PROFETAS DO ALEIJADINHO
Conta o vigário JÁCOME, da freguesia de CONGONHAS DO CAMPO, Minas, ter-lhe aparecido um ermitão pedindo licença para celebrar missa na igreja do SENHOR BOM JESUS DE MATOSINHOS. Ao término, num sinal de gratidão pela acolhida recebida, ofereceu ao hospedeiro os paramentos que carregava nas andanças, o que o vigário achou bastante estranho. Ao despedir-se, o forasteiro pediu ao vigário apusesse sua assinatura à certidão de exame da igreja construída e doada por Feliciano, dois anos depois, SOB A PRESSÃO DA PRESENÇA EM BREVE DO SEU BISPO DOM FREI MANOEL DA CRUZ. Mais tarde, o próprio bispo de Mariana, dom Frei Cipriano de São José, em carta ao Governador Bernardo José de Lorena, denunciava o ermitão Vicente Freire de Andrade, também de Congonhas, por ter representado várias figuras na sociedade: fora médico, depois soldado, e dando baixa tornou-se comerciante, falindo e causando graves prejuízos aos credores; que, vendo-se sem crédito e meios de subsistência, se refugiara em Matosinhos, deixando crescer as barbas. O fato está narrado e foi guardado no arquivo da cidade de Mariana. Em nota ao pé da mesma página o Cônego Raimundo Trindade assim "pune" pelo vigarista: "o ermitão Vicente Freire de Andrada a que o bispo se refere administrou o Santuário de 1794 a 1809. Pode ter sido um dissipador, mas a ele se devem em Congonhas as OBRAS DO ALEIJADINHO (PASSOS E PROFETAS, PINTURAS DE FRANCISCO XAVIER CARNEIRO E DE ATAÍDE; concluiu a canalização de água para o Santuário em alcatruzes de pedra sabão, aumentou o edifício, etc. PERDOE-SE-LHE ALGUM ERRO PELO MUITO BEM QUE FEZ!" ("As minas gerais e os Primórdios do CARAÇA", por José Ferreira Carrato).
terça-feira, 26 de abril de 2016
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