sábado, 30 de abril de 2016

PRISÃO   DE   TIRADENTES

PRÓXIMA DA IGREJA DE N.SENHORA MÃE DOS HOMENS, NA RUA  DA ALFÂNDEGA, RESIDIA Inácia Gertrudes. Sabendo esta que Tiradentes era curador de outras doenças além de dentes, suplicou-lhe curasse uma úlcera da filha sofredora há anos. Tiradentes prescreveu certos remédios que em pouco tempo produziram o efeito desejado. Algum tempo depois, o alferes já procurado pela polícia chegando ao Rio, e lembrando-se de Inácia Gertrudes, pediu-lhe acolhida. Não podendo atendê-lo, recorreu a um sobrinho, padre Inácio Nogueira, que logo esteve com o negociante  Domingos Fernandes Cruz, na rua dos Latoeiros (hoje Gonçalves Dias). Alcançada dele a hospedagem, o alferes lá se ocultou. Nisto surge no Rio o delator Joaquim Silvério dos Reis com o encargo de encontrar Tiradentes, segui-lo, denunciá-lo ao Vice-Rei. Conta Assis Brasil, no livro "Tiradentes", que o delator  soube,  de conversa do Padre Inácio com o colega Padre Manoel de Bessa, do paradeiro  de Tiradentes. Detido, o Padre Inácio, pressionado, talvez torturado e ameaçado de morte  na forca, revelou onde o alferes estava, sendo preso três dias após ter sido acolhido pelo negociante. Foram presos também  Domingos Cruz, Dona Inácia e sua filha, cujos bens foram confiscados. Julga-se que no dia o7/04/1789 Tiradentes se escondeu por algumas horas, enquanto esperava anoitecer, para dirigir-se à casa do comerciante Domingos Fernandes com segurança. Constando que o alferes esteve presente perto da igreja de N.Sra. Mãe dos Homens pouco antes de ser preso, fala-se que teria passado a noite da execução naquela igreja.
(do 0púsculo "N.Sra.Mãe dos Homens"-Irmandade e Igreja, de MARGARIDA  OTTONI).

quinta-feira, 28 de abril de 2016

ABRAÇO  AMIGO  SÓ  POR   DEUS  VISTO

RIO, 28/03/1967. Quero relatar o encontro mais importante de ontem. O  CORÇÃO  não estava. Às 7 e meia volto  ao Corção. Vi luz acesa. Devia estar. Bato à porta. Ele mesmo entreabre o postigo e abre, com um sorriso muito acomodado. Como está velhinho! Corção, deixe explicar-lhe logo o motivo da minha visita. Você sabe que estou com um filho passando muito mal" "Sei e tenho rezado por ele todos os dias". Eu já sabia pelo Otávio (de Faria) do seu interesse pelo caso, e fico-lhe grato. Não me leve a mal se, nesta visita,  venho lhe contar como  tudo se passou: meu filho ainda estava em estado de coma. Durante a missa, pergunto a Nosso Senhor: "Qual o maior sacrifício que posso fazer pela vida de Jorge?   E Ele sem hesitar: "Uma visita ao CORÇÃO. "RELUTEI MAS ACABEI  NO  FIAT. Ao chegar ao hotel diz-me minha mulher: "Telefonaram do hospital dizendo que Jorge  começou a se mexer". E logo meu genro me telefona do hospital: "Jorge abriu os olhos". Corção se levantou e me deu um beijo. Eu ainda disse: "Nossas divergências são de idéias, mas no coração de Jesus estamos unidos, agora e para sempre". Ele começou a chorar, convulsamente, e me abraçou, pois eu já me levantara. Beijei-lhe as mãos e saí. Eis aí. Foi tudo como Nosso Senhor queria, e quando saí, a paz que eu levava no coração era tão grande como a que vi espraiar-se por todo o vale das Laranjeiras, quando fui visitar, com Mamãe e vocês, crianças, a CASA AZUL  (Tristão de Athayde em  carta a sua filha monja). 
102    ANOS   SEM   CARLOS    LACERDA

Gostei do Carlos Lacerda, despontando, tão logo o GEGÊ depôs a coroa da  ditadura. A POLÍTICA nasceu para mim em 1945, quando o Padre Cruz numa leitura espiritual aos alunos do Caraça noticiou que surgira um candidato provável à presidência da República. Apresentou-nos a figura de JOSÉ AMÉRICO, amedrontando-nos. Rezemos, pois apareceu no "Jornal do Comércio",  colocando sobre a mesa um revólver... (e, a propósito, J. do Comércio despede-se hoje, 29/04, após 100 anos de vida profícua)! REZEMOS! Que vai ser do Brasil!!! A LUTA POLÍTICA COMEÇAVA,  15 anos volvidos de "bouches fermées!! Pelas conversas em aulas e recreios com dois sacerdotes recém formados: Montalvão e Guerra, aprendemos a nos empolgar com a vida de EDUARDO GOMES. Que nos galvanizou.  Em 02/12/1945 foram meus colegas de turma Jota, Batista e Castro os eleitores do CANDIDATO GENERAL  DUTRA,  do PSD, apresentado pelo Getúlio  como canditato à presidência.  Com 17 anos,  não pude sufragar o nome do "brigadeiro", Eduardo Gomes. Que perdeu. Fi-lo quatro anos depois, votando em Petrópolis no EDUARDO GOMES, o "BRIGADEIRO DA LIBERTAÇÃO. Perdeu de novo, o GEGÊ, sem as armas, levou a melhor. Mas quem muito lucrou fui eu. Como  saudoso me recordo da "Tribuna da Impressa", o jornal- carismático de Carlos Lacerda! O Marçal, colega de seminário,  trazia-o de suas aulas no Rio, bem camuflado,  e me emprestava. Nele Tristão de Athayde  e Carlos Lacerda  conclamavam os brasileiros a votarem no Brigadeiro. Carrego na memória  o convite de Tristão, da Tribuna, na véspera da eleição de 1949: "MINEIROS DE MEU CORAÇÃO!"  
OS MINEIROS  DAS  GERAIS  COCHILARAM! 
Mas CARLOS LACERDA  E  EDUARDO GOMES ILUMINARAM OS MEUS CAMINHOS! PERDOEM-SE-LHES,  cá bem baixinho, as pegadas minúsculas dos distraídos passos nos porões da redentora. LACERDA nasceu a 30/04/1914 e faleceu a 21/05/1977. EDUARDO GOMES a 20/09/1896 e faleceu  a 13/o6/1981. Tristão a 11/12/1893 e faleceu a 14/08/1983.  

quarta-feira, 27 de abril de 2016

CONFISSÃO   MINEIRA

Fim de abril de 2016. Agradeço a Deus o tempo dedicado a recordar alguns fatos e pessoas mineiras que o calendário me apontava: Tiradentes, Juscelino, Brasília, Tancredo Neves. 
1 - TIRADENTES:  conta-nos um opúsculo da Irmandade e da Igreja de N.S. Mãe dos Homens do Rio que "nenhum esclarecimento existe nos livros consultados sobre o local em que se escondeu TIRADENTES no dia 07/o4/1789,  por algumas horas, enquanto esperava anoitecer, para, valendo-se da escuridão, dirigir-se com segurança à casa do negociante Domingos Fernandes Cruz, Rua dos Latoeiros. NA  CAPELA de N.S.MÃE  dos  HOMENS (RUA DA ALFÂNDEGA, RIO) poderia ter sido.  2 - Foi a partir do golpe de 64 que me desvinculei do ambiente udenista, sendo fichado no DOPS por condenar o estupro à democracia frente a alunos de classe alta. Só então nasceu minha admiração pelo Juscelino e minha ilusão pela adesão do Brigadeiro e do Lacerda ao golpe. 3 - E há pouco 3 meses em Brasília me revelaram quem foi o estadista e mineiro que construiu Brasília! A leitura então do "Lusíadas Mineiro", "Como  Construí Brasília", reconciliou-me com o destemido JUSCELINO KUBITCHEK. 
4 - DIA DE TIRADENTES: Morte de TANCREDO NEVES no dia da INAUGURAÇÃO  de BRASÍLIA! Admirei-lhe a vida e ovacionei-o há 3 dias por ter publicado, governador de Minas, a vida e obras de ALEIJADINHO.

terça-feira, 26 de abril de 2016

PROFETAS   DO   ALEIJADINHO

Conta o vigário JÁCOME, da freguesia de CONGONHAS DO CAMPO, Minas, ter-lhe aparecido um ermitão pedindo licença para celebrar missa na igreja do SENHOR BOM JESUS DE MATOSINHOS. Ao término, num sinal de gratidão pela acolhida recebida, ofereceu ao hospedeiro os paramentos que carregava nas andanças, o que o vigário achou bastante estranho. Ao despedir-se, o forasteiro pediu ao vigário apusesse sua assinatura à certidão de exame da igreja construída  e doada por Feliciano, dois anos depois, SOB  A  PRESSÃO  DA  PRESENÇA  EM  BREVE  DO  SEU  BISPO  DOM  FREI  MANOEL  DA  CRUZ. Mais tarde, o próprio bispo de Mariana, dom Frei Cipriano de São José, em carta ao Governador Bernardo José de Lorena, denunciava o ermitão Vicente Freire de Andrade, também de Congonhas, por ter representado várias figuras na sociedade: fora médico, depois soldado, e dando baixa tornou-se comerciante, falindo e causando graves prejuízos aos credores;  que, vendo-se sem crédito e meios de subsistência, se refugiara em Matosinhos, deixando crescer as barbas. O fato está narrado e foi guardado no arquivo da cidade de Mariana. Em nota ao pé da mesma página o Cônego Raimundo Trindade assim "pune" pelo vigarista: "o ermitão Vicente Freire de Andrada  a que o bispo  se refere administrou o Santuário de 1794 a 1809. Pode ter sido um dissipador, mas a ele se devem  em Congonhas as OBRAS  DO  ALEIJADINHO  (PASSOS  E  PROFETAS, PINTURAS  DE  FRANCISCO  XAVIER  CARNEIRO  E  DE  ATAÍDE;  concluiu a canalização de água para o Santuário em alcatruzes de pedra sabão, aumentou o edifício, etc. PERDOE-SE-LHE  ALGUM  ERRO   PELO  MUITO  BEM  QUE  FEZ!" ("As minas  gerais  e os Primórdios  do  CARAÇA", por José Ferreira  Carrato).

segunda-feira, 25 de abril de 2016

domingo, 24 de abril de 2016

HISTÓRIA QUE É UMA EPOPÉIA


"Quando menino no CARAÇA, ouvi dizer -  e as crônicas o confirmam -  que  o Padre Cruz, certa vez, na igreja, na missa de ação de graças pela  inauguração da estrada em 1928, pronunciou um sermão camoniano.  Aluno do primeiro ano,  eu me perguntava o que seria um sermão camoniano. Um colega mais adiantado tentou explicar-me concretamente, mostrando-me no dicionário de Séguier, na parte histórica, um quadro de Antônio Carneiro representando Camões lendo Lusiadas, perante um grupo de frades dominicanos.  E acrescentou: "Veja!  Visitar hoje o CARAÇA é como ler os Lusíadas. Não se pode estudar a história de Portugal sem referências frequentes à grande epopéia, como não se pode estudar a história de Minas Gerais sem lembrar o papel importante do Caraça na formação religiosa, cultural e política de nossa Pátria.  Nesse dia nasceu em mim o amor ao CARAÇA e cresceu o interesse pela história. Este amor e este interesse são  hoje a base sobre a qual se assenta a honra que agora me concedem de ser  membro correspondente do emérito Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais" ("CARAÇA - NOSSA SENHORA E A HISTÓRIA DO COLÉGIO" PELO PE. JOSÉ TOBIAS ZICO C.M.).

sábado, 23 de abril de 2016

NASCIMENTO  DE  VICENTE  DE  PAULO

SÃO  VICENTE  DE  PAULO, segundo seu biógrafo ABELLY  nasceu no dia  24 DE ABRIL DE 1575. Francês, nasceu em Pouy, do casal João de Paulo e Bertranda de Moras. Desde os nove anos Vicente se preocupava com ser útil. Enquanto os irmãos mais velhos ajudavam o pai, ele conduzia o rebanho ao pasto. Mais idoso e brilhando nos estudos, o juiz de Pouy confiou-lhe a educação de dois filhos, podendo manter-se sem pesar ao pai. Conhecendo-lhe a piedade e o zelo no serviço, o juiz aconselhou-o a seguir a vocação sacerdotal. E assim, no dia 23/09/1600 foi-lhe conferida a ordenação sacerdotal. De tal modo serviu à Igreja e aos pobres e ao clero francês que, pouco depois de  falecer no dia 27 de setembro de 1660, já procclamado "O GRANDE  SANTO  DO  GRANDE  SÉCULO" o PAPA BENTO  XIII o colocou no catálogo dos santos, canonizando-o no dia 16 de junho de 1737.  O monge cisterciense, THOMAS MÉRTON (1915-1968), lendo o livro "Faces de Santos", e deparando-se com a face mortuária de São Vicente de Paulo,  escreveu que este santo lhe pareceu bastante real - "tem  muito de um camponês gascão, rude como sabia ser, com terrível energia refletida na face, ferozes olhos negros e uma boca como armadilha para pegar ursos!"


sexta-feira, 22 de abril de 2016

56   ANOS   DE   BRASÍLIA   21/04/2016

Não satisfeito com um dia apenas para homenagear um dos maiores presidentes estadistas do país, JUSCELINO KUBITSCHEK, no aniversário da capital brasileira, aqui o faço servindo-me de sua voz: "Sempre tomei por norma, ao longo de minha vida pública a recomendação de Joubert: "Não devemos cortar o nó que podemos desatar". Enquanto não chega aquela hora neutra em que todos nós seremos apenas memória, julgo ainda do meu dever explicar o que fiz.  O Imperador Pedro II, no fecho de um soneto, dizia guardar a justiça de Deus na voz da História. A justiça de Deus no meu caso  tenho-a eu comigo, na intimidade de minha fé. Por isso, com este livro,  só aspiro a ver confirmado aquilo que já tenho: a benevolência de meus contemporâneos.  Na verdade, ao verificar que minha obra maior teve o seu prosseguimento natural, em benefício exclusivo do BRASIL,  dou-me por bem pago de todas as lutas que travei. O importante numa batalha não são os mortos e os feridos, mas a PRAÇA   CONQUISTADA! NUNCA HEI DE ESQUECER QUE, A 21 DE ABRIL DE 1960, EM BRASÍLIA,  CONTEMPLANDO A CIDADE QUE ESTAVA sendo inaugurada, minha mãe alongou o olhar para o horizonte recortado de edifícios de concreto armado e fez este reparo, com o orgulho generoso que as mães sabem ter: "Só mesmo Nonô seria capaz de realizar tudo isto! Tudo que sou como cidadão, como brasileiro, como homem público, à minha MÃE o devo. Graças à sua tenacidade abri caminho na vida. E foi no seu exemplo que me inspirei para realizar o meu destino. Sem a sua lição diante dos olhos eu não teria feito BRASÍLIA" ("POR QUE CONSTRUÍ BRASÍLIA", JUSCELINO KUBITSCHEK).

quinta-feira, 21 de abril de 2016

quarta-feira, 20 de abril de 2016

31  ANOS  SEM  TANCREDO  NEVES

TANCREDO NEVES  nasceu em São João Del Rei (04/03/1910). Em 1935 foi eleito vereador em  sua cidade natal pelo Partido  Progressista, em seguida deputado estadual por Minas, pelo Partido Democrático Brasileiro (1947-1950). Em 1951 elegeu-se deputado federal (1951-1953). Em 1953 foi nomeado ministro da justiça  de Getulio Vargas,  assim permanecendo até a morte de Getulio em 1954.  Neste ano, eleito de novo deputado federal, assumiu em 1958 a Secretaria de Finanças de MINAS GERAIS, OCUPANDO-A até 1960. Após a renúncia de Jânio em 1960, foi escolhido  primeiro ministro no regime parlamentarista. Em 1963, eleito de novo deputado federal como um dos líderes do PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), partido criado em 27/10/1965 a partir do AI-2 (Ato Institucional número 2) que extinguiu todos os partidos e instituiu o pluripartidarismo, Tancredo foi sendo reeleito várias vezes  como senador até 1978, quando fundou  o Partido Popular, nele permanecendo até 1982.  Em 1983 foi eleito Governador de Minas Gerais pelo PMDB  (1983-1984). Derrotada na Câmara a Emenda Dante de Oliveira e  vigorando as eleições diretas em 1984,  foi lançada sua candidatura a Presidente da República em 1984, tendo Sarney como vice. Em 14/03/85, internado em estado grave em Brasília na véspera de tomar posse,  Sarney assumiu a presidência. TANCREDO NEVES  faleceu no dia em que ocuparia a cadeira de Presidente de nosso país    (21/04/1985, dia da morte de TIRADENTES). O CORPO DE TANCREDO foi sepultado em sua cidade natal, SÃO  JOÃO   DEL   REI, no  dia 24 de abril de 1985, à sombra misticamente tranquila da igreja de SÃO FRANCISCO DE ASSIS.

terça-feira, 19 de abril de 2016

ADEUS   DE   ARTHUR   BERNARDES

Católico, ARTHUR BERNARDES acompanhado da esposa, compareceu à missa dominical no dia 20/03/1955. Dia 23 acordou cedo, leu os jornais e  pelas 8 horas sofreu um enfarte do miocárdio. A medicina foi incapaz de debelar o mal. Presente  um sacerdote da matriz de São Sebastião, permaneceu sentado  à porta do quarto rezando o ofício dos agonizantes. Pouco antes das 15 horas, BERNARDES devolvia a alma a seu  Criador, cercado da família.  Parece que ex-presidente da república pressentindo o chamamento divino, em fevereiro de 1955 escrevera numa folha de papel, deixada na gaveta de sua escrivaninha, o seguinte:

'' O fim do homem é DEUS para o qual devemos pre-ferentemente viver. Eu, porém, vivi mais para a Pátria, esquecendo-me Dele.
A Ele devemos contas do que aqui fizemos de nossa vida e eu a tive longa! Receoso de não poder resgatar minha falta, no pouco tempo que me resta, apesar de sua infinita misericórdia, peço aos meus  amigos, correligionários e brasileiros de boa  vontade que me ajudem a supri-la com minha prece" (Do livro de Bruno de Almeida Magalhães, "Arthur  Bernardes - Estadista da República). 




segunda-feira, 18 de abril de 2016

ARTHUR  DA  SILVA  BERNARDES

O ex-presidente do Brasil, ARTHUR DA SILVA BERNARDES (1922-1926), era filho do português Antônio da Silva Bernardes, o primeiro advogado provisionado na comarca de Viçosa, Minas. Embora obscura a infância de Bernardes até os 12 anos,  o COLÉGIO do CARAÇA nos informa que: a) em 06/11/1887 foi matriculado no referido colégio que frequentou por dois anos, não prosseguindo ali os estudos devido  à carência de recursos paternos; entregando-se entào à vida comercial, que lhe deu chance de dedicar-se aos estudos superiores; b) por ocasião  dos festejos do  centenário de seu nascimento foi no CARAÇA  solenemente descerrada a 10/08/1975   no primeiro andar do prédio incendiado em 1968 uma placa de bronze com os seguintes dizeres: "Aqui estudou Arthur da Silva Bernardes: 1887-1889";  c) por ocasião do Centenário do CARAÇA, em 1920, em seguida a um telegrama vindo de São Bento chegaram ao Colégio seis ingleses a cavalo, conforme dizeres do comunicado; recebidos, constatou-se ser o chefe dos visitantes o Governador de Minas; ao atravessar o corredor das salas de aulas, BERNARDES olhou para cima, admirou as esteiras do forro, fungou o nariz e disse para o Dr. ARDUINO BOLIVAR, seu colega de estudos no Caraça: "Olhe, Bolivar! é o mesmo cheirinho do nosso tempo  no Caraça!" d) em 1950, em Belo Horizonte assistiram ao lançamento (03/04/1950) do filme  "CARAÇA - PORTA DO CÉU": ARTHUR BERNARDES, MELO VIANA, ex-governador de Minas, e AFONSO PENA JUNIOR, EX-ALUNOS DO CARAÇA: "Revivemos horas inesquecíveis de nossas vidas no Caraça", declararam emocionados os ex-alunos. O então superior do Caraça na véspera da avant-premiere: "O Caraça esteve por longo tempo esquecido  dos homens. E foi isto que despertou no coração dos ex-alunos a necessidade de cuidarem do seu berço educacional" (do livro "Caraça Peregrinação Cultura e Turismo", Pe. José Tobias Zico C.M.).

sábado, 16 de abril de 2016

PRIMÓRDIOS   DA   PETROBRÁS

A primeira sessão legislativa da III REPÚBLICA iniciou-se em 1947, o Congresso  completo funcionando dentro do sistema da Constituição de 1946. Regressando à vida política, ARTHUR BERNARDES, ex-presidente da República (1922-1926) dedicou-se à presidência do Partido Republicano e da Comissão de Segurança Nacional. Começava então a penetrar nos setores de responsabilidade, à frente as Forças Armadas, o problema da SIDERURGIA. Tendo lido o livro "PETRÓLEO, SALVAÇÃO OU DESGRAÇA DO BRASIL",  de Leitão de Carvalho, Arthur Bernardes, em entrevista em Juiz de Fora, 22/02/1948, foi incisivo: "A questão do petróleo é semelhante em tudo à do minério de ferro, que o truste da Itabira Iron pretendeu monopolizar.  Já comprometido seriamente pelo ESTADO NOVO o minério de ferro,  devemos esperar não suceda o mesmo  com o PETRÓLEO. Sobre este a única solução para o Brasil será o CONTROLE COMERCIAL DO ESTADO, não se consentindo caia ele em mãos de trustes estrangeiros através de testas-de-ferro que possuem inclusive no Brasil". Identificado com o problema,  ARTHUR BERNARDES, numa conferência no CLUBE MILITAR (07/04/1948),   foi eleito Presidente Honorário do "Centro de Estudo e Defesa do Petróleo". A Câmara, solucionado pelo Presidente da República, Eurico Dutra, o assunto contra as pretensões dos trustes, BERNARDES  propnunciou um discurso fazendo considerações a respeito. Saiu, afinal, vitorioso seu ponto de vista  na questão com a criação da PETROBRÁS, PELA LEI 2.004, de 2 de outubro de 1953 ("Arthur Bernardes Estadista da República" por Bruno de Almeida Magalhães).

sexta-feira, 15 de abril de 2016

PILOTO   DE   GUERRA   -   SAINT-EXUPÉRY

Uma carta francesa de 06/04/1943 noticiava que os "cúmplices" das tropas alemãs conservavam  a lembrança de 22/06/1940 (queda da França). Para eles é justificação e reconforto o que lembra a assinatura do célebre armistício concluído entre o III Reich alemão e os representantes do governo francês de Philipp Petain, assinado no mesmo local que marcou o fim das hostilidades bilaterais no fim da primeira guerra mundial. HITLER exigira por vingança que o armistício fosse assinado na floresta de Compiegne, no vagão ferroviário histórico alemão onde o Marechal Foch e os plenipotenciários alemães  se encontraram para o referido ato, 76 anos atrás. Donde os franceses verem publicados, na época,  tantos livros  de "guerra vergonhosos". Pela primeira vez viram-se  soldados, tão logo vencidos,  celebrarem o triunfo do vencedor, confessarem-se seus cúmplices e lançarem em homenagem a seus pés o testemunho de suas discórdias, de suas desordens e de sua impotência. No entanto, diz a missiva, eis um livro que puderam ler sem se enrubescerem: "PILOTO DE  GUERRA", de Saint-Exupéry. Foi publicado em 1943, na presença do inimigo. A guerra conservava nele seu nome verdadeiro: "Combate do Ocidente contra o Nazismo".. Seria necessário, perguntava-se,  que a França para se poupar de uma derrota, recusasse a guerra? Dizia-se que a meditação do livro, que se desenvolve  através dos episódios de um vôo de perigo mortal, não nos incita a nos arrepender e a nos renegar, mas a "nos tornar o que éramos somente em palavras: iguais, livres e fraternais". E a carta termina assim: "Piloto de guerra acaba de ser interditado. Ele se reúne, por um destino natural, a essa literatura clandestina com a qual a França, prisioneira, romperá um pouco do absoluto do silêncio".

quinta-feira, 14 de abril de 2016

"PIMENTA   NO   DOS   OUTROS..."

Valeu-me  a pena ler o que escreveu o Ancelmo Gois hoje (14/04/16) no  caderno de o GLOBO. Quando aí chego  depois de filar  o dito matutino  no fim da visita à minha  netinha, o que faço religiosamente  foi pescar algo  que me acalmasse a vida na leveza das ideias de quem , mais de 30 anos atrás, elogiou-me na sua coluna, primeira e única vez no exercício de minha função,  uma atitude  como delegado de polícia de plantão na Rua Bambina, Botafogo, no Rio.  Apenas berganhei o título  "Pimenta no dos outros..." por bálsamo no do outro. Conta Ancelmo que na declaração de voto do deputado mineiro Nilmário Miranda (PT) no impeachment de Collor em 1992   saiu-se com esta: "Pelos jornalistas brasileiros que ajudaram a construir esse momento,  por MINAS e pelo BRASIL, voto SIM!" Acrescentando Ancelmo: "Agora o secretário dos Direitos Humanos de Minas Gerais, no Facebook, chama de "massacre midiático" a cobertura da Imprensa sobre a Lava-jato e o impeachment". E mais: que o único artista no palanque contra o impeachment da Presidente é o Sérgio  Reis, autor de "Panela Velha". Que, tentado pelo autor de "Roberto Carlos em detalhes" e "Eu não sou cachorro não", a demovê-lo do voto, disse: "Não adianta, rapaz. Meu voto será pelo impeachment. Precisamos limpar a corrupção deste país!
INAUGURAÇÃO  DE BRASÍLIA:  21/04/1960

Ouçamos na véspera o estadista mineiro JUSCELINO despertar o BRASIL NOVO com as seguintes palavras: "Vou sair daqui com a CONSTITUIÇÃO VIRGEM". E  continuava sua comunicação a seu povo no livro "Por que construí Brasília": "Esta expressão refletia uma verdade que ninguém poderia contestar. Mesmo meus adversários políticos mais ferrenhos já não se sentiam à vontade ao denunciar  "as arbitrariedades do governo". Apesar da atoarda da Oposição,  crescia a projeção de BRASÍLIA tanto no cenário nacional quanto no panorama internacional. Arquitetos, artistas,   homens de cinema, escritores dos mais famosos da época vinham ao BRASIL especialmente para  ver a "oitava maravilha do mundo",  como o cineasta Frank Capra denominava a nova capital. E todos, quando se referiam a Brasília, não se esqueciam de dizer que ela fora resultado da VONTADE  DE  UM  HOMEM: O PRESIDENTE  DA REPÚBLICA. Quem fosse  a BRASÍLIA antes e post ianuguração revelava com espanto a diferença constatada entre as duas viagens. A "cidade do ali vai ser" passara a ser a "CIDADE  DA  ESPERANÇA", segundo a feliz expressão de André Malraux. Assim, todas as providências haviam sido tomadas para a transferência da sede do governo. No dia 19/04/1960 recolhi-me mais cedo, pois, no dia seguinte, eu e minha família seguiríamos, já de mudança, para BRASÍLIA. Convoquei todos os funcionários do palácio: Casa Civil e Militar e Secretaria da Presidência para uma reunião que teria lugar às nove horas da manhã seguinte, no meu gabinete. Aquela seria a minha última noite no Palácio de Laranjeiras, com o Rio funcionando ainda como sede do governo da República. Enquanto isto, o líder da Oposição, Deputado Otávio Mangabeira deitava falação: "Eu quero viver para ver o Congresso mudar-se a 21 de abril de 1960 e funcionar  no deserto goiano - é só vendo que acredito!" E a mudança que nunca se faria e que levara Otávio Mangabeira a confessar que desejava viver para ver, ESTAVA  ÀS   VÉSPERAS  DE  SER  REALIZADA". E DOM  BOSCO  DA ITÁLIA: "...APARECEU aqui a GRANDE  CIVILIZAÇÃO,  a  TERRA  PROMETIDA  onde  correrá leite  e  mel. E  essas  coisas  acontecerão na  terceira  geração". "Considerado o Brasileiro do Século,  estou certa de que ele só aceitaria esse título com a convicção de que ele foi um brasileiro do século, entre todos os brasileiros do século. Um BRASILEIRO  IGUAL  A  TANTOS  OUTROS, ANÔNIMOS   E  PATRIOTAS"  (MÁRCIA KUBITSCHEK).
21/04/1960: IANUGURA'

terça-feira, 12 de abril de 2016

"ALGUMAS   AFIRMAÇÕES   PRECIOSAS  DE   TRISTÃO   ANTES   DE   NOS   DEIXAR

"COMPREENDENDO agora que entre os casais mais espiritualmente unidos DEUS está sempre como O AMOR MAIOR, e de preferência ao amor do outro, Maritain estudou e publicou tudo isso em artigos da revista TABLE RONDE que coloquei na estante em Petrópolis, desconfiado que isso tenha representado, subconscientemente,  por erro meu,  certo esfriamento em relação ao MESTRE (MARITAIN),  causado por suas reservas (só reservas?) contra... o NOVO (não digo mestre, mas...sei lá o quê) TEILHARD, com cujo otimismo e projeção para o futuro me encontro hoje mais identificado do que com o tomismo puro de Maritain. Será uma irreverência  ou uma temeridade o que estou dizendo? É um problema que vem  me perseguindo há muito, desde que li melhor Teilhard. O que me apaixonou  neste  não foi sua ciência, nem por estar na moda, nem mesmo... por ter contra si o "tigre das Laranjeiras"... Foi por ser otimista e acreditar no futuro. Creio ser este ponto crucial do meu teilhardismo." (Carta de 12/06/1965). "O que me chocou um tanto em 1962 (embora eu o explique pela morte de Raíssa) foi o total desinteresse de Maritain pelas coisas do presente, inclusive pela  ação de Joao XXIII  e de suas encíclicas. Maritain era  precisamente  a Igreja aberta e Teilhard é precisamente  a expressão dessa abertura. E os antitialhardistas são, por isso mesmo,  os da Igreja fechada cuja expressão máxima é o Plínio Salgado e são os Corções, os Sucupiras,  os Gilberto Freire, os Lacerdas, em suma   tantos que há 20 anos pertenciam, senão à Igreja aberta pelo menos aos que olhavam para o futuro e não para o  passado, nitidamente anunciando a sua preocupação com o futuro e a afirmação de que o nosso mundo moderno estava em plena mutação" (carta de  13/05/1965). Daí minha insistência na IGREJA como "voltada para a "IDADE NOVA" e não para a "IDADE MÉDIA", e as minhas discussões com o BERNANOS, todo medievalista (carta de 13/o5/1965, escrita por Tristão à sua filha freira).


COMO   O   BOM    DEUS   É  CRIATIVO!

Tarde da noite. Cerradas já as portas dos cafés de Paris. O homem acaba de apear-se e segue um empregado pela porta giratória de um importante hotel parisiense. Sua mala pintalsiga-se de etiquetas com nomes de hotéis existentes na Europa antes da Segunda Guerra Mundial. Não é um turista pelo geito. Pára,  procurando um dinheiro no bolso, o empregado vai-lhe à frente até o elevador. De súbito, sente alguém olhando para ele. Uma mulher! Capa branca, burel castanho das Carmelitas Descalças, que sorri para ele, sorriso cheio de candor duma criança. "Mas não conheço freira alguma!" Assinando o registro, olha para trás: a freira já fora embora. "Quem é essa freira que acaba de sair? pergunta ao empregado, que lhe responde: "O amigo se engana, Freira num hotel a esta hora da noite não anda vagando pela cidade e sorrindo para homens! o senhor foi a única pessoa que entrou ou saiu nesta última meia hora!"Meses depois, o vijante que vira uma freira de noite a lhe sorrir deixara de ser um industrial francês. Usava um hábito religioso, a barba crescida. Jazia deitado de costas por baixo de um trator parcialmente desmanchado. Tinha na mão uma chave de parafuso e negras manchas em torno dos olhos, nos lugares em que estivera a enxugar o suor com o dorso das mãos sujas de graça. Era um irmão leigo vivendo na mais pobre e laboriosa e austera ordem religiosa conhecida. Tornara-se trapista numa abadia do Sul da França. Mas saliente-se  nesta história que ela é verdadeira e que poucos dias depois aquele irmão leigo vira um retrato da mesma freiras na casa de alguns amigos. Disseram-lhe que se chamava Santa Teresa do Menino Jesus; tornara-se mais interessado pela religião negligenciada durante anos. E  dentro de pouco tempo sua barba crescera e achava-se ele deitado debaixo dum trator, de burel e com manchas de graxa de eixo por toda a cara! Fato narrado por Thomas Mérton, trapista, falecido elotrocutado em Bangcoc no dia 10 de dezembro de 1968, durante um retiro que dirigia ("Águas de Siloé",  Thomas Mérton). 

segunda-feira, 11 de abril de 2016

COPIANDO   O   RETRATO  DE   CRISTO

"...revesti-vos do SENHOR  Jesus Cristo..." Tua tarefa, meu amigo,  consiste em copiar um retrato. Tua felicidade presente e eterna depende de o conseguires. Que retrato? O Meu! Com TUA vida! Meu Pai deu-te a tela, os pincéis, as tintas, um lugar onde deves trabalhar e um assunto para reproduzires. A tela é a tua vida, os pincéis são os teus pensamemtos, tuas palavras, tuas ações; as tintas são as inspirações, as tentações, as provações e alegrias que encontras; o lugar de trabalho é a tua vocação; o assunto sou EU! Organiza tua vida  de tal forma que quando Meu Pai olhar para Ti, veja minha imagem! Deixa-me ajudar-te.  Desejo que te revistas do CRISTO, de tal forma que eu viva em ti e tu vivas em mim, para que participes mais plenamente de Minha Natureza, como Eu participei da Tua. Para te ajudar, tornei-me HOMEM, homem verdadeiro, do berço até a morte.  Mostrei como DEUS quer que o homem viva.  Esforça-te   por imitar especialmente aquelas Minhas virtudes que são mais necessárias ao Teu estado de vida.  É assim que "te revestirás do Cristo". É assim que me permitirás viver em Ti mais plenamente. Aprende tudo  que puderes a meu respeito. Familiariza-te com minha vida. Procura ver-me andando pelos caminhos  e pelos campos da Palestina, dois mil anos atrás.  Sou verdadeiro homem e verdadeiro DEUS e por isto posso ser  um verdadeiro modelo para Ti. Meus discípulos me amaram e eu os amei também. Sentiam-se "à vontade" comigo. Falávamos francamente. Pedro, às vezes, discutia comigo e Judas murmurava em Minha presença. Traziam-me seus problemas para que eu os resolvesse. "Aplica-te cada dia a progredir na virtude, sobretudo na humildade, na paciência e na caridade"("Assim pois hás de orar": Mt. 6,9).


POLÍTICOS   DE   ONTEM   E   DE   HOJE


Em seu livro, "Se não me falha a memória",  o deputado mineiro Joaquim de Salles (p.191) conta que, um dia ( essa conversa se deu na década de 30 ou 40 do século passado), falando  a um amigo deputado  sobre a conveniência de frequentar assiduamente a Câmara, sobretudo nos 2 meses antes das eleições gerais, obteve a seguinte resposta: "Sempre exerci meu mandato em...(localidade) e há longos anos. Com esse método parece estarem contentes meus eleitores. Não frequentando a Câmara sou sempre reeleito. Frequentando-a, pode ser que venha a desgostar os meus "cabos". O prudente é não mudar de processo..." E prossegue Joaquim Salles: "Prometendo, tapeando, não servindo, Calógeras  foi sempre reeleito. Para que se incomodar subindo as escadas dos ministérios? A sua  missão era outra: trabalhar nas comissões, estudar e resolver os problemas mais graves da Nação. Nisso  ele foi exemplar e isso foi o que lhe deu realce e benemerência. Na partilha dos deveres partidários,  escolheu a melhor porção: "meliorem partem sibi elegit"... E desempenhou-os com o máximo brilho, durante um labor que começava de manhã e entrava pela noite a dentro, em dias consecutivos. Isso realmente o dispensava (a politica então se fazia na base de quem indicasse...do "padrinho")... Para tais funções não faltava, na bancada,  pessoal numeroso e habilitado". ISTO  OCORRIA  FAZ  CEM   ANOS! Alguma semelhança com o presente? FREI FRANCISCO DE MONTE ALVERNE, lembra-me a introdução de um sermão teu, cem anos atrás: "TRISTE... É  TRISTE... MUITO  TRISTE!

domingo, 10 de abril de 2016

A

sábado, 9 de abril de 2016

CARAÇA!  SEMPER   NOBISCUM!  


75 ANOS CORRIDOS desde que pulei dos braços de minha mãe  mineira para o amparo celestial da Senhora Mãe dos Homens do Caraça. E quanto mais me distancio do convívio em família, mais  perto me sinto do segundo berço: CARAÇA.  Daí a gratidão pelo   privilégio da dupla proteção que me embalou a infância e a adolescência! Daí também reviver  a presença da doce ermida do Caraça nos minutos passados diariamente quase no silêncio da igreja da Imaculada Conceição na Praia de Botafogo. Não se admire, pois, meu agradecimento pela mensagem alvissareira de anteontem vinda do Caraça. Além da curta vivência nossa na Tebaida Mineira, nossa residência no Rio por duas décadas  nos proporcionou  um quase convívio fraterno. Daí minha satisfação por esse  recente encontro epistolar e meu desejo de compartilhar com possíveis  leitores caracenses as seguintes novidades que me trouxe: "Estamos com boas chuvas até agora, este ano. Ontem por pura sorte a tarde foi bem limpa e pude ver novamente aquele espetáculo de o Sol, no momento de sumir no horizonte, iluminar diretamente o Sacrário da Igreja como acontece no dia 7 de setembro.  Tentara saber neste primeiro semestre em que dia se renovava o espetáculo, mas março e abril em geral têm as tardes nubladas. Ontem deu para ver. Já recebemos visitantes e hóspedes de 29 países este ano,  com muitos cientistas e pesquisadores, do Brasil e de fora, que dão contribuições para nossos estudos e  documentos. Achei curioso ver uns técnicos da Embrasa procurando um  minhocussu que chega a 2 metros e 10 centímetros de comprimento... E o rapaz  foi procurá-lo com enxada e pá no alto da Carapuça... Pensava que deveria ser em brejos. É uma espécie dada oficialmente por extinta, encontrada em Belo Horizonte em 1918 e depois nunca mais... Consegui do Luiz Lara Rezende os dois volumes  das memórias do velho Lara Resende. Disse-me que está trabalhando  nas memórias do pai no estilo que Alexandre  Eulálio usou para trabalhar as memórias do Joaquim Salles ("Se não me falha a memória", edição do Instituto Moreira Sales)". Que o boníssimo missivista me perdoe a invasão de seu gabinete, subtraindo-lhe notícias  muito oportunas e agradáveis a nós caracenses.  Um grande abraço!            

quinta-feira, 7 de abril de 2016

CLAUDIO  MANOEL  DA  COSTA  ATAÍDE

O  "MESTRE  ATAÍDE"  (1762-1837) nasceu em Mariana, MG. De 1807 a 1808 esteve empregado no COLÉGIO DO CARAÇA, conforme depoimento seu: " Estive por um ano mais ou menos empregado  nas obras de pintura e douramento da Capela de N. Sra. Mãe dos Homens da Serra do Caraça, por ajuste feito com o falecido Ir. Lourenço". Aí deixou marcas, do artista que era,  nos  dois altares barrocos que  vemos hoje, ao entrar na igreja gótica, logo à direita e à esquerda, preciosas relíquias da antiga ermida,  construída pelo fundador Irmão Lourenço. A imagem de N. Sra. das Dores, no altar da direita, pertencia à igreja primitiva. São obras suas também  dois púlpitos; um dourado, guardado na sala do museu, e o outro, todo pintado, conservado por muitos anos no refeitório dos alunos no lugar de leitura durante as refeições. Mais tarde, em 1828, a obra-prima do Mestre Ataíde, chamada "A CEIA DE ATAÍDE", os padres compraram por  324$000. NA DÉCADA  de  1950 a CEIA foi assistir em Belo Horizonte à inauguração do "Palácio das Artes", por lá ficando por 3 anos.  Regressando ao Caraça, conserva-se com carinho no interior da igreja gótica, do lado esquerdo, perto do altar de São Vicente. Quando em 1806 o Irmão Lourenço foi fazer em Mariana seu testamento, escolheu para testamenteiro o Tenente Manoel da Costa Ataíde. Este, em retribuição,  nos deixou o quadro a óleo, guardado no Colégio,  retratando o FUNDADOR DO CARAÇA, tal qual o viu chegando ao Caraça de viagem. Como Saint  Hilaire, ATAÍDE  viu o Irmão Lourenço e se deixou cativar "pelo muito conceito que dele fazia e familiaridade que com ele teve...em quem reconheceu sempre muita virtude, consciência e verdade" (CARRATO José Ferreira, as "Minas Gerais e os Primórdios do Caraça").

domingo, 3 de abril de 2016

BERNANOS  E  PEDRO  OTÁVIO  CARNEIRO

FINAL DE UM DIÁRIO DE PEDRO OTÁVIO sobre BERNANOS: "Barbacena, MG, maio de 1944; dias antes da despedida do escritor, regressando à França. "Je nai jamais eu la sensation que jai maintenant, sinon au temps du college, à la veille des retours de vacances: avoir à accomplir une chose entierement contre ma volonté. Rentrer en France maintenant... " Os filhos de Bernanos às vezes ilustram inconscientemente, ou representam ao vivo,  certos aspectos da obra do pai. Num passeio, por exemplo, a emoção autêntica que as meninas sentem  diante de uma choça, uma casinha humilde meio enterrada entre árvores, um canto desconhecido da cidade. O gosto absoluto que elas têm pela vida natural, simples, pobre. Por aquele gente  obscura, ignorante, natural... JUNHO 1 -   Discussões com os meninos. "Oh! Oh!Oh!" E às cinco horas, ao se despedir de mim: "Oh! penser que cest probablement la derniere fois que je vois cette heure ici...Cest effrayant..." Ele estava ainda no carro sob as grandes árvores daquela praça que parece um lugar de recreio antigo, um parque de antigamente. Olhou em roda, como se procurasse captar a luz daquela hora.  Comunicou-me sua angústia. JUNHO  2 - Já a bordo, beijou-me paternalmente. Havia um suor frio em sua face." Últimas palavras escritas por Pedro Otávio em seu diário, quando Bernanos deixou Barbacena, chamado que fora por De Gaulle para voltar a Paris ("BERNANOS no BRASIL", 1968).

sábado, 2 de abril de 2016

COISAS   DO   ZÉ-PÉRRY

Tratava-se de um vôo de reconhecimento sobre Arrás, a 700 metros. Três aviões de caça são encarregados de proteger o avião de Saintex. Tempo fechado, embaixo era a guerra. Havia o capitão Schneider, o capitão Pepe e um terceiro capitão. Logo seis Messerschmitt vêm em cima de nós. Os companheiros atacam e os atraem para que eu possa passar. Pepe e o terceiro são atingidos e mortos. Schneider fica sozinho, recebe todo o choque e salta de paraquedas de avião em chamas. Posso passar! Alguns clarões e volto. Schneider, depois de me ter salvado, quase cego, cambaleando do dor vai a pé de Arrás a Dunquerque. Prossegue, as mãos nos olhos, mas chega. Mais tarde soube disto. Eu pensava que ele estivesse morto para me salvar. "Imaginem que um dia, passando por Paris, fico sabendo que Schneider estava sendo atendido  no hospital americano de Neuilly. Corro para lá.  Sua mulher grita: "Você  não está morto?" E o marido,  roído de remorsos, recrimina:  "É por minha causa que Saint-Ex morreu; agi como um idiota! "Exupérry pára e ternamente: "Não é incrível? E entro. Ah! A alegria do companheiro! Eu lhe trazia o mais belo presente que ele  desejaria para aliviar sua alma e o corpo: "Eu lhe dava de presente o fato de estar vivo!" Exupérry pára e seu sorriso, mudo, tem toda a doçura daqueles que sabem o que os outros apenas suspeitam: a admitrável fraternidade do "grupo", dos homens do ar entre si. Ainda quer insisitir, abre-se agora: "Vocês compreendem: "Esse rapaz de cuja morte eu me culpava e que se culpara da minha! estávamos alegres, podem acreditar! E pensei: todos os livros grandes da França são assim. Transmitem  a impressão de que a civilização existe apesar de tudo!"("Escritos de Guerra", Exupérry).