terça-feira, 12 de abril de 2016



COMO   O   BOM    DEUS   É  CRIATIVO!

Tarde da noite. Cerradas já as portas dos cafés de Paris. O homem acaba de apear-se e segue um empregado pela porta giratória de um importante hotel parisiense. Sua mala pintalsiga-se de etiquetas com nomes de hotéis existentes na Europa antes da Segunda Guerra Mundial. Não é um turista pelo geito. Pára,  procurando um dinheiro no bolso, o empregado vai-lhe à frente até o elevador. De súbito, sente alguém olhando para ele. Uma mulher! Capa branca, burel castanho das Carmelitas Descalças, que sorri para ele, sorriso cheio de candor duma criança. "Mas não conheço freira alguma!" Assinando o registro, olha para trás: a freira já fora embora. "Quem é essa freira que acaba de sair? pergunta ao empregado, que lhe responde: "O amigo se engana, Freira num hotel a esta hora da noite não anda vagando pela cidade e sorrindo para homens! o senhor foi a única pessoa que entrou ou saiu nesta última meia hora!"Meses depois, o vijante que vira uma freira de noite a lhe sorrir deixara de ser um industrial francês. Usava um hábito religioso, a barba crescida. Jazia deitado de costas por baixo de um trator parcialmente desmanchado. Tinha na mão uma chave de parafuso e negras manchas em torno dos olhos, nos lugares em que estivera a enxugar o suor com o dorso das mãos sujas de graça. Era um irmão leigo vivendo na mais pobre e laboriosa e austera ordem religiosa conhecida. Tornara-se trapista numa abadia do Sul da França. Mas saliente-se  nesta história que ela é verdadeira e que poucos dias depois aquele irmão leigo vira um retrato da mesma freiras na casa de alguns amigos. Disseram-lhe que se chamava Santa Teresa do Menino Jesus; tornara-se mais interessado pela religião negligenciada durante anos. E  dentro de pouco tempo sua barba crescera e achava-se ele deitado debaixo dum trator, de burel e com manchas de graxa de eixo por toda a cara! Fato narrado por Thomas Mérton, trapista, falecido elotrocutado em Bangcoc no dia 10 de dezembro de 1968, durante um retiro que dirigia ("Águas de Siloé",  Thomas Mérton). 

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