quinta-feira, 27 de setembro de 2012

CARTUXA DE DOM VIÇOSO

CARTUXA  DE  DOM  VIÇOSO  é o nome dado a uma casa na cidade mineira de Mariana onde o bispo da diocese, DOM ANTÔNIO  FERREIRA  VIÇOSO (1787-1875) fazia suas orações e escritos, enquanto buscava forças para seu zelo de pastor da Igreja. A CARTUXA, nome de uma ordem religiosa de grande austeridade fundada por São Bruno em 1066, merecidamente se aplicou ao sítio donde o santo bispo administrou seu rebanho e veio a falecer no dia 07/07/1875. Em comodato a área onde fica a Cartuxa de propriedade da Congregação dos Padres Lazarstas está sob a responsabilidade da arquidiocese de Mariana.  Durante a Semana Sata costuma-se celebrar  a Via-Sacra desde a catedral metropolitana até ao alto do morro da Cartuxa. "A primeira vez que se ouviu em Minas o nome do padre VIÇOSO  foi na Serra do Caraça, no morro chamado Cruz das Almas. Foi aí que na pascuela  de 1820 o receberam de joelhos e mãos postas, como anjos adoradores dois velhos escravos caracenses do já então falecido IRMÃO  LOURENÇO" ("GUIA SENTIMENTA DO CARAÇA", PADRE PEDRO SARNEEL). "A causa de beatificação do Servo de Deus Dom Antônio Ferreira Viçoso foi introduzida em Roma em 1986. Em 2002 o Vaticano julgou a biografia e seus complementos como uma base suficiente para que os consultores teólogos possam pronunciar-se sobre a heroicidade das virtudes de Dom Viçoso. Assinado o decreto sobre essa heroicidade, Dom Viçoso passará a venerável. Com o reconhecimento de um primeiro milagre, obtido por sua intercessão, será declarado  Beato ou Bem-Aventurado. E com um segundo milagre será canonizado, isto é, declarado Santo" ( "Guia Sentimental do Caraça").

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

DOM VIÇOSO E A ESCRAVATURA NO BRASIL

EDUARDO  HOORNAERT, em seu artigo O  QUE  ESTÁ  ACONTECENDO  COM  O CATOLICISMO?  procura mostrar que a IGREJA está perdendo na America Latina o "trem da historia". Depois de comentar a "falta de apoio da Igreja" a libertadores nacionalistas como Simon Bolivar, quando  ao contrário  se sabe que bispos continuaram  a recomendar obediência a um detestável regime colonial espanhol de  exploração,  HOORNAERT cita o caso da abolição da escravatura. Joaquim Nabuco chegou a pedir o apoio do papa a favor  dos escravos brasileiros. Sem ser atendido, recorreu aos maçons, "pessoas suspeitas então aos olhos dos católicos".  Assim, o BRASIL foi o último a abolir a escravatura, em 1888.  Em seu livro "CONGREGAÇÃO  DA MISSÃO NO BRASIL", o autor, PADRE JOSÉ TOBIAS ZICO, C.M., lembra a propósito que sempre se encontram justificativas a favor e contra certas atitudes ou ideias. E escreve que, tratando-se do assunto escravatura, "no século XIX temos uma prova clara nos dois  fundadores do Colégio do Caraça. O primeiro Diretor, Padre Leandro Rebelo Peixoto e Castro, chegou a escrever  um opúsculo defendendo a legitimidade da escravatura no Brasil e a necessidade do  tráfico de negros da África. Já o o seu companheiro, depois também diretor do Caraça, o Padre Antônio Ferreira Viçoso, não concordou com a tese de um "respeitável eclesiástico da Província de Minas, e se viu obrigado em consciência a refutá-lo, escrevendo em 1840 o opúsculo intitulado  "Escravatura Ofendida e Defendida". Isto, 50 anos antes da "Lei Áurea". Padre Viçoso rebateu energicamente as ideias do Padre Leandro". O  santo bispo de Mariana, Dom Viçoso, e o Padre Leandro eram dois sacerdotes lazaristas portugueses que, aportando no Brasil, em 1820, foram encarregados por Dom João VI a tomar posse das terras do Caraça, tendo imediatamente fundado o COLÉGIO DO CARAÇA. Padre Leandro foi o primeiro diretor do Colégio, tendo sido aluno em Portugal  do Padre Viçoso. E sabe-se que Dom Viçoso, bispo de Mariana, teve que enfrentar pessoas importantes, interessadas na escravatura e toda uma sociedade então "visceralmente racista". Dom Viçoso morreu na Cartuxa de Mariana aos 07/07/1875 com 88 anos. Seu afilhado e sucessor na Diocese, Dom Sivério Gomes Pimenta, escreveu-lhe a biografia e começou o processo de sua beatificação e Dom Oscar de Oliveira continuou. O povo mineiro espera para breve a beatificação do grande bispo lazarista DOM  ANTÔNIO   FERREIRA  VIÇOSO.

domingo, 23 de setembro de 2012

PADRE JOÃO SARAIVA

Ultima referência guardada por mim do nosso Saraivinha: surpreso pela chegada inesperada ao Caraça, em 1957, do nosso aealaciano falecido meio ano atrás, José Nilo de Castro, assim este gravou a cena ao ser recebido pelo padre disciplinário de então: "Era para você vir em julho, mas como está aqui com todas as roupas e papéis necessários, pode ficar, preguicinha". Encarrego assim o NILO, ao abrir esta modesta homenagem ao amigo Saraivinha, de apontar em sua autobiografia uma das mais transparentes caraterísticas do modo de ser do PADRE JOÃO CARNEIRO SARAIVA, pois era assim "que costumava carinhosamente dirigir-se a alunos" ("Hei de vencer", pp.42). Convivi com o Saraivinha no Caraça e Petrópolis tempo suficiente, seis anos, para não esconder a emoção com ausência entre nós do apostólico  caracense que foi para os contemporâneos exemplo de seminarista e de padre segundo o coração de São Vicente. Durante o tempo de sua preparação ao Sacerdócio a ele se confiava toda atividade de natureza espiritual. No Caraça, exerceu o exercício de cerimoniário por largos anos, de presidente da associação dos Filhos de Maria e do Apostolado da Oração. Com os colegas teve um trato sempre de muita afabilidade, de solidariedade, de paciência. Daí o ter sido todo ano agraciado com o prêmio de procedimento. Foi um modelo de apostólico no Caraça. Em Petrópolis, no noviciado e nos estudos, amadureceu em contato imediato com o espírito vicentino na prática de todos aqueles requisitos para ser um santo sacerdote lazarista, como de fato o foi. Neste momento de saudade pela ausência do  amigo, amizade septuagenária, consola-me o trecho de uma carta escrita pelo Saraivinha ao Padre Lauro Pallu com o seguinte recado para mim: "Obrigado pela feliz iniciativa de me presentear com um livro do Jair (Antes que anoiteça"). Sempre é tempo de reconhecer sua sensibilidade amiga, sabendo que me tornaria muito feliz  neste contato com o Jair. Por mim abrace o Jair".

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

PADRE LAGE (1917-1989): "O padre do diabo"

Em carta de 09/07/1964 à filha madre Maria Teresa TRISTÃO DE ATHAYDE escreve que ficou sabendo da prisão do PADRE LAGE (1917-1989) "contra expressa determinação LEGAL, se é que há lei agora, que não seja o arbítrio da milicada, ëm nome da moral e da revolução saneadora, pela regeneraçào do Brasil"e contra outras patacoadas de moda com o terço na mão direita eo relho na esquerda. Além dist, contou que um jovem comunista preso com os estdantes católicos diera que estava com sua fé materialista abalada "por ver aqueles estudantes católicos sofrendo prisão por um ideal de justiça, e que não fora essa a Igreja de que tinha ouvido falar". Como em 1917 (tempus volat) ocorrerá o centenário de nascimento do padre FRANCISCO LAGE PESSOA, autor do livro autobiográfico "O PADRE DO DIABO", aqui vão adiantados alguns dados de sua vida pouco conhecida. Nasceu em FERROS-MG, 18/03/1917. Estudou com os lazaristas em Mariana e Petrópolis, ordenando-se padre em 22/04/1942. Professor em seminários em tempos de muita crise no meio eclesiástico, criou problemas para si e para seus superiores, na interpretação do que o papa JOÃO XXIII  chamaria de "sinais dos tempos". Líder de massas, abraçou a teologia da libertação  causa de sua punição. Com o golpe militar de sessenta, foi preso e torturado.  Beneficiado por "habeas-corpus", foi condenado e  obrigado a exilar-se na embaixada do México.  Perseguido também no exterior, foi ameaçado de expulsão e constrangido pela própria Igreja oficial a deixá-la em paz com os seus ritos e sua aliança com o Poder. Vinte anos depois voltou para o Brasil, agora casado, com mulher e filho  mexicanos. Aderiu em Minas ao PDT, partido de Brizola. Em 1986 canddidatou-se a senador federal por Minas. Sem quase  fazer campanha, obteve setecentos mil votos, desmentindo assim o mito de que brasileiro esquece o passado. No início de 1988 trocou o PDT pelo PT, tendo-se candidatado a vereador no munucípio de Belo Horizonte, onde faleceu em 1989.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

SÉCULO XXI na VISÃO de JORGE de LIMA

ESTRANGEIRO, ESTRANGEIRO. E quando os assírios acabaram de brigar com os caldeus, enterraram os mortos; e outros povos começaram a brigar pela posse da terra; mas antes do dia findar, filisteus, hebreus, persas, gregos, árias, romanos, africanos, russos, espanhois, chineses, japoneses brigaram, brigaram. E houve paz para enterrar os mortos. E nem o Sinédrio, nem os Conselhos, nem a Liga das Nações nada fizeram, nada resolveram, nada adiantaram. E houve paz para enterrar as ligas. E rebentaram na carcaça do mundo 50 revoluções simultâneas para salvar o HOMEM e garantir a PAZ. E deram inúmeros prêmios nobeis a vários chanceleres e cantaram hinos a várias democracias, a vários grandes CONDUTORES; e as POLÍCIAS continuaram a espancar os sonhadores. E os generais ganharam grandes soldos para defender as Pátrias. e houve BOMBAS em várias partes do globo; e ainda ontem num morro do mundo a TÍSICA devorou várias moças, e os vermes continuam a se alimentar de crianças órfãs. A MASSA tem fome, o uivo da humanidade é mais doloroso DE NOITE. A superfície da terra continua do tamanho de uma COVA. ESTRANGEIRO que passais, sois tão novo e tão velho quanto eu sou. A mesma inquietação e a mesma decepção nos arrazam os olhos.ESTRANGEIRO, as nossas NAÇÕES, apesar de nossa amizade, continuam isoladas e inimigas como em MESOPOTÂMIA; E AINDA HÁ ENTRE ELAS RAÇAS IRRECONCILIÁVEIS.

HOJE, EM NÁPOLES, FERVE O SANGUE

NESTE DIA FERVE O SANGUE DO BISPO

No ano de 305 o bispo católico JANUÁRIO, bispo de Benevento, juntamente com alguns copanheiros, foi condenado às feras no anfiteatro de Pozzuolli por ordem do Imperador Diocleciano. Como o juiz se tivesse atrasado para o evento, JANUÁRIO foi dacapitado e seu sangue, depositado em dois cálices, foi colocado diante do túmulo do mártir cristão. Um século mais tarde, quando da transladação do corpo do bispo SÃO JANUÁRIO para Nápoles, no momento da cerimônia uma senhora entregou ao Bispo João os dois cálices com o sangue de JANUÁRIO. Como garantia da afirmação da mulher de que se tratava de fato do sangue do mártir, o sangue logo ferveu, se liquefez aos olhos de todos os circunstantes. Anualmente esse fato se repete em dias determinados: na véspera do primeiro domingo de maio, no dia 16 de dezembro e hoje, 19 DE SETEMBRO.E isto desde 1329.Para testar o fato, em 1986 seis médicos especialistas, acompanhados de mais 80 colegas de todo o mundo, após exames acurados, concluíram tratar-se de sangue realmente humano. SÃO JANUÁRIO é considerado pelos napolitanos como protetor contra flagelos da peste e erupções do vulcão Esúvio. A devoção dos napolitanos ao seu bispo mártir fez com que a IGREJA CATÓLICA apoiasse os fieis a celebrarem sua memória desde 1586, no dia 19 de setembro. O Concílio Vaticano II confirmou esta data.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

RAZÕES PARA USAR SEU DIREITO DE VOTAR

Oferecidas na FOLHA DE SÃO PAULO, de 14/09/12, pelo petista FREI BETO:
1 - Época de eleição, época de emoção: RAZÃO ENTRA DE FÉRIAS!
2- O tom varia do palavrão à desqualificação da árvore genealógica do candidato, à veneração acrítica de quem o julga perfeito
3- Um terceiro grupo insiste em se manter indiferente: os candidatos são todos corruptos, demagogos, mentirosos, aproveitadores ou tudo ao mesmo tempo!
4-Não há saída, porém. Ficar indiferente é passar um cheque em branco ao candidato vitorioso: governo e estado são indiferentes aos nossos protestos individuais.
5-Estamos sujeitos ao GOVERNO, do nascimento à MORTE. Ficar indiferente à política tem um preço: ser refém do GOVERNANTE da vez!.
6 - Ao nascer, o registro segue para o Ministério da Justiça; vaticinados, ao da Saúde; ao ingressar na escola, ao da Educação; ao arranjar emprego, ao do Trabalho; ao tirar habilitação, ao das Cidades; ao aposentar-se, ao da Previdência Social; ao morrer-se, retorna-se ao Minist;erio da Justiça. Em tudo há Política: para o bem ou para o mal.
7 - O Brasil é o resultado das eleições de outubro: os que governam são escolhidos pelo VOTO de cada ELEITOR.
8 - Faça como o ESTADO: deixe de lado a emoção e pense na RAZÃO. AS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS SÃO MOVIDAS POR POLÍTICOS e pessoas indicadas por ELES. Todos os FUNCIONÁRIOS são nossos empregados. A nós DEVEM PRESTAR CONTAS.
9 - A AUTORIDADE É A SOCIEDADE CIVIL. Exerça-a! Não dê seu voto a corruptos nem se deixe enganar pela PROPAGANDA ELEITORAL.
10 - VOTE NO FUTURO MELHOR DE SEU MUNICÍPIO. Vote na JUSTIÇA SOCIAL, na qualidade de vida da população, na CIDADANIA PLENA.
11- Razões muito republicanas oferecidas por CARLOS ALBERTO LIBÂNIO CHRISTO, Frei Beto, assessor de movimentos sociais e autor de "Calendário do Poder" (Rocco), entre outros livros.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

RIO + FLORIDO

Cheguei muito atrasado. Só hoje a competição instituída pela prefeitura local em favor de um RIO + FLORIDO me explicou a razão da existência de pequenas placas artísticamente coloridas nos entornos de uma pracinha em Botafogo, situada no encontro da Rua Eduardo Guinle com a Praça Radial Sul. Quinze dias atrás cerca de trinta pessoas à frente de uma agitada gurizada, empunhando canhestramente instrumentos de jardinagem, sob a liderança do LAGE ,que ali mantém minifloricultura, aderindo ao chamado da prefeitura: "ESTE JARDIM É CARIOCA COMO VOCÊ. CUIDE!" transformavam a fisionomia do ambiente, povoando os canteiros de mudas de plantas ornamentais, embelezando as ruas: os corredores de nossa CIDADE MARAVILHOSA, que é nossa morada, a casa por nós escolhida. Fixando, por vezes, o olhar longinquo da figura solitária do nosso poeta maior, Drumond de Andrade, parece-me ler-lhe no pensamento trechos outrora sonhados em "LEMBRANÇA DO MUNDO ANTIGO": "Clara passeava no jardim com as crianças. O céu era verde sobre o gramado. A água era dourada sob as pontes. Outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados. O guarda-civil sorria. Passavam bicicletas, a menina pisou a relva para pegar um pássaro. O mundo inteiro, a Alemanha, a China, tudo era tranquilo em redor de Clara. As crianças olhavam para o céu, não era proibido. A boca, o nariz, os olhos estavam abrtos. Não havia perigo. Clara tiha medo de perder o bonde das 11 horas, esperava cartas que custavam a chegar. Nem sempre podia usar vestido novo. Mas passeava no jardim pela manhã! Havia jardim, havia manhãs naquele tempo". Sizudo, Drumond nos sussurra: ESTE JARDIM É CARIOCA! CUIDE!!!

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

TRÊS MINISTROS MINEIROS NEGROS NO STF

PEDRO LESSA = Primeiro ministro do STF afro-descendente, nomeado pelo presidente da república Afonso Pena em outubro de 1907 ministro do STF, rompendo paradigmas e preconceitos que ainda permeiam a sociedade brasileira. E isto 20 anos apenas, depois de abolida a escravatura no país. Nasceu no SERRO, Minas Gerais, em 25/09/1859, formando-se em direito em São Paulo em 1883. Membro da ABL em 1910, tendo sido recebido por Clóvis Belvilacqua. Seus votos no STF foram decisivos para a implantação do "habeas-corpus", possibilitando a criação do "mandado de segurança". Faleceu o Rio de Janeiro no dia 25/07/1921.

HERMENEGILDO RODRIGUES DE BARROS = De JANUÁRIA, MG, nasceu em 31/08/1866. Fez as Humanidades no Colégio do Caraça, MG, e os preparatórios no Rio. Formou-se em Direito na Faculdade de Direito de São Paulo em 1886. Exercia a promotoria pública em Januária, quando foi nomeado juiz de direito de Carmo de Paranaíba, depois removido para Bonfim, MG, (1897-1898). Transferido para Palmira ( Santos Dumont), depois para a cidade de Ubá. Em setembro de 1903 o presidente de MG promoveu-o por merecimento ao Tribunal da Relação em setembro de 1903. Quando presidente desta corte foi nomeado Ministro do STF (22/06/1919). Criada a Justiça Eleitoral em 1933, exerceu o cargo de seu primeiro presidente. Ao se implantar o Estado Novo por Getúlio Vargas, foi aposentado compulsoriamente.

JOAQUIM BARBOSA = Nasceu em Paracatu, MG, em 07/10/1954. Desde os 16 anos em Brasília, trabalhou na gráfica do Correio Brasiliense, estudou em colégios públicos, cursou a Universidade de Brasília onde obteve o mestrado em direito público e foi oficial de chancelaria do Ministério das Relações Exteriores. Conquistou por concurso o cargo de Procurador da República, estudou na França (4 anos), com mestrado e doutorado em direito público naUniversidade de Paris (1990-1993). Procurador e professor concursado na Universidade do Estado do Rio. Fala fluentemente o francês, o inglês, o alemão e o espanhol. Toca violino e piano desde os 16 anos.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

CORÇÃO, UM DOS CONVERTIDOS DO SÉCULO XX

GUSTAVO CORÇÃO (1896-1978), escritor carioca de estilo chestertoniano, convertido, quarentão, ao catolicismo, no livro DEZ ANOS, em texto engrandecedor de narrador e narrado, carinhosamente descreve um fato ocorrido entre ele e o colega de trabalho, Nathan Neugroschel, na Escola Técnica do Exército. Em vésperas de casar-se, casa alugada por dois meses, uma contrariedade: o primeiro aparelho do gênero produzido na fábrica atrasa-se, devendo entrar em prolongadas experiências, logo na época do enlace do produtor. Sabedor do fato, seu "amigo de verdade" o procura: "Casa-te. Eu fico aqui!" E ficou. Jantava e vinha trabalhar até às duas da madrugada por mais de um mês. Informado do trabalho estafante do amigo, pediu para ele aos diretores da fábrica boa gratificação, sobremodo útil, porque então chegavam da Europa, sem nada, parentes de Nathan, fugindo do nazismo. Corção foi oferecer-lhe o dinheiro. Como uma criança emburrada, grosso, bruscamente num gesto quase cômico Nathan mostrou-lhe as mãos, dizendo: "A m... já me sujei as mãos... mas ainda não me chegou ao coração"! Sentindo o absurdo da ideia: a tentativa de Corção de pôr em cifras, de indenizar, de fazer a quadratura de uma generosidade perfeita, foram para um café, dialogando sobre outros assuntos. Nathan contou-lhe, então, como conseguira simplificar uma passagem de seu sonhado livro de introdução à teoria da relatividade, enquanto Corção sentia a m..., isto é, o cheque a lhe pesar no bolso e no coração. Quando lhe falava de Santo Tomás, Nathan o ouvia com um sorriso doloroso. Mas nunca opunha Einstein, pelo impedimento existente: a Viena perdida, sua infância, seu sangue, seus irmãos perseguidos. Corção nunca ousava esperar convertê-lo. Nunca ousou propor-lhe aquilo que a Nathan fora oferecido antes de lhe ter sido dado. Confessou-lhe Nathan que, quando lhe falavam em Deus, ele pensava nos judeus arrastados pelas barbas. Ao que Corção observava que ele também, em tais ocasiões, pensava num judeu espancado. E diante de tal encontro ou desencontro, os dois silenciavam, até que um teorema os tirasse da espessa realidade"(resumo quase "ipsis litteris"do capítulo do livro "DEZ ANOS", de Gustavo Corção).

terça-feira, 4 de setembro de 2012

ATENÇÃO!

No blog seguinte, no segundo parágrafo, na terceira linha, leia-se: "Era relativamente difícil" ...

TRÊS OPINIÕES PARA MEDITAÇÃO

Extraídas de três artigos da FOLHA DE SÃO PAULO do dia 04/09/12, A2 OPINIÃO:

ESTÍMULOS SUPERNORMAIS, de Hélio Schwartsman: "...a destilação do álcool e a biossíntese da cocaína agravaram nossos problemas com essas drogas. Era relativamente tornar-se alcoólatra ou cocainômano consumindo só cerveja pouco fermentada e chá de folhas de coca. JOGOS ON-LINE, ao oferecer um ambiente onde tudo o que acontece são coisas que nossos cérebros estão programados para apreciar, acabam tornando o mundo real um lugar bem menos estimulante que o virtual. É quase uma concorrência desleal."

O PÓS MENSALÃO, de Eliane Cantanhêde: "Muita água ainda vai rolar na eleição... Nada como uma cara nova, uma família bem arrumada, um discurso diferente e um padrinho forte justamente quando o julgamento do mensalão encerra uma era e uma geração e começa outras. Inclusive no PT. Tomara que, dessa vez, para melhor".

O GATO E O RATO, de Carlos Heitor Cony: "Daqui para frente, os interessados ficarão sabendo como, de uma forma ou de outra, as instituições legais conseguem apurar os variados tipos de corrupção e suborno. Serão criadas novas rotinas, meios e modos para ocultar indícios ou provas da corrupcão ativa e passiva, disfarçando ou complicando as operações ilícitas. A guerra do bem contra o mal continuará com o emprego de outras táticas e o processo será mais sofisticado, tornando impossível, difícil ou improvável a apuração dos crimes contra o Estado e a sociedade em geral".

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

AOS ADMIRADORES DE THOMAS MERTON

Quatro décadas depois da morte de THOMAS MERTON, MARIA LUÍSA LÓPES, em seu livro "THOMAS MERTON UMA VIDA COM HORIZONTE, brinda-nos com a seguinte página emblemática, resumo perfeito da vida do monge trapista. "Europa para nascer: puberdade e primeira juventude. América do Norte: juventude universitária, encontro com Cridto, descoberta de sua vocação definitiva. Ásia para morrer. Seu ingresso na Abadia Trapense de Nossa Senhora de Gethsemani divide, como um eixo, sua vida em duas partes exatas: faltavam-lhe 52 dias oara cumprir 27 anos quando, em 10/12/1941, cruzou a porta do mosteiro, os mesmos 52 dias que lhe faltavam para cumprir os 54 anos em 10/12/1968, quando um ventilador queimou seu corpo. Duas metades exatas de forte contraste: mobilidade contínua na primeira; um voto de estabilidade que o circunscreve a um determinado lugar na segunda. Estas duas partes se fazem contrapeso mutuamente, e o resultado é uma vida de profundo equilíbrio e fecundidade. Assim como nas coordenadas geométricas são necessários dois eixos, o horizontal e o vertical, que, cruzados perpendicularmente, determinam a situação de um ponto, a convergência e a perpendicularidade dessas duas metades dão significado e projeção adequada à sua vida. Em MERTON o humano e o divino se conjugam harmonicamente; a proporção entre o horizontal e o vertical é o que mais caracteriza sua vida e sua mensagem. O pensamento de Merton é adiantado ao tempo que lhe correspondeu viver, e também as circunstâncias concretas de sua vida se adiantam ao paradigma da sociedade de sua época; sem pretendê-lo, sua vida tem muitos traços em comum com o panorama social de nossos dias. Sua vida não foi fácil. Nem andou por caminhos trilhados. Não responde a nenhum esquema previsto, ao convencional de seu tempo. É uma busca partindo da desinstalação e insegurança na qual cada passo leva ao seguinte. Com a morte de sua mãe na idade de 6 anos, sua infância se desenvolve de acordo com a saga dos vaivés artísticos de seu pai, errando daqui para ali, com quase absoluta liberdade para tornar cada momento como melhor parecesse". THOMAS MERTON assim se definiu: "Tratei somente de dizer a verdade como a vi e dar testemunho do que descobri, vivendo no mundo do século vinte; ambas as coisas, sem a luz de Cristo e com ela. Há diferença; eu experimente essa diferença e procurei dizê-la. Isso é tudo".

sábado, 1 de setembro de 2012

CARTA AUTÊNTICA DE UM PAI

Encontrei entre "ACHADOS" o jornal ATALAIA (ano XV, n. 78) donde transcrevo o trecho seguinte de carta autêntica de um pai numa fossa profunda. "Repudio todos quantos, por ganância, por ideologia, ou por qualquer outro motivo, traficam drogas e induzem nossos filhos ao seu uso. Repudiá-las-ei sempre e o farei não apenas, meu filho, porque o roubaram de nosso convívio, mas porque estão abalando os alicerces e nossa Patria, porque estão destruindo aquilo que o Brasil tem de mais esperançoso para o seu futuro - nossa juventude. Adeus, meu filho! Eles o mataram e, aos poucos, estão matando seus amiguinhos e colegas. Ao lado de sua tumbra fria, eu lhe juro que não medirei esforços para proteger seus irmãos, a fim de que não tenham o mesmo destino. Haverei de lutar com tantos pais quanto possível. Haverei de tomar todas as iniciativas junto às aurtoridades, haverei de lançar meu desesperado brado de alerta a seus coleguinhas e a todos os moços do Brasil, para que se previnam contra esse maldito vício, para que escorracem, para que prendam e condenem à prisão perpétua todo traficante, todo que produz, para uso indevido, essas drogas que o levaram ao túmulo, meu filho! Pais que como eu estão ou estarão para ver ver seus filhos perdidos no uso de tóxicos, entrem urgentemente na luta contra esse vício, mas não se esqueçam , pelo amor de Deus, de que nossos filhos são somente vítimas e que precisam de todo o nosso carinho, da nossa compreensão, da nossa solidariedade. Mas essa luta não é para os fracos, pois eles, os nossos inimigos, aqueles que estão matando nossos filhos, estão dispostos a tudo para continuarem na vida boa, do não fazer nada, vestindo-se bem e gozando os prazeres que a vida e o dinheiro fácil lhes proporcionam. Encetemos essa luta ao lado das autoridades e convençamos nossos filhos de que eles são as grandes vítimas. Meu filho já não mais o tenho, mas o seu poderá ainda ser salvo!