quinta-feira, 21 de novembro de 2013

50   ANOS   SEM   KENNEDY

Rio, 23/11/1963. "Ando aniquilado pela tragédia de ontem (o assassinato de JOHN F.KENNEDY em Dallas, no Texas), que em um segundo varreu do mundo um homem que eu só comparo a outro, JOÃO  XXIII. Apenas este tinha 83 (?) anos e Kennedy, pouco mais da metade, 46, e poderia fazer tanto pelo mundo se... não pensássemos...  na idade de NOSSO  SENHOR. Em 33 anos Ele fez mais pelo mundo  do que outro qualquer filho do mundo. E o nosso velho JOÃO o fez em 5 anos. De modo que o tempo em densidade compensa o tempo em extensão. Em 3 anos de governo e mais nos que os precederam, esse rapaz - com sua carinha de universitário garoto - fez mais pelos Estados Unidos do que qualquer outro presidente, equiparando-se a homens como Lincoln, Roosevelt, Washington - os maiores - e fatalmente seria reeleito. E para o mundo então?! Minha profunda consternação não é tanto ver morrer em plena mocidade uma flor humana como essa, ao lado da sua Jacqueline, que parece uma aluna do colégio Bennet, e com aquelas duas crianças maravilhosas de frescura, - é ver desaparecer 0 ÚNICO  campeão POLÍTICO daquelas mesmas ideias que, no plano espiritual, JOÃO  XXIII  lançou ao mundo. E vê-lo morrer assassinado por aqueles que representam  exatamente os ideais... opostos  -  do ódio, da intolerância, do racismo, da violência. É isso que me deixa aniquilado e só me consolo com o "nisi granum..." E a única explicação é essa.  Para que os grandes ideais triunfem  é preciso que os seus portadores diminuam, desapareçam, apodreçam, tenham eles 80 ou 40 anos. Uma vez lançada a semente, a planta morre, ou pelo menos a flor morre.  Está cumprida a sua missão. Será que aos olhos de Deus  estava cumprida a missão desse jovem e autêntico líder do mundo livre?  Aos olhos de Deus pode ser. Aos nossos, não!  E ao nosso coração, então,  como à nossa inteligência e às nossas convicções sociais é um abismo que se abre e é o caminho aberto à entrada do pior monstro que ameaça o nosso mundo: o FANATISMO.  Kennedy foi vítima  do fanatismo conservador e é esse fanatismo que encontra agora o caminho livre, sem ter pela frente esse jovem Siegfried da liberdade, da coragem, do diálogo, da simpatia e da inteligência irradiantes que ele encarnava como ninguém" (carta de Tristão de Athayde à filha freira Maria Teresa).

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