sexta-feira, 15 de abril de 2016

PILOTO   DE   GUERRA   -   SAINT-EXUPÉRY

Uma carta francesa de 06/04/1943 noticiava que os "cúmplices" das tropas alemãs conservavam  a lembrança de 22/06/1940 (queda da França). Para eles é justificação e reconforto o que lembra a assinatura do célebre armistício concluído entre o III Reich alemão e os representantes do governo francês de Philipp Petain, assinado no mesmo local que marcou o fim das hostilidades bilaterais no fim da primeira guerra mundial. HITLER exigira por vingança que o armistício fosse assinado na floresta de Compiegne, no vagão ferroviário histórico alemão onde o Marechal Foch e os plenipotenciários alemães  se encontraram para o referido ato, 76 anos atrás. Donde os franceses verem publicados, na época,  tantos livros  de "guerra vergonhosos". Pela primeira vez viram-se  soldados, tão logo vencidos,  celebrarem o triunfo do vencedor, confessarem-se seus cúmplices e lançarem em homenagem a seus pés o testemunho de suas discórdias, de suas desordens e de sua impotência. No entanto, diz a missiva, eis um livro que puderam ler sem se enrubescerem: "PILOTO DE  GUERRA", de Saint-Exupéry. Foi publicado em 1943, na presença do inimigo. A guerra conservava nele seu nome verdadeiro: "Combate do Ocidente contra o Nazismo".. Seria necessário, perguntava-se,  que a França para se poupar de uma derrota, recusasse a guerra? Dizia-se que a meditação do livro, que se desenvolve  através dos episódios de um vôo de perigo mortal, não nos incita a nos arrepender e a nos renegar, mas a "nos tornar o que éramos somente em palavras: iguais, livres e fraternais". E a carta termina assim: "Piloto de guerra acaba de ser interditado. Ele se reúne, por um destino natural, a essa literatura clandestina com a qual a França, prisioneira, romperá um pouco do absoluto do silêncio".

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