos de outrora, sem contrair novos (essa última frase  taalvez seja exagerada e pessimista e portanto deve ser riscada).  O que quis dizer é que, abandonando os meus amigos da direita (ou sendo por eles abandonado), colocando-me (como quero colocar-me) acima da direita e da esquerda, não me incorporei a nenhum grupo de esquerda. E prefiro ser acusado - como foi Romain Rolland, quando em 1914 se declarou "au dessus  de la mêlée" - de diletantismo ou de pilatismo (lavar as mãos) do que de me deixar infiltrar pelo fanatismo! E todas essas decepções, na realidade,  só o são da boca pra fora, pois realmente nunca esperei nada do mundo e das coisas do mundo, ao menos desde 1928. E todas essas decepções, desde o Centro Dom Vital até o Kennedy,  tudo só faz confirmar, e de vez em quando atiçar o fogo autêntico da Fé,  que me  ensina a só  esperar de Deus. E Ele nos alimenta a Fé, precisamente com a lenha das decepções humanas".

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

50   ANOS   SEM   KENNEDY

Rio, 23/11/1963. "Ando aniquilado pela tragédia de ontem (o assassinato de JOHN F.KENNEDY em Dallas, no Texas), que em um segundo varreu do mundo um homem que eu só comparo a outro, JOÃO  XXIII. Apenas este tinha 83 (?) anos e Kennedy, pouco mais da metade, 46, e poderia fazer tanto pelo mundo se... não pensássemos...  na idade de NOSSO  SENHOR. Em 33 anos Ele fez mais pelo mundo  do que outro qualquer filho do mundo. E o nosso velho JOÃO o fez em 5 anos. De modo que o tempo em densidade compensa o tempo em extensão. Em 3 anos de governo e mais nos que os precederam, esse rapaz - com sua carinha de universitário garoto - fez mais pelos Estados Unidos do que qualquer outro presidente, equiparando-se a homens como Lincoln, Roosevelt, Washington - os maiores - e fatalmente seria reeleito. E para o mundo então?! Minha profunda consternação não é tanto ver morrer em plena mocidade uma flor humana como essa, ao lado da sua Jacqueline, que parece uma aluna do colégio Bennet, e com aquelas duas crianças maravilhosas de frescura, - é ver desaparecer 0 ÚNICO  campeão POLÍTICO daquelas mesmas ideias que, no plano espiritual, JOÃO  XXIII  lançou ao mundo. E vê-lo morrer assassinado por aqueles que representam  exatamente os ideais... opostos  -  do ódio, da intolerância, do racismo, da violência. É isso que me deixa aniquilado e só me consolo com o "nisi granum..." E a única explicação é essa.  Para que os grandes ideais triunfem  é preciso que os seus portadores diminuam, desapareçam, apodreçam, tenham eles 80 ou 40 anos. Uma vez lançada a semente, a planta morre, ou pelo menos a flor morre.  Está cumprida a sua missão. Será que aos olhos de Deus  estava cumprida a missão desse jovem e autêntico líder do mundo livre?  Aos olhos de Deus pode ser. Aos nossos, não!  E ao nosso coração, então,  como à nossa inteligência e às nossas convicções sociais é um abismo que se abre e é o caminho aberto à entrada do pior monstro que ameaça o nosso mundo: o FANATISMO.  Kennedy foi vítima  do fanatismo conservador e é esse fanatismo que encontra agora o caminho livre, sem ter pela frente esse jovem Siegfried da liberdade, da coragem, do diálogo, da simpatia e da inteligência irradiantes que ele encarnava como ninguém" (carta de Tristão de Athayde à filha freira Maria Teresa).

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

UMA   SENZALA   NO   CARAÇA

Neste  DIA  da  CONSCIÊNCIA   NEGRA, aprecie por oportuno este poema do PADRE  PEDRO  SARNEEL: 
"Olhando do patamar da igreja para a Casa das Sampaias vê-se no alto do seu quintal, que já foi delicioso pomar, uma RUÍNA. Um fragmento de muro da antiga SENZALA  DO  CARAÇA. Contempla, romeiro,  aquele destroço da escravidão. Lembra o passado. E canta um hino de louvor e gratidão aos NEGROS fortes e espadaúdos que deixaram  saudosos a costa da África, atravessaram, entulhados em porões, o imenso Atlântico. E vieram trabalhar e suar na construção do SANTUÁRIO da SENHORA  MÃE  dos HOMENS. Moravam lá onde ficou até hoje aquele alto e longo paredão que, graças a Deus, o tempo não desmoronou de todo,  para que nos faça lembrar ainda e cantar sempre a humilde mas real colaboração de piedosos escravos na formação e perpetuidade do monumento nacional que é o CARAÇA.  Tinham vindo de Angola e Bengala. Chamavam-se os primeiros Mamede e Mateus, João Pequeno e João Velho. E depois destes vieram outros.  E todos trabalharam muito. E a todos - narra o mais antigo cronista do Caraça - os padres do caridoso São Vicente de Paulo deram LIBERDADE. Repousam seus ossos onde estás pisando agora. À direita descansam os homens. À esquerda dormem as mulheres.  Adro sagrado da igreja serve-lhes de cemitério, ou antes de SENZALA bendita de onde hão de ressurgir um dia para irem  ao encontro do Cristo Libertador, em companhia de seus irmãos, os santos escravos Porfírio, Agrícola, Felicidade e Blandina.  Canta, bom peregrino, canta! São tão poucos os que celebram  as glórias dos ESCRAVOS  e lhes agradecem as obras.  Canta ainda, romeiro,  e ouve debaixo de teus pés as ossadas que se agitam, estremecendo de alegria... no gozo de sua LIBERTAÇÃO! ("GUIA SENTIMENTAL DO CARAÇA", PP. 178-179).

terça-feira, 19 de novembro de 2013

DOUTRINA   MONROE

Em razão dos tumultos que explodiam por toda a AMÉRICA LATINA a partir de 1830, ocasionados pelas insurreições nativistas que buscavam a independência de suas regiões do domínio do império espanhol e português, o CONGRESS0 NORTE AMERICANO aprovou em  1823 UM DOCUMENTO,  conhecido como "A  DOUTRINA  MONROE", pelo qual o  então presidente dos Estados Unidos, JAMES MONROE (1817-1825), defendia "A MÉRICA  PARA  OS  AMERICANOS".  Finalidade: impedir toda colonização europeia, promovendo assim a hegemonia dos EUA na região. Claramente ela se opunha à coligação ultra conservadora, plenejada no Congresso de Viena de 1815, constituindo-se numa ameaça sobre a América convulsionada em luta pela emancipação política. Ontem, 19/11/13, o secretário de Estado dos EUA,  JOHN   KERRY, discursando na sede da ORGANIZAÇÃO  DOS  ESTADOS AMERICANOS declarou que a era da DOUTINA  MONROE  não existe mais. Acrescentou que os vizinhos  hoje fazem "decisões como parceiros". Se, pela DOUTRINA  MONROE, os "Estados Unidos se declararam  protetores da região, exercendo sua influência para se opor à influência europeia, no longo discurso Kerry  salientou que essa era acabou. Finalizando, o secretário de Estado americano lembrou que, quando menos esperamos, a vida nos colocou um desafio para testar nossa coragem e nossa vontade de mudar, perguntando: "Teremos a coragem das escolhas duras e vontade de mudar?"

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

 SONO -  GRANDE   AMIGO   DO  CÉREBRO

 O funcionamento normal do cérebro EXIGE  a presença  de SONO,  e deteriora,  quanto mais tempo se passe ACORDADO. O sono é necessário para que os produtos do metabolismo potencialmente TÓXICOS do cérebro sejam eliminados. O cérebro adormecido tem como que uma torneirinha aberta pela qual as toxinas se espalham rapidamente pelo espaço intersticial: o volume situado do lado de fora das células por onde circula o líquido que banha as células recebe e expulsa tudo aquilo que elas excretam. Experiência  demonstrou  que a circulação de  líquido no espaço intersticial é MÍNIMA, é reduzida. Mas a transição para o SONO leva a um aumento de 60% desse espaço, aumentando muito a circulação do líquido intersticial. Resultado: a remoção de TOXINAS produzidas pelo FUNCIONAMENTO das células só acontece DURANTE O SONO. Em vigília, com pouca circulação as TOXINAS vão se ACUMULANDO.   DORMIR, portanto, após  horas acordado, deixa o CÉREBRO PRONTO, preparado, para começar tudo de novo, com a expulsão das TOXINAS, graças ao aumento da circulação do líquido intersticial que banha as células. Ausência de SONO suficiente produz fadiga mental, más decisões,  dificuldades de aprendizado, crises de enxaqueca, etc. (Folha de São Paulo, 12/11/13, "Faxina noturna").

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

BENDITO   SEJA  O  NOME  DE  DEUS!

Falei aqui ontem de uma carta escrita há exatos 4 anos, 08/11/09,  pelo caracense, ONOFRE  DE  FREITAS, poeta, professor universitário, membro da Academia Mineira de Letras, ser humano invejável, organizador da antologia "CARAÇA - NINHO DE ÁGUIAS". Poucos dias depois de anunciar para breve o parto da antologia, o bom Deus como a Elias o subtraiu da terra. E nada mais se sabe a respeito! Abro agora as "AS CARTAS  do PAI" do Tristão... que achado me traz esta "Beata solitudo"! Um artigo do Jornal do Brasil, de 08/11/83, escrito pelo recém falecido LUIZ  PAULO  HORTA:  "Cartas íntimas, cheias de dor, do alegre ALCEU"! Sob vários aspectos, alguém, tecendo o necrológio do Tristão,   julgou   PAULO  HORTA o único católico brasileiro dotado no momento da capacidade de substituir o nosso ALCEU. Nas FILIPINAS uma fotografia do que foi o dilúvio narrado na Sagrada Escritura, dizimando as FILIPINAS e ceifando milhares de irmãos nossos na fé - Filipinas são o país mais católico do mundo! E neste nosso Estado um casal que perdera duas filhas de doze  e sete anos soterradas nos temporais de Angra dos Reis há quatro anos, em substituição da Gabriela e da Giovanna  embala  no berço duas meninas e um menino! "DOMINUS DEDIT  DOMINUS ABSTULIT,  SIT  NOMEN  DOMINI  BENEDICTUM!!! 

sábado, 9 de novembro de 2013

O  PILOTO   DESAPARECEU!

"Belo Horizonte, 10/11/2009. Finalmente, concluímos a revisão de nossa antologia. O que nos preocupa agora é a edição gráfica do livro. Estamos trabalhando para isso. Havendo notícia positiva,  comunicaremos com a máxima alegria. Aguardem. Desejo a todos  Boas Festas. Feliz  Natal e Próspero Ano Novo extensivo a todos os seus Familiares! Cordialmente, Onofre de Freitas". Sempre que abro a gaveta à minha direita, o livro "CARAÇA - NINHO DE ÁGUIAS", alvissareiramente encadernado, me parece interrogar: "O Piloto continua desaparecido?" Em carta de 10/11/o9, poucos dias antes de falecer, através de modestíssima apresentação, ONOFRE DE FREITAS comunica que chegou ao fim a "grande obra"("grande opus feci"). Que, ocultando-se tímida e vicentenamente, confiou ao filho Sérgio Fernando de Freitas justificar a edição dessa antologia  de temas caracenses, "destinada a constituir um lugar para o reencontro virtual de vários colegas , os quais guardam na saudade os momentos mágicos de uma felicidade que não se repete. O caracense terá aqui um reencontro com o passado; o leitor sem experiência vivida no Caraça fará uma descoberta. Assim o desejamos; assim o esperamos por resultado dessa ousadia editorial de meu pai - o idealizador e organizador desta antologia".  Não quererá o filho de pai tão prendado das virtudes vicentinas ofertar aos mineiros essa antologia "Caraça - Ninho de Águias", o canto de cisne paterno, que cumprirá assim seu destino de pontuar o pouso onde vivem os ex-alunos e os amigos do Caraça, referência na saudade juvenil de várias gerações e convergência de valores morais e intelectuais que sedimentam o que se pode chamar de  nossa  "mineiridade"? Assim quem ousará dizer   que as Musas  não  visitam mais aquelas montanhas?

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

A   MAIS   VELHA   IGREJA de  MINAS

"Em  1704, na povoança de Raposos, ribeirinha do Guaicuí, perto do local onde canta o rumoroso ribeirão da Prata, na região do Sabará-Bussu, iniciou-se o levantamento da igreja de Nossa Senhora da Conceição, o MAIS  ANTIGO  templo de Minas, segundo Nelson de Sena. Como que se refletia na igreja levantada em pleno sertão na nossa terra  na estrada mais batida dos mineiros de Sabará e de Caeté o fausto deslumbrante  e que culminava na esplêndida magnificência da basílica da Mafra e outros templos suntuosos. A quadra era de abundância e de riqueza e os crentes eram liberais e generosos. E tudo era belo na igreja. E a bela matriz  triunfou na suntuosidade das missas pomposas e das festas deslumbrantes. O rodear dos anos, porém, trouxe a decadência do templo admirável. Desfizeram-se os ornamentos, abriram-se as paredes da matriz, seus altares se despovoaram. Era a derrocada de um encólpio venerando em cujos restos foi-se abrigar a poesia melancólica das ruínas. Ainda bem que não desapareceu completamente a igreja anciã. Restauraram-na os esforços de distintos sacerdotes e de moradores do lugar, como João Sabarense. A igreja de Raposos fala da quadra opulenta de outrora. Evoca a audácia esplêndida, a coragem quase mítica dos sertanistas bandeirantes. Lembra a crença inconcutível da geração antiga e em seus nichos, naves e abóbadas, refugindo ao tumulto em  poesia da vida moderna,  como que se esconde e plange de manso "a grande alma triste do passado". OROSIMBO  NONATO.
O  ESTADO DO ACRE  e   AFONSO  PENA

GUSTAVO FARNEZE, um dos juízes nomeados pelo presidente da Repúblca AFFONSO  PENNA (1906-1909),  quando da organização, em 1907,  da justiça  federal do ACRE,  para aí se transferiu juntamente com sua genitora. Desta  "partiu a lembrança singela da oferta da Imagem do Crucificado à primeira igreja do ACRE. A colocação no altar-mor da igreja de N. Senhora da Conceição realizou-se em 1908  com a bênção de Monsenhor Fernandes Távora, irmão de Dom Carloto Távora, bispo de Caratinga, MG. A essa homenagem seguiu-se outra.  Depois da morte de AFFONSO  PENNA a família do pranteado ofereceu ao juiz FARNEZE um dos retratos do ilustre ex-aluno do Colégio do Caraça, o qual foi  inaugurado no salão de honra dos despachos e audiências do Juízo Federal. Presidiu a essa festa de gratidão e saudade Dom Frederico Costa, bispo do Amazonas e Acre, então em viagem pastoral no Território" ("Album Catholico do Estado de Minas Gerais" - 1918, 1923). Em tempo: Affonso Pena, quando presidente do Estado de Minas (1892-1894) assistiu, no dia 20/11/1893, 120 anos atrás, à inauguração da luz elétrica e do telefone no Colégio do Caraça. O primeiro telegrama foi assim redigido para Ouro Preto, Capital do Estado: "À Redação do "Estado de Minas". Comunico-vos que hoje, às 11 horas  da manhã foi inaugurada a estação telegráfica do CARAÇA, assistindo desta estação o Exmo. Sr. Conselheiro, Presidente do Estado"("Caraça Ex-alunos e Visitantes", 1979, Pe. José Tobias Zico,C.M.).

terça-feira, 5 de novembro de 2013

ESCOTISMO   E   VICENTISMO

05/11/13. Tarde em busca de seus coloridos cariocas. Como que velando ainda aqueles  dos moradores do Rio que se foram,  o ambiente citadino nos envolve num gélido vento atemporal, ocultando-nos  a face de nosso  Redentor num bloco de espessas nuvens. Foi-se o inverno? chegou o verão? O centro da cidade em convulsão! Preparam-lhe uma face moderna... e em tempo, antes da presença da copa do mundo e das olimpíadas. Na minha caminhada matutina, na Rua Assunção entrei no edifício "DES ARTS", confiando ao simpático  porteiro o recado seguinte: "Diga ao filho que lhe furtei o jornal! "E de um salto galguei as montanhas de Minas e do pico das Alterosas lhe perguntei se conhecia o movimento dos Escoteiros. Antes que me respondesse, confessei-lhe: "A um escoteiro compete realizar  todo dia uma boa ação! Hoje  fiz a minha: roubei o jornal do meu filho!" Logo o Naldo abriu um sorriso buscado lá nos idos de uma infância saudosa, e me disse que também fora escoteiro. E juntos voltamos, a uns 70 anos eu, a uns 30 no máximo ele. E crianças entoamos, para em seguida revivermos  pedaços de um passado levado pelo  tempo:  "Ra-tá-plan do arrebol, Escoteiros vede a luz! Ra-tá-plan olhai o sol do Brasil que nos conduz!" Escotismo e Vicentismo! Duas sementes incrustadas no ser humano ao ser criado.  Ditosos nossos pais que cedo nos despertaram e incentivaram o amor à justiça no seu aspecto geral: dar à sociedade, à pátria, o que lhe devemos: o  patriotismo,  e no seu aspecto particular: a caridade, que regula  os direitos e deveres dos cidadãos entre si.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

O   DIES  IRAE   em   MELHOR   LATIM

Plange, plange, luctuosa  Turba moesta naenia! Iam videbis lacrymosa Drammatis proscenia. 
Ecce prodit ipse judex, Judicum ter maximus, Et tubarum clangor, index Et sonus novissimus.  Surge turba clausa bustis, Iam tribunal panditur.  Inde pravis, inde justis Digna merces redditur.  En refulget Crux, Sionis Judicis praenuntia:  En utrinque passioni Promicant insignia.  State cuncti, tu sinistram Hoede turpis occupa: Vos oves adite dextram, Nulla jam  saevit lupa. State sontes, state sancti Judicanti splendide.  Ecce sedit in  micanti Praetor altus sede Clara cujus ora fulgur,  Verba sunt tonitrua Iam sonabit grande murmur Justa redens singulis. Stipat  ala multa primi Praesidis subsellium; Quin verentur hunc et imi  Ordines rebellium.  Hic volumen proferetur, Quod patebit omnibus.  Quantus horror, cum legetur Clausa nova cordibus!  Noxa tristis, noxa dira, Nctis atra filia, Quam Tonantis plectet ira Ima torquens illa.In bilance nam severa Ponderabit crimina. Moxque ponet  sorte vera Omnium discrimina. Lucis hujus dum recordor Palleo supplex reus: Ad tribunal dum vocabor Parce, Quaesitor Deus. Contremiscam te sedente, Causa dum tractabitur.  Res agetur me tacente, Quae dein vulgabitur Rite causa quid peracta Sit futurum  nescio.  Namque Judex lite dicta Proferet sententiam. Ite, dicet criminosis, Ad profunda tartara. At venit - gloriosis - Ad suprema sidera (Carolus Verpaeus - in Dominus Tecum, curso alegre de latim).
DIES   IRAE  em  Melhor Latim

Chora, chora, ó turba triste, com lutuoso lamento. Já verás o lacrimável teatro do drama.  Eis avança o próprio juiz, três vezes o maior dos juízes.  E o clamor  indicativo das trombetas e o som último.  Surge multidão encerrada nos sepulcros, já se abre o tribunal.  Daí aos maus, daí aos justos, digna recompensa se dá. Eis refulge a Cruz, prenúncio do juiz de Sião. Eis a um e outro lado brilham à frente as insígnias da Paixão.  Surgi, todos,  tu, carneiro torpe, ocupa o lado da esquerda. Vós, ovelhas, ide para a direita, já nenhum lobo vos ataca. Surgi, pecadores, surgi santos em plena luz ao que está julgando. Eis que está assentado em um assento brilhante o alto Pretor.  Cujo claro rosto é raio e as  palavrs são trovões. Já soará um grande rumor, dando a cada um justas recompensas. Uma ala numerosa se aglomera junto do assento do supremo Presidente. Mais ainda, temem-no também  as ordens inferiores dos rebeldes. Aqui então será apresentado um livro, que estará patente a todos.  Quanto horror, quando for lida a culpa oculta nos corações! A culpa triste, a culpa cruel,  filha escura da noite, que a ira de Deus atingirá oprimindo os íntimos flancos. Porque numa balança severa pesará os crimes. E logo estabelecerá com justo quinhão as diferentes responsabilidades de todos. Quando me lembro desse dia empalideço como um réu suplicante. Quando for chamado ao tribunal, perdoa, Deus investigador.  Estremecerei todo quando estiverdes sentado, quando se fizer o juízo.  Uma causa se tratará, estando eu calado,  que depois se divultigará. Ao certo o que há de ser, terminada a causa, não o sei. Porque o juiz, exposta a questão, proferirá a sentença. Ide, dirá aos criminosos, para os profundos infernos. Mas vinde, dirá aos gloriosos, para os supremos astros (Dominus tecum).
TRISTÃO  DE   ATHAYDE   E   O   CELIBATO SACERDOTAL

Não se supõe mais proibido discutir-se, hoje em dia, sobretudo após a elevação de Francisco à  sede episcopal de Roma,  sobre o celibato sacerdotal. Confesso que, leitor assíduo e cativo de Tristão de Athayde, só encontrei entre seus escritos um trecho em que toca no assunto. E no caso para recriminar quem em nosso país ousou encabeçar um movimento em favor da abolição do voto de castidade como condição para um homem ordenar-se sacerdote. Numa carta de 23/07/1928, dois meses antes de se converter ao catolicismo, eis o que disse a Jackson de Figueiredo, seu mentor espiritual: "É curioso, eu me sinto mais católico, quando leio essas revistas que me seduzem  doidamente ( refere-se à revista "cultura", de um filho "rubro leninista"de João Mangabeira), do que quando leio jornais católicos "nossos". Se minha volta à Igreja se tivesse dado 10 anos atrás, quando eu era só, sem compromissos, sem encargos, sem responsabilidades, talvez pudesse fazer mais por ela". E revoltoso, parece-me: "E o Padre FEIJÓ queria suprimir o celibato! Que criminoso! E como é sábio o Vaticano! Só o homem solitário pode ser heroico e santo mesmo!" Talvez espante hoje o pensar então do nosso mestre Alceu. Que pouco antes de deixar-nos assim aquietou Geneton numa entrevista: "...foi Chesterton o primeiro escritor depois de minha conversão...eu vivia ainda sob o signo  da autoridade que marcou aquela conversão. Só descobri a minha liberdade depois de minha  re-conversão. Converti-me pela mão de um autoritário que era JACKSON DE FIGUEIREDO, um autoritário que se dizia reacionário,   mas era no fundo um revolucionário às avessas. Mas logo em seguida, entre 1928 e 1938, passei a ver na Igreja, não uma mestra  de autoridade, mas um estímulo à Liberdade. Eu me converti sob o signo da autoridade e me reconverti  a partir de 1940 a um espírito  de liberdade". Amanhã, FINADOS, no São João Batista, no Rio, à porta da arca sagrada que lhe vela o corpo à espera da re-união com sua santa alma, gostaria de ouvir sua opinião sobre o CELIBATO SACERDOTAL.