quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

GRANDE   TAREFA!!!


Em todos os tempos foi dificílima a missão de EDUCAR. São  João Crisóstomo dizia que muito mais difícil do que a tarefa do pintor que dá vida e cores a uma tela branca, e a do escultor que tira do mármore bruto uma figura humana ou divina, é a tarefa do EDUCADOR que trabalha na alma humana da juventude e dela deve tirar tudo o que a faça vencer na vida! Hoje, porém, ninguém o ignora, a tarefa é mais difícil. Vivem a criança e o adolescente trabalhados por tudo aquilo que estraga, corrompe ou que torna mesmo quase impossível o trabalho sério do educador! O educador verdadeiro  foi sempre uma criatura rara, extraordinária. Hoje o educador verdadeiro, para vencer, deve ser um heroi e quase um santo, E se alguma raça pode pretender possuir tais educadores não será a raça cristã? Haja a compreensão do momento, mas não haja desânimo. Nós seguimos AQUELE QUE DISSE:  "APRENDEI DE MIM, eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida", exclamando depois: "Eu venci o mundo!" (dom Henrique Trindade, ex-bispo de Botucatu).

O exemplo é dos mais poderosos meios de educação. Nosso Senhor começou por fazer antes de ensinar: "Coepit facere et docere". O que ocorre em matéria de educação não é tanto o que nós dizemos senão aquilo que procuramos ser. Faz-se mais bem por aquilo que a gente é ou por aquilo que a gente faz, do que por aquilo que a gente diz" (Ollé-Laprune).
A  ARTE  DE   FAZER   REZAR


LEVAR AS CRIANÇAS A NOSSO  SENHOR TAL É A VOSSA MISSÃO!

Enquanto JESUS CRISTO for para elas uma ideia vaga ou um ente afastado, não tereis realizado nada!

Importa bastante seja JESUS para elas o GRANDE  AMIGO   DIVINO QUE AS CONHECE,  que ama a cada uma pessoalmente, com o qual possam falar coracão a coração.

Deveis insistir muito com elas com esta definição da oração: "REZAR  é  CONVERSAR  COM  O  BOM  DEUS". ORA, PARA FALAR COM ALGUÉM, COMEÇA-se por OLHÁ-LO. Antes de fazer as crianças rezarem, ponde-as em presença do divino interlocutor.

Velai pelo porte exterior das crianças: "Atenção! nós vamos falar ao bom Deus - o bom Deus está nos olhando -juntemos as mãos ou cruzemos os braços - olhemos para o tabernáculo - ou então Vamos pensar agora em Deus que está dentro de nós, por isto vamos fechar os olhos do corpo para O ver com os olhos da alma.

Não façais às crianças recitarem uma oração que antes não tiverdes explicado.

Que não recitem orações muito longas. Isto cansaria e lhes tiraria o gosto da oração.

Um método recomendável consiste em fazer que as crianças repitam juntas, em voz alta, invocações simples, curtas e bem-adaptadas à sua linguagem: "Senhor Jesus, nós vos amamos! Senhor Jesus, nós cremos em vós! Senhor Jesus, abençoai nossos pais e irmãos! Senhor Jesus, abençoai nossos mestres! ( "Educar com êxito", de Gaston Courtois, sacerdote).

domingo, 26 de janeiro de 2014

26/01/14:  INESQUECÍVEL   A   MANHÃ  DESTE  DIA  NO  VATICANO 

Felizardo quem aos domingos contata o canal da RAI (140), na parte da manhã, e acompanha a presença de FRANCISCO na Praça de São Pedro em Roma! Embora atrasado, ainda me valeu o que vi e ouvi hoje. O papa, parece-me,  comentava  um pensamento de Santo Agostinho que, desde meus 13 anos, me acompanha: "Timeo Jesum transeuntem et non revertentem!"A multidão recebia no coração atento o pábulo da lição. Jesus, dizia o papa,  está passando junto de vocês nesta praça, neste momento. Está convidando vocês a o seguirem. Não o acompanhei em toda a explanação, mas a frase completa em latim, por vários anos ouvida no seminário, me saltou na hora: "Et non revertentem". A realidade nela contida vale por um retiro espiritual.O cristão vive continuamente bombardeado por sugestões divinas, conhecidas por "graças", trazendo-nos mensagens encorajadoras nos momentos precisos em que delas necessitamos para nos mantermos sob o olhar misericordioso do pai ou para dele não nos apartarmos seduzidos pelos letreiros enganadores a nos desviarem do rebanho de Cristo. Mas...uma observação minha: FRANCISCO insistia no conteúdo do termo "transeuntem", que passa, deixando na penumbra os  termos "Timeo"(receio) e  "non revertentem" (e que não volta). E sem tocar nas ideias neles  contidas pelo  autor: "Timeo"(receio) "et non revertentem"(e que não volta). É que Jesus nunca se arrepende por não ter sido visto e seguido por nós quando muitas vezes passou e o não o vimos, seja lá por quais razões! O importante  no momento é reconhecermos que ele está passando, que forçoso é que o reconheçamos e o sigamos, acolhendo o seu olhar paterno e amigo, e compassivo: "Timeo Jesum transeuntem"! Fiquetemos atentos em Jesus que está passando ao nosso lado, dentro de nós, injetando em nossos órgãos espirituais enfraquecidos ou tíbios ou seduzidos por forças estranhas, a vitamina indicada no momento pelo divino médico e redentor nosso, Jesus Cristo. Depois da reza do "Angelus", o papa se vira, some, mas logo regressa acolitado por uma adolescente e um adolescente.  Nunca eu presenciara tal visão! FRANCISCO é realmente imprevisível! Comovente o espetáculo. Surrealista o que a moldura nos umedecia de santa emoção aquela transfiguração a nos transportar ao Tabor onde Cristo luminosamente se apresentou um dia à humanidade. Mas confesso que o conteúdo do prazer santo que me envolveu neta manhã romana só se completará, quando me chegar às mãos pela imprensa o que o papa e a adolescente então pronunciaram. 

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

TESTEMUNHA  OCULAR  OU  AURICULAR?

Sobre o Estado do Rio, na noite de 16/01/14, caíram 41.393 raios. A capital foi contemplada com 1.109, ultrapassando o número recorde de 2.149 do dia 05/03/2013, segundo o coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Impe, conforme noticiou "O GLOBO" de 18/01/14. O aumento de número de raios sobre a cidade do Rio decorre da rapidez de sua  urbanização, que cria uma ilha de calor maior decorrente da substituição da vegetação por asfalto e residências, e pelo aumento no número de carros gerando mais poluição. Fui testemunha auricular da queda do raio no terceiro dedo da mão direita do monumento do Corcovado, pois ouvi o som metálico  rápido e repicado  provocado pelo raio no momemto exato de sua queda.  Não estivesse eu vendo um noticiário televisivo, sentado de costas para o Cristo no alto do Corcovado, com um tempo limpo, preencheria todas as condições para servir como testemunha ocular do evento. O salão do apartamento tem o privilégio de acolher o panorama perfeito, sem obstáculo de coisa alguma, do conjunto do monte do Corcovado e do monumento do CRISTO REDENTOR. A janela do salão tem quase cinco metros de comprimento por quase três de altura. Daí muito me honrar de repetir o que alguém me disse: a visão que aqui se descortina duplica por si só o valor do apartamento! E com a floresta da Tijuca ao lado, vizinho de macacos, de tucanos, de sabiás e de outras espécies de pássaros, e até com água de mina,  que o prédio utiliza para lavagem das calçadas e dos carros,  tornei-me um nacional exilado da roça mineira, quarenta anos nas Gerais,  e no Estado Fluminense os outros quarenta, dez dos quais na cidade das ortênsias, Petrópolis, e de doze  anos (de 1963 a 1975), quando o Rio sozinho formava o Estado da Guanabara. O Estado da Guanabara, em 1975, pela fusão com o Estado do Rio de Janeiro, capital Niteroi, se extinguiu como Estado, transformando-se na capital do novo Estado do Rio de Janeiro, capital São Sebastião do Rio de Janeiro.  

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

INQUIETAÇÕES  DE  UM  RECÉM  CONVERTIDO
Poucos dias depois de sua conversão assim escrevia TRISTÃO  (21/09/1928) ao amigo Jackson de Figueiredo: "Tenho horror a cultivar a inquietude, a incerteza, mas sinto ser condenado a ser um atormentado, com ares de dogmático e sereno. Hoje, lendo seu artigo sobre o Congresso da Mocidade, fiquei inquieto sobre o que deveria eu ter feito a respeito.  Ainda estou cheio de dedos nesses assuntos de ação católica. O França (Padre Leonel Franca) aconselha deixar-me continuar como até agora, deixando que a fé se infiltre lentamente nas minhas próprias atitudes atuais, nos meus escritos, etc., eu penso que o conselho é sábio. Pois há momentos em que sinto quase que fisicamente a fé se espalhando por meu organismo, deixando de ser  puramente atitude mental, para ser sangue, para ser esquecida. Chesterton teve uma vez uma palavra paradoxal, mas no fundo muito justa sobre a Igreja.  Uma das razões pelas quais me converti à Igreja, disse ele,  foi para não pensar mais na Igreja. Mas tem raízes.  Eu estou começando, apenas começando.  Mas é o essencial, não pensar mais continuamente no problema da fé. E isto me parece um sinal admirável. Estou sentindo que a fé está começando a fazer parte  integrante de mim, como o meu nariz ou o meu temperamento. Há um ano, sobretudo, que vivo com todas as minhas forças voltadas para a fé, para as suas dificuldades, para a sua posição na história, para a sua conciliação com o meu temperamento, com as minhas covardias de sibarita dos jogos puros da razão, com a minha posição humilhante de industrial rico,  e portanto no extremo oposto ao espírito de Cristo, com os meus hábitos mentais de cético, de pagão, etc. Sinto que esse momento está passando. E que a obsessão vai desaparecendo e que uma nova vida vai começando para mim, da qual a fé  faz parte, naturalmente, integrada no todo. Estou sentindo que ela passou a viver em mim, mais do que eu nela. De qualquer coisa  de exterior, de um estado fora de mim do qual eu me aproximava passo a passo, como um nadador exausto, de braçada em braçada,  vem se chegando à praia ou à embarcação, passou a fé a ser  um estado interior, um modo de ser, uma face já agora orgânica do meu ser.  Não preciso mais pensar nela para que a sinta viver. Como não penso mais no meu coração, nem o sinto bater.  A fé é o meo coração da inteligência. Agora só a sentirei se tiver a desgraça de parar de bater. Entretanto, não se esqueça de me prevenir daquilo que você julgar que eu devo fazer, no sentido de  não parecer um católico que tem medo de passar por tal. Não quero passar por um "católico dos domingos", um churchgoer como dizem os ingleses, e nada mais".
DESABAFO  DE  2  ALMAS  AUTENTICAMENTE   CATÓLICAS  E  AMIGAS

Convicto do real proveito  haurido da leitura de cartas trocadas entre convertidos à FÉ, transcrevo    o que escreveu (01/09/1928) ALCEU  AMOROSO  LIMA,   recém convertido, ao amigo JACKSON  DE  FIGUEIREDO que lhe respondeu no mesmo dia:  = = = Jackson, simplesmente admirável seu artigo de hoje. Página de valor profundo, sereno, catolico no mais alto sentido. Li-o  com um arrepio de horror no fundo dalma, como se você tivesse levantado um pouco o veu de um antro onde se escondesse alguma divindade grotesca prestes a tragar os pobres incautos que dançam de alegria em torno de suas próprias ideologias! Página que contém sombras terríveis, verdadeiras trevas, como você bem o disse. E um frêmito qualquer de profecias antigas.  E dizer que todo mundo é surdo  a tudo isso! Ah! se não fosse a sua  FÉ em Jesus Cristo, eu cada vez acredito mais que só haveria uma solução para a sua vida - o suicídio! Confesso que sua página encheu de angústias meu coração. RESPOSTA de  JACKSON: ALCEU (O1/09/28). É claro como o sol: se eu não tivesse a FÉ que tenho em Jesus Cristo , e fosse tal qual sou, só teria um caminho para me livrar de mim mesmo'. Essa carta, parece-me, explica a razão desse diálogo:  o artigo "Dolorosas Interrogações" a que se refere ALCEU em carta a Jackson,  de 30/08/28 ("Correspondência Harmonia dos Contrastes", II), da autoria de Pontes de Miranda (1892-1979). Donde nessa carta a confissão de ALCEU: "Como  anseio pelo isolamento, pelo esquecimento do mundo, pelo repúdio a todo esse meio de intrigas e calúnias que é o nosso meio intelectual". EM  TEMPO: para quem busca a FÉ um bom caminho é a leitura da correspondência trocada entre os dois cultos católicos brasileiros JACKSON e ALCEU em "Harmonia dos Contrastes" tomos I e II, da Academia Brasileira de Letras).

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

PEIXES   PARA  O  CONDE  de  ASSUMAR

Para GIOVANNA  BARROS  recordar o dia 14/01/14 em que conheceu N.S. APARECIDA.

Os homens não tinham peixe para o Conde de Assumar! = Os barcos desciam nas águas escuras do rio deserto...Tornavam subindo...descendo...a tentar! Lançavam as redes..Puxavam as redes... E as redes vazias! Sem nada pescar! Os homens não tinham peixe para o Conde de Assumar.  =  Domingos Garcia, caboclo valente, com os braços de ferro tocava a empurrar a triste canoa, sem nada pescar.  Pedroso gritava para os companheiros. Que logo cortaram as águas escuras do rio deserto. =  "Oh! Lá, companheiros! OH! Lá, canoeiros! Que novas a dar?! = E a mesma resposta caía da noite nos barcos vazios, sem nada pescar. Os homens não tinham peixe para o Conde de Assumar! = João Alves, aflito, já sem esperança, olhando as estrelas se pôs a rezar: "SSma. Virgem! Tem pena de mim!...Rainha Celeste! Tem pena de mim! És dona dos peixes que moram nas águas! Ordena que venham encher nossos barcos! Que um só dos teus gestos nos pode salvar!... Dá-nos peixe pra Dom Pedro para o Conde de Assumar! = E a rede atirando com punho de mestre, a rede  nas águas se abriu em estrelas. Caiu...Foi ao fundo... (João Alves chorava, João Alves rezava, tocado de fé!) = Puxou de mansinho, que a rede pesava, pesava... "São peixes! dizia. São peixes, enfim, que N. Senhora tem pena de mim..."= Mas, oh! luz estranha que vem dentro à rede. É Nossa Senhora que vem dentro à rede! É N.Senhora que vem dentro à rede!, do pobre, do humilde, feliz pescador, que louco de alegre se pôs a gritar: "Oh! Lá! canoeiros! Oh! Lá, companeiros! = Oh! Lá, pescadores que estais a pescar! Milagre! Milagre! Fazei vossos lanços, que N.Senhora já me apareceu!"= E os homens todos tocados de uma alegria sem par encheram os barcos de peixe para o Conde de Assumar! = Óh N. Senhora que ouviste o barqueiro, que ouviste há 2 séculos, de nós não te vás! Nem mesmo um instante, sequer,  nos esqueças!  Tu que apareceste, não desapareças daqui, desta Pátria! Jamais! Nunca mais!" (Adelmar Tavares -16/02/1888 - 20/06/1963 - da Academia Brasileira de Letras). 

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

CONSELHOS   DE   TRISTÃO   ÀS  JOVENS   MÃES  E  PROFESSORAS

Em face da grande onda de renovação espiritual, de restauração cristã nos domínios do ensino e da educação, despertada pelas palavras e ações do papa FRANCISCO, "cabe de modo particular às mães e professoras católicas uma participação  consciente e sistemática como cooperadoras de Deus na tarefa honrosa da formação de nossos futuros concidadãos.  Não lhes basta uma FÉ convencional  ou diminuída, paralisada pelo respeito humano ou viciada pelo espírito particularista dos tempos que correm, para que a educação que darão aos futuros alunos e filhos seja realmente impregnada dessa essência sobrenatural sem a qual toda instrução se transforma num pedantismo inútil ou num antropocentrismo arrogante e destruidor. Para isso é preciso repor a religião, não num simples recanto da educação, como se fora uma matéria como outra qualquer, mas sim no coração, no centro, no âmago de toda formação educativa. É preciso reintegrar a educação num ambiente impregnado de vida sobrenatural. Se   a adolescência  é, sem dúvida,  a idade que mais deixa sinais em toda a nossa vida,  é na infância que temos ideais que devemos ter sempre em mira. É mister, pois, começar cedo e começar bem. Só o saber impregnado de amor consegue, não somente passar pela inteligência, mas penetrar nela profundamente. E essa é a tarefa das mães e das jovens professoras. Duas qualidades deverão cultivar diariamente para o justo exercício de sua profissão. FORTES  como a mulher da escritura, para não se deixarem abater pelas dificuldades, fortes para guiar com mão firme  as jovens almas confiadas a seu encargo, fortes para se vencerem a vocês mesmas e vencerem o mundo terrível em que vivemos. E ao mesmo tempo cheias de DOÇURA, compreendendo que só pela bondade conquistamos os corações. Nunca o mundo precisou tanto de doçura como nos dias amargos que vivemos. "FORTITER  SUAVITERQUE  eis uma bela divisa para suas turmas em geral e para cada uma de vocês em particular" ("Adeus à disponibilidade", Alceu Amoroso Lima).

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

PADRE   LEONEL   FRANCA  (1898-1948)

PADRE  FRANCA  nasceu em São Gabriel, RGS, no dia o6/01/1898. Viveu a infância em Salvador, Bahia. Com 13 anos passou a frequentar o Colégio Anchieta, em Friburgo, e depois o Colégio Santo Inácio, dirigidos pelos padres jesuítas. Autor de vários livros: Noções da História  da Filosofia, Psicologia da Fé, O Problema de Deus,  A Igreja, a Reforma e a Civilização, A Crise do Mundo Moderno (onde vê a aurora de uma idade nova), etc. Foi um dos fundadores, e seu primeiro reitor,  da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Foi membro do Centro Dom Vital, fundado por Jackson de Figueiredo. Foi através deste convertido ao catolicismo que Tristão de Athayde conheceu o Padre Leonel Franca em 1927. Foi o encontro milagroso que levou Tristão a dizer ao Jackson: "Eu capitulo! Vou comungar! Tinham-se passado 21 anos de minha primeira comunhão. E é aí que entra o papel de minha mulher. Sem me dizer nada, pela sua presença, pelo seu exemplo, pelo seu amor. Um amor que me levou à fé depois de anos de debates racionais". No dia 15/08/1928 Tristão de Athayde fez a sua segunda comunhão: 15/08/1928, data da conversão de Tristão de Athayde ao catolicismo. 14/o8/1983, data do falecimento de ALCEU  AMOROSO  LIMA.

domingo, 12 de janeiro de 2014

TRISTÃO   RECORDANDO   PADRE  LEONEL FRANCA

 A pedido de Jackson, Tristão foi conhecer o Padre Leonel Franca. Eis o que escreveu  ao amigo sobre esse encontro em 1927: "Fui. E a 15/08/1928, depois de longas conversas, a princípio no parlatório e depois no seu quarto do Col. Santo Inácio, era de suas mãos  que eu recebia a PRESENÇA de que, por 20 anos me privara desde a primeira ou segunda comunhão nos remotos anos de 1907 ou 08. Longas conversas com que a lógica inflexível de Leonel Franca ia pouco a pouco preparando o meu adeus à DISPONIBILIDADE.  Era o choque de uma cultura autodidata, como a minha, feita ao sabor de leituras desordenadas, embora numa intensa e como que subconsciente procura da verdade e insatisfação com as mentiras e  verdades parciais, com uma cultura hierarquizada, sedimentada, argumentada e argamassada por mãos universitárias europeias, como a dele, que Murilo Mendes, à saída de uma daquelas famosas conferências mensais no Santo Inácio, promovidas pelo Centro Dom Vital, chamava de "cultura de cimento armado". Hoje evocando aqueles meses da  mais profunda tensão espiritual, e ao cabo de quarenta anos de integração na "catedral" de que então me falava o Padre Franca, como adiante explicarei, o que me dobrou, muito mais que os debates intelectuais, foi o que havia para lá dessa consctrução mental inabalável. Era talvez aquele sofrimento a que se referia Jackson. Era acima de tudo o profundo sentimento humano daquele grande e poderosos espírito que tão profundamente marcou nossa geração.  A "catedral"a que acima me referi,  foi uma imagem que ele empregou certo dia quando eu lhe apontava para os defeitos da Igreja: "São como os vitrais de uma catedral, contestou-me. De fora, o que se vê, são apenas as nervuras de chumbo, por dentro é aquela maravilha das rosáceas de Chartres ou Notre Dame.  Entre e experimente. Nunca mais aquela imagem  me saiu do espírito, pela beleza e pela verdade.  É preciso penetrar as almas verdadeiras ou conhecer por dentro as instituições autênticas, para compreendermos o que de fora e de longe condenamos ou mesmo nos repugna.  Os fanáticos são sempre aqueles que adoram ou condenam o que só conhecem de fora para dentro, mesmo quando aparentemente se colocam de dentro para fora. Devo-lhe pessoalmente a minha própria travessia de uma à outra margem da corrente espiritual. Por isso mesmo é que,  no momento de sua morte, ao tentar dizer-lhe o meu adeus à beira  do túmulo ainda entreaberto, 1948, no cemitério S. João Batista,  mal pude falar. Fora por sua mão que ousara dar o passo definitivo para dizer o meu adeus à DISPONIBILIDADE. Hoje, rememorando esse momento de angústia, vejo apenas uma passagem, quando muito a travessia aventurosa de uma fronteira. O que eu via e sentia era um abandono, um repúdio, uma despedida definitiva do que havia sido minha mocidade.  Uma ruptura que me parecia radical e irreversível com a minha geração. Com meus amigos, comigo mesmo, como se um estranho me expulsasse de dentro de  mim mesmo. E a mão, ao mesmo tempo firme e carinhosa desse frágil "caniço pensante" é que me dera forças para me lançar no escuro do novo continente em que abordara. Por isso é que mal pude falar à beira de seu túmulo no dia 3 de setembro de 1948. Grande Padre Franca, tão grande de coração e de inteligência como frágil de corpo! Forte como uma coluna. Leve como uma asa de pássaro no ar". 

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

TIRAVA   PASSARINHOS   DA   MADEIRA

Foi o título da coluna obituária de jornal paulista, 07/01/14,  que me fez refletir e sentir e concluir quão pouco humanos somos!  Os 78 anos de vida, ontem, 06/01, encerrados,  ajustam-se com generosidade,  se colocados sob a forma de um círculo, dentro daquele que circunda  o tempo de minha existência  na terra. Nascido sobre a mesa da cozinha no interior da Italia,  1935, seu pai, um ferreiro, e a mãe, deram a mão ao filho Antônio e se estabeleceram em Roma. Aí Antônio estudou pintura, formou-se em arquitetura,  especializou-se em desenvolvimento de planos urbanísticos, indo batalhar na Croácia e na Etiópia. Em seguida procurou o Brasil onde viveu 40 anos, se casou, teve duas filhas e exerceu a profissão em órgãos públicos de turismo no Rio. De invejável habilidade manual, seu hobby era o trabalho com madeira. Autodidata, confeccionava móveis, pássaros e brinquedos para os cinco netos, filhos de suas filhas e de suas duas enteadas. E morreu na madrugada de ontem, 06/01/14, em Niteroi, onde vivia desde 1972. E no mesmo dia, 06/01/14, morria no Maranhão a garotinha Ana Clara Santos, 6 anos, queimada num ataque a ônibus, três dias atrás. A mãe e a irmãzinha de um ano continuam internadas. O avô, para quem a neta levava o prato de comida todo dia, ao saber do ocorrido, teve um infarto e morreu. A recordação do dito pelo poeta latino, Terêncio, "nihil humani a me alienum puto", por vezes me enche de ar puro os pulmões, de outras  me pede lágrimas de incompreensão!

sábado, 4 de janeiro de 2014

Prolongar  a  infância o  mais  possível

Um dos fenômenos  mais desastrosos é  a preocupação de se antecipar a idade vindoura. A criançaa quer ser adolescente antes do tempo, o adolescente se esforça por ser moço, etc. Que se prolongue por mais tempo possível a infância, para que tenha tempo suficiente de sedimentar em sua formação inicial aquelas reservas de vitalidade que vai despender no decorrer da existência. Que o "espírito da infância"se prolongue por todas as outras idades. A infância espiritual é a transfiguração por toda a vida dos elementos angélicos com que Deus tece a nossa puerícia.  "Deixai vir a mim as criancinhas, proclamou Jesus, e não as afasteis, pois o Reino  de Deus é daqueles que a elas se assemelham. Quem não receber o Reino de Deus como uma criança nele não penetrará" (Lc.xviii, 16-17)".  Comunicando isto  aos discípulos, Jesus deu a todos  o segredo da paz e da felicidade.  Cada idade deve ensinar alguma coisa à idade que se lhe segue. Dignos de ser homens o seremos, quando soubermos ser fiéis à criança imortal que vive em nós!" ("Idade, Sexo e Tempo", Alceu Amoroso Lima).

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

AO  EDUCADOR  CABE  CONSERVAR  NOS  EDUCANDOS   A   ESPONTANEIDADE

Para TRISTÃO DE ATHAYDE a idade do homem comporta três zonas distintas. A INICIAL em que os traços próprios da idade mal se esboçam . A CENTRAL, zona normal da idade em questão. E a FINAL, quando se desfazem os traços da etapa presente, surgindo pressentimentos da etapa seguinte. E Tristão observa que em cada idade humana, como em cada dia, há DUAS ZONAS CREPUSCULARES e uma MERIDIANA. A Crepuscular  MATUTINA anuncia a idade que vem. A Crepuscular MERIDIANA  afirma sua presença. A crepuscular VESPERAL é a despedida da idade como o é do dia. A primeira, a crepuscular matutina,  é alegre como a manhã. A segunda, a meridiana, é firme e clara como o meio dia. A última, a crepuscular vespertina, é melancólica como as tardes. A  ESPONTANEIDADE  OU NATURALIDADE é inata  à vida do recém-nascido, manifestando-se através de ações e reações espontâneas e rápidas. Seus afetos tão intensos quanto efêmeros, donde o francês dizer que "amor de criança, cestinho se flores". Atenção!!! porque a idade madura nos afasta da espontaneidade  infantil ou adolescente, cuidemos que uma cultura adventícia não afaste as crianças de suas raízes naturais! E as artificialize! A cultura, somma de educação e instrução, seja uma assimilação e não apenas um acréscimo. Que esse acréscimo assimilado não faça as crianças perderem  a espontaneidade! ("IDADE, SEXO e TEMPO", DE ALCEU AMOROSO LIMA).

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

A  NATURALIDADE,  A  MAIS  SOBRENATURAL  DAS  VIRTUDES

A ESPONTANEIDADE, termo que prefiro ao de NATURALIDADE, deve e pode COEXISTIR COM TODAS AS VIRTUDES. E mais: Pode e deve CONVIVER com elas. Lembra a "violeta", donde considerar-se a mais humilde das VIRTUDES. "Traga-me do Caraça (escreveu-me um sacerdote amigo) uma violeta. Até os cegos a admiram. Seu perfume agrada tanto, é tão suave. Seu clima  é no humilde vale, o cantinho mais sombrio. Entre milhares de flores é a única que não tem vaidade". A espontaneidade é um ambiente, uma atmosfera em que devem banhar-se todas as virtudes. Deve ser o próprio solo em que todas as virtudes plantam suas raízes, como o próprio ar puro em que todas as outras devem vicejar. Como o recheio, a cobertura de cada uma das virtudes. Por isso Cristo colocou-a como o próprio modelo do que o ser humano pode ter de mais perfeito: o espírito de infância. Ter a coragem de ser o que somos para sermos o que devemos ser, eis o segredo dessa humilde virtude, que é a mais completa, a mais luminosa, visto ser a que menos se exibe e que nunca pretende ser senão aquilo que é NA  VERDADE. A essência da espontaneidade (ou naturalidade) é SER  sem parecer. Ao alcance das pessoas mais simples quanto das mais complexas, é, contudo, tanto mais difícil de ser entendida e praticada quanto mais próxima de nossa espontaneidade inata. E depois de todas essas considerações de fundo místico-teológico, resumidas de um capítulo de TRISTÃO  DE  ATHAYDE no seu "TUDO  É  MISTÉRIO", resta-me transcrever dele o fecho conclusivo: "Por tudo isso é que considero a ESPONTANEIDADE  como a mais sobrenatural das virtudes".

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

PALAVRAS  SOBRE A NATURALIDADE

A mais pequena das virtudes é a NATURALIDADE. Para sermos o que devemos ser, o primeiro passo é ter a coragem de ser o que somos, é o "conhece-te a ti mesmo!" Cada um de nós é  um universo à parte. O caminho das virtudes é tão arriscado como o caminho dos vícios. Ambos beiram um acostamento involuntário que é, no caminho das virtudes, a HIPOCRISIA, e, no dos vícios, o do CINISMO. A infidelidade no caminho das virtudes começa pela vaidade. Como no dos vícios pela dissimulação. Na  CRIANÇA a vaidade da virtude leva ao ARTIFÍCIO e ao ORGULHO, À PERDA GRADATIVA DA ESPONTANEIDADE, da  NATURALIDADE, a uma falsa assimilação do modelo que lhe é proposto como finalidade a atingir. Donde a dificuldade e a delicadeza, tanto da função EDUCATIVA como da função INSTRUTIVA. EDUCAR não é impor um modelo, é estimular e orientar uma virtualidade para que se converta em virtude, a partir da infância e da adolescência, idades plásticas e polivalentes na formação da personalidade. Nessas idades é que se apresenta a primeira crise da NATURALIDADE, dado inato em cada ser vivo. A própria evolução gradativa desses seres vivos, da vida animal à vida RACIONAL, afasta-os  normal e gradativamente da sua origem natural. De modo que, à medida que nos aproximamos da VIDA RACIONAL (idade da razão), surge gradativamente o perigo de uma desnaturalização e de uma ARTIFICIALIZAÇÃO de nossas fontes naturais, da NATURALIDADE. ATENCÃO: sendo a NATURALIDADE inata no ser humano, daí manifestar-se mais fortemente  na infância, ela é TAMBÉM  a mais FRÁGIL, visto que a EDUCAÇÃO  e a INSTRUÇÃO  correm o risco de  a suprimir pelo próprio ato educativo ou instrutivo do seu APERFEIÇOAMENT. Por isso mesmo nessas primeiras idades  quando os INSTINTOS NATURAIS são mais violentos é que a MISSÃO  EDUCATIVA ou INSTRUTIVA é mais EFICIENTE e também mais perigosa! (no próximo blog terminamos essa meditação, primeira do ano 2014).